Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sábado, 30 de julho de 2011

Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.


ANO A 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Isaías 55, 1-3

Reflexão:

Antes de mais, a leitura que nos é proposta revela o “coração” de Deus: o seu amor, o seu cuidado, a sua preocupação com a situação de um Povo atolado na miséria, no sofrimento, na desolação. Deus não fica, nunca, indiferente à sorte dos seus filhos; mas está continuamente atento às suas necessidades, à sua fome de vida, à sua sede de felicidade. Os crentes podem estar seguros de que, à mesa desse banquete onde Deus os reúne, encontram o alimento que os sacia, a mão que os apoia, a palavra que lhes dá ânimo, o coração que os ama. A reflexão deste texto convida-nos, antes de mais, a descobrir este Deus providente, amoroso e dedicado e a colocar toda a nossa existência nas suas mãos. A reflexão deste texto convida-nos também a sermos testemunhas deste Deus no meio dos nossos irmãos: os pobres, os famintos, os desesperados têm de encontrar nos nossos gestos e palavras esse “coração” amoroso de Deus que os apoia, que lhes dá esperança, que os ajuda a recuperar a dignidade e o gosto pela vida, que lhes mata a fome e a sede de justiça, de fraternidade, de amor e de paz.

• Se é verdade que Deus não cessa de nos oferecer a salvação, também é verdade que nós, os homens, nem sempre acolhemos a oferta que Deus nos faz. Muitas vezes escolhemos caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, à margem do “banquete” de Deus. Na leitura que nos foi proposta, há um apelo a não gastar o dinheiro naquilo que não alimenta e o trabalho naquilo que não sacia. Corresponde a um convite a não nos deixarmos seduzir por falsas miragens de felicidade (os bens materiais, a ilusão do poder, os aplausos e a consideração dos outros homens) e a não gastarmos a vida a beber em fontes que não matam a nossa sede de vida plena e verdadeira. Como é que eu me situo face a isto? De que é que eu sinto “fome”? Como é que eu procuro saciá-la? Eu também sou dos que gastam o tempo, as forças e as oportunidades a correr atrás de ilusões, de valores efémeros, de miragens? Quais são as verdadeiras fontes de vida em que eu devo apostar de forma incondicional?

• Para acolher os dons que Deus oferece, é preciso desinstalar-se, abandonar os esquemas de comodismo e de preguiça que impedem que no coração haja lugar para a novidade de Deus e para os desafios que ele lança. Estou disponível para deixar cair os meus preconceitos, seguranças, esquemas organizados, egoísmos, e para me deixar questionar por Deus e pelas suas propostas?

Salmo Responsorial

Salmo 144 (145), 8-9.15-16.17-18 (R. cf. 16)

Refrão: ABRIS, SENHOR, AS VOSSAS MÃOS E SACIAIS A NOSSA FOME.

O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.
Todos têm os olhos postos em Vós e a seu tempo lhes dais o alimento.
Abris as vossas mãos e todos saciais generosamente.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam, de quantos O invocam em verdade.

Segunda Leitura

Romanos 8, 35.37-39

Reflexão:

• Para Paulo, há uma constatação incrível, que não cessa de o espantar (e que temos repetidamente encontrado nos textos da Carta aos Romanos lidos nos últimos domingos): Deus ama-nos com um amor profundo, total, radical, que nada nem ninguém consegue apagar ou eliminar. Esse amor veio ao nosso encontro em Jesus Cristo, atingiu a nossa existência e transformou-a, capacitando-nos para caminharmos ao encontro da vida eterna. Ora, antes de mais, é esta descoberta que Paulo nos convida a fazer… Nos momentos de crise, de desilusão, de perseguição, de orfandade, quando parece que o mundo está todo contra nós e que não entende a nossa luta e o nosso compromisso, a Palavra de Deus grita: “não tenhais medo; Deus ama-vos”.

• Descobrir esse amor dá-nos a coragem necessária para enfrentar a vida com serenidade, com tranquilidade e com o coração cheio de paz. O crente é aquele homem ou mulher que não tem medo de nada porque está consciente de que Deus o ama e que lhe oferece, aconteça o que acontecer, a vida em plenitude. Pode, portanto, entregar a sua vida como dom, correr riscos na luta pela paz e pela justiça, enfrentar os poderes da opressão e da morte, porque confia no Deus que o ama e que o salva.

Evangelho


ALELUIA

Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

São Mateus 14, 13-21

Reflexão:

• Antes de mais, o texto convida-nos a refletir sobre a preocupação de Deus em oferecer a todos os homens a vida em abundância. Ele convida todos os homens para o “banquete” do Reino… Aos desclassificados e proscritos que vivem à margem da vida e da história, aos que têm fome de amor e de justiça, aos que vivem atolados no desespero, aos que têm permanentemente os olhos toldados por lágrimas de tristeza, aos que o mundo condena e marginaliza, aos que não têm pão na mesa nem paz no coração, Deus diz: “quero oferecer-te essa plenitude de vida que os homens teus irmãos te negam. Tu também estás convidado para a mesa do Reino”.

• A nossa responsabilidade de seguidores de Jesus compromete-nos com a “fome” do mundo. Nenhum cristão pode dizer que não tem culpa pelo facto de 80 por cento da humanidade ser obrigada a viver com 20 por cento dos recursos disponíveis… Nenhum cristão pode “lavar as mãos” quando se gastam em armas e extravagâncias recursos que deviam estar ao serviço da saúde, da educação, da habitação, da construção de redes de saneamento básico… Nenhum cristão pode dormir tranquilo quando tantos homens e mulheres, depois de uma vida de trabalho, recebem pensões miseráveis que mal dão para pagar os medicamentos, enquanto se gastam quantias exorbitantes em obras de fachada que só servem para satisfazer o ego dos donos do mundo… Nós temos responsabilidades na forma como o mundo se constrói… Que podemos fazer para que o nosso mundo seja alicerçado sobre outros valores?

• É preciso criarmos a consciência de que os bens criados por Deus pertencem a todos os homens e não a um grupo restrito de privilegiados. O Vaticano II afirma: “Deus destinou a terra com tudo o que ela contém para uso de todos os povos; de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos (…). Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições dos povos e segundo as diferentes e mutáveis circunstâncias, deve-se sempre atender a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa desses bens temporais, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si, mas também os outros. De resto, todos têm o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias” (Gaudium et Spes, 69). Como me situo face aos bens? Vejo os bens que Deus me concedeu como “meus, muito meus e só meus”, ou como dons que Deus depositou nas minhas mãos para eu administrar e partilhar, mas que pertencem a todos os homens?

• O problema da fome no mundo não se resolve recorrendo a programas de assistência social, de “rendimento mínimo garantido” ou de outros esquemas de “caridadezinha”; mas resolve-se recorrendo a uma verdadeira revolução das mentalidades, que leve os homens a interiorizar a lógica de partilha. Os bens que Deus colocou à disposição dos seus filhos não podem ser açambarcados por alguns; pertencem a todos os homens e devem ser postos ao serviço de todos. É preciso quebrar a lógica do capitalismo, a lógica egoísta do lucro (mesmo quando ela reparte alguns trocos pelos miseráveis para aliviar a consciência dos exploradores), e substitui-la pela lógica do dom, da partilha, do amor. Sem isto, nenhuma mudança social criará, de verdade, um mundo mais justo e mais fraterno.

