Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CONHECEREIS TODOS ELES PELOS SEUS FRUTOS

Mt 7,15-20




Mateus versículos 15-16 - 15“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16Vós os conhecereis pelos seus frutos. Amado (a) onde estão os falsos profetas? Com certeza estão em todos os lugares!

O que são os falsos profetas?

São todos aqueles que pregam e vivem o contrário do evangelho!

Esses dias eu estava fazendo um aconselhamento com uma senhora que chegou em mim e disse que: Na igreja que ela freqüentava o seu líder disse que sua igreja seria como uma empresa e sempre que um fiel viajasse esse teria que pagar uma multa para igreja. Um outro rapaz amigo meu disse que seu líder estava exigindo 20% do seu salário como dízimo e caso ele não desse ele estaria roubando a Deus.

Hoje em dia tem muitos lideres atraindo as pessoas pregando curas, milagres e prosperidade e quantas pessoas hoje estão se deixando envenenar por esse tipo de pregação e continuam doentes, sem o milagre prometido e com as contas atrasadas.

Muitos pregam o evangelho segundo Alan Kardek, como se esse tivesse vivido com Jesus ou com algum dos que viveram com ele.

Conhecereis todos eles pelos seus frutos e todo fruto diferente da Ressurreição, todo fruto diferente do amor que Jesus pregou no evangelho, todo fruto diferente da palavra de Deus aponta e prova como são os falsos profetas.

Não se deixe enganar, deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo e entregai-vos de todo coração ao que realmente Jesus pregou e anunciou com a própria vida.

Ore assim comigo:
Senhor Jesus eu creio que tu és o filho de Deus, eu creio que a tua palavra me convida ao amor e que toda cura acontece pelo amor e que a maior prosperidade que posso buscar é o enriquecimento da tua palavra, eu creio na ressurreição dos mortos, creio em tua Igreja Católica, creio no teu Espírito Santo. Amém!


Pe. Emílio Carlos Mancini+
o irmão menor e pecador grãozinho de areia.


O que é a contemplação?

«O homem que fora possesso suplicou-Lhe que o deixasse andar com Ele. [...] Disse-lhe antes: "Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti"»

Somos chamados a amar o mundo.

E Deus amou de tal forma o mundo que lhe deu Jesus (Jo 3, 16).

Hoje, Ele ama de tal forma o mundo que nos dá ao mundo, a ti e a mim, para que sejamos o Seu amor, a Sua compaixão e a Sua presença através de uma vida de oração, de sacrifícios e de entrega.

A resposta que Deus espera de ti é que te tornes contemplativo, que sejas contemplativo.

Tomemos a palavra de Jesus a sério e sejamos contemplativos no coração do mundo porque, se temos fé, estamos perpetuamente na Sua presença.

Pela contemplação a alma bebe diretamente do coração de Deus as graças que a vida ativa está encarregada de distribuir.

As nossas vidas devem estar unidas a Cristo vivo que está em nós.

Se não vivermos na presença de Deus, não podemos perseverar.

O que é a contemplação?

É viver a vida de Jesus.

É assim que a compreendo.

Amar Jesus, viver a Sua vida no âmago da nossa e viver a nossa no seio da Sua.

A contemplação não ocorre por nos fecharmos num quarto obscuro, mas por permitirmos a Jesus que viva a Sua Paixão, o Seu amor, a Sua humildade em nós, que reze conosco, que esteja conosco e que santifique através de nós.

A nossa vida e a nossa contemplação são unas.

Não é uma questão de fazer, mas de ser.

De fato, trata-se da plena fruição do nosso espírito pelo Espírito Santo, que derrama em nós a plenitude de Deus e nos envia a toda a Criação como mensagem Sua, pessoal, de amor (Mc 16, 15).

Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«No Greater Love» (a partir da trad. de «Il ny a pas de plus grand amour», Lattès 1997, p. 26)

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

sábado, 29 de janeiro de 2011

«Ele falou imperiosamente ao vento e disse ao mar: 'Cala-te'»


Estás no mar e surge uma tempestade.

Não te resta senão gritar: «Salva-me, Senhor!» (Mt 14, 30)

Ele estende-te a mão, O que anda sobre as ondas sem temor, que te remove o medo, que assenta n'Ele próprio a tua segurança, que te fala ao coração e te diz: «Pensa no que já suportei. Sofres por causa de um mau irmão, de um inimigo exterior?

Não tive Eu também os meus? À minha volta, os que arreganhavam dos dentes, mais perto de Mim, o discípulo que Me traiu».

É verdade, a tempestade causa estragos.

Mas Cristo salva-nos «da pequenez da alma e da tempestade» (Sl 54, 9 LXX).

O teu navio está agitado?

Talvez seja porque em ti Cristo dorme.

Sobre um mar furioso, o barco onde navegavam os discípulos estava agitado, e contudo Cristo dormia. Por fim, chegou o momento em que estes homens perceberam que estava com eles o Senhor e Criador dos ventos.

Aproximaram-se de Cristo, despertaram-nO: Cristo mandou calar os ventos e fez-se uma grande calma.

O teu coração perturba-se com razão, se esqueces em Quem crês; e o teu sofrimento torna-se insuportável se tudo o que Cristo sofreu por ti permanece distante do teu espírito.

Se não pensas em Cristo, Ele dorme.

Desperta Cristo, recorre à tua fé.

Porque Cristo dorme em ti quando te esqueces da Sua Paixão; se a recordas, Cristo vela por ti.

Quando tiveres meditado com todo o teu coração no que Cristo sofreu, não suportarás com mais perseverança as tuas aflições?

E talvez te sintas, com alegria, levemente semelhante ao teu Rei no sofrimento.

Sim, quando estes pensamentos começarem a consolar-te e a dar-te alegria, saberás que foi Cristo que Se levantou e que mandou calar os ventos; daí a calma que se faz em ti.

«Espero, diz um salmo, Aquele que me salvará da pequenez de alma e da tempestade».

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Discursos sobre os salmos, PS 54,10; CCL 39, 664

com minha benção
Pe. Emílio Carlos+

Comunhão e evangelização

Comunhão e evangelização são temas profundamente conectados.

Eles, na verdade, são inseparáveis. A comunhão sem a evangelização deixa de ser koinonia para ser koinonite.

Se a koinonia fala da comunhão fraternal, a koinonite retrata uma doença relacional.

A evangelização sem a comunhão, por sua vez, pode ser descrita como uma sala de obstetrícia, onde os bebês recém-nascidos são abandonados à sua própria sorte.

A comunhão precede a evangelização. Somente uma igreja saudável evangeliza com eficácia.

Os novos convertidos, frutos da evangelização, precisam ser integrados na igreja, onde encontrarão ambiente propício ao seu crescimento espiritual.
Quero abordar o tema proposto à luz do Salmo 132. Creio que ele esclarece de forma eloqüente a profunda ligação que existe entre comunhão e evangelização.

1. A comunhão é algo profundamente belo e agradável aos olhos de Deus – Há uma exclamação cheia de vivacidade nos lábios do salmista: “Oh quão bom e agradável é viverem unidos os irmãos” (Sl 132.1).



A união fraternal é algo belo aos olhos de Deus e aos olhos dos homens. A comunhão fortalece os relacionamentos e abre portas para novos contatos de evangelização.

A amizade é um poderoso instrumento evangelizador. Um indivíduo normalmente só permanece numa igreja onde constrói relacionamentos significativos de amizade.

Mais de cinqüenta por cento das pessoas que freqüentam uma igreja foram trazidas por algum amigo.

Somos cooperadores de Deus na obra da evangelização. Somos ministros da reconciliação.

Sem comunhão, a evangelização perde sua eficácia. Jesus foi enfático na grande comissão ao afirmar que os novos convertidos precisam ser integrados na igreja e essa integração passa pela comunhão (Mt 28,18-20).

2. A comunhão é algo profundamente terapêutico – O salmista comparou a comunhão fraternal ao óleo (Sl 132.2) e ao orvalho (Sl 132.3).

O óleo tem um simbolismo muito rico tanto no Antigo como no Novo Testamento.

O óleo tinha uma tríplice utilidade.

Ele era usado como cosmético, como remédio, e como um símbolo espiritual. A comunhão fraternal traz beleza aos relacionamentos.

A comunhão fraternal produz alívio na dor. A comunhão fraternal é instrumento de cura emocional e espiritual.

A comunhão é a expressão visível da ação do Espírito derramando o amor de Deus no coração dos crentes, tornando-os discípulos de Cristo.

O orvalho é outra figura importante usada pelo salmista. O orvalho tem várias características interessantes: Em primeiro lugar, ele cai todas as noites. Sua ação é contínua. Assim deve ser a união fraternal.

Em segundo lugar, o orvalho cai silenciosamente. Diferente da chuva, ele não é precedido pelos relâmpagos luzidios nem pelo estrondo dos trovões.

