Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

terça-feira, 31 de janeiro de 2012



«Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença»
Terça-feira
4ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mc 5,21-43):

Jesus passou novamente para a outra margem, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Ele estava à beira-mar. Veio então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, caiu-lhe aos pés e suplicava-lhe insistentemente: «Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!». Jesus foi com ele. Uma grande multidão o acompanhava e o apertava de todos os lados.

Estava aí uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias e tinha padecido muito nas mãos de muitos médicos; tinha gastado tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se, na multidão, por detrás e tocou-lhe no manto. Ela dizia: «Se eu conseguir tocar na roupa dele ficarei curada». Imediatamente a hemorragia estancou, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele e, voltando-se para a multidão, perguntou: «Quem tocou na minha roupa»? Os discípulos disseram: «Tu vês a multidão que te aperta, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou? ’». Ele olhava ao redor para ver quem o havia tocado. A mulher, tremendo de medo ao saber o que lhe havia acontecido, veio, caiu-lhe aos pés e contou toda a verdade. Jesus então disse à mulher: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença».

Enquanto ainda estava falando, chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga dizendo: «Tua filha morreu. Por que ainda incomodas o mestre?». Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: «Não tenhas medo, somente crê». Ele não permitiu que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a agitação, pois choravam e lamuriavam muito. Entrando na casa, ele perguntou: «Por que essa agitação, por que chorais? A menina não morreu, ela dorme». E começaram a zombar dele. Afastando a multidão, levou consigo o pai e a mãe da menina e os discípulos que o acompanhavam. Entrou no lugar onde estava a menina. Pegou a menina pela mão e disse-lhe: «Talitá cum!(que quer dizer: «Menina, eu te digo, levanta-te»). A menina logo se levantou e começou a andar — já tinha doze anos de idade. Ficaram extasiados de tanta admiração. Jesus recomendou com insistência que ninguém soubesse do caso e falou para que dessem de comer à menina.

Reflexão:

«Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença»

Hoje o Evangelho apresenta-nos dois milagres de Jesus que nos falam da fé de duas pessoas bem diferentes. Tanto Jairo —um dos chefes da sinagoga— quanto aquela mulher doente mostram uma grande fé: Jairo tem a certeza de que Jesus pode curar a sua filha, enquanto aquela boa mulher confia em que um mínimo de contato com a roupa de Jesus será suficiente para ficar liberada de uma doença grave. E Jesus, porque são pessoas de fé, concede-lhes o favor que buscavam.

A primeira foi a mulher, aquela que pensava não era digna de que Jesus lhe dedicara tempo, aquela que não se atrevia a incomodar o Mestre nem a aqueles judeus tão influentes. Sem fazer barulho, aproxima-se e, tocando a borla do manto de Jesus, "arranca" sua cura e ela em seguida o nota em seu corpo. Mas Jesus, que sabe o que aconteceu, quer lhe dizer umas palavras: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença» (Mc 5,34).

A Jairo, Jesus pede-lhe uma fé ainda maior. Como já Deus tinha feito com Abraham no Antigo Testamento, pedirá uma fé contra toda esperança, a fé das coisas impossíveis. Comunicaram-lhe a Jairo a terrível notícia que sua filha acabara de morrer. Podemo-nos imaginar a grande dor que sentia nesse momento, e talvez a tentação da desesperação. E Jesus, que o ouviu, lhe diz: «Não tenhas medo, somente crê» (Mc 5,36). E como aqueles patriarcas antigos, crendo contra toda esperança, viu como Jesus devolvia-lhe a vida a sua amada filha.

Duas grandes lições de fé para nós. Desde as paginas do Evangelho, Jairo e a mulher que sofria hemorragias, juntamente com tantos outros, falam-nos da necessidade de ter uma fé imóvel. Podemos fazer nossa aquela bonita exclamação evangélica: «Eu creio, Senhor, ajuda-me na minha falta de fé» (Mc 9,24).

Rev. D. Francesc PERARNAU i Cañellas (Girona, Espanha)

O sábio e o pássaro


Era uma vez, num determinado reino vivia um velho sábio. Ele era o mais sábio dos sábios e nenhuma questão que lhe fosse levada ficava sem solução. Ele sabia tudo de tudo.
Existia nesse reino um rapaz que não se conformava com isso. Ele não aceitava o fato de o sábio conseguir decifrar qualquer enigma, fosse ele qual fosse. Durante muito tempo o plebeu ficou arquitetando uma forma de pregar uma peça no sábio.
" Tem que existir uma forma de enganar o sábio. Ninguém sabe tudo de tudo "... pensava ele.
Até que um dia ele descobriu uma forma, a qual nem mesmo o mais sábio dos sábios teria saída.
"Colocarei em minhas mãos, levemente fechadas, um pequeno pássaro vivo e perguntarei ao sábio se o pássaro está vivo ou morto. Se ele responder que está morto, eu abrirei as mãos e o libertarei para o vôo. Se ele responder que está vivo, eu o apertarei com os dedos e o matarei.
O sábio não terá saída.
Assim fez.
Diante do sábio ele procedeu como exposto anteriormente, perguntando se o pássaro estava vivo ou morto.
O sábio olhou bem nos olhos do rapaz e respondeu:
"Meu bom homem, a vida desse pássaro está em suas mãos ".

Muitas vezes, por diversas formas, a vida de outro ser está em nossas mãos. Cabe a nós a responsabilidade de escolher entre salvá-lo ou matá-lo.

Vamos refletir um pouco sobre isso?

Muito bem escrito...

MUITO BOM!!!

Assim deve ser também a MORTE!!!

O CÉTICO E O SÁBIO...

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês.

O primeiro, um cético de "carteirinha", pergunta ao outro:

- Você acredita na vida após o nascimento?

- Certamente. Tem de haver algo após o nascimento.

Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos

nos preparar para o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há vida após o nascimento, isso é credo de tolos .

Como verdadeiramente seria essa vida?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui.

Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a nossa boca.

- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo!

O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa:

A vida após o nascimento está excluída – o cordão umbilical é muito curto, o que torna essa possibilidade totalmente impossivel !!

- Na verdade, certamente há algo.

Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento pra nos contar.

O parto apenas encerra a vida e finito!!!

- Eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- Mamãe? Você acredita em mamãe????

E onde ela supostamente está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos.

Sem ela tudo isso não existiria.

- Que balela! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.

Somos fruto de um acaso... uma evolução. Ponto!

- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode senti -la,

a energia que nos envolve... como ela afaga nosso mundo.

Eu penso que só então a vida real nos espera após o nosso nascimento e agora apenas estamos nos preparando, evoluindo e amadurecendo para ela…

" PENSE NISSO..."

autoria desconhecida...



O Trunfo do Sábio
ito


Certa vez, em noite de verão, um sábio ao redor de uma fogueira foi interrogado por mercadores sobre a mais difícil prova que este havia passado. Pensativo este respondeu que era a que estava por vir. Atônitos, estes perguntaram: Mas o Senhor deve ter passado por muitas?! Este disse: Com certeza, mas aquela que desconhecemos exige-nos atenção e preparo, pois se a conhecêssemos, não seria mais necessária, a menos que não tivéssemos logrado êxito ao passarmos por ela.

Sejamos previdentes e atentos as nossas provas, pois as futuras só a Deus pertencem.

Terminando-as, ai sim, saberemos se logramos êxito.




Acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
PARA VOCÊ REFLETIR



TEM PROBLEMAS BEM MAIORES QUE OS SEUS...
OLHE PARA OS LADOS
PERCEBA O QUE VOCÊ SOFRE É NADA DIANTE DE TANTOS OUTROS QUE PADECEM...