• A narração que hoje nos é proposta tem um inegável contexto eucarístico (as palavras “ergueu os olhos ao céu e recitou a bênção, partiu os pães e deu-os aos discípulos” levam-nos à fórmula que usamos sempre que celebrámos a Eucaristia). Na verdade, sentar-se à mesa com Jesus e receber o pão que Ele oferece (Eucaristia) é comprometer-se com a dinâmica do Reino e é assumir a lógica da partilha, do amor, do serviço. Celebrar a Eucaristia obriga-nos a lutar contra as desigualdades, os sistemas de exploração, os esquemas de açambarcamento dos bens, os esbanjamentos, a procura de bens supérfluos… Quando celebramos a Eucaristia e nos comprometemos com uma lógica de partilha e de dom, estamos a tornar Jesus presente no mundo e a fazer com que o Reino seja uma realidade viva na história dos homens.

www.ecclesia.pt





EM VERDADE VOS DIGO: NÃO VOS CONHEÇO
Mt 25,1-13


Em verdade vos digo: não vos conheço.

Nossa ao ler este evangelho e ler estas palavras sempre me bate uma forte dor no coração , cada vez que faço a Lectio Divina com este texto me dá um frio pela espinha .

Sinto não medo , mas uma tal responsabilidade pela minha vida e também não medo da morte , mas o santo temor de perder a graça, perder a Deus e minha participação no céu que é muito mais triste se nâo entrar na glória de Deus depois de ter percorrido o seu caminho ou ter feito muitos conhecê-lo.

O Senhor nos lembra, no Evangelho, que devemos sempre vigiar e nos preparar para o encontro com Ele.

À meia-noite, a qualquer momento, podem bater à porta e convidar-nos a sair para receber o Senhor.

A morte não marca hora. Assim, «vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora» (Mt 25,13).

Vigiar não significa viver amedrontado e angustiado.

Quer dizer viver responsávelmente nossa vida de filhos de Deus, nossa vida de fé, esperança e caridade. O Senhor espera continuamente nossa resposta de fé e amor, constantes e pacientes, em meio das ocupações e preocupações que vão tecendo o nosso viver.

E esta resposta só nós podemos dá-la, você e eu. Ninguém pode fazer isso por nós. Isso é oque significa a negativa das virgens prudentes em ceder um pouco de seu azeite para as lâmpadas apagadas das virgens ignorantes: «É melhor irdes comprar dos vendedores» (Mt 25,9). Assim, nossa resposta a Deus é pessoal e intransferível.

Não aguardemos um “amanhã” — que talvez não virá— para acender a lâmpada do nosso amor para o Esposo.

Há que viver cada segundo de nossa vida com toda a paixão que um cristão pode sentir pelo seu Senhor.

Não acrescente dias à sua vida, mais vida aos seus dias!

O ditado é conhecido, mas não nos custa lembrá-lo: Vive cada dia de tua vida como se fosse o primeiro dia de tua existência, como se fosse o único dia do qual dispomos, como se fosse o último de nossa vida. Um chamado realista à necessária e sensata conversão que devemos alcançar.

Que Deus nos dê a graça em sua grande misericórdia de que não ouçamos, na hora final: «Em verdade vos digo: não vos conheço!» (Mt 25,12), quer dizer, «nunca tivestes nenhuma relação nem convivência comigo?».

Tratemos com o Senhor nesta vida de modo que sejamos conhecidos e seus amigos no tempo e na eternidade.


Pe. Emílio Carlos +
grãozinho de areia.

A


João Batista, mártir da verdade

S. Mateus 14,1-12.

Por aquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca,

e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Batista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.»

De fato, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe.

Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.»

Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta.

Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíades dançou perante os convidados e agradou a Herodes,

pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar lhe o que ela lhe pedisse.

Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Batista.»

O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem

e mandou decapitar João Baptista na prisão.

Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe.

Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus.

Reflexão:

A Igreja do primeiro milênio nasceu do sangue dos mártires: «sanguis martyrum — semen christianorum» (sangue de mártires, semente de cristãos). Os acontecimentos históricos [...] nunca teriam podido garantir um desenvolvimento da Igreja como o que se verificou no primeiro milênio, se não tivesse havido aquela sementeira de mártires e aquele patrimônio de santidade que caracterizaram as primeiras gerações cristãs. No final do segundo milênio, a Igreja tornou-se novamente Igreja de mártires. As perseguições contra os crentes — sacerdotes, religiosos e leigos — realizaram uma grande sementeira de mártires em várias partes do mundo. O seu testemunho, dado por Cristo até ao derramamento do sangue, tornou-se patrimônio comum de católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes, como ressaltava já Paulo VI. [...] É um testemunho que não se pode esquecer.

No nosso século, voltaram os mártires, muitas vezes desconhecidos, como que «soldados desconhecidos» da grande causa de Deus. Tanto quanto seja possível, não se devem deixar perder na Igreja os seus testemunhos. [...] Impõe-se que as Igrejas locais tudo façam para não deixar perecer a memória daqueles que sofreram o martírio, recolhendo a necessária documentação.

Isso não poderá deixar de ter uma dimensão e uma eloqüência ecumênica. O ecumenismo dos santos, dos mártires, é talvez o mais persuasivo. A «communio sanctorum», a comunhão dos santos, fala com voz mais alta que os fatores de divisão. [...] A maior homenagem que todas as Igrejas prestarão a Cristo no limiar do terceiro milênio será a demonstração da presença onipotente do Redentor, mediante os frutos de fé, esperança e caridade em homens e mulheres de tantas línguas e raças, que seguiram Cristo nas várias formas da vocação cristã.

Beato João Paulo II

Carta apostólica «Tertio Millenio adveniente», 37

João Batista, mártir da verdade

A



18º Domingo do Tempo Comum - Ano A



“Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou!”. Certamente o Senhor veio em socorro de seu povo e nada pode estar faltando a nós, Ele nos completa em tudo o que somos incapazes de realizar. O Senhor é tudo. “Nada poderá nos afastar deste amor”, bem entendido - em relação a Deus para conosco. O problema é: E nós em relação a Ele? Será que somos fiéis e tão próximos a Deus para permanecermos sempre em Sua intimidade? “...graças àquele que nos amou”. Sim, a ação voluntária de Deus em querer nos resgatar do pecado e nos trazer a possibilidade da salvação é o que nos garante estar sempre com Ele e ter a certeza que é Ele que nos garante a vitória sobre todos os intempéries que a vida nos apresenta.