Ele cai sem alarde. Assim é a comunhão fraternal. Ela age de forma terapêutica sem fazer barulho.

Em terceiro lugar, o orvalho cai durante a noite, ou seja, nas horas mais escuras da vida. É quando atravessamos os vales escuros da dor que a ação benfazeja da amizade desce sobre nossa vida como o orvalho restaurador.

Em quarto lugar, o orvalho sempre traz renovo e refrigério depois de um dia de calor escaldante.

A comunhão fraternal tem o poder de refrigerar a alma e renovar o ânimo depois das duras provas e do calor sufocante que normalmente nos atinge nas jornadas da vida.

Finalmente, o orvalho se espalha para horizontes longínquos.

O orvalho que desce do Monte Hermon atinge também o Monte Sião. O Hermon fica no extremo norte de Israel, um monte cujo topo é coberto de gelo e o Monte Sião está situado na cidade santa, Jerusalém, há mais de duzentos quilômetros ao sul. Assim é o poder da amizade.

Ela cai sobre uma pessoa aqui e abençoa outras pessoas em lugares longínquos.



3. A comunhão é a condição indispensável para uma evangelização eficaz – Ali é que o Senhor ordena a sua bênção e a vida para sempre (Sl 132.3). Não há evangelização poderosa sem a bênção de Deus. Evangelização eficaz é uma operação soberana do Espírito Santo abrindo o coração do homem, dando-lhe o arrependimento para a vida e a fé salvadora.

Quando a igreja vive em comunhão, ali Deus ordena vida. A evangelização é o instrumento mediante o qual as pessoas que ouvem o evangelho nascem de novo e recebem vida em Cristo.

Deus mesmo é quem ordena a vida onde a comunhão existe. Os resultados da evangelização não são alcançados pelo esforço humano.

Não temos poder sequer de converter uma alma. Charles Spurgeon dizia que é mais fácil ensinar um leão ser vegetariano do que converter uma alma pelo esforço humano.

Só Deus pode abrir o coração. Só Deus pode dar o arrependimento verdadeiro.
Só Deus pode dar a fé salvadora.

Só Deus produz o novo nascimento. Só Deus converte o coração do homem, tirando dele o coração de pedra e colocando no lugar um coração de carne.

Só Deus justifica o pecador e o sela com o Espírito Santo da promessa.

É Deus quem opera no homem tanto o querer como o realizar.

Tudo provém de Deus! E é ele mesmo quem estabelece as condições para uma evangelização poderosa e eficaz: É preciso preparar o terreno.

É preciso cultivar relacionamentos de comunhão fraternal, pois é nesse ambiente regado pelo amor, que Deus ordena sua bênção e a vida para sempre.

Hernandes Dias Lopes

com minha benção sacerdotal
Pe.Emílio Carlos+

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Se Deus tem um nome, o nome D`Ele é “defensor dos pobres”.

Se Deus tem um nome, o nome D`Ele é “defensor dos pobres”.
Espiritualidade

* * *

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Sf 2, 3; 3, 12-13; 1 Cor 1, 26-31; Mt 5, 1-12a

Não se trata de qualquer pauperismo, não se trata de uma postura para limpar a consciência, não.

Trata-se do próprio Nome de Deus.

Não é um acaso da história o fato que Deus se manifeste na carne pobre de um menino, gerado por uma pessoa esquecida por todos (Maria), acolhido por pessoas consideradas as últimas da sociedade (os pastores); o próprio lugar onde ele nasce é um lugar para animais, Ele “o homem” por excelência.

Não é um acaso também, que ele acabe a sua vida humana como um malfeitor, considerado injustamente assim, pobreza suprema para Ele, o dispensador de todo Bem. Uma vida entre duas pobrezas, física/pessoal e moral.

Mateus, tão atento à história, destaca claramente esta situação e faz coincidir o início da pregação de Jesus com a proclamação da primeira bem aventurança: “Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3).

Quem é o primeiro cidadão de reino dos céus senão o “pobre” Jesus?

E o Mestre convida para esta cidadania os seus ouvintes, isto é, a todos, não somente os discípulos.

Os destinatários deste “discurso” são as multidões, vindas de todos os lugares, da Galileia, do outro lado do Jordão, da Decápoli, de Jerusalém.

A mensagem de Jesus não tem fronteiras. Jesus sobe a montanha, lugar onde simbolicamente mora Deus. Este lugar recorda o Sinai, onde foi selada a Aliança entre Deus e o seu povo.

Neste sentido as palavras que Jesus pronuncia aqui, neste lugar, têm o sabor de uma nova Lei promulgada por um novo legislador, o próprio Jesus.

Mas se no deserto o povo não podia aproximar-se de Deus, do contrário ele morreria, hoje ele não só pode, mas, estando “com” Deus ele alcança a vida.

Uma vida de felicidade, que é aquela proposta pelas “bem aventuranças”. Uma vida que alcança não um prêmio qualquer, mas a própria posse do Reino dos Céus.

Nas bem aventuranças Deus não somente comunica uma mensagem de consolação, não somente cumpre uma revelação sobre os homens que o seguem.

Muito mais, ele partilha com eles o Reino do qual ele mesmo é rei. Podemos afirmar que ele associa os homens à posse deste mesmo reino.

Jesus constata a situação do povo, de pobreza, humilhação, submissão; percebe o esforço que o povo faz para mudar a situação, e o proclama feliz nesta busca, porque esta busca mora no próprio coração de Deus.

Assim explica-se como a oitava bem aventurança consegue o mesmo resultado da primeira: “bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,10).

Estas duas bem aventuranças são as únicas que têm a promessa no presente: de fato, mais que uma promessa, trata-se de uma constatação.

Quem é pobre e quem é perseguido, porque busca a justiça, já mora no Reino, como Jesus, o pobre e o justo por excelência, e que já mora no Reino.

O que significa a expressão “pobres em espírito”? Fala-se dos “humildes”, independentemente da situação social? Ou dos anawim do Antigo Testamento, isto é, dos que confiam em Deus como última possibilidade, porque estão sem justiça por parte da sociedade?

São eles também, mas não somente. São aqueles que no profundo do coração de si mesmos (“em espírito”) escolheram a pobreza: não por causa de um amor insano pela miséria, não por um ato de masoquismo social ou pessoal, não por causa de uma ascese tão heróica quanto inútil.

Escolheram a pobreza com atitude “profética”: estes pobres anunciam o sonho de Deus para os homens, uma nova sociedade baseada na justiça e na solidariedade. Os pobres sabem partilhar, sabem administrar o tudo de cada um, bem como o tudo de todos.

Esta é a nova sociedade amada por Deus porque, mais uma vez, realiza aquilo que Deus realizou pelos homens: o seu tudo tornou-se o tudo de todos, numa oblação sem fim.

Eis porque são perseguidos: a presença silenciosa deles é insuportável por uma sociedade baseada num modelo totalmente contrário. Esta sociedade não suporta este modelo e quer eliminá-lo.

Isso acontecia já nos tempos de Jesus; hoje aquela intuição se torna ainda mais profética, ainda mais atual, parece pronunciada para o nosso mundo contemporâneo. Dá para ver como aquela pobreza de que Jesus fala é só parcialmente uma pobreza material. Trata-se de uma pobreza como escolha existencial, de uma postura existencial de simplicidade, de solidariedade, de partilha.

Uma postura de unificação interior sobre o que é verdadeiramente essencial.

Se o Reino é algo que está já presente nos pobres e naqueles que lutam por causa da justiça, ao mesmo tempo, ele está em construção.

As bem aventuranças que se concluem com uma promessa futura nos falam de um Reino que já aqui neste mundo vai se construindo.

Os aflitos não podem se resignar a um sofrimento perene: no reino há uma consolação que vai se construindo através da ação daqueles que sabem detectar os sofrimentos dos homens e se fazem próximos.

Sabem que ninguém no Reino pode ficar sozinho, todos têm um irmão, sobretudo todos têm um Pai. Fazer presente o Pai aos homens aflitos é a capacidade de imaginar e construir vínculos de afeto, amor, presença, para todos aqueles que ficam abalados pelos seus sofrimentos.

A terra (entendida como “situação de vida dos homens”) tem de mudar de propriedade: não estará mais na posse dos violentos, daqueles que imaginam e atuam a possibilidade de estar bem “contra” os outros; a terra é para aqueles que nunca enfrentam o outro com violência, nem para se defender. É para os mansos, como Jesus que acolhe todos os cansados e oprimidos por este mundo violento e neurótico, ele, o puro de coração e o manso. Ele que responde àqueles de mãos fechadas com a mão aberta da mansidão.