Deixa de ser um deserto, para ser um oásis.


A Igreja, quando é banhada pelo orvalho do céu, não só recebe novo alento, mas torna-se instrumento de Deus para restaurar outras pessoas. Ela torna-se um lugar de cura, de refrigério, de abrigo.

Deixa de ser um deserto, para ser um oásis. Deixa de ser um lugar de atar fardos sobre as pessoas, para ser um lugar de alívio. Deixa de ser um lugar de legalismo neurotizante, para ser uma comunidade terapêutica. Deixa de ser um gueto fechado, para ser uma comunidade que acolhe os inacolhíveis, abraça os inabraçáveis e recebe os escorraçados por toda sorte de preconceito, oferecendo-lhes vida nova e abundante em Jesus.

Sem a plenitude do Espírito, os pregadores só têm palha a oferecer ao povo. Sem a plenitude do Espírito, nossas pregações tornam-se discursos vazios, que enchem os ouvintes de cansaço e tédio. Sem a unção do Espírito, os sermões são mortos; e sermões mortos matam.
Pregações sem unção do Espírito endurecem o coração.

Recadinho de Deus as Comunidades.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CELIBATO, DOM DE DEUS!

O celibato é um dom dado por Deus, que permite ao ser humano renunciar à vida conjugal em favor de uma missão especial, pois, como diz São João: “Deus nos amou primeiro”.
Se tivéssemos plena consciência desta fala o mundo não se conteria mediante tamanho amor e alegria que sairia do nosso coração.

Optar pela consagração celibatária é como diz o salmo: “como os olhos do escravo estão fitos nas mãos de seu senhor , como os olhos da escrava estão fitos nas mãos de sua senhora, assim os meus olhos no senhor”.
É ter toda sua atenção e energia centrada no Senhor e na missão que Ele confiou.
Não que aquele que opte pela vida conjugal não alcance a santidade, é missão de Deus sim! E, o que nos leva à santidade é nossa resposta a essa missão.

Mas, o celibatário em especial carrega dentro de si um amor tão grande que o mundo não poderia conter. Seu olhar está voltado para Deus e por isso seu amor é por todos com igualdade, tem necessidade de ir ao encontro dos pequeninos e marginalizados; daqueles que sofrem porque não conhecem o amor de Deus.

Sabe da missão de levar a paz e a esperança até os confins da terra. Imaginar o celibatário como uma pessoa frustrada e infeliz é cometer um grande engano, pois, a realização do ser humano consiste na capacidade que tem de amar e se deixar ser amado!
Afinal, Deus criou o homem no amor, com amor e para o amor.
E, só o amor pode levar o homem a total liberdade.


É sim uma entrega muito profunda onde Jesus Cristo é a razão primeira e única que motiva aquele que por Deus é escolhido para uma missão especial: deixar tudo e lançar-se de corpo e alma na direção dos irmãos se tornando aquele que é canal de soerguimento, cura e libertação para muitos.

É por assim dizer e antes de tudo o amor apaixonado por Deus e o amor esponsal de Jesus Cristo que se manifesta no interior do coração celibatário. Não há no mundo palavras que sejam capazes de expressar verdadeiramente o celibato! Na realidade, só quem o vive com fidelidade é capaz de compreender, pois, se somos fiéis Ele, o Senhor, permanece fiel!

E QUÃO FECUNDA É A ALMA QUANDO ESTA GERA ESPIRITUALMENTE MUITOS FILHOS PARA DEUS !!!!

Comunidademissaotheotokos

A IMPORTÂNCIA DA VIDA CONSAGRADA

Quando a Igreja fala de Vida Consagrada, está falando de uma vocação, que tem várias modalidades de vida dentro da Igreja. Seguem essa vocação os Monges e Monjas, os Religiosos e Religiosas, das Ordens, Congregações e Institutos Religiosos. Além desses, existem os membros dos Institutos Seculares, bem como os consagrados e as consagradas de assim chamadas “Novas Comunidades”, muitas das quais nasceram dentro de Movimentos eclesiais relativamente recentes ou formam seu núcleo central. Há também a Ordem das Virgens consagradas, restaurada por Paulo 6º a partir do Concílio Vaticano 2º, cujos membros não constituem comunidade de vida, mas vivem no mundo, tendo consagrado sua virgindade a Cristo para o testemunho e o serviço na sua respectiva diocese.

Divulguemos também esta vocação de Vida Consagrada e rezemos por ela, porque constitui um grande tesouro na Igreja e é uma excepcional força e serviço nas atividades da pastoral direta nas dioceses e paróquias, como também no setor de escolas, colégios e universidades, no setor dos hospitais e demais serviços de saúde, no setor de obras assistenciais, só para citar os mais conhecidos.

Cada forma de Vida Consagrada tem um carisma próprio, ou seja, seus fundadores decidiram – e depois a Igreja os aprovou – viver um ou mais aspectos do Evangelho de Jesus Cristo numa forma radical e ampla e ainda professar os conselhos evangélicos da pobreza, obediência e castidade como algo próprio e comum de todas as formas de Vida Consagrada. Assim, os fundadores lhes deram normalmente uma Regra de Vida e Constituições ou apenas Constituições, que lhes dão organização e normas de vida.

O Concílio Vaticano 2º, ao tratar da Vida Consagrada, diz: “O estado (de vida Consagrada) constituído pelos conselhos evangélicos, embora não pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está contudo firmemente relacionado com sua vida e santidade” (LG, 44). “Os conselhos evangélicos da castidade consagrada a Deus, da pobreza e da obediência se baseiam nas palavras e nos exemplos do Senhor. São recomendados pelos Apóstolos, Santos e Padres e pelos mestres e pastores da Igreja. Constituem um dom divino que a Igreja recebeu do seu Senhor e por graça dele sempre conserva. A própria autoridade da Igreja, guiada pelo Espírito Santo, cuidou de interpretar os conselhos evangélicos, regulamentar-lhes a prática e estabelecer formas estáveis de vida” (LG 43).

A Vida Consagrada é sobretudo um sinal. Diz o Concílio: “A profissão dos conselhos evangélicos se apresenta como um sinal que pode e deve atrair eficazmente todos os membros da Igreja para o cumprimento dedicado dos deveres impostos pela vocação cristã. Como, porém, o Povo de Deus não possui aqui (no mundo) morada permanente, mas busca a futura, o estado religioso (de Vida Consagrada), pelo fato de deixar seus membros mais desimpedidos dos cuidados terrenos, ora manifesta já aqui neste mundo a todos os fiéis a presença dos bens celestes, ora dá testemunho da nova e eterna vida conquistada pela redenção de Cristo, ora prenuncia a ressurreição futura e a glória do Reino celeste” (LG 44). Assim, a Vida Consagrada é sinal das coisas de Deus, da nossa ressurreição futura e da glória do Reino celeste, pois faz destas realidades sua vida já aqui no mundo.

João Paulo 2º diz: “A primeira tarefa da Vida Consagrada é tornar visíveis as maravilhas que Deus realiza na frágil humanidade das pessoas chamadas. Mas do que com as palavras, elas testemunham essas maravilhas com a linguagem eloqüente de uma existência transfigurada, capaz de suscitar a admiração do mundo. A essa admiração dos homens respondem com o anúncio dos prodígios da graça que o Senhor realiza naqueles que ama” (VC, 20). “Deste modo, a Vida Consagrada torna-se um dos rastos concretos que a Trindade deixa na história, para que os homens possam sentir o encanto e a saudade da beleza divina”, diz o Papa (VC,20). Exemplos de pessoas consagradas são os brasileiros: Santa Paulina, Beato Frei Galvão e Beato José de Anchieta.