Por isso que a primeira leitura nos diz: “Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga”. E “Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno...”. Ouvi e tereis vida – Isso mesmo, o Senhor quer que ouçamos a Sua voz, que sejamos sensíveis a Ele e que queiramos estar com Ele. Isto é uma decisão pessoal e radical. O Senhor nos dá tudo, mas quer de nós uma resposta sincera e definitiva de fazermos parte de Seu povo por livre vontade e um desejo ardente de radicalizar tudo em nossa vida para estarmos com o “Senhor da vida”. Por isso que nada poderá nos afastar do amor de Deus, pois Ele nos dá tudo para ficarmos com Ele, o que cabe a nós é a decisão. O que não é fácil. Somos bombardeados a todo o momento pelas coisas do mundo e estas nos atraem tanto que, muitas vezes o discernimento fica obscurecido. Não estou me referindo aqueles que querem levar uma vida hedonista, buscando os prazeres da vida, mas é difícil para as pessoas de reta intenção separar o joio do trigo em sua caminhada neste mundo. O mundo é belo, as criaturas são belas, a vida é bela e parece que estar em Deus é renunciar a beleza desta vida. O que não é verdade. Mas o mundo nos engana e nos leva a pensar que estar em Deus é renunciar a beleza da vida. Temos que abrir os olhos. Estar em Deus é ser feliz, é ter felicidade plena e nada irá faltar, tudo estará completo, perfeito. Vejamos o evangelho. O povo conheceu Jesus e radicalizou a própria vida indo atrás do Senhor sem nem mesmo se preocupar se teriam algo para comer ou se a distância era longe e se tinha algo por perto para atender as suas necessidades, eles apenas queriam estar junto com o Senhor não importando a onde e como, isto sensibilizou o coração do Senhor. Olhe bem, quem não ficaria sensibilizado se alguma pessoa ou um grupo de pessoas procurasse você por que se sente bem ao seu lado? Deus é uma pessoa, por isso que nada recusa para o bem daqueles que o procuram, está disposto multiplicar pães para alimentar seu povo, está disposto a atender suas necessidades para que você seja feliz. Diga ao Senhor o que você está precisando e confie n’Ele, pois Ele está providenciando, como conversou com os apóstolos para ver o que tinha para que pudesse saciar a fome daquele povo, assim está buscando nas entrelinhas de sua vida o que pode usar para atender suas necessidades e completar em sua vida o que falta para que seja feliz. Nada passa despercebido àquele que ama. Confie em Deus, Ele ama você com amor eterno e te quer sempre em Seu amor.


Antonio ComDeus

A

sexta-feira, 29 de julho de 2011




ESTE POVO ME HONRA COM OS LÁBIOS, MAS O SEU CORAÇÃO ESTÁ LONGE DE MIM

Mc 7,1-8.14-15.21-23



«Vós abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição humana»


A palavra do Senhor ajuda-nos a perceber que acima dos costumes humanos estão os Mandamentos de Deus. De fato, com o passar do tempo, é fácil nós distorcermos os conselhos evangélicos e, dando-nos ou não conta, substituir os Mandamentos ou então afogá-los com uma exagerada meticulosidade: «chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação ritual. E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras, vasilhas de metal?» (Mc 7,4). É por isso que a gente simples, com um sentimento popular comum, não fez caso dos doutores da lei nem dos fariseus, que sobrepunham especulações humanas à Palavra de Deus.

Jesus aplica a denúncia profética de Isaías contra os religiosamente hipócritas («O profeta Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ?Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim»: (Mc 7,6)).

Nos últimos anos, João Paulo II, ao pedir perdão em nome da Igreja por todas as coisas negativas que os seus filhos tinham feito ao longo da história, manifestou-o no sentido de que «nos tínhamos separado do Evangelho».

«Nada que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da pessoa é que a torna impura» (Mc 7,15), diz-nos Jesus. Só o que sai do coração do homem, desde a interioridade consciente da pessoa humana, nos pode fazer mal. Esta malícia é que causa dano a toda a Humanidade e a cada um.

A religiosidade não consiste precisamente em lavar as mãos (recordemos Pilatos que entrega Jesus Cristo à morte!), mas em manter puro o coração.

Dito de uma maneira positiva, é o que nos diz santa Teresa do Menino Jesus nos seus Manuscritos biográficos: «Quando contemplava o corpo místico de Cristo compreendi que a Igreja tem um coração entusiasmado de amor». De um coração que ama surgem as obras bem feitas que ajudam em concreto a quem precisa. («Porque tive fome, e me destes de comer?»: Mt 25,35).


Pe. Emílio Carlos +
grãozinho de areia.

A


Jesus nos ensina a dar sentido à nossa vida

De que adianta cumprir com todos os deveres de cidadãos deste mundo quando o coração está cheio de hipocrisia?

No evangelho de Lucas 11, 42-46, Jesus critica os fariseus e os doutores da Lei justamente por causa da hipocrisia enraizada em seus corações.

Os fariseus são criticados porque, mesmo pagando o dízimo de tudo, deixam de lado a justiça e o amor de Deus; os doutores da Lei são criticados porque colocam pesos nas costas dos outros enquanto eles mesmos não nem levantam um dedo para ajudar.

Todo ser humano é chamado a ser justo, sincero, fraterno e solidário. Essas virtudes profundamente evangélicas não significam rebaixamento ou humilhação. Pelo contrário, quem as pratica se torna digno de admiração porque se faz semelhante ao Filho de Deus.

Existem pessoas que praticam essas virtudes exteriormente, apenas para serem vistas e louvadas pelos homens. Elas cumprem com todos os deveres de cidadãos, procuram mostrar que suas famílias são exemplares, mas dentro de casa se pratica toda espécie de terrorismo psicológico e moral; elas falam de amor, mas dentro de si está um amor podre, devotado ao próprio umbigo e não se abrem para o próximo.

Jesus não prega aos homens e mulheres de boa vontade uma vida de exterioridades, de superficialidade.

Ao contrário, Ele nos ensina a dar sentido à nossa vida e à vida do nosso próximo.

Nós podemos, sim, nos tornar exemplo para os outros a partir do momento em que assumimos o jeito de ser, de amar e de acolher de Jesus principalmente os mais fracos e marginalizados.

São João da Cruz dizia que no final de nossa jornada neste mundo nós seremos julgados sobre o amor que tivermos vivido. Os frutos do amor são a justiça, a fraternidade, a solidariedade, a paz e o perdão. A justiça dos cristãos deve, ao mesmo tempo, ser santificada pelo amor e superar a justiça do mundo; até mesmo a justiça defendida pelo Estado que às vezes faz com que os mais simples sejam condenados por roubarem uma lata de margarina para poder alimentar o filho, enquanto que os que assaltam os cofres públicos ficam impunes.

Jesus não impõe grandes obrigações aos cristãos e ao ser humano, em geral. Ele apenas pede que sejamos sinceros e justos nas nossas relações. A nossa vida seria tão mais fácil se tirássemos dos nossos corações o peso do pecado, da mentira e da devassidão dos quais nós não temos coragem de nos livrar. O verdadeiro cidadão deste mundo é o mesmo cidadão que pleiteia um lugar no Reino do céu. Em seu coração não habita a hipocrisia nem o desejo de dominar sobre os outros. A sua vida é um reflexo da vida vivida pelo Filho de Deus, que veio ao mundo de maneira humilde, para convidar a todos os homens e mulheres a transformar este mundo em um lugar de cidadãos do Reino dos céus.