A sede de justiça será saciada, não somente porque as relações injustas serão quebradas, mas porque o próprio Deus em Cristo “justificará”, fará de todos homens “justos”, restabelecerá os homens naquela imagem com que Deus os criou, isto é a própria imagem d’Ele. Fazer os homens “justos” será fazer os homens “deuses”, porque Deus é o Justo. Quem conseguirá ser misericordioso, ter um coração semelhante ao coração de Deus, se colocará no mesmo nível de Deus e alcançará por si mesmo o que conseguirá doar.

É a Lei de ouro: fazer aos outros aquilo que queremos seja feito para nós. Lei esta que chega até nós do Antigo Testamento, mas num nível mais profundo, pois não se limita a fazer ações de bondade, mas chega a participar do mesmo coração de Deus, o Misericordioso. Só uma vida totalmente desapegada pode alcançar este dom de Deus, só aquele que tem o olhar totalmente aberto ao outro e ao Outro pode perceber a importância desta bem aventurança que Jesus viveu e anunciou com palavras e com a própria vida, com insistência: misericórdia, para com todos, para sempre.

Esta participação à própria vida de Deus chega a um ponto profundo e máximo na bem aventurança seguinte: os puros de coração verão a Deus. Aquilo que era impossível no Antigo Testamento, aquilo que levava à morte, ver a Deus, se torna possível para os puros de coração, para aqueles que têm um coração unificado, não dividido, concentrado na profundeza e no centro de si mesmo onde mora Deus. É o que Jesus pede para Marta, ter um coração unificado, que não julga, e que sobretudo concentra todas as suas forças na identificação e no serviço do Mestre.

Em verdade, à luz da mensagem evangélica toda, acontece algo de extraordinário: por meio do Cristo Homem/Deus, o homem numa certa maneira não somente fica semelhante, mas participa, segundo a sua ordem na criação, da própria natureza de Deus. Assim, para ele, não somente é possível ver a Deus, mas também ver com os olhos de Deus, experimentar em si o próprio olhar de Deus. Este é o verdadeiro sentido da expressão ´filhos de Deus` que é a promessa da bem aventurança daqueles que buscam a paz: que não se torna somente uma ausência de conflitos, mas muito mais uma definição do próprio discípulo de Jesus. Ele é aquele que busca a paz como aquele acordo fundamental entre o céu e a terra, entre os homens, e dentro do homem em si mesmo.

As duas bem aventuranças dos puros de coração e promotores da paz são deste modo duas faces da mesma realidade profunda, a unificação profunda do homem: num sentido existencial os primeiros, no sentido ético os segundos. Estes homens que vivem nas bem aventuranças são aqueles dos quais o profeta Sofonias proclama ser o resto de Israel que “no nome do Senhor porá sua esperança” (Sf 3,12).

Quem pode participar deste povo, deste resto, será aquele que não é sábio da sabedoria humana, nem poderoso, nem nobre, como nos fala 1 Cor 1, 26-31. Os critérios hermenêuticos para vislumbrar a nova humanidade confundem – diz Paulo aos Coríntios – os costumes e as culturas do mundo, que gloria-se somente em si mesmo. Paulo nos apresentará a estrada mestra para reinterpretar a vida em Deus que, ao final, permanece a única e verdadeira maneira de se tornar verdadeiros homens e permanecer nisso.


com minha benção
Pe.Emilio Carlos+

(ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – IV do Tempo Comum Sf 2, 3; 3, 12-13; 1 Cor 1, 26-31; Mt 5, 1-12a – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical, sempre às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT.



O Essencial é… lagarta e a borboleta…

A lagarta e a borboleta. Se não tivesse visto, quem é que ia acreditar que aquela lagarta, rastejante e viscosa, morrendo no seu casulo, ia dar, ou de lá sairia, aquela borboleta ágil, etérea e colorida? Faz pensar no mistério da vida. E não admira que Santa Teresa de Ávila tenha encontrado nessa transformação a metáfora maravilhosa da nossa ressurreição.

O segredo está, diz ela, em fazer bem o nosso casulo, ou seja, em morrer bem!

O casulo vai-se tecendo na oração e na vida.

Morrendo em Deus, a lagarta que somos dará lugar à borboleta que seremos.

Vasco P. Magalhães, sj

com minha benção

Pe.Emílio Carlos+

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


É POSSÍVEL SER SANTO


A santidade é uma meta a ser atingida por todos os cristãos.

Ninguém é excluído deste apelo nem pode eximir-se de dar sua resposta.

Mas importa nutrir um ideal sadio de santidade, sem se deixar levar por falsas concepções.

Ser santo é ser capaz de colocar-se totalmente nas mãos do Pai, contar com ele, sabendo-se dependente dele. Por outro lado, é colocar-se a serviço dos semelhantes, fazendo-lhes o bem, como resposta aos benefícios recebidos do Pai.

O enraizamento em Deus desabrocha em forma de misericórdia para com o próximo.

A santidade constrói-se no ritmo da entrega da própria vida nas mãos do Pai, explicitada no serviço gratuito e desinteressado aos demais, deixando de lado os interesses pessoais e tudo quanto seja incompatível com o projeto de Deus.

Este ideal não é inatingível. E se constrói nas situações mais simples nas quais a pessoa é chamada a ser bondosa, a não agir com dolo ou fingimento, a criar canais de comunicação entre os desavindos, a superar o ódio e a violência, a cultivar o hábito da partilha fraterna, a ser defensor da justiça.

Qualquer cristão, no seu dia-a-dia, tem a chance de fazer experiências deste gênero. Se o fizer, com a graça de Deus, estará dando passos decisivos no caminho da bem-aventurança.

Oração

Espírito bem-aventurado, coloca-me no caminho da santidade, a ser construída na entrega confiante de minha vida nas mãos do Pai, e na misericórdia para com meu próximo.

com minha benção
Pe.Emilio Carlos+

4º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO A

30 de Janeiro de 2010

As leituras deste domingo propõem-nos uma reflexão sobre o “Reino” e a sua lógica. Mostram que o projeto de Deus – o projeto do “Reino” – roda em sentido contrário à lógica do mundo… Nos esquemas de Deus – ao contrário dos esquemas do mundo – são os pobres, os humildes, os que aceitaram despir-se do egoísmo, do orgulho, dos próprios interesses que são verdadeiramente felizes. O “Reino” é para eles.

Na primeira leitura, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a auto-suficiência dos ricos e dos poderosos e convida o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os “pobres” são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.

Na segunda leitura, Paulo denuncia a atitude daqueles que colocam a sua esperança e a sua segurança em pessoas ou em esquemas humanos e que assumem atitudes de orgulho e de auto-suficiência; e convida os crentes a encontrar em Cristo crucificado a verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena.

O Evangelho apresenta a magna carta do “Reino”. Proclama “bem-aventurados” os pobres, os mansos, os que choram, os que procuram cumprir fielmente a vontade de Deus, porque já vivem na lógica do “Reino”; e recomenda aos crentes a misericórdia, a sinceridade de coração, a luta pela paz, a perseverança diante das perseguições: essas são as atitudes que correspondem ao compromisso pelo “Reino”.

LEITURA I – Sof 2, 3; 3, 12-13


Procurai o Senhor, vós todos os humildes da terra,
que obedeceis aos seus mandamentos.
Procurai a justiça, procurai a humildade;
talvez encontreis protecção no dia da ira do Senhor.
Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde,
que buscará refúgio no nome do Senhor.
O resto de Israel não voltará a cometer injustiças,
não tornará a dizer mentiras,
nem mais se encontrará na sua boca uma língua enganadora.
Por isso, terão pastagem e repouso,
sem ninguém que os perturbe.

O profeta Sofonias pregou em Jerusalém na época do rei Josias (Josias reinou entre 639 e 609 a.C.). Os comentadores costumam situar a profecia de Sofonias durante o tempo de menoridade de Josias (que subiu ao trono aos oito anos); durante esse tempo, foi um Conselho real que presidiu aos destinos de Judá.
Trata-se de uma época difícil para o Povo de Deus. Judá está – há cerca de um século – submetida aos assírios (desde que Acaz pediu ajuda a Tiglat-Pileser III contra Damasco e a Samaria, no ano 734 a.C.); a influência estrangeira sente-se em todos os degraus da vida nacional e a nação sofre as consequências da invasão de costumes estranhos e de práticas pagãs. Por outro lado, o país acaba de sair do reinado do ímpio Manassés (698-643 a.C.), que reconstruiu os lugares de culto aos deuses estrangeiros, levantou altares a Baal, ofereceu o próprio filho em holocausto, dedicou-se à adivinhação e à magia, colocou no Templo de Jerusalém a imagem de Astarte (cf. 2 Re 21,3-9).