A Vida Consagrada torna seus membros testemunhas de Cristo no mundo, sobretudo pela prática da caridade, da solidariedade com os pobres e os excluídos e pela missionariedade. “Há que afirmar que a missionariedade está inscrita no coração mesmo de toda forma de Vida Consagrada”, afirma o Papa (VC, 25).

Dom Cláudio Cardeal Hummes

A FORMAÇÃO PERMANENTE

Confirmando “a urgência de uma formação permanente e inicial que se encarregue da estrutura fundamental da pessoa e da personalização da fé”, ferida por diversas situações e conflitos, o Capítulo Geral considere essa formação uma exigência de nossa vocação para sermos instrumentos de reconciliação do tecido fundamental da confiança recíproca.

Nesse contexto, podemos tranqüilamente dizer que a formação permanente é chamada, entre outras coisas, a criar novas relações, capazes de gerar confiança recíproca.
Se é verdade que a formação permanente é um itinerário de toda a vida, tanto pessoal como comunitário, para descobrir o Cristo pobre, humilde e crucificado, em si mesmo, nos irmãos, no serviço, na própria cultura e em toda a realidade contemporânea, é também verdade que o crescimento na capacidade de confiança recíproca é essencial como sinal de um processo de conversão e de crescimento pessoal e espiritual.

Por outro lado, a formação permanente, que se realiza no contexto da vida quotidiana do nossos, na oração e no trabalho, em suas relações internas e externas à Fraternidade e no relacionamento com o mundo cultural, social e político em que ele vive, tem como sinal de autenticidade a transformação interior da pessoa através do amor, isto é, através do dom da vida (1Cor 13,2s).
Caros filhos, com a participação nas diversas iniciativas de formação permanente programadas em nossa Comunidade, que sem dúvida são importantes, essa dimensão de confiança recíproca é essencial na atual situação de fragilidade de muitas de nossas Fraternidades locais, em que as atividades e os espaços individuais estão limitando muito a possibilidade de encontro e de comunicação profunda entre os irmãos vejo isso tão claro no número reduzido em que estamos na casa mãe.

Por força dessa experiência, que vocês mesmos partilharam comigo em diversas ocasiões, convido-os a cultivar a paixão pela formação permanente, dando muita atenção a essa capacidade de relacionamento e de acompanhamento recíproco, de comunicação profunda na fé e na partilha de visões e esperanças por nossa vida e missão.
Assim, a formação permanente não se reduzirá à mera formação-informação intelectual, nem a uma atualização de conteúdos e à aquisição de novas capacidades profissionais e pastorais.
Embora essa formação compreenda também tudo isso, certamente esses elementos não são determinantes ou essenciais.

A formação permanente consiste, primeiramente, em assumir a responsabilidade de viver de maneira a corresponder à forma vitae que abraçamos.
A formação permanente é dar-se uma forma, não somente uma informação. É a liberdade comprometida com a própria pessoa de viver um contínuo processo de transformação pessoal para chegar àquilo que alguém escolheu como sua forma de vida; é seguir a Cristo para deixar-se transformar por ele, numa Fraternidade de irmãos chamados à mesma vocação e missão.

Em tempos como os nossos, de uma certa fraqueza de todas as opções de vida, com sérias dificuldades de dizer "para sempre", essa consistência da formação permanente é essencial se desejarmos permanecer fiéis.

Como você cuida de sua formação permanente e o que faz para que a Fraternidade em que vive cultive essa dimensão essencial de nossa vida?

Pe. Emílio Carlos Mancini



A LIBERDADE É SER PARA DEUS, E NÃO SER PARA SI

Ecl 15,11-22

O homem sempre teve dificuldades de conviver com a própria liberdade. Os pagãos de outrora sentiam-se governados pela fatalidade, quando na verdade eram livres, e os custaram a reconhecer a própria escravidão, como também o homem de hoje tem buscado liberdade por meios que o escravizam.

Toda a Escritura fala dos convites amorosos de Deus ao homem, revelando Sua vontade para este, enquanto sublinha sua responsabilidade individual e poder de opção. Jesus anunciou sua missão de dar liberdade aos homens (cf. Lc 4,18) e Paulo incansavelmente repetiu: “Irmãos, vós fostes chamados à liberdade” (Gal. 5,13). Toda a Escritura revela que a aparente oposição entre a Soberania divina e a liberdade do homem é uma grande mentira. A verdade é que a graça de Deus e a livre obediência do homem são reais e ambas necessárias à Salvação deste. Sabemos que pertence ao homem escolher entre a bênção e a maldição, a vida e a morte. A cada um cabe entrar e perseverar no caminho que leva à vida!

Só Deus conhece o verdadeiro segredo de inclinar nosso coração sem violentá-lo e de nos atrair sem nos forçar. Deus é inteiramente livre na sua escolha, mas a liberdade da eleição divina não nos autoriza a concluir que seja ilusória a liberdade humana. Há em todo homem uma verdadeira liberdade de opção.

Desde o princípio, Deus quis que o homem escolhesse livremente entre o bem e o mal, entre o Deus e o não Deus, entre a aceitação ou a recusa da vocação que nos confere, entre aderir ou rejeitar as missões quem os confia, e nos deu como orientação unicamente a Sua imagem...Cristo: Modelo de liberdade

Antes de Cristo, o homem desconhecia o verdadeiro sentido da liberdade. A verdadeira liberdade está enraizada no amor a Deus e não no amor do homem a si mesmo. A liberdade é ser para Deus, e não ser para si. No momento em que o homem não quer mais ir para Deus, mas se empenha em permanecer centrado em si, torna-se, novamente, escravo de si mesmo e tem que renovar sua opção pela graça. Ao renunciar a Deus, renunciou à vida, e, ao voltar-se para si, entregou-se à morte, porque somente Deus é a vida! Separada de Deus, a existência humana torna-se escrava de si e presa à aspiração da carne que é a morte.

Por isto é que S. Paulo nos exorta a fazer-nos o que por graça já somos: livres! Deus é mais íntimo de nossa vontade que nós mesmos, mas sua presença é respeitosa, e não destrói nossa autonomia. Ouvir, deixar-se tocar é uma graça, mas, aderir à ela continua sendo um ato livre e responsável do homem.

Deus, em vez de se apropriar da liberdade humana a multiplicou, porque quer o amor livre do homem, quer que este O siga livremente, encantado e conquistado por Sua pessoa!

Somos livres e, embora constantemente colocados diante da lembrança da morte, somos continuamente convidados à vida, a nos retirarmos da prisão das nossas mesquinharias e sermos levados à visão do que é seguro, vivo, eterno. Somos continuamente decepcionados em nossa veneração aos valores relativos, e convidados a conhecermos a felicidade que não passa!

Todo cristão é livre no sentido de que, em Cristo, recebeu o poder de viver na intimidade do Pai, sem ver entravado pelos laços do pecado, da morte e da lei. Sim, porque o pecado é o verdadeiro déspota de cujo jugo Jesus nos arranca. Tanto que S. Paulo diz: “Deus nos arrancou do império das trevas e nos transferiu para o retiro do seu Filho Bem – Amado, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Col 1,13).