Senhor, nós temos dificuldades de seguir os teus passos. As tuas palavras chegam ao nosso coração questionando a nossa maneira de pensar e agir. Ajuda-nos a nos abrir à tua graça, para que o mundo reconheça que Tu vieste de Deus e que nós Te seguimos rumo aos campos verdejantes da tua graça. Amém.

A



Ser paráclitos



Atos 8, 5-8.14-17; 1 Pedro 3,15-18; João 14, 15-21


No Evangelho Jesus fala aos discípulos sobre o Espírito usando o termo «Paráclito», que significa consolador, ou defensor, ou as duas coisas. No Antigo Testamento, Deus é o grande consolador de seu povo. Este «Deus da consolação» (Rm 15, 4) se «encarnou» em Jesus Cristo, que se define de fato como o primeiro consolador ou Paráclito (Jo 14, 15). O Espírito Santo, sendo aquele que continua a obra de Cristo e que leva a cumprimento as obras comuns da Trindade, não podia deixar de definir-se, também Ele, Consolador, «o Consolador que estará convosco para sempre», como Jesus o define. A Igreja inteira, depois da Páscoa, teve uma experiência viva e forte do Espírito como consolador, defensor, aliado, nas dificuldades externas e internas, nas perseguições, na vida de cada dia. Nos Atos dos Apóstolos lemos: «A Igreja se edificava e progredia no temor do Senhor e estava cheia da consolação (paráclesis!) do Espírito Santo» (9, 31).

Devemos agora tirar disso uma conseqüência prática para a vida. Temos de nos converter em paráclitos! Ainda que é certo que o cristão deve ser «outro Cristo», é igualmente certo que deve ser «outro Paráclito». O Espírito Santo não só nos consola, mas nos faz capazes de consolar os demais. A consolação verdadeira vem de Deus, que é o «Pai de toda consolação». Vem sobre quem está na aflição; mas não se detém aí; seu objetivo último se alcança quando quem experimentou a consolação se serve dela para consolar por sua vez o próximo, com a mesma consolação com a qual ele foi consolado por Deus. Não se conforma em repetir estéreis palavras de circunstância que deixam as coisas iguais («Ânimo, não te desalentes; verás que tudo sai bem!»), mas transmite o autêntico «consolo que dão as Escrituras», capaz de «manter viva nossa esperança» (Rm 15, 4). Assim se explicam os milagres que uma simples palavra ou um gesto, em clima de oração, são capazes de fazer à cabeceira de um enfermo. É Deus quem está consolando essa pessoa através de você!
Em certo sentido, o Espírito Santo precisa de nós para ser Paráclito. Ele quer consolar, defender, exortar; mas não tem boca, mãos, olhos para «dar corpo» a seu consolo. Ou melhor, tem nossas mãos, nossosolhos, nossa boca. A frase do Apóstolo aos cristãos de Tessalônica: «Confortai-vos mutuamente» (1Ts 5, 11), literalmente se deveria traduzir: «sede paráclitos uns dos outros». Se a consolação que recebemos do Espírito não passa de nós aos demais, se queremos retê-la de forma egoísta para nós, logo se corrompe. Daí o porquê de uma bela oração atribuída a São Francisco de Assis, que diz: «Que não busque tanto ser consolado como consolar, ser compreendido como compreender, ser amado como amar...».

À luz do que disse, não é difícil descobrir que existem hoje, ao nosso redor, paráclitos. São aqueles que se inclinam sobre os enfermos terminais, sobre os enfermos de aids, quem se preocupa em aliviar a solidão dos anciãos, os voluntários que dedicam seu tempo às visitas nos hospitais. Os que se dedicam às crianças vítimas de abuso de todo tipo, dentro e fora de casa. Terminamos esta reflexão como os primeiros versos da Seqüência de Pentecostes, na qual o Espírito Santo é invocado como o «consolador supremo»:

«Vinde, ó Pai dos pobres, vinde, autor de todos os dons, vinde, Luz dos corações. Consolador supremo, doce hóspede da alma, suave refrigério. Repouso no trabalho, brandura no ardor, consolo no pranto».

Fr. Raniero Cantalamessa, ofmcap
A


Mateus 14, 1-12

Por aquela mesma época, o tetrarca Herodes ouviu falar de Jesus. E disse aos seus cortesãos: É João Batista que ressuscitou. É por isso que ele faz tantos milagres. Com efeito, Herodes havia mandado prender e acorrentar João, e o tinha mandado meter na prisão por causa de Herodíades, esposa de seu irmão Filipe. João lhe tinha dito: Não te é permitido tomá-la por mulher! De boa mente o mandaria matar; temia, porém, o povo que considerava João um profeta. Mas, na festa de aniversário de nascimento de Herodes, a filha de Herodíades dançou no meio dos convidados e agradou a Herodes. Por isso, ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse. Por instigação de sua mãe, ela respondeu: Dá-me aqui, neste prato, a cabeça de João Batista. O rei entristeceu-se, mas como havia jurado diante dos convidados, ordenou que lha dessem; e mandou decapitar João na sua prisão. A cabeça foi trazida num prato e dada à moça, que a entregou à sua mãe. Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e o enterraram. Depois foram dar a notícia a Jesus.

Oração introdutória

Como é fácil cair! Deixar de lado os valores e princípios morais diante da tentação, por isso venho hoje a Ti, Senhor. Fortalece minha fé, minha esperança e minha caridade para que não perca o mais importante em busca do que é menos.

Petição

Meu Pai, não permitas que o respeito humano[1] me faça cair em pecado.

Meditação

A Igreja recorda-nos que, à semelhança deste altar, também nós fomos consagrados, colocados ‘à parte’ para o serviço de Deus e a edificação do seu Reino. Muitas vezes, porém, encontramo-nos imersos num mundo que quereria pôr Deus ‘de parte’. Em nome da liberdade e autonomia humanas, o nome de Deus é passado em silêncio, a religião fica reduzida a devoção pessoal e a fé é banida da praça pública. Por vezes uma semelhante mentalidade, tão radicalmente contrária à essência do Evangelho, pode mesmo ofuscar a nossa própria compreensão da Igreja e da sua missão. Também nós podemos ser tentados a reduzir a vida de fé a uma questão de mero sentimento, enfraquecendo assim o seu poder de inspirar uma visão coerente do mundo e um diálogo rigoroso com tantas outras perspectivas que lutam por conquistar as mentes e os corações dos nossos contemporâneos” (Bento XVI, 19 de julho de 2008).

Reflexão

“A maledicência é um dos pecados que mais destroem a caridade; é um verdadeiro câncer da vida cristã, já que, por uma má inclinação – seja inveja, respeito humano, vaidade, amor próprio, vingança, rancor ou irreflexão – facilmente se fala mal do próximo e, além disso, chega-se até a justificar essa forma de agir. O cuidado da língua é um compromisso espiritual muito sério0 na agenda diária dos membros do Movimento, segundo a advertência do apóstolo Tiago: ‘Se alguém não pecar com a língua, este é um homem perfeito’ (Tg 3,2)”

Propósito

Todos os dias, ao despertar e fazer o oferecimento do dia a Deus, pedir que me dê da fortaleza para não traí-lo.