Aos pecados contra Jahwéh e contra a aliança, somam-se as injustiças que, todos os dias, atingem os mais pobres e desprotegidos. Os príncipes e ministros abusam da sua autoridade e cometem arbitrariedades, os juízes são corruptos e os comerciantes especulam com a miséria…
Sofonias está consciente de que Jahwéh não pode continuar a pactuar com o pecado do seu Povo; vai chegar o dia do Senhor, isto é, o dia da intervenção de Deus em que os maus serão castigados e a injustiça será banida da terra. Da ira do Senhor escaparão, contudo, os humildes e os pobres, os que se mantiveram fiéis à aliança. O fim da pregação de Sofonias não é, contudo, anunciar o castigo; mas é provocar a conversão, passo fundamental para chegar à salvação.

O nosso texto começa com um apelo à conversão (cf. Sof 2,3). Para Sofonias, “conversão” significa, objetivamente, justiça e humildade. Os “humildes”, no contexto de Sofonias, são aqueles se entregam confiadamente nas mãos de Deus, que seguem os caminhos de Deus, que aceitam as propostas de Deus e que não se colocam contra Ele; são, também, aqueles que praticam a justiça para com os irmãos, que respeitam os direitos dos mais débeis, que não cometem arbitrariedades… Equivalem aos “pobres” das bem-aventuranças: não são uma categoria sociológica, mas aqueles que estão numa certa atitude espiritual de abertura a Deus e aos irmãos. No lado oposto estão os orgulhosos e auto-suficientes, que ignoram as propostas de Deus, exploram, são injustos, corruptos e arbitrários. Só uma verdadeira conversão à humildade permitirá encontrar proteção no “dia da ira do Senhor” que se aproxima e que vai atingir os orgulhosos, os prepotentes e os injustos.
Em seguida, Sofonias apresenta o resultado do “dia da ira do Senhor”: o surgimento do “resto de Israel” (cf. Sof 3,12-13). Os orgulhosos, arrogantes e prepotentes serão banidos do meio do Povo de Deus (cf. Sof 3,11); ficará um “resto” humilde e pobre”, que se entregará nas mãos do Senhor, não cometerá iniquidades nem dirá mentiras e será uma espécie de viveiro de reflorescimento da nação.
A partir daqui, ser “pobre” não é uma categoria sociológica, mas uma atitude espiritual de quem tem o coração aberto às propostas de Deus e é justo na relação com os outros. Na boa tradição bíblica (que está presente neste texto), os pobres são, portanto, pessoas pacíficas, humildes, piedosas, simples, que confiam em Deus, que obedecem às suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.

ATUALIZAÇÃO

Considerar, para a reflexão, os seguintes pontos:
• O Deus que Se revela na palavra e na interpelação de Sofonias é o Deus que não pactua com os orgulhosos e prepotentes que dominam o mundo e que pretendem moldar a história com a sua lógica. A primeira indicação que a Palavra de Deus hoje nos fornece é esta: o nosso Deus não está onde se cultiva a violência e a lei da força, nem apoia a política dos dominadores do mundo – mesmo que eles pretendam defender os valores de Deus e da civilização cristã. Os valores de Deus não se defendem com uma lógica de imposição, de violência, de apelo à força. Atenção à história e aos acontecimentos: sempre que alguém se apresenta em nome de Deus a impor ao mundo uma determinada lógica, temos de desconfiar; Deus nunca esteve desse lado e esses nunca foram os métodos de Deus. Sofonias garante: para os prepotentes e orgulhosos, chegará o dia da ira de Deus; e, nesse dia, serão os humildes e os pobres que se sentarão à mesa com Deus.

• A nossa civilização ocidental diz-se cristã, mas está ainda longe de assimilar a lógica de Deus. A lógica da nossa sociedade exalta os que têm poder, os que triunfam por todos os meios, os poderosos, os que vergam a história e os homens a golpes de poder, de esperteza e de força… Hoje, como ontem, a sociedade exalta os que triunfam e marginaliza e rejeita os pobres, os débeis, os simples, os pacíficos, os que não se fazem ouvir nos areópagos do poder e dos mass-media, aqueles que recusam impor-se e mandar nos outros, aqueles que estão à margem dos acontecimentos sociais que reúnem a fina-flor do jet-set, aqueles que não aparecem nas páginas das revistas da moda. Podemos deixar que a sociedade se construa na base destes pressupostos? Que podemos fazer para que o nosso mundo se construa de acordo com os valores de Deus?

• O apelo à conversão significa objetivamente, na perspectiva de Sofonias, a renúncia ao orgulho, à prepotência, ao egoísmo e um regresso à comunhão com Deus e com os irmãos. Estamos dispostos, pessoalmente, a este caminho de conversão? Estamos dispostos a renunciar a uma lógica de imposição, de prepotência, de orgulho, de autoritarismo, de auto-suficiência, quer na nossa relação com Deus, quer na nossa relação com os outros homens?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10
Refrão 1: Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Refrão 2: Aleluia.
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.

LEITURA II – 1 Cor 1, 26-31


Irmãos:
Vede quem sois vós, os que Deus chamou:
não há muitos sábios, naturalmente falando,
nem muitos influentes, nem muitos bem-nascidos.
Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo
para confundir os sábios;
escolheu o que é vil e desprezível,
o que nada vale aos olhos do mundo,
para reduzir a nada aquilo que vale,
a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus.
É por Ele que vós estais em Cristo Jesus,
o qual Se tornou para nós sabedoria de Deus,
justiça, santidade e redenção.
Deste modo, conforme está escrito,
«quem se gloria deve gloriar-se no Senhor».

Vimos, na passada semana, que um dos graves problemas da comunidade cristã de Corinto era a identificação da experiência cristã com uma escola de sabedoria: os cristãos de Corinto – na linha do que acontecia nas várias escolas de filosofia que infestavam a cidade – viam várias figuras proeminentes do cristianismo primitivo como mestres de uma doutrina e aderiam a essas figuras, esperando encontrar nelas uma proposta filosófica credível, que os conduzisse à plenitude da sabedoria e da realização humana. É de crer que os vários adeptos desses vários mestres se confrontassem na comunidade, procurando demonstrar a excelência e a superior sabedoria do mestre escolhido. Ao saber isto, Paulo ficou muito alarmado: esta perspectiva punha em causa o essencial da fé. Paulo vai esforçar-se, então, por demonstrar aos coríntios que entre os cristãos não há senão um mestre, que é Jesus Cristo; e a experiência cristã não é a busca de uma filosofia coerente, brilhante, elegante, que conduza à sabedoria, entendida à maneira dos gregos. Aliás, Cristo não foi um mestre que se distinguiu pela elegância das suas palavras, pela sua arte oratória ou pela lógica do seu discurso filosófico… Ele foi o Deus que, por amor, veio ao encontro dos homens e lhes ofereceu a salvação, não pela lógica do poder ou pela elegância das palavras, mas através do dom da vida.
O caminho cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo do amor e do dom da vida. N’Ele manifesta-se, de forma humanamente desconcertante, mas plena e definitiva, a força salvadora de Deus. É aí e em mais nenhum lado que os coríntios devem procurar a verdadeira sabedoria que conduz à vida eterna.

É verdade, considera Paulo, que é difícil encontrar – do ponto de vista do raciocínio humano – num pobre galileu condenado a uma morte infamante (“escândalo para os judeus e loucura para os gentios” – 1 Cor 1,23) uma proposta credível de salvação. Mas a lógica de Deus não é exatamente igual à lógica dos homens. “O que é loucura de Deus é mais sábio que os homens; e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Cor 1,25).
Como exemplo da lógica de Deus, Paulo apresenta o caso da própria comunidade cristã de Corinto: entre os coríntios não abundavam os ricos, nem os poderosos, nem os de boas famílias, nem os intelectuais, nem os aristocratas; ao contrário, a maioria dos membros da comunidade eram escravos, trabalhadores, gente simples e pobre. Apesar disso, Deus escolheu-os e chamou-os; e a vida de Deus manifestou-se nessa comunidade de desclassificados. Para a consecução dos seus projectos, os homens escolhem normalmente os mais ricos, os mais fortes, os mais bem preparados intelectualmente, os que provêm de boas famílias, os que asseguram maiores hipóteses de êxito do ponto de vista humano… Mas Deus escolhe os pobres, os débeis, aqueles que aos olhos do mundo são ignorados ou desprezados e, através deles, manifesta o seu poder e intervém no mundo. Portanto, se esta é a lógica de Deus (como ficou provado pelo exemplo), não surpreende que o poder salvador de Deus se tenha manifestado na cruz de Cristo.
Os coríntios são convidados a não colocar a sua esperança e a sua segurança em pessoas (por muito brilhantes e cheias de qualidades humanas que elas sejam) ou em esquemas humanos de sabedoria (por muito sedutores e fascinantes que eles possam parecer): a sabedoria humana é incapaz, por si só, de salvar; e, ao produzir orgulho e auto-suficiência, leva o homem a prescindir de Deus e a resvalar por caminhos que conduzem à morte e à desgraça… Em contrapartida, os coríntios são convidados a colocar a sua esperança e segurança em Jesus Cristo, que na cruz deu a vida por amor: é na “loucura da cruz” – isto é, na vida dada até às últimas consequências, que se manifesta a radicalidade do amor de Deus, a profundidade do seu desejo de ofertar ao homem a salvação. Para Paulo, a cruz manifesta a “sabedoria de Deus”; e é essa sabedoria que deve atrair o olhar e apaixonar o coração dos coríntios.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e a partilha podem considerar as seguintes questões:
• Uma percentagem significativa dos homens do nosso tempo está convencida de que o segredo da realização plena do homem está em factores humanos (preparação intelectual, êxito profissional, reconhecimento social, bem-estar económico, poder político, etc.); mas Paulo avisa que apostar tudo nesses elementos é jogar no “cavalo errado”: o homem só encontra a realização plena, quando descobre Cristo crucificado e aprende com Ele o amor total e o dom da vida. Para mim, qual destas duas propostas faz mais sentido?