Pe. Emílio Carlos Mancini.+

Tenho orado há muitos e muitos anos e posso falar muitas coisas sobre a oração, mas se só pudesse enfatizar um aspecto, diria às pessoas que ela é muito mais fácil do que pensamos.

Quando Deus começou a me ensinar a orar, fiquei surpresa ao aprender que Ele não fez da oração algo complicado, mas que ela é realmente simples.

Às vezes as pessoas transformam a oração em algo árido e difícil; às vezes nossa mentalidade e nossos sistemas religiosos apresentam a oração de um jeito que ela parece ser algo fora do alcance da maioria de nós.

Pode acreditar, estou dizendo a verdade quando digo que Deus deseja que tenhamos uma vida de oração natural e agradável. Ele quer que nossas orações sejam honestas e sinceras, e que a nossa comunicação com Ele independa de regras, regulamentos, legalismos, intermediários e obrigações. Ele deseja que a oração seja parte integrante da nossa vida — a parte mais fácil de nossa atividade diária.

Suspeito que muitas pessoas oram muito mais do que pensam e que elas têm uma vida de oração muito mais eficaz e vitoriosa do que imaginam. Elas nem sempre percebem quando estão orando porque lhes foi ensinado que a oração requer determinado ambiente, certa postura e certa forma de expressão, ou então que precisam seguir estritamente certos princípios. Orar é simplesmente falar com Deus. Na verdade, podemos orar a qualquer hora, em qualquer lugar — até mesmo dirigir um pensamento a Deus pode ser considerado uma oração silenciosa.

Deus quer que você aprenda a orar com mais eficácia, e Ele deseja que você alcance mais realizações por intermédio da sua vida de oração. Estou certa de que algo dentro de você quer aprofundar sua intimidade com Deus através da oração. Acredito que você saiba que a oração é poderosa e que anseie por ver o seu tremendo poder liberado em sua vida, nas vidas daqueles a quem você ama e nas situações que lhe dizem respeito.

Orações curtas e simples podem ser extremamente poderosas, mas isso não elimina o fato de que a oração é também um grande mistério. Watchmann Nee, um cristão chinês que escreveu muitos livros profundos enquanto esteve preso por causa de sua fé, declarou: “A oração é o ato mais maravilhoso da esfera espiritual, assim como um romance extremamente misterioso”.

O maior mistério da oração é o fato de que ela une o coração das pessoas ao coração de Deus. A oração é espiritual e penetra na esfera do invisível; ela extrai coisas dessa esfera invisível e as traz para a esfera em que as podemos ver, exatamente onde vivemos. Ela introduz bênçãos espirituais em nossa vida natural diária e faz com que um poder espiritual seja derramado sobre as circunstâncias terrenas que nos envolvem. Nós, seres humanos, somos as únicas criaturas no universo que podem permanecer na esfera natural e tocar a esfera espiritual.

Gosto de dizer que a oração abre a porta para Deus trabalhar.

À medida que colaboramos com Ele na esfera espiritual por meio da oração, trazemos as coisas dessa mesma esfera para dentro da nossa vida, do nosso mundo, da nossa sociedade, e para dentro da vida de outras pessoas. Tudo isso vem do céu, esses dons de Deus já estão reservados para nós, mas nunca os possuiremos se não orarmos e pedirmos a Deus.

Joyce Meyer, em “O PODER DA ORAÇÃO SIMPLES”


Flor do Céu

Ah! de sua estirpe, de sua linhagem de ouro, quando esta flor caiu do céu, para perfumar os pequenos vales de Israel, quão suaves eram os ventos a passar pelas nuvens!
Viste nascer, ó Saron, rosas desconhecidas!
Tuas palmeiras, ó Gades, emocionadas num puro suspirar, rejuvenescidas, embalaram tuas palmas no azul!
Teu cedro, ó velho Líbano, negro como sombra profunda, certo que estava a rever os primeiros dias do mundo, saudou o sol que brilha sobre o Éden!
O perfume esquecido do antigo jardim, como apreciada lembrança e promessa, dos filhos do exílio suavizou a tristeza e, celestes vozes, em cantos harmoniosos, revelaram teu nome, Maria, para o universo em regozijo.

«A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes»

«A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes» (Heb 4,12). Com estas palavras, o apóstolo mostra toda a grandeza, força e sabedoria da Palavra de Deus aos que procuram a Cristo – a Ele que é a palavra, a força e a sabedoria de Deus. [...] Quando pregamos esta Palavra de Deus, essa pregação dá à palavra exteriormente perceptível a força da Palavra interiormente percebida. Assim, os mortos ressuscitam (Lc 7,22) e este testemunho faz surgir novos filhos de Abraão (Mt 3,9). Esta Palavra é, por conseguinte, viva. É viva no coração do Pai, viva nos lábios do pregador, e viva nos corações cheios de fé e de amor. E, porque é uma Palavra viva, não há nenhuma dúvida de que também é eficaz.

Ela age com eficácia na criação do mundo, na sua governação e na sua redenção. O que poderá ser mais eficaz ou mais forte do que ela? «Quem poderá contar as obras do Senhor e apregoar todos os Seus louvores?» (Sl 106, 2). A eficácia desta Palavra manifesta-se nas suas obras; manifesta-se também na pregação. Porque ela «não volta sem ter produzido o seu efeito» (Is 55,11), mas aproveita a todos a quem foi enviada.

A Palavra é, por conseguinte, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes, quando é recebida com fé e amor. Com efeito, nada é impossível para quem crê, e nada é duro para quem ama.



Para os mais terríveis pecadores

"Por vossa misericórdia, e por toda a eternidade, fostes predestinada a salvar aqueles que nem mesmo a justiça de vosso Filho pode mais salvar", escreveu São Crisóstono à Virgem Maria, que, evidentemente, não é mais misericordiosa que seu Filho, mas participa de forma ímpar à misericórdia divina, sendo a Mãe do Verbo encarnado.


Citado por Berlendus, Panegírico Virgninis Deiparae


A verdadeira, a única perfeição, não é ter este ou aquele tipo de vida, é fazer a vontade de Deus


S. Marcos 5,1-20.

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram à outra margem do mar, à região dos gerasenos.
Logo que Jesus desceu do barco, veio ao seu encontro, saído dos túmulos, um homem possesso de um espírito maligno.
Tinha nos túmulos a sua morada, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com uma corrente,
pois já fora preso muitas vezes com grilhões e correntes, e despedaçara os grilhões e quebrara as correntes; ninguém era capaz de o dominar.
Andava sempre, dia e noite, entre os túmulos e pelos montes, a gritar e a ferir-se com pedras.
Avistando Jesus ao longe, correu, prostrou-se diante dele e disse em alta voz: «Que tens a ver comigo, ó Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te, por Deus, que não me atormentes!»
Efectivamente, Jesus dizia: «Sai desse homem, espírito maligno.»
Em seguida, perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?» Respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos.»
E suplicava-lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região.
Ora, ali próximo do monte, andava a pastar uma grande vara de porcos.
E os espíritos malignos suplicaram a Jesus: «Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles.»
Jesus consentiu. Então, os espíritos malignos saíram do homem e entraram nos porcos, e a vara, cerca de uns dois mil, precipitou-se do alto no mar e ali se afogou.
Os guardas dos porcos fugiram e levaram a notícia à cidade e aos campos. As pessoas foram ver o que se passara.
Ao chegarem junto de Jesus, viram o possesso sentado, vestido e em perfeito juízo, ele que estivera possuído de uma legião; e ficaram cheias de temor.
As testemunhas do acontecimento narraram-lhes o que tinha sucedido ao possesso e o que se passara com os porcos.
Então, pediram a Jesus que se retirasse do seu território.
Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso suplicou-lhe que o deixasse andar com Ele.
Não lho permitiu. Disse-lhe antes: «Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.»
Ele retirou-se, começou a apregoar na Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos se maravilhavam.