Diálogo com Cristo

Permita, Senhor, que nem agora nem na hora de minha morte eu duvide de tua infinita misericórdia que supera, muito, meu egoísmo e minha soberba.

“Só o amor é capaz de acabar com esse respeito humano que prende tantas almas e as priva de fazer o que deveriam fazer pela causa de Cristo”

A



Marta respondeu-Lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio»

S. João 11,19-27.

Naquele tempo, muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para lhes darem os pêsames pelo seu irmão.

Logo que Marta ouviu dizer que Jesus estava a chegar, saiu a recebê-lo, enquanto Maria ficou sentada em casa.

Marta disse, então, a Jesus: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.

Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.»

Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará.»

Marta respondeu-lhe: «Eu sei que ele há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.»

Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá.

E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?»

Ela respondeu-lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.»

Reflexão:

Cristo veio ressuscitar Lázaro, mas o impacto desse milagre tornou-se a causa imediata da Sua prisão e crucifixão (cf. Jo 11,46ss.). [...] Ele bem sentia que Lázaro voltava à vida pelo preço do Seu próprio sacrifício; sentia-Se descer ao túmulo de onde tinha de tirar o amigo; sentia que Lázaro tinha de viver e que Ele próprio tinha de morrer. As aparências inverter-se-iam: haveria um festim em casa de Marta (cf. Jo 12,1ss.), mas a última Páscoa de tristeza caber-Lhe-ia a Ele. E Jesus sabia que aceitava totalmente essa inversão: Ele tinha vindo do seio de Seu Pai para resgatar com o Seu sangue todo o pecado dos homens e assim fazer sair do túmulo todos os crentes, como fez com Seu amigo Lázaro ─ fazê-los voltar à vida, não durante algum tempo, mas para sempre. [...]

Face à amplitude do que pretendia fazer nesse ato de misericórdia único, Jesus disse a Marta: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim não morrerá para sempre.» Façamos nossas estas palavras de consolo, quer face à nossa própria morte, quer face à dos nossos amigos: onde houver fé em Cristo, aí estará Ele em pessoa. «Crês nisto?», perguntou Ele a Marta. Quando um coração pode responder como Marta: «Sim, creio», nele Cristo torna-se misericordiosamente presente. Ainda que invisível, Ele está lá, mesmo junto de um leito de morte ou de um túmulo, sejamos nós que agonizamos ou sejam os nossos entes queridos. Que o Seu nome seja bendito! Nada nos pode tirar essa consolação. Pela Sua graça, temos tanta certeza de que Ele está lá com todo o Seu amor como se O víssemos. Depois da nossa experiência do que aconteceu a Lázaro, não duvidaremos um instante sequer de que Ele está cheio de atenções para conosco e de que está ao nosso lado.

Beato John Henry Newman (1801-1890), teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra

Sermão «The Tears of Christ at the Grave of Lazarus»

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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Para ouvir o nome de Maria

O Cântico dos Cânticos permite acreditarmos que, quando da Assunção da Virgem, os Anjos se interrogaram, por três vezes, sobre qual seria o nome de Maria. Na primeira vez, gritaram: "Quem é esta que se eleva do deserto como um vapor perfumado?" Depois, perguntaram: "Quem é está que avança como a aurora nascente?" "Quem é - disseram, enfim, entre si - Aquela que sobe do deserto, cumulada de delícias?"

Por que tanta insistência em desejar conhecer o nome de sua Soberana? "Sem dúvida - responde Richard de Saint-Laurent -, porque eles desejavam ouvir o nome tão doce de Maria."

Santo Alphonso de Liguori

Glórias de Maria

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A ESPIRITUALIDADE TEM SUAS RAÍZES NO INTERIOR DO CORAÇÃO

Mt 23,23-26

«Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo»


Jesus faz claramente uma denúncia: «Ai de vós (...)! Ai de vós (...)!» (Mt 23,23.25). Seu alvo são os mestres da Lei e os fariseus, representantes das classes poderosas que exercem seu domínio espiritual e moral sobre o povo. Como podem orientar as pessoas sendo guias cegos?? Sua cegueira consiste na incoerência de cumprir escrupulosamente pequenos detalhes, que tem lá sua importância, mas deixar de lado coisas fundamentais, como a justiça, o amor e a fidelidade. Cuidam de sua imagem, que não corresponde ao seu interior, cheios «de roubo e cobiça» (Mt 23,25). Curiosamente, Jesus emprega termos relativos a aspectos econômicos.

O Evangelho é um convite às pessoas e aos grupos que desempenham papéis relevantes nas comunidades cristãs, ou seja, seus líderes, para que façam um exame de consciência.


  • Respeitamos os valores fundamentais?
  • Valorizamos mais as normas do que as pessoas?
  • Impomos aos demais aquilo que nós mesmos não somos capazes de fazer?
  • Falamos a partir da presunção de nossas idéias ou da humildade de nosso coração?

Como dizia Dom Hélder Câmara: «Quisera ser uma poça d’água para refletir o céu».


  • As pessoas vêem, nos seus pastores, homens de Deus que diferenciam o supérfluo do essencial?

A fraqueza merece a compreensão, a hipocrisia provoca rejeição.


Ao escutar o Evangelho podemos cair numa cilada.

Jesus disse aos mestres da Lei e aos fariseus que eram hipócritas.

Também havia os que eram sinceros.

Nós podemos pensar que este texto também se aplica atualmente aos bispos e sacerdotes.

Certamente, como guias das comunidades cristãs, devem estar atentos para não cair nas atitudes que Jesus denuncia, mas há que se recordar que todo homem ou mulher-crente pode guardar em seu interior um fariseu cego!

Jesus nos convida: «Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo» (Mt 23,26).

Então, eu ou você chegamos diante da comunidade, no altar, e explicamos para todos: Viram? Os mestres da Lei eram maus! Além de serem descendentes daqueles que mataram os profetas no passado, eles viviam de aparências.

Fingiam ser santos porém, na realidade eram parecidos com defuntos maquiados, de batom passados nos lábios, para parecerem pessoas vivas.

Ao explicar tudo isso de forma eloqüente, ainda acrescentamos que a nossa sociedade está cheia de pessoas que são iguais àqueles hipócritas dos tempos de Jesus Cristo. E ainda recomendamos aos ouvintes para que não sejam falsos, mentirosos, e hipócritas também.

Prezados irmãos. Percebeu que nesta reflexão está faltando uma coisa muito importante? Percebeu que está faltando nos incluir no grupo daqueles que são ou que às vezes também são como os mestres da Lei e os fariseus hipócritas?

É! Infelizmente nunca podemos nos excluir da possibilidade de sermos frágeis, ou mesmo miseráveis pecadores. Porque podemos nos acostumar a uma vida corrida de compromissos, de rituais, de uma vida que na realidade não passa de aparência de santidade.