• A teologia aqui apresentada por Paulo diz-nos que o Deus em quem acreditamos não é o Deus que só escolhe os ricos, os poderosos, os influentes, os de “sangue azul”, para realizar a sua obra no mundo; mas que o nosso Deus é o Deus que não faz acepção de pessoas e que, quase sempre, se serve da fraqueza, da fragilidade, da finitude para levar avante o seu projecto de salvação e libertação.
• Não se trata, aqui, de valorizar romanticamente a pobreza, ou de apresentar Deus como o chefe de um sindicato da classe operária, a reivindicar o poder para as classes desfavorecidas; trata-se de revelar o verdadeiro rosto de um Deus que Se solidariza com os pobres, com os humilhados, com os ofendidos, com os explorados de todos os tempos e a todos oferece, sem distinção, a salvação.

ALELUIA – Mt 5, 12a
Aleluia. Aleluia.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa.

EVANGELHO – Mt 5,1-12

Naquele tempo,
ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-n’O os discípulos
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».

Depois de dizer quem é Jesus (Mt 1,1-2,23) e de definir a sua missão (cf. Mt 3,1-4,16), Mateus vai apresentar a concretização dessa missão: com palavras e com gestos, Jesus propõe aos discípulos e às multidões o “Reino”. Neste enquadramento, Mateus propõe-nos hoje um discurso de Jesus sobre o “Reino” e a sua lógica.
Uma característica importante do Evangelho segundo Mateus reside na importância dada pelo evangelista aos “ditos” de Jesus. Ao longo do Evangelho segundo Mateus aparecem cinco longos discursos (cf. Mt 5-7; 10; 13; 18; 24-25), nos quais Mateus junta “ditos” e ensinamentos provavelmente proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. É provável que o autor do primeiro Evangelho visse nesses cinco discursos uma nova Lei, destinada a substituir a antiga Lei dada ao Povo por meio de Moisés e escrita nos cinco livros do Pentateuco.
O primeiro discurso de Jesus – do qual o Evangelho que nos é hoje proposto é a primeira parte – é conhecido como o “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Agrupa um conjunto de palavras de Jesus, que Mateus coleccionou com a evidente intenção de proporcionar à sua comunidade uma série de ensinamentos básicos para a vida cristã. O evangelista procurava, assim, oferecer à comunidade cristã um novo código ético, uma nova Lei, que superasse a antiga Lei que guiava o Povo de Deus.
Mateus situa esta intervenção de Jesus no cimo de um monte. A indicação geográfica não é inocente: transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus a nova Lei que deve guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”.
As “bem-aventuranças” que, neste primeiro discurso, Mateus coloca na boca de Jesus, são consideravelmente diferentes das “bem-aventuranças” propostas por Lucas (cf. Lc 6,20-26). Mateus tem nove “bem-aventuranças”, enquanto que Lucas só apresenta quatro; além disso, Lucas prossegue com quatro “maldições”, que estão ausentes do texto mateano; outras notas características da versão de Mateus são a espiritualização (os “pobres” de Lucas são, para Mateus, os “pobres em espírito”) e a aplicação dos “ditos” originais de Jesus à vida da comunidade e ao comportamento dos cristãos. É muito provável que o texto de Lucas seja mais fiel à tradição original e que o texto de Mateus tenha sido mais trabalhado.

As “bem-aventuranças” são fórmulas relativamente frequentes na tradição bíblica e judaica. Aparecem, quer nos anúncios proféticos de alegria futura (cf. Is 30,18; 32,20; Dn 12,12), quer nas acções de graças pela alegria presente (cf. Sl 32,1-2; 33,12; 84,5.6.13), quer nas exortações a uma vida sábia, reflectida e prudente (cf. Prov 3,13; 8,32.34; Sir 14,1-2.20; 25,8-9; Sl 1,1; 2,12; 34,9). Contudo, elas definem sempre uma alegria oferecida por Deus.
As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres” vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).
As quatro primeiras “bem-aventuranças” referidas por Mateus (vers. 3-6) estão relacionadas entre si. Dirigem-se aos “pobres” (as segunda, terceira e quarta “bem-aventuranças” são apenas desenvolvimentos da primeira, que proclama: “bem-aventurados os pobres em espírito”). Saúdam a felicidade daqueles que se entregam confiadamente nas mãos de Deus e procuram fazer sempre a sua vontade; daqueles que, de forma consciente, deixam de colocar a sua confiança e a sua esperança nos bens, no poder, no êxito, nos homens, para esperar e confiar em Deus; daqueles que aceitam renunciar ao egoísmo, que aceitam despojar-se de si próprios e estar disponíveis para Deus e para os outros.
Os “pobres em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao próprio orgulho e auto-suficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.
Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…
A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”. Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é, no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.
O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11) está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir.
Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando eles falharam.
Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano.
Os “que constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser – às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os homens.
Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho, espera-vos o triunfo, a vida plena.
Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e a partilha podem fazer-se à volta dos seguintes elementos:
• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes vós os que tendes dinheiro – muito dinheiro – e sabeis usá-lo para comprar influências, comodidade, poder, segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos, mais livres e mais felizes”. Quem é, realmente, feliz?

• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes vós os que respondeis na mesma moeda quando vos provocam, que respondeis à violência com uma violência ainda maior, pois só a linguagem da força é eficaz para lidar com a violência e a injustiça”. Quem tem razão?

• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: “felizes vós os que não tendes motivos para chorar, porque a vossa vida é sempre uma festa, porque vos moveis nas altas esferas da sociedade e tendes tudo para serdes felizes: casa com piscina, carro com telefone e ar condicionado, amigos poderosos, uma conta bancária interessante e um bom emprego arranjado pelo vosso amigo ministro”. Onde está a verdadeira felicidade?

• Jesus diz: “felizes os que têm ânsia de cumprir a vontade de Deus”; o mundo diz: “felizes vós os que não dependeis de preconceitos ultrapassados e não acreditais num deus que vos diz o que deveis e não deveis fazer, porque assim sois mais livres”. Onde está a verdadeira liberdade, que enche de felicidade o coração?

• Jesus diz: “felizes os que tratam os outros com misericórdia”; o mundo diz: “felizes vós quando desempenhais o vosso papel sem vos deixardes comover pela miséria e pelo sofrimento dos outros, pois quem se comove e tem misericórdia acabará por nunca ser eficaz neste mundo tão competitivo”. Qual é o verdadeiro fundamento de uma sociedade mais justa e mais fraterna?

• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo diz: “felizes vós quando sabeis mentir e fingir para levar a água ao vosso moinho, pois a verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. Onde está a verdade?

• Jesus diz: “felizes os que procuram construir a paz entre os homens”; o mundo diz: “felizes vós os que não tendes medo da guerra, da competição, que sois duros e insensíveis, que não tendes medo de lutar contra os outros e sois capazes de os vencer, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”. O que é que torna o mundo melhor: a paz ou a guerra?

• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: “felizes vós os que já entendestes como é mais seguro e mais fácil fazer o jogo dos poderosos e estar sempre de acordo com eles, pois só assim podeis subir na vida e ter êxito na vossa carreira”. O que é que nos eleva à vida plena?

É PRECISO SER LUZ

A vivência da palavra de Jesus exige ser testemunhada publicamente. Ela é comparável a uma lâmpada, colocada num lugar estratégico para que seus raios atinjam todos os recantos do ambiente.

Não tem sentido colocá-la num lugar onde seu brilho se restrinja a um pequeno âmbito. Portanto, quem adere a Jesus e deixa que sua palavra seja colocada em seu coração, se torna responsável por fazer esta luz irradiar-se de maneira plena.


O discípulo deverá prestar contas desta responsabilidade. Se a palavra foi acolhida com liberdade e alegria e não como uma imposição, ele não tem mais o direito de tratá-la com desleixo e não deixá-la produzir em si seus efeitos.