Meditação :

«Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso suplicou-Lhe que o deixasse andar com Ele. Não Lho permitiu»
A verdadeira, a única perfeição, não é ter este ou aquele tipo de vida, é fazer a vontade de Deus; é ter a vida que Deus quer, onde Ele quer, e vivê-la como Ele próprio a viveria. Quando Ele nos permite escolher, então sim, procuremos segui-l'O passo a passo o mais exactamente possível, partilhar a Sua vida tal como ela foi, como os apóstolos o fizeram ao longo da Sua vida e após a Sua morte: o amor leva-nos a imitá-l'O. Se Deus permite esta escolha, esta liberdade, é precisamente porque quer que abramos as nossas velas ao vento do amor puro e, empurrados por ele, «corramos atrás do seu perfume» (Ct 1,4 LXX), em imitação perfeita, como São Pedro e São Paulo. [...]

E se um dia Deus quiser tirar-nos, por algum tempo ou para sempre, deste caminho tão belo e tão perfeito, não nos perturbemos nem nos surpreendamos. Os Seus desígnios são insondáveis: poderá fazer por nós, a meio ou no fim da caminho, o que fez ao geraseno no início. Obedeçamos, façamos a Sua vontade [...], andemos por onde Ele quiser, levemos a vida que a Sua vontade designar. Mas aproximemo-nos d'Ele com todas as nossas forças em toda a parte, e vivamos todas as situações, todas as condições, como Ele próprio as teria vivido, comportando-nos como Ele Se teria comportado se, pela vontade do Pai, Se tivesse encontrado na situação em que nós nos encontramos.

Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara
Meditações sobre os Evangelhos, n°194

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012



O pessimismo é falta de confiança em Deus.



São Marcos 3, 22-30


Naquele tempo, também os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: "Ele está possuído de Beelzebul: é pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios." Mas, havendo-os convocado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expulsar a Satanás? Pois, se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar. E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode permanecer. E se Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá continuar, mas desaparecerá. Ninguém pode entrar na casa do homem forte e roubar-lhe os bens, se antes não o prender; e então saqueará sua casa. "Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias; mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno." Jesus falava assim porque tinham dito: "Ele tem um espírito imundo."

Oração introdutória

Obrigado, Meu Pai por lembrar-me a importância da unidade. Tu conheces minhas limitações e minhas misérias e sabes quanta falta me faz tua graça para crescer no amor e ser fator de unidade em todas as minhas relações familiares e sociais.
Concede-me tua luz nesta oração para que seja a caridade que me mova sempre a buscar a união contigo e com os outros.

Petição

Jesus, ajuda-me a conhecer, viver e transmitir teu amor.

Meditação


“A busca do restabelecimento da unidade entre os cristãos divididos não pode, portanto, reduzir-se a um reconhecimento das diferenças recíprocas, nem à consecução de uma convivência pacífica: aquilo ao que aspiramos é a unidade pela qual o próprio Cristo rezou e que, por sua natureza, se manifesta na comunhão da fé, dos sacramentos e do ministério. O caminho rumo a esta unidade deve ser sentido como um imperativo moral, resposta a um chamamento específico do Senhor. Por isso, é necessário vencer a tentação da resignação e do pessimismo, que é falta de confiança no poder do Espírito Santo. O nosso dever consiste em continuarmos a percorrer com paixão o caminho rumo àquela meta, com um diálogo sério e rigoroso, para aprofundar o comum patrimônio teológico, litúrgico e espiritual; com o conhecimento recíproco; com a formação ecumênica das novas gerações; e, sobretudo, com a conversão do coração e com a oração” (Bento XVI, Homilia, 25 de janeiro de 2011).

Reflexão apostólica


“’Eles eram um só coração e uma só alma’, diz a Escritura sobre a comunidade cristã primitiva. As Comunidades paróquias e os movemntos aspira a ser uma família unida dentro da grande família da Igreja, uma família integrada por muitos membros, na qual ninguém se sente excluído, e na qual cada um está chamado a oferecer o dom do seu ser e de sua disponibilidade para construir a unidade no amor, a exemplo da Igreja, onde, se um membro sofre, todos os outros sofrem com ele, e se um é honrado, todos os outros participam da sua alegria.
Por isso, a caridade deve conferir aos Movimento seu verdadeiro ’ar de família.’”

Propósito

Reconciliar todos os cristãos na unidade de uma só e única Igreja de Cristo, supera as forças e as capacidades humanas, por isso hoje farei uma oração pela unidade.

Diálogo com Cristo


Uma igreja dividida, como qualquer família, não pode substituir. A pessoa mesma, dividida interiormente, também não pode subsistir. O pecado, particularmente aquele que fere a caridade, causa divisão. Os primeiros cristãos me dão exemplo claríssimo de como viver a unidade. Eles superaram as barreiras sociais, econômicas e culturais. Rezavam pelos outros e se animavam uns aos outros a perseverar na fé em Jesus Cristo. Ajuda-me, Senhor, a viver assim a caridade, não permitas que fira nunca a unidade. Que todas as minhas palavras e ações sejam para construir a caridade.


“Cristo na família é segurança, é consolo, é união, é força, é felicidade.
Com Cristo tem-se um motivo para saber sofrer, com Cristo se entende a vida e seus contratempos, com Cristo tudo parece mais belo, com Cristo se desfruta plenamente a vida”

ESPERE GRANDES COISAS DE DEUS

Jesus ensina que, para podermos orar com poder, temos que colocar Deus em nosso pensamento e reconhecer sua soberania. Devemos dizer: “Seja feita a tua vontade”. É aqui que muitas pessoas tropeçam, perdem o alento e se afastam de Deus. Eu creio saber a causa disso.

Quando estudava psicologia na faculdade, formulei um teste de associação de idéias. Diria a palavra “Natal”, por exemplo, a uma pessoa e pediria a ela que dissesse a primeira coisa que lhe viesse a mente. As respostas que eu recebia eram quase sempre: Papai Noel, presentes, enfeites, etc. Raramente alguém dizia: Cristo. Cheguei à conclusão de que nós temos comercializado e paganizado o dia do aniversário do Senhor. Penso que. resguardados certos limites, este teste e bastante válido.

Vamos fazer uma prova agora mesmo. Eu mencionarei uma palavra. e o leitor verificará qual é o seu primeiro pensamento — “vontade de Deus”.

Que é que isto lhe sugere? A morte de um ente querido ou um grande revés, uma enfermidade incurável ou um grande sacrifício? A maioria das pessoas quando pensa em “vontade de Deus” forma um quadro mental sombrio.

Talvez uma das razões disto seja a oração de Jesus no Getsêmani. “Não se faca a minha vontade, e sim, a tua”. (Lc 22,42). E em conseqüência de sua submissão, Ele se encaminhou para o calvário. E é assim que a “vontade de Deus” e “cruz” acabam-se tornando idéias sinônimas.

Parece-me que a crença geral é que a intenção de Deus é tornar nossa vida desagradável, como quando temos que ingerir remédios amargos. Pensamos que seriamos mais felizes se não nos submetêssemos à vontade de Deus. Na realidade, nunca chegamos a dizer: “eu me recuso a acatar a vontade de Deus”. No entanto, afirmamos: “Desta vez, vou fazer o que quero”.