PRECISAMOS ENCONTRAR TEMPO PARA NOS ENCONTRAR COM DEUS, e isso se faz necessário ser diariamente! Através da oração constante, da leitura meditada, e da preparação das nossas palestras, sermões ou encontros catequéticos. Não podemos vacilar um só instante. Não podemos deixar a peteca cair. Não podemos nos esquecer que o inimigo de Deus está sempre de olho em nós, para detectar os nossos momentos de fraqueza. E Estes momentos ocorrem pela solidão, pelos vícios, pelo estresse, pela revolta contra as injustiças onde nos aparece a vontade de vingança, etc.

Portanto, vamos tomar muito cuidado com a nossa religiosidade, com a nossa espiritualidade, para que não nos tornemos uns hipócritas também.

CONCLUSÃO

Devemos sempre estar alertas em relação à nossa vivência da fé porque, se não nos cuidarmos, podemos criar um abismo muito grande entre o que falamos e o que vivemos ou, pior ainda, podemos viver uma religiosidade de aparências, uma religiosidade ritual em detrimento de uma real vivência de fé, de uma resposta pessoal aos apelos que nos são feitos para que assumamos os compromissos do nosso batismo a partir de uma vida verdadeiramente profética que denuncie os contra valores do mundo e anuncie a verdade dos valores que foram pregados por Jesus Cristo.

Deste modo, a nossa vida religiosa não será simplesmente ritual, mas também compromisso. (CNBB)

A espiritualidade tem suas raízes no interior do coração.


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PerdaoQuando, num encontro de amigos, a conversa gira em torno de assuntos religiosos, é comum alguém declarar, com naturalidade e segurança: “Creio, mas não pratico!” Trata-se de uma afirmação que parece ser tão bem formulada, tão lógica, que, normalmente, ninguém a contesta. Assim, dias depois, em outro grupo, se a discussão for também sobre questões religiosas, é possível que alguém volte a fazer a mesma afirmação. Mais do que uma afirmação isolada, essa idéia de que se pode acreditar sem colocar em prática aquilo em que se acredita é tão comum que já se tornou uma mentalidade em muitos ambientes.

A justificativa desse comportamento varia de pessoa para pessoa. Há aquela que deixou de lado a prática religiosa pela decepção com um líder da comunidade; outra, sem perceber, abandonou, pouco a pouco, sua vida de fé: passou tanto tempo sem ler a Palavra de Deus, sem rezar e sem assistir à missa dominical que, quando notou, já havia organizado sua vida de tal maneira que não havia mais espaço para expressões religiosas; outras pessoas tinham um conhecimento tão superficial de sua religião que, sem grandes questionamentos, a abandonaram. Há, também, as que procuram o batismo dos filhos, a missa de formatura ou de sétimo dia, tão somente como atos sociais.

Afinal, é possível crer sem praticar? Algumas pessoas deixam a prática religiosa com o argumento de que buscam uma maior autenticidade. Dizem não gostar de normas e ritos: preferem uma religião “mais espiritual”, sem estruturas. Esquecem-se de que somos seres humanos, não anjos. Os anjos não precisam de sinais, gestos e palavras para se relacionarem. Nós, ao contrário, usamos até nosso corpo como meio de comunicação. Traduzimos nossos sentimentos com um sorriso ou um aperto de mão, uma palavra ou um tapinha nas costas; fazemos questão de nos reunir com a família nos dias de festa e telefonamos para o amigo, cumprimentando-o no dia de seu aniversário; damos uma rosa para nossa mãe e nos encantamos com o gesto da criança que abre seus braços para acolher o pai que chega. Como, pois, relacionar-nos com Deus tão somente com a linguagem dos anjos, que nem conhecemos?

A fé nos introduz na família dos filhos e filhas de Deus; nela, é essencial a prática do amor a Deus e ao próximo. Nossa família cristã tem uma história, uma rica tradição e belíssimas celebrações. Pode ser que alguém não as entenda. Mas, antes de simplesmente ignorá-las ou, pior, de desprezá-las, não seria mais prudente procurar conhecê-las, penetrar em seu significado e descobrir seus valores? O essencial, já escreveu alguém, é invisível aos nossos olhos.

Não se pode querer uma fé sem gestos, com a desculpa da busca de maior autenticidade. O Pai eterno, quando nos quis demonstrar seu amor, levou em conta nosso jeito de ser, de pensar e agir. Mais do que expressar “espiritualmente” seu amor, concretizou-o: enviou-nos seu Filho, que habitou entre nós. Algumas Bíblias, em vez de traduzirem o ato descrito pelo evangelista João, na forma clássica – “e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1,14) –, preferem a expressão: “e armou sua tenda no meio de nós”, para expressar a idéia de que Deus, em Jesus Cristo, passou a morar em uma tenda ao lado da nossa. Em sua primeira carta, S. João dá um testemunho concreto dessa experiência de proximidade: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam da Palavra da Vida (...) isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco” (1Jo 1,1.3). Ele considerou ter sido uma graça especial ter podido ouvir, ver e tocar o Filho de Deus. Jesus, por seu lado, tendo assumido a natureza humana, submeteu-se a ritos: passou noites em oração, foi ao Templo de Jerusalém e frequentou sinagogas.

“Creio, mas não pratico”. A fé (“creio”) e a vida (“não pratico”) não podem estar assim separadas. Por sua própria natureza, devem estar unidas. Uma fé sem obras é morta; obras, mesmo que piedosas, sem fé tornam-se vazias.

Dom Murilo S. R. Krieger, scj

Arcebispo de São Salvador da Bahia

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A justificação pela fé

E18F51

A justificação se tornou ponto central de algumas doutrinas ao longo da história. A expressão maior dessa verdade é o protestantismo no século XVI. Lutero acreditava que a justificação mediante a fé é a essência do que se deve crer para a salvação. A Lutero se “junta” Calvino e outros. De fato, a teologia da justificação foi o grande parâmetro ante uma doutrina marcada pela relação de troca-justificação pela obras estabelecida pela cultura religiosa medieval.

O apóstolo Paulo foi quem tratou de maneira mais profunda a questão da justificação pela fé. Teologicamente, é a expressão dessa verdade mais altamente desenvolvida. Foi a sua maneira característica de formular a verdade central do evangelho: Deus perdoa os pecadores crentes. Assim, das 39 vezes que o verbo justificar aparece no Novo Testamento, 29 estão ligadas às epístolas do apóstolo ou em palavras registradas como suas.

São muitas as passagens nas quais desenvolve a justificação pela fé. Parece que as palavras do Apóstolo ganham tonalidade diversa. Paulo, outrora fariseu, rigoroso, sabe que a transgressão de um só mandamento torna o homem culpado com referência a toda lei (Gl3, 10; 5,3; Rm2, 25). O Paulo apocalíptico transfere o nexo de fazer e acontecer para o futuro escatológico: quem faz o mal e transgride a lei já encaminhou para si alguma desgraça futura (Rm 2,2-8). O Paulo escriba confirma o apocalíptico pessimista também ao dizer que todos sem exceção, judeus e gentios, vivem na escravidão do pecado e só podem por si esperar iniludível desgraça (Rm 2,24; 3,4. 10-18). O Paulo cristão convertido sabe que à redenção universal operada por cristo deve corresponder o desvio universal na escravidão do pecado (Gl 2,21; Rm5, 12.21).