E os frutos da palavra se farão visíveis na vida do discípulos, pelo testemunho de sua ação. O Senhor haverá de recompensá-lo por isto.


O discípulo que se descuida e tem uma existência pobre em testemunho de fé haverá de ficar privado do pouquinho que produziu.

Não por causa da quantidade, mas sim da displicência em relação à da palavra do Senhor.

O que pensava ter, não lhe servirá para nada.

O saber-se luz colocada pelo Senhor para iluminar o mundo não deveria ser motivo de orgulho mundano por parte do discípulo.

Antes, trata-se de uma tarefa difícil e exigente, na qual se poderá até perder a própria vida.

Ser luz é uma responsabilidade.

Oração


Senhor Jesus, que eu assuma minha fé com tal generosidade e disposição a ponto de, em mim, tua palavra se transformar em luz.
Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


A cruz de Cristo é motivo de esperança para todos

"A cruz de Cristo é motivo de esperança para todos", ainda que de muitos modos a cruz de Cristo seja suportada sobre seus ombros pela esperança de salvar a humanidade, manifesta a sua força em nossos tempos, pois a compatibilidade entre cruz e esperança não se dá de forma extrínseca, mas consequênciada, ou seja, em cada sofrimento, em cada padecimento seja ele físico ou não está aí à semente fortificada da esperança que nos acalenta e nos faz querer germiná-la na expectativa de uma vida nova sustentada pela força que vem de Deus.

Neste contexto podemos ainda relacionar o significado da compatibilidade entre a virtude e a sua prática: “Por que caímos a conseqüência desse ato não pode ser outro a não ser a vontade de levantar” a cruz é o retrato da fraqueza humana momentos de dor e sofrer, pois as vezes caímos de nossas próprias pernas e a esperança é o impulso que motiva a nossa vontade regida pela força de mudança em nos colocar de pé.



Portanto, o cristão não deve ficar parado com a sua cruz sobre os ombros com medo de cair, mas deve se aventurar na caminhada a qual deve ser alimentada pela esperança de chegar até o fim, pois isso nos coloca diante de outra visão de cruz, ou seja, a cruz-provação; É isso que muitas vezes até leva a revolta contra Deus e o mundo isso acontece porque não aceitamos a nossa cruz, pois o cristão que aceita essa condição não quer ser seguidor de Cristo não pode ser considerado como tal, pois Cristo passou pela cruz-provação em sua humanidade tanto quanto cada um de nós e não renunciou com apelativos de revoltas, ao contrário com a força da esperança de realizar a vontade de Deus usa o imperativo “Perdoa-lhes não sabem o que fazem”.

A mensagem de compatibilidade entre dois instrumentos tão ligados como deve ser para o homem de fé a cruz e a esperança o faz se auto-conhecer característica do homem de todos os tempos, ou seja, em si a presença de uma força positiva e outra negativa, porém somos nós que daremos valores a cada força ou então podemos uni-las e torná-la uma para ligarmos em Deus.

A cerca disso somente a graça da esperança nos faz gritar como o apóstolo: “Quem não ama a cruz de Cristo é inimigo da salvação” e ainda Cristo é o autor da salvação, a cruz é o instrumento e a salvação é o fruto da cruz.

Jean Fr Toledo
Filósofo.

com minha benção
Padre Emílio Carlos+

Toda a Igreja é apostólica

A Igreja é una, santa, católica e apostólica na sua identidade profunda e última


Toda a Igreja é apostólica, na medida em que, através dos sucessores de Pedro e dos Apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem.

Toda a Igreja é apostólica, na medida em que é «enviada» a todo o mundo.

Todos os membros da Igreja, embora de modos diversos, participam deste envio.

«A vocação cristã é também, por natureza, vocação para o apostolado».

E chamamos «apostolado» a «toda a atividade do Corpo Místico» tendente a «alargar o Reino de Cristo à terra inteira» (Vaticano II, Apostolicam Actuositatem, 2).

«Sendo Cristo, enviado do Pai, a fonte e a origem de todo o apostolado da Igreja», é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto dos ministros ordenados como dos leigos, depende da sua união vital com Cristo (ibid., 6).

Segundo as vocações, as exigências dos tempos e os vários dons do Espírito Santo, o apostolado toma as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida principalmente na Eucaristia, «que é como que a alma de todo o apostolado» (ibid., 3).

A Igreja é una, santa, católica e apostólica na sua identidade profunda e última, porque é nela que existe desde já, e será consumado no fim dos tempos, «o Reino dos céus», «o Reino de Deus» (Ap 19, 6), que veio até nós na Pessoa de Cristo e que cresce misteriosamente no coração dos que n'Ele estão incorporados, até à sua plena manifestação escatológica.

Então, todos os homens por Ele resgatados e n' Ele tornados «santos e imaculados na presença de Deus no amor» (Ef 1, 4), serão reunidos como o único povo de Deus, «a Esposa do Cordeiro» (Ap 21, 9), «a Cidade santa descida do céu, de junto de Deus, trazendo em si a glória do mesmo Deus» (Ap 21, 10-11).

E «a muralha da cidade assenta sobre doze alicerces, cada um dos quais tem o nome de um dos Doze apóstolos do Cordeiro» (Ap 21, 14).

Catecismo da Igreja Católica §§ 863-865

com minha benção sacerdotal
Pe.Emílio Carlos+

DÁ LIBERDADE AO PAI


PARA QUE ELE MESMO CONDUZA A TRAMA DOS TEUS DIAS

Gal 5, 1

Contemplar o início de um novo dia cheio de significados.

Enigmas a serem decifrados, mistérios que são a própria vida.

Novo dia também porque o faremos assim.

Sem hesitações, sem tropeços, sem violações. Sem o peso do que não fizemos ontem e sem a ânsia do que faremos amanhã.

Novo porque totalmente concentrado no presente, no que está acontecendo agora, que é o resumo da vida passada e presente, e a construção da eternidade. Tudo tem peso para eternidade.

Não querer transgredir a lei do tempo, mas simplesmente viver.

Retenhamos na afirmação de Jesus: “Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus”.

Mas olhar para trás pode ser útil, mesmo necessário: parar para fazer o ponto da situação, fazer o balanço, saber onde se está, reconhecer os erros cometidos, mas também os progressos realizados, para poder recomeçar melhor.

É também dar graças pelas amizades, pelas experiências enriquecedoras.

É tirar lições positivas dos fracassos. Tudo isso é bom e Jesus não pode condenar ou proibir isso.

Mas há outra maneira de olhar para trás: é querer voltar para trás, manter em si uma vã nostalgia, como quando dizemos, por exemplo, que “antigamente, é que era bom, era melhor que agora!”. Lamentamos o tempo em que, pensamos nós, havia o respeito dos verdadeiros valores, onde havia referências seguras, que pensávamos imutáveis.

Lembramo-nos das igrejas cheias, das missas em latim. “Nessa altura, sim, havia fé!”, dizemos, enquanto que, hoje, só há dinheiro, violência, sexo, divórcios, droga! E suspiramos: “No meu tempo, não era assim!” Ora, esquecemos simplesmente que o “meu tempo” é o tempo que me é dado hoje.

Não é mais ontem, não é ainda amanhã, é hoje. Mais ainda, quando acreditamos que Jesus ressuscitou, referimo-nos a um acontecimento que se passou há dois mil e dez anos. E pensamos, por vezes, que para nos juntarmos a Jesus, é preciso voltar atrás. Isso é um grande erro.

Pela sua ressurreição, Jesus saiu do nosso tempo, tornou-Se o contemporâneo de cada momento do tempo.

Jesus conhece-me, encontra-me, dá-me a sua presença hoje, em cada instante da minha vida. Jesus pede-me para não voltar atrás, porque me diz: “É agora que te amo, é agora que quero encontrar-te, estar contigo”. Se aceito isso, então sou “feito para o Reino!”

Assim aceita as surpresas que transtornam teus planos, derrubam teus sonhos, dão rumo totalmente diverso ao teu dia e quem sabe, à tua vida. Não há acaso.

Dá liberdade ao Pai, para que Ele mesmo conduza a trama dos teus dias.


Pe. Emílio Carlos +
o irmão menor e pecador grãozinho de areia.

REFLETIR O AMOR DE DEUS!

REFLEXOS: REFLETIR O AMOR DE DEUS!

Somos reflexos de Deus.

Esta certeza perpassa meu coração a cada realidade tocada pela minha existência.


Em cada sorriso, em cada olhar gentil, eu posso transmitir a mensagem do Evangelho, o Amor de Deus.


Não é fácil ser reflexo do amor divino neste mundo. Porém, é simples!


Refletir Deus, é se doar ao próximo, é estar ao dispor da vontade do Pai, amar aos pequeninos como o próprio Cristo amou.