É preciso que nos lembremos de que o amanhecer também é vontade de Deus.

Há um tempo de colheita que resulta em alimentos e vestuário para nós, e sem o qual não haveria vida sobre a terra Deus criou as estações do ano; portanto, o fato de elas existirem também é parte da vontade de Deus. A verdade é que as coisas boas da vida superam em muito as más. Há mais alvoradas que ciclones.

Na verdade, as geadas invernais são da vontade de Deus, mas as diversas formas de aquecimento também foi Deus quem providenciou para nós. A maneira como encaramos a vontade de Deus é que mostrará se nós a aceitamos de bom grado ou nos esquivamos dela.

Jesus disse: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. em que é que pensamos quando a palavra céu nos vem a mente? Pensamos em paz, plenitude, perfeita alegria e a ausência de dores, sofrimentos e lágrimas. Jesus disse que isto é a vontade de Deus para nós. Antes que possamos dizer: “Seja feita a tua vontade…” temos que crer que ela é a melhor coisa para nós. Muitas vezes nós nos preocupamos com as situações imediatas enquanto Deus vê nossa vida como um todo.

Em 1972, Willian Carey entregou um sermão baseado no texto: “Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas”. (Is. 54,2). Foi uma das mensagens mais eloqüentes que alguém já pregou, cuja história não caberia em cem livros. Naquele sermão, Carey disse sua famosa frase: “Espere grandes coisas de Deus; realize grandes coisas para Deus”.

Charles L Allen, em “A PSIQUIATRIA DE DEUS”

ESPERAR DE DEUS OU ESPERAR EM DEUS?

“Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” Is 40, 28-31

Quando lemos este texto algo dentro de nós se move, mas logo nos perguntamos: Por que será que esta palavra não se cumpre na minha vida? Por que será que me sinto cansado, sobrecarregado e que, aparentemente, as coisas para mim sempre são mais difíceis e requerem mais trabalho, enquanto que para outros parece tão fácil?

E eu te faço uma pergunta que provavelmente você ainda não se fez: Voce tem esperado em Deus? O que você tem esperado de DEUS?

Creio que cada um de nós tem esperado de Deus e não esperado em Deus, e ai começa o problema. Quando esperamos de Deus e as coisas não ocorrem como esperávamos e parece que não vamos conseguir, que tudo vai voltar para trás e que tudo está contra o que havíamos planejado. É Deus nos mostrando que devemos esperar Nele e não Dele.

Você deve estar se perguntando o que significa isso, então?

Significa que Jesus Cristo disse que neste mundo teremos aflição, ou seja, que não seria fácil. Por isso quando as coisas parecem mais difíceis é porque está ocorrendo exatamente o que Cristo avisou que ocorreria. Não se espante, apenas espere em Deus, ou melhor faça a sua parte e relaxe, pois, durante sua caminhada os que não crêem ou os que esperam de Deus, ficarão pelo caminho; mas as suas forças serão renovadas e você não se cansará, pois você pegou o fardo que é leve e está sendo dirigido por alguém de coração manso e humilde.

Então chegamos à conclusão: esperar em Deus não é esperar que não teremos lutas ou aflições, mas é ter certeza da VITÓRIA!

Apesar de tudo eu sei em quem tenho crido!


Cheios de fé, afirmemos a nossa esperança




Toda a comunidade dos crentes, tornada povo sacerdotal, purificada pelo sangue de Cristo e pela água do batismo, pode agora dialogar com Deus sem intermediários. Os ministérios eclesiásticos, em que alguns são consagrados pelo sacramento da ordem, constituem função necessária e permanente na comunidade, mas não conferem privilégios nem podem substituir o povo de Deus no exercício do seu sacerdócio, prolongamento (como corpo) do sacerdócio de Cristo-cabeça.

O sinal "sacramental" desta nova realidade é a assembleia, a reunião atual dos crentes, como expressão visível da Igreja e instrumento eficaz de salvação. Daí a obrigação, mais que moral, de se encontrarem juntos em nome de Cristo, até sua volta, normalmente com frequência semanal.

Para a comunidade é essencial ser convocada: pelo apoio e exortação mútuos, pela profissão comum da fé e da esperança, pelo estímulo à caridade e às boas obras, pela espera unânime do dia do Senhor e da assembleia definitiva dos eleitos.



A missão universal


Enviados pelo poder que Jesus recebeu do Pai, os apóstolos deveriam partir, dispostos a caminhar por todas as estradas do mundo, e a anunciar a Boa Nova da salvação a quantos encontrassem. Ninguém podia ser deixado de lado, pois a salvação é um direito de todos.


O sinal de adesão a Jesus dar-se-ia no batismo feito “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Seria a forma de vincular toda a humanidade com o Pai, por meio de Jesus, na força do Espírito Santo. Desta comunhão de amor deveria surgir uma humanidade nova, fundada na filiação divina e na fraternidade.


Os apóstolos tinham como tarefa levar os novos discípulos a pautar suas vidas pelos ensinamentos do Mestre. Nada de novas doutrinas! Bastaria ensinar os batizados a observar tudo quanto Jesus lhes havia ensinado: nada mais do que amar a Deus e ao próximo, como fora explicitado no Sermão da Montanha.

Uma certeza deveria animar os apóstolos: o Ressuscitado estaria para sempre junto deles, incentivando-os a serem fiéis à missão. Portanto, nada de se deixarem abater pela grandiosidade e pelas exigências da tarefa recebida.

Jesus, luz do mundo



A luz é uma das necessidades primordiais do homem. Não é apenas um elemento necessário à vida, mas como que a imagem da própria vida. Isso influiu profundamente na linguagem, para a qual "ver a luz", "virá luz" significa nascer; "ver a luz do sol" é sinônimo de viver... Ao contrário, quando um homem morre, diz-se que se apagou', que "fechou os olhos à luz"... A Bíblia usa esta palavra como símbolo da salvação. O salmo responsorial põe a luz em estreita relação com a salvação. "O Senhor é minha luz e minha salvação”.

"Deus é luz e nele não há trevas" (1Jo 1,5). "Habita uma luz inacessível" (1Tm 6,16). Em Jesus, a luz de Deus vem brilhar sobre a terra: "Veio ao mundo a luz verdadeira que ilumina todo homem" (Jo 1,9). "Eu como luz vim ao mundo, para que todo o que crê em mim não permaneça nas trevas" (Jo 12,46).


Passar das trevas à luz


Arrancado às trevas do pecado e imerso na luz de Cristo, através do batismo, o cristão deve fazer as obras da luz: "Se outrora éreis treva, agora sois luz no Senhor. Comportai-vos, pois, como filhos da luz" (Ef 5,8). A passagem das trevas à luz é a conversão, a entrada no reino de Deus (evangelho). Sabemos o que quer dizer converter-se e fazer penitência. Indica mudança radical da nossa vida, uma inversão na escala dos valores que o mundo propõe e das nossas preocupações cotidianas, que não são certamente os que o evangelho propõe no sermão da montanha. O reino de Deus está presente ou desaparece, aproxima-se ou se distancia, conforme a nossa vontade de conversão. Esta, por seu lado, jamais se pode considerar completa de uma vez para sempre, mas é uma tensão cotidiana, assim como a fidelidade não é algo que se adquire no momento da promessa, mas uma realidade a viver cada minuto. Por outro lado, o cristão, mesmo depois do batismo, nunca é pura luz, é um misto de luz e trevas; por isso, sua vida é luta. Mas Cristo o reveste das armas da luz (Ef 6,11-17). Assim, o cristão está seguro de que depois de ter "participado na terra da sorte dos santos na luz" (Cl 1,12) "brilhará como o sol no temo do Pai" (Mt 13,43) e "na sua luz verá a luz" (cf SI 35,10). João Batista e Cristo resumem sua pregação no convite à conversão: "Convertei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (evangelho). Os judeus, que ouviam este anúncio, formulavam muitas vezes objeções: Nós somos filhos de Abraão, vivemos na segurança de um povo escolhido por Deus, temos as instituições religiosas que nos garantem a possibilidade de observar a Lei. Não temos necessidade de converter-nos (cf Mt 3,9s).