Dentre os vários textos referentes à justificação pela fé escolhemos o de Romanos 3, 21-26. Somente Paulo entre os escritores do Novo Testamento faz do conceito de justificação o elemento básico de sua sotereologia. Começa, pois, seu evangelho da salvação afirmando que “agora” (v.21) esta vontade salvadora de Deus se revela e se realiza “pela fé em Jesus Cristo” (v.22). Agora se está oferecendo a todos sem distinção, sob a única condição de que creiam.

Deus quis agraciar a toda a humanidade, judeus e não judeus, da mesma maneira: unicamente pela fé. Agora a ira de Deus está se transformando em presença de amor salvador para os que aceitam Jesus pela fé. Ninguém pode se atribuir méritos nem exigir direitos, pois trata-se de um dom de Deus, absolutamente gratuito.

A justificação para Paulo é o ato de Deus que redime os pecados dos homens culpados e que os reputa retos, gratuitamente, por sua graça mediante a fé em Jesus Cristo, à base, não de suas próprias obras, mas do representante obediente à lei, que derramou seu sangue a favor dos mesmos, o Senhor Jesus Cristo.

O apóstolo quer deixar claro que a “lei judaica” foi substituída pela “lei da fé”, com a qual descobrimos o verdadeiro semblante de Deus, semblante de um pai que é amor infinito e que ama a todos de igual modo. As barreiras que dividem e discriminam as pessoas foram derrubadas. A fé abre-nos para o evangelho da salvação universal revelada em Jesus, o Messias. Paulo conclui disto que o homem pode ser justificado mediante a fé em Cristo (Rm 3,26. 28; 5,1; Gl2, 16). Isto é, mediante o confiar exclusivamente na graça de Deus, a qual, por sua definição, tem que ser um dom gratuito (v.24).

Por que sem a lei? Porque, como lembra Paulo na sua carta aos Romanos, o Messias é o fim da lei como “porque o Messias é o fim da lei, para a justiça de todos os que crêem” (10,4). Ou, como em Segundo Coríntios “mas seus espíritos se obscureceram. Sim, até hoje, quando lêem o Antigo Testamento, este mesmo véu permanece. Não é retirado, porque é em Cristo que ele desaparece” (3,14). A circuncisão e a lei distinguem; a fé não distingue, ou seja, não exclui a ninguém.

E a questão das obras? Paulo insistia que o homem não é capaz de se tornar justo com suas próprias ações, mas só porque Deus lhe confere sua justiça, unindo-o a Cristo, através da fé. O ponto é que esta fé não é uma opinião ou uma idéia, mas comunhão com Cristo e, portanto se converte em vida, em conformidade com Ele. A fé, sendo verdadeira, real, converte-se em amor, em caridade e se expressa na caridade. Uma fé sem caridade, sem este fruto, não seria verdadeira fé. Seria morta. É de Paulo, na carta aos Coríntios, o mais belo hino sobre a caridade.

Cláudio Geraldo 1º ano de teologia e

Willis de Oliveira Gama 3º ano de teologia

A

PAI20FILHO








Em nosso cotidiano e, sobretudo, na catequese, quando queremos passar algum conceito do sagrado, esbarramos nos limites da linguagem humana. Quando falamos de Deus, expressamos em palavras aquilo que mais se aproxima ao que sentimos do Divino. Palavras que, por mais bem elaboradas que sejam, não contemplam com exatidão, nem tão pouco esgotam o sentido do Eterno. Palavras cujos limites acabam empobrecendo e ofuscando, mais do que esclarecendo, algumas ideias. Por isso, a experiência humana influencia nossa fé e a maneira com a qual nos relacionamos com a religião. Dessas experiências dependem muitas de nossas posturas diante de termos e pensamentos religiosos.

Uma definição complicada de se fazer, por exemplo, é a de Deus. Quem é Ele? Como entendê-lo? Como nos dirigir à sua Pessoa? O povo do Primeiro Testamento comumente chamava Deus de Senhor. Jesus, em sua vivência humana, chamou Deus de Pai e, a partir daí, é assim que nos referimos a Ele.

Quando uma criança ouve essa definição, fatalmente fará o paralelo com o seu pai terreno. Aí mora o perigo, pois em certas situações a figura paterna evoca sentimentos ruins. De repente o pai pode ser alguém hostil, pouco carinhoso ou até mesmo agressivo, alguém que, ao invés de proteger, causa dor e insegurança. Então a criança desenvolve prematuramente um sentimento de rejeição com Deus Pai. Sentimento este que deve ser detectado e muito bem trabalhado pelos educadores da fé, a fim de mostrar que o Pai do céu é puro amor e misericórdia, incapaz de querer o mal, abandonar ou desprezar um(a) filho(a).

O Ofício Divino das Comunidades traz muitas alusões à face materna de Deus. Uma de suas orações diz: “Ó Deus do universo, tu nos visitas com amor de mãe. Abre hoje as portas do nosso coração para te acolher...”; em outra temos: “Ó Deus, teu amor maternal é a nossa esperança de salvação...”; ou ainda: “O Deus da paciência e Mãe da Consolação nos dê a unidade”. Talvez, apresentar Deus com uma feição materna seja, para muitos, uma forma de experimentar melhor a figura do nosso Criador.

Particularmente eu não tive problemas com esta definição paterna de Deus. Isso graças ao meu pai, o senhor José, que também foi carpinteiro como o pai de Jesus. Lembro do quanto fiquei feliz quando, ainda criança, ouvi falar que Deus é Pai. Lembrei do meu pai e entendi que Deus era forte, gostava de mim, corria ao meu encontro, me pegava nos braços e até me colocava de cavalinho em seu pescoço quando, inúmeras vezes, o esperava no portão de casa quando retornava do serviço. Junto Dele teria segurança, estaria protegido. Mesmo no silêncio, sabia que se preocupava comigo e fazia todo o esforço do mundo para me ver feliz. Assim, meu relacionamento com o sagrado pode se desenvolver de forma mais madura e prazerosa, pois estava aberto filialmente a acolher a paternidade Divina.