Ser reflexo não é algo momentâneo, instantâneo. É um estilo de vida que deve ser construído passo a passo, em cada atitude do dia-a-dia.


Ser fraterno, ser amável e bondoso, isso é refletir o amor de Deus.


Reflexos são as minhas atitudes. Se eu as tomo visando os preceitos de Cristo, com amor no coração, elas refletem Jesus, refletem o amor derramado na Cruz. Por isso, ser reflexo do amor de Deus é trilhar o caminho da santidade.


Esse se faz de pequenos passos, pequenos gestos que nos levam para o Céu.


Que este meu dia , a minha vida transmita os reflexos do amor do Pai, que cada um que eu encontre, passe por mim, mesmo sem palavras que seja, possa ser tocado pela maravilha da ação de Deus na minha vida, e na vida de cada um que se entrega nas mãos Dele.

Afinal, "só existimos quando somos capazes de tocar o outro..."


Que eu consiga refletir Deus sempre a você e a cada um a quem Ele me enviar! Deus nos abençoe!

Vinícius Waldeck

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Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz. ( MADRE TERESA DE CALCUTÁ)

com minha Benção

Pe.Emílio Carlos+

APRENDENDO A CONVERSAR COM DEUS

Para conversar com Deus é preciso antes de tudo aprender a estar em silêncio.

Muitos se queixam que não conseguem ouvir a voz de Deus e, portanto, não há nenhum mistério.

Deus nos fala. Mas geralmente estamos tão preocupados em falar, falar e falar, que Ele simplesmente nos ouve.

Se falamos o tempo todo, nada mais natural que ouvirmos o som da nossa própria voz.

Enquanto nosso eu estiver dominando, só ouviremos a nós mesmos.

A maneira mais simples de orar é ficar em silêncio, colocar a alma de joelhos e esperar pacientemente que a presença de Deus se manifeste. E Ele vem sempre. Ele entra no nosso coração e quebranta nossas vidas. Quem teve essa experiência um dia nunca se esquecerá.

Nosso grande problema é chegar na presença de Deus para ouvir somente o que queremos.

Geralmente quando chegamos a Ele para pedir alguma coisa, já temos a resposta do que queremos.

Não pedimos que nos diga o que é melhor para nós, mas dizemos a Ele o que queremos e pedimos isso.

É sempre nosso eu dominando, como se inversamente, fôssemos nós deuses e que Ele estivesse à disposição simplesmente para atender a nossos desejos. Mas Deus nos ama o suficiente para não nos dar tudo o que queremos, quando nos comportamos como crianças mimadas. Deus nos quer amadurecidos e prontos para a vida.

Quem é Deus e quem somos nós? - "São Francisco assim rezava: Quem sou eu e quem és Tu?"

Quem criou quem e quem conhece o coração de quem? Somos altivos e orgulhosos. Se Deus não nos fala é porque estamos sempre falando no lugar dEle.

Portanto, se quiser conversar com Deus, aprenda a estar em silêncio primeiro.

Aprenda a ser humilde, aprenda a ouvir. E aprenda, principalmente, que Sua voz nos fala através de pessoas e de fatos e que nem sempre a solução que Ele encontra para os nossos problemas são as mesmas que impomos.

Deus também diz "não" quando é disso que precisamos. Ele conhece nosso coração muito melhor que nós, pois vê dentro e vê nosso amanhã. Ele conhece nossos limites e nossas necessidades.

A bíblia nos dá este conselho: "quando quiser falar com Deus, entra em seu quarto e, em silêncio, ora ao Teu Pai."

Eis a sabedoria Divina, a chave do mistério e que nunca compreendemos. Mas ainda é tempo...

Encontramos no livro de Provérbios a seguinte frase: "as palavras são prata, mas o silêncio vale ouro."

A voz do silêncio é a voz de Deus. E falar com Ele é um privilégio maravilhoso acessível a todos nós.

Letícia Thompson

com minha benção

Pe.Emílio Carlos+

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Anunciamos Jesus Cristo

«Não é aquele que nos perseguia?» (At 9,21)

«Não nos anunciamos a nós mesmos, mas anunciamos Jesus Cristo; somos vossos servos por causa de Jesus» (2Cor 4, 5).

Quem é então esta testemunha que anuncia Cristo?

É aquele que outrora O perseguia. Que maravilha! Eis que o perseguidor de antigamente anuncia Cristo.

Por quê? Será que foi comprado? Mas ninguém poderia persuadi-lo desta maneira. Terá sido a visão de Cristo nesta terra que o cegou? Mas Jesus já tinha subido ao céu. Saulo saíra de Jerusalém para perseguir a Igreja de Cristo, e três dias depois, em Damasco, o perseguidor transformara-se em pregador. Sob que influência? Há quem cite como testemunhas a favor dos seus amigos pessoas do seu partido. Eu, ao invés, apresento como testemunha um antigo inimigo.


Ainda duvidas? Grande é o testemunho de Pedro e João, mas [...] eles eram gente da casa. Quando a testemunha é um antigo inimigo, de um homem que mais tarde morrerá pela causa de Cristo, quem poderá duvidar do valor do seu testemunho? Admiro o plano do Espírito Santo [...]: Ele concede que Paulo, o antigo perseguidor, escreva as suas catorze epístolas. [...] Como não se podiam contestar os seus ensinamentos, permitiu que aquele que fora outrora o inimigo e o perseguidor escrevesse mais do que Pedro e João; é assim que a fé de todos nós pode ser fortalecida.

Com efeito, todos ficaram estupefatos com Paulo: «Não é aquele que nos perseguia? Não terá vindo aqui para nos prender?» (At 9, 21). Não fiqueis surpreendidos, diz Paulo. Eu percebo-vos; para mim «é duro revoltar-me contra a espora» (At 26,14). «Não sou digno de ser chamado apóstolo porque persegui a Igreja de Deus» (1Cor 15, 9); «Ele foi misericordioso para comigo: o que eu fazia, fazia-o por ignorância.» [...]

«A graça de Deus superabundou em mim» (1Tim 1, 13-14).


São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja
Catequese baptismal 10 (a partir da trad. Bouvet, Soleil Levant 1961, pp. 201ss.)


Ex protestante: Fui estudar o Catolicismo para combatê-lo e tornei-me católico


Leia atentamente abaixo o testemunho de um homem que voltou seus olhos e coração para a Virgem Santíssima e para a Igreja Católica.

Meu nome completo é Alessandro Ricardo Lima, sendo o terceiro filho de meus pais entre quatro irmãos.

Nasci em Brasília e Fui batizado na Igreja Católica quando tinha quase um aninho de idade. A cerimônia aconteceu na Igreja São José ao lado da Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro.

Mesmo sendo batizado na Igreja Católica, não segui esta fé. Pois desde muito pequeno minha irmã mais velha, que era Luterana, me levava para a Escola Dominical. Cresci na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (IECLB). Para agradar meu pai fiz a primeira comunhão na Igreja Católica aos 15 anos. Mesmo sendo Luterano sempre tive muita admiração pelo exemplo de Vida de Nossa Senhora.

Nossa Senhora é a expressão maior de Mãe, por isso a devoção a Ela precisa ser difundida.

Quando terminei o segundo-grau fiz curso pré-vestibular onde conheci muitos jovens católicos. Foi nesta época que comecei a me interessar um pouco mais pela Igreja Católica. E participei de um grande encontro de jovens de duração de 3 dias, muito conhecido aqui em Brasília o “Segue-Me”. Fiz o V SEGUE-ME do Núcleo Verbo Divino.

Nesta época abandonei o Luteranismo e achava que havia me tornado católico. Era um jovem católico como muitos católicos que existem por aí, com um conhecimento muito superficial da doutrina da Igreja e sem conhecimento da história cristã.

Em 1999 fui morar no Rio de Janeiro, pela influência de alguns parentes e amigos, comecei a frequentar a os cultos da congregação Maranata, fundada pelo sr. Paulo Brito. Lá me converti ao Pentecostalismo. Lá me rebatizaram.

Durante este ano, me tornei um fervoroso protestante, e como normalmente acontece não me faltou o ódio à Igreja Católica. Tive acesso a vários folhetos que “revelavam” as “mentiras” do catolicismo. E me empenhei muito em estudá-los e divulgá-los.

Nestas minhas pesquisas e estudos a Providência Divina cuidou que eu encontrasse o Site AgnusDei. O primeiro artigo deste site que abri foi um intitulado “Concordância Bíblica” de autoria do Professor Carlos Ramalhete. O artigo tratava da concordância Bíblica que existia na doutrina dos sacramentos; mas uma frase deste artigo me chamou muito a atenção: “A Bíblia é filha da Igreja e não sua mãe”. Nossa! Fiquei iradíssimo com aquilo, pois como um protestante que tinha a Sola Scriptura correndo em suas veias poderia dormir com um barulho daquele?