Evangelização é luz


Esta é, muitas vezes inconscientemente, a atitude de grande número de cristãos, para os quais a palavra conversão parece estranha, distante, aplicável somente a quem "vive nas trevas do erro e do pecado"... A evangelização cristã começa em Cafarnaum com o anúncio de Jesus: "Convertei-vos". Este anúncio deve ressoar continuamente também em nossas comunidades tradicionais (paróquias e dioceses). Hoje estamos redescobrindo a necessidade de uma volta a evangelização. Nossa pastoral do passado considerava-a como consumada, e se limitava quase exclusivamente à catequese. Agora percebemos que isto não é mais suficiente.

Conversão é luz


Como Cristo, também a Igreja deve, hoje como sempre, empenhar-se em libertar o homem do pecado, pois o anúncio da conversão é o fim primário que justifica sua própria existência. Nela deve manifestar-se constante­mente a liberdade do Espírito no serviço recíproco, no reconhecimento e na coordenação dos dons que Deus faz a cada um dos fiéis, e assim deveria ser, diante do mundo, o sinal visível do reino de Deus na terra. Por isto, a Igreja como instituição também é continuamente interpelada e julgada pela palavra de Deus. Também ela está em estado de conversão permanente. O cristão que, "movido pelo Espírito, está atento e dócil à palavra de Deus, segue um itinerário de conversão para ele... que pode comportar, ao mesmo tempo, a alegria do encontro e a contínua exigência de ulterior busca; o arrependimento pela infidelidade e a coragem de recomeçar; a paz da descoberta e a ânsia de novos conhecimentos; a certeza da verdade e a constante necessidade de nova luz".



A inveja: uma blasfêmia contra o Espírito Santo

S. Marcos 3,22-30.

Naquele tempo, os doutores da Lei, que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.»
Então, Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás?
Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar; e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir.
Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido e não poderá subsistir; é o seu fim.
Ninguém consegue entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá saquear-lhe a casa.
Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de pecado eterno.»
Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito maligno.»

Meditação:


A inveja: uma blasfêmia contra o Espírito Santo
«É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios» [...]. O que é próprio das pessoas maldizentes e animadas pela inveja é fechar, tanto quanto possível, os olhos aos méritos de outrem; e quando, vencidos pelas evidências, já não o conseguem fazer, depreciá-los e desvirtuá-los. Assim, quando a multidão exulta de devoção e se maravilha com as obras de Cristo, os escribas e os fariseus, ou fecham os olhos ao que sabem ser verdade, ou rebaixam o que é grande, ou desvirtuam o que é bom. Uma vez, por exemplo, fingindo-se ignorantes, disseram Àquele que tinha feito tantos sinais maravilhosos: «Que sinal realizas Tu, pois, para nós vermos e crermos em ti?» (Jo 6,30). Aqui, não podendo negar os factos com cinismo, depreciam-nos maldosamente [...] e desvalorizam-nos dizendo: «Ele tem Belzebu! [...] É pelo chefe dos demônios que expulsa os demônios».


Eis, queridos irmãos, a blasfémia contra o Espírito, que prende aqueles que envolveu nas cadeias dum pecado eterno. Não é que seja de todo impossível ao penitente receber o perdão de tudo, se produzir «frutos de sincero arrependimento» (Lc 3,8). Só que, esmagado por um tal peso de malícia, ele não tem força para aspirar a essa honrosa penitência merecedora de perdão. [...] Aquele que, vendo à evidência no seu irmão a graça e a obra do Espírito Santo [...], não teme desvirtuar e caluniar, e atribuir insolentemente aos maus espíritos o que sabe pertinentemente ser do Espírito Santo, esse está de tal modo abandonado por esse Espírito de graça, que já não quer a penitência que lhe traria o perdão. Está completamente obscurecido, cego pela sua própria malícia. Com efeito, que poderá haver de mais grave do que ousar, por inveja para com um irmão a quem tínhamos recebido ordem de amar como a nós próprios (cf. Mt 19,19), blasfemar contra a bondade de Deus [...] e insultar a Sua majestade, querendo desacreditar um homem?

Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge cisterciense
Sermão 39, 2-6

sábado, 21 de janeiro de 2012

Santidade

"A santidade não está nesta ou naquela prática, mas consiste numa disposição de coração que nos faz humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes da nossa debilidade e confiados até à audácia na sua bondade de Pai." (S. Teresa de Lisieux)

"A vida de cada santo é a vida de Jesus Cristo, é um Evangelho novo." (J.P. de Caussade)

"Na excelência da vida santa requerem-se estes três predicados: constante em relação a si, contemplativo em relação a Deus, brilhante quanto ao próximo." (S. António de Lisboa, Sermões)

"Ser santo é teimar em ser feliz só com Deus e nunca sem Deus."




Todos os batizados são chamados a ser discípulos de Jesus
3º DOMINGO DO TEMPO COMUM-Ano B


A liturgia do 3º Domingo do Tempo Comum propõe-nos a continuação da reflexão iniciada no passado domingo. Recorda, uma vez mais, que Deus ama cada homem e cada mulher e chama-o à vida plena e verdadeira. A resposta do homem ao chamamento de Deus passa por um caminho de conversão pessoal e de identificação com Jesus.

A primeira leitura
diz-nos – através da história do envio do profeta Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive – que Deus ama todos os homens e a todos chama à salvação. A disponibilidade dos ninivitas em escutar os apelos de Deus e em percorrer um caminho imediato de conversão constitui um modelo de resposta adequada ao chamamento de Deus.

No Evangelho
aparece o convite que Jesus faz a todos os homens para se tornarem seus discípulos e para integrarem a sua comunidade. Marcos avisa, contudo, que a entrada para a comunidade do Reino pressupõe um caminho de “conversão” e de adesão a Jesus e ao Evangelho.

A segunda leitura
convida o cristão a ter consciência de que “o tempo é breve” – isto é, que as realidades e valores deste mundo são passageiros e não devem ser absolutizados. Deus convida cada cristão, em marcha pela história, a viver de olhos postos no mundo futuro – quer dizer, a dar prioridade aos valores eternos, a converter-se aos valores do “Reino”.

LEITURA I – Jonas 3,1-5.10


O “Livro de Jonas” foi, muito provavelmente, escrito na segunda metade do séc. V a.C. (talvez entre 440 e 410 a.C.).
É uma história bonita e edificante, mas não é real. Trata-se de um texto que poderíamos classificar no género “ficção didáctica”. Dito de outra forma: o livro de Jonas não é uma colecção de oráculos proféticos proferidos por um homem chamado Jonas, nem sequer um relato de carácter histórico; mas é uma obra de ficção, escrita com a finalidade de ensinar e educar.
Estamos numa época em que a política de Esdras e Neemias favorecia o nacionalismo, e o fechamento do Povo de Deus aos outros povos. Por um lado, sublinhava-se o facto de Judá ser o Povo Eleito de Deus, o povo preferido de Deus, um povo diferente de todos os outros; por outro, considerava-se que todos os outros povos eram inimigos de Deus, odiados por Deus, que deviam ser inapelavelmente condenados e destruídos por Deus.
Reagindo contra a ideologia dominante, o autor do “Livro de Jonas” apresenta Jahwéh como um Deus universal, cuja bondade e misericórdia se estendem a todos os povos, sem excepção. A escolha de Nínive como a cidade destinatária da acção salvadora de Deus não é casual: Nínive, capital do império assírio a partir de Senaquerib, tinha ficado na consciência dos habitantes de Judá como símbolo do imperialismo e da mais cruel agressividade contra o Povo de Deus (cf. Is 10,5-15; Sof 2,13-15).
É, precisamente, esta cidade que Jahwéh quer salvar. Por isso, chama Jonas e convida-o a ir a Nínive pregar a conversão. No entanto Jonas, como os outros seus contemporâneos, não está interessado em que Jahwéh perdoe aos opressores do Povo de Deus e recusa-se a cumprir o mandato divino. Em lugar de se dirigir para Nínive, no Oriente, toma o barco para Társis, no Ocidente. Na sequência de uma tempestade, Jonas é atirado ao mar e engolido por um peixe. Mais tarde, o peixe vai depositá-lo em terra firme. Jonas é, de novo, chamado por Deus para a missão em Nínive.

O nosso texto começa com Jonas a receber o segundo mandato de Jahwéh para ir a Nínive. Jonas aceita, desta vez, a missão, vai a Nínive e anuncia aos ninivitas a destruição da sua cidade. Contra todas as expectativas, os ninivitas escutam-no, fazem penitência e manifestam a sua vontade de conversão. Finalmente, Deus desiste do castigo.
A primeira lição da “parábola” é a da universalidade do amor de Deus. Deus ama todos os homens, sem excepção, e sobre todos quer derramar a sua bondade e a sua misericórdia. Mais: Deus ama mesmo os maus, os injustos e opressores e até a esses oferece a possibilidade de salvação. Deus não ama o pecado, mas ama os pecadores. Ele não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva.
A segunda lição da nossa “parábola” brota da resposta dada pelos ninivitas ao desafio de Deus. Ao descrever a forma imediata e radical como os ninivitas “acreditaram em Deus” e se converteram “do seu mau caminho” (ao contrário do que, tantas vezes, acontecia com o próprio Povo de Deus), o autor sugere, com alguma ironia, que esses pagãos, considerados como maus, prepotentes, injustos e opressores são capazes de estar mais atentos aos desafios de Deus do que o próprio Povo eleito.
Desta forma, o autor desta história denuncia uma certa visão nacionalista, particularista, exclusivista, xenófoba, que estava em moda na sua época entre os seus contemporâneos. Desafia o seu Povo a aceitar que Jahwéh seja um Deus misericordioso, que oferece o seu amor e a sua salvação a todos os homens, até aos maus. Desafia, ainda, os habitantes de Judá a assumirem a mesma lógica de Deus – lógica de bondade, de misericórdia, de perdão, de amor sem limites – e a não verem nos outros homens inimigos que merecem ser destruídos, mas irmãos que é preciso amar.

ATUALIZAÇÃO

• A catequese apresentada pelo “Livro de Jonas” convida-nos, antes de mais, a apreciar a profundidade da misericórdia e da bondade de Deus. Deus ama todos os homens e mulheres, sem excepção e de forma incondicional. Deus ama até os maus e os opressores. Esta lógica exclui, naturalmente, a eliminação do pecador: Deus não quer a morte de nenhum dos seus filhos; o que quer é que eles se convertam e percorram, com Ele, o caminho que conduz à vida plena, à felicidade sem fim. É este Deus, tornado frágil pelo amor, que somos chamados a descobrir, a aceitar e a amar.

• No entanto todos nós temos, por vezes, alguma dificuldade em aceitar esta lógica de Deus. Em certas circunstâncias, preferíamos um Deus mais duro e exigente, que se impusesse decisivamente aos maus, que frustrasse os seus projectos de violência e de injustiça, que castigasse aqueles que não cumprem as regras, que não desse hipóteses àqueles que destroem o nosso bem-estar e a nossa segurança… A Palavra de Deus que hoje nos é servida apresenta-nos um Deus de bondade e de misericórdia, que nos convida a amar todos os irmãos, mesmo os maus. Deus deve converter-se à nossa lógica, ou seremos nós que devemos converter-nos à lógica de Deus?

• A disponibilidade dos ninivitas para escutar o chamamento de Deus e para percorrer o caminho da conversão constitui um modelo de resposta adequada ao Deus que chama. É essa mesma prontidão de resposta que Deus pede a cada homem ou a cada mulher.

• O nosso texto sugere também que aqueles que consideramos “maus” estão, às vezes, mais disponíveis para acolher os desafios de Deus e para escutar o seu chamamento, do que os “bons”. Os “bons” estão, tantas vezes, aferrados aos seus esquemas de vida, aos seus preconceitos, às suas certezas, que não escutam as propostas de Deus… Para Deus, o que é decisivo não é o passado de cada homem ou mulher, mas a capacidade de cada um em deixar-se interpelar e questionar por ele.

• Há também neste texto uma severa denúncia do racismo, da exclusão, da marginalização, da xenofobia. A Palavra de Deus alerta-nos para a necessidade de ver em cada homem que caminha ao nosso lado um irmão, independentemente da sua raça, da cor da sua pele, da sua cultura, ou até da sua bondade ou maldade. Como vemos e como acolhemos os nossos irmãos imigrantes que a vida trouxe até nós e que colaboram connosco na construção do mundo: como inimigos, culpados por todos os males do universo, ou como irmãos por quem somos responsáveis e que Deus nos convida a acolher e a amar?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)

Refrão: Ensinai-me, Senhor, os vossos caminhos.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças, que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.


LEITURA II – 1 Coríntios 7,29-31

As duas Cartas aos Coríntios – e particularmente a primeira – refletem a realidade de uma comunidade jovem, viva e entusiasta, mas com os seus problemas e dificuldades próprios… As suas luzes e sombras resultam, em parte, de ser uma comunidade que provém do mundo grego – isto é, de um mundo animado e estruturado por dinamismos muito próprios, com uma grande vitalidade, mas ao mesmo tempo com valores e dinâmicas que tornam difícil a transplantação dos valores evangélicos para um mundo animado por princípios muito diferentes daqueles que estão na origem da mensagem cristã. Na comunidade cristã de Corinto, vemos as dificuldades da fé cristã em se inserir num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã e por um conjunto de valores que estão em profunda contradição com a pureza da mensagem evangélica.
Um dos setores onde se nota particularmente o choque entre a fé cristã e a cultura helénica é nas questões de ética sexual. Neste âmbito, a cultura coríntia balouçava entre dois extremos: por um lado, um grande laxismo (como era normal numa cidade marítima, onde chegavam marinheiros de todo o mundo e onde reinava Afrodite, a deusa grega do amor); por outro lado, um desprezo absoluto pela sexualidade (típico de certas tendências filosóficas influenciadas pela filosofia platónica, que consideravam a matéria um mal e que faziam do não casar um ideal absoluto).
O desejo de Paulo é o de apresentar um caminho equilibrado, face a estes exageros: condenação sem apelo de todas as formas de desordem sexual, defesa do valor do casamento, elogio do celibato (cf. 1 Cor 7).
Provavelmente, os coríntios tinham consultado