Falando nisso, lembro-me de um episódio que ocorreu comigo ano passado. Estou no seminário há sete anos. Nesse período fico em casa com maior tempo nas férias. Nessas ocasiões meu pai está trabalhando. O vejo geralmente à noite, mas sempre com alguém por perto. Acabamos não tendo ocasiões de ficarmos a sós, relacionarmos como pai e filho. Também já tenho mais de trinta anos, e depois de certa idade os relacionamentos mudam mesmo. Hoje meu pai exerce a profissão de pedreiro e, ano passado, foi contratado para reformar a casa dos padres numa praia do litoral capixaba. Vinha em casa quinzenalmente e, nessas ocasiões, o padre responsável pela obra o buscava e levava novamente. Numa dessas vindas, o padre não podia levá-lo devido a compromissos na agenda. Então ligou pra mim, para saber se eu podia fazer esse favor. Era num domingo à tarde e eu estava em Manhuaçu, numa assembleia com a catequese da paróquia Bom Pastor. Meu pai veio dirigindo até esta cidade e, a partir daí, eu assumi o volante até nosso destino. No caminho conversamos sobre o pessoal lá de casa e ele quis saber como eu estava no seminário. Ao chegar lá, enquanto eu tomava banho, ele arrumou minha cama no melhor lugar do quarto e colocou o melhor ventilador voltado para mim, estava muito calor. À noite, senti um lençol me cobrindo. Pela manhã descobri que meu pai havia tirado o lençol dele e colocado em mim, pois julgou que havia esfriado de madrugada. De manhã fomos dar uma volta na praia. Ele me levou até lá e voltou, pois tinha de trabalhar. Fiquei uns trinta minutos caminhando. Quando retornei do passeio, o carro, que antes estava bem sujo, encontrava-se lavado. Era mais uma obra de meu pai. Então peguei minhas coisas, coloquei no veículo. Na despedida recebi um forte abraço e um beijo. Quando dei a partida no motor, meu pai veio em minha direção, se debruçou na janela e me deu dinheiro para comprar algo no caminho caso tivesse fome. Ao sair, pelo retrovisor pude ainda ver a figura de meu velho amigo no portão da casa observando seu filho retornar.

São detalhes pequenos, mas que aos olhos de um observador atento demonstram cuidado e afeto. É como Deus se relaciona conosco. Daí quero lembrar a responsabilidade dos pais na criação e educação de seus filhos. Vocês são a imagem de Deus na vida deles. Um Deus que cuida, ama de forma gratuita, se doa a nós e nos protege.

O Deus Pai, que pela força maternal do Espírito, santifica o seu povo, nos abençoe agora e sempre. Amém!

Marlone Pedrosa, 4º ano de teologia

Fonte: Revista Diretrizes de maio de 2011

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O Sacramento da Penitência e da Reconciliação é a festa do reencontro e do amor misericordioso do Pai. É a celebração do perdão e da esperança. São vários os questionamentos sobre o significado deste sacramento, principalmente numa sociedade onde a convivência harmônica e pacífica está se deteriorando gravemente pelo crescimento da violência, onde a vida e a dignidade das pessoas são continuamente ameaçadas.

As pessoas aspiram viver em paz, reconciliadas consigo e com os semelhantes. Mas na realidade o que se vivencia são conflitos, tensões familiares e sociais. Como resultado observa-se uma reação imediata de isolamento como conseqüência dessa transgressão e ruptura. Contudo, a vulnerabilidade do sentir-se só e machucado pode ecoar num grito em busca de uma nova realidade, de uma possível mudança, que fala: “É preciso mudar!” Ninguém, em sã consciência, consegue viver, unicamente e por muito tempo, em meio a conflitos e transgressões. “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai!” (Lc 15,18).

O pedido de perdão resgata o sentimento confiante e possibilita a abertura de novos horizontes em vista de relações reconciliadas. Na base da celebração do sacramento da Reconciliação está o pedido de perdão. O pedir perdão encerra um dinamismo humano muito maior do que a simples oração interior, pois insere o ser humano na dinâmica da relação comunitária. “Pai pequei contra Deus e contra ti, já não mereço que me chamem teu filho.”( Lc 15,21).

O “pedir perdão” requer a disponibilidade de alguém que se faça “toda escuta” pela acolhida benevolente, pelo ouvir atencioso, permitindo à pessoa abrir seu coração e manifestar seu desejo de ser acolhida e amada numa nova relação. Saber ouvir é atitude que brota da bem-aventurança da misericórdia e do reconhecimento da grandeza da pessoa do outro, apesar de seus limites (Jo 8,10-11). Nesta hora, o diálogo reveste-se de significativa importância, no sentido de colocar a pessoa no rumo das relações reconciliadas com Deus, com o próximo, com o universo e consigo mesma, pois quem pede também espera ouvir uma palavra reconciliadora, ou seja, uma palavra que lhe dê a certeza do perdão e da paz. O perdão faz brilhar os olhos e exultar o coração ante as palavras: “Irmão (a) tu estás perdoado (a)! Tu és amado (a) por Deus e liberto (a) em Jesus Cristo pela força de seu Espírito. Vai e viva em paz com todos!”

O sacramento da Reconciliação é a celebração do amor incondicional de Deus que se traduz em dom de perdão e de paz. É penhor de esperança, uma vez que neste sacramento, celebramos todas as reconciliações, seja a reconciliação de duas pessoas, de um lar, de uma comunidade ou de uma nação. Celebra-se a reconciliação anunciada pela nova e eterna aliança. “Quando fizermos parte da nova criação, enfim libertada de toda maldade e fraqueza, poderemos cantar a ação de graças do Cristo que vive para sempre”!

Frei Faustino Paludo, OFMcap

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«Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida»

S. Mateus 13,47-53.

Naquele tempo, dise Jesus à multidão: «O Reino do Céu é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes.

Logo que ela se enche, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e escolhem os bons para as canastras, e os ruins, deitam-nos fora.

Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos, para os lançarem na fornalha ardente: ali haverá choro e ranger de dentes.»

«Compreendestes tudo isto?» «Sim» responderam eles.

Jesus disse-lhes, então: «Por isso, todo o doutor da Lei instruído acerca do Reino do Céu é semelhante a um pai de família, que tira coisas novas e velhas do seu tesouro.»

Depois de terminar estas parábolas, Jesus partiu dali.

Reflexão:

«Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida» (Jo 3,36)

[Santa Catarina de Sena ouviu Deus dizer:] No dia do juízo final, quando o Verbo, Meu Filho, revestido da Minha majestade, vier julgar o mundo com o Seu poder divino, não virá como aquele pobre miserável que era quando nasceu do seio da Virgem, num estábulo, no meio dos animais, ou como morreu entre dois ladrões. Nessa altura o Meu poder estava escondido n'Ele; como homem, deixei-O sofrer penas e tormentos. Não é que a Minha natureza divina estivesse separada da natureza humana, mas deixei-O sofrer como homem para expiar os vossos pecados. Não, não é assim que Ele virá no momento supremo: Ele virá com todo o Seu poder e todo o esplendor da Sua própria pessoa. [...]

Aos justos, inspirará um temor respeitoso e, ao mesmo tempo, um grande júbilo. Não é que a Sua face mude: a Sua face é imutável, em virtude da natureza divina, porque Ele é um comigo; e, em virtude da natureza humana, a Sua face é igualmente imutável, uma vez que assumiu a glória da ressurreição. Ele parecerá terrível aos olhos dos condenados, porque os pecadores vê-Lo-ão com o olhar de medo e perturbação que têm dentro de si próprios.

Não é isso que se passa com a visão doente? No sol brilhante vê apenas trevas, enquanto o olho são vê nele a luz. Não é que a luz tenha algum defeito; não é o sol que muda. O defeito está no olho do cego. É assim que os condenados verão o Meu Filho: entre trevas, ódio e confusão. Será por culpa da sua própria enfermidade e não por causa da Minha majestade divina, com a qual o Meu Filho aparecerá para julgar o mundo.

Santa Catarina de Sena (1347-1380), Terceira Dominicana, Doutora da Igreja, co-Padroeira da Europa

Diálogo, cap. 39

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