Entrei em contato com o referido Professor e com o Carlos Martins Nabeto, que era o criador do site.

Comecei a travar com eles uma série de debates. Comecei a me assustar quando me deparava com os Escritos Patrísticos, pois lá via que os primeiros cristãos confessavam o Catolicismo e não as novidades trazidas com a Reforma.

Comecei a ver que o que me ensinavam no protestantismo, não era a doutrina católica, era o que eles acham que era o Catolicismo. Comecei a ver que o que me mostravam no protestantismo não era a Igreja Católica, mas uma caricatura dela.

O fato decisivo foi quando apresentei aos referidos irmãos, um material que dizia que a Igreja Católica incluiu os livros “apócrifos” na Bíblia durante o Concílio de Trento, que me rebateram mostrando fragmentos de atas conciliares onde a Igreja já há mais de 1000 anos antes desta data já havia canonizado tais livros; me deram como referência a Bíblia de Guttemberg, que era anterior à Reforma, e já incluía tais livros.

Exemplar da bíblia de Gutemberg

Como trabalhava no Centro do Rio, fui à Biblioteca Nacional afim de conhecer a Bíblia de Guttemberg. Vendo os microfilmes pude constatar que o material protestante que estava em minhas mãos e que eu divulgava como sendo luz e guia da Verdade, era mais uma obra enganadora do Maligno.


Foi neste dia que com muita tristeza por ter perseguido a Igreja de Deus, me converti ao Catolicismo.

Enfrentei muitos problemas por causa da minha conversão, principalmente por causa de amigos e parentes. Em 03/2000 voltei à Brasília, e comecei então a preparar a chegada do Site Ictis, pois eu acreditava que tinha a obrigação de esclarecer os “católicos” que pensam que são católicos e os protestantes que pensam que são Cristãos. Dediquei-me tremendamente ao estudo dos Escritos Patrísticos, e a cada leitura, a cada estudo, me tornava cada vez mais Católico e mais tinha certeza do caminho que havia abraçado.

Sou formado em Processamento de Dados pela União Educacional de Brasília (DF) e possuo Especialização em Gerência de Projetos em Engenharia de Software pela Universidade Estácio de Sá (RJ). Sou Analista de Sistemas (com várias certificações do Mercado) e Professor Universitário aqui em Brasília.

Hoje me dedico ao estudo das origens cristãs, procurando divulgar o que tenho descoberto e a fonte de minhas informações para quem sabe outros vejam o que eu não pude ver.


E ajudo a manter este Apostolado Católico que tem como objetivo apresentar aos seus visitantes o VERITATIS SPLENDOR, isto é, o ESPLENDOR DA VERDADE. Pois como disse Nosso Senhor: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem se acender uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos que estão na casa.” (Mt 5,14-15).

Fonte: Rainha Maria

Sua túnica de ouro



Sua túnica de ouro significa que ela foi ardente no amor e na caridade

Santa Brígida via a Mãe de Deus e Rainha do Céu, que aparecia, sempre, com preciosa coroa sobre a cabeça. Seus cabelos, refletiam brilho e beleza admiráveis e lhe desciam sobre os ombros. Maria apresentava-se com uma túnica de ouro, de esplendor radiante, e um manto azul como o céu.

De repente, apareceu São João Batista que lhe disse: “Ouvi, com atenção: Eu vos direi o que significam estas peças. A coroa significa que a Santíssima Virgem é Rainha, Senhora, Mãe do Rei. Os cabelos esparsos significam que ela é virgem puríssima e perfeitíssima. Seu manto azul como o céu significa que todas as coisas temporais eram para ela como coisas mortas, sem qualquer valor. Sua túnica de ouro significa que ela era ardorosa no amor e na caridade, tanto interna como externamente”.

Santa Brígida da Suécia
As Revelações Celestes - Livro I, cap. 31

Nossa Senhora do Milagre



Um dos fatos marcantes da história religiosa do século XIX foi a aparição de Nossa Senhora ao judeu Afonso Ratisbonne e sua retumbante conversão ao catolicismo.

A aparição está intimamente ligada à série de manifestações extraordinárias ao mundo, iniciada com a Medalha Milagrosa na rue du Bac (Paris, 1820), e continuada de um modo mais destacado em La Salette (1846) e Lourdes (1858).

Ratisbonne fez-se padre e fundou a Ordem de Sion para converter os judeus

Muito distante da fé católica vivia o jovem banqueiro Afonso Ratisbonne, natural de Estrasburgo, nascido em 1814, de riquíssima família israelita.

No dia 20 de janeiro de 1842, em viagem turística a Roma, por curiosidade meramente artística ele acedeu entrar na Igreja de Sant’Andrea delle Fratte, acompanhado de um amigo, o Barão de Bussières.

Enquanto este foi à sacristia, a fim de encomendar uma missa, o jovem judeu apreciava as obras de arte daquele templo.

Quando se encontrava diante do altar consagrado a Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa (hoje conhecido como altar da Madonna del Miracolo — Nossa Senhora do Milagre), Ela apareceu-lhe e o converteu instantaneamente de inimigo da Igreja católica em seu fervoroso apóstolo.

O quadro

O quadro da Madonna del Miracolo (Nossa Senhora do Milagre) aparece com a fronte encimada por uma coroa e por um resplendor em forma de círculo de 12 estrelas que evoca a Mulher do Apocalipse.

A fisionomia é discretamente sorridente, com o olhar voltado para quem estiver ajoelhado diante d’Ela. Muito afável, mas ao mesmo tempo muito régia.

Pelo porte, dá impressão de uma pessoa alta, esguia sem ser magra, muito bem proporcionada e com algo de imponderável da consciência de sua própria dignidade.

Tem-se a impressão de uma rainha, muito menos pela coroa do que pelo todo d’Ela, pelo misto de grandeza e de misericórdia.

A pessoa que a contempla tende a ficar apaziguada, serenada, tranqüilizada, como quem sente acalmadas as suas más paixões em agitação.

Nossa Senhora das Graças revelou a Santa Catarina Labouré a devoção à Medalha Milagrosa.

Como se Ela dissesse: “Meu filho, eu arranjo tudo, não se atormente, estou aqui ouvindo a você que precisa de tudo, mas eu posso tudo, e o meu desejo é de dar-lhe tudo. Portanto, não tenha dúvida, espere mais um pouco, mas atendê-lo-ei abundantemente”.

A pintura tem um certo ar de mistério, mas um mistério suave e diáfano. Seria como o mistério de um dia com um céu muito azul, em que se pergunta o que haverá para além do azul.

Mas não é um mistério carregado, é um mistério que fica por detrás do azul e não por detrás das nuvens.

Notem a impressão de pureza que o quadro transmite.

Altar da aparição, igreja de Sant’Andrea delle Frate, Roma

Ele comunica algo do prazer de ser puro, fazendo compreender que a felicidade não está na impureza, ao invés do que muita gente pensa. É o contrário.

Possuindo verdadeiramente a pureza, compreende-se a inefável felicidade que ela concede, perto da qual toda a pseudo felicidade da impureza é lixo, tormento e aflição.

Notem também a humildade. Ela revela uma atitude de rainha, mas fazendo abstração de toda superioridade sobre a pessoa que reza diante d’Ela. Trata a pessoa como se tivesse proporção com Ela; quando nenhum de nós tem essa proporção, nem mesmo os santos.

Entretanto, se aparecesse Nosso Senhor Jesus Cristo, Ela ajoelhar-se-ia para adorar Aquele que é infinitamente mais. Ela tem a felicidade inefável da despretensão e da pureza.

Diante de um mundo que o demônio vai arrastando para o mal, pelo prazer da impureza e do orgulho, a Madonna del Miracolo comunica-nos esse prazer da despretensão e da pureza.

Oração à Madonna del Miracolo

Ó Imaculada Mãe de Deus, Madonna del Miracolo, que quisestes conquistar com um singular prodígio de vossa misericórdia o israelita Afonso Ratisbonne, acolhei as súplicas que vos apresentamos com confiança, como um dia acolhestes as súplicas daqueles que a Vós recorreram pedindo a conversão do filho judeu.

“Obtende-nos também uma sincera e total conversão à graça e todos os bens da alma e do corpo.

“Vossa clemência triunfou sobre Ratisbonne, persuadindo-o a receber o batismo e a empenhar-se com vontade séria na observância dos Mandamentos.

“Por esta conquista do vosso amor, obtende-nos a perseverança no cumprimento das promessas do batismo. Fazei com que nenhum obstáculo se interponha à nossa observância dos preceitos de Deus e da Igreja.

“Vossas mãos resplandecentes são símbolo das inumeráveis graças que com maternal bondade dispensais profusamente sobre a Terra. Fazei resplandecer também sobre nós um raio da vossa misericórdia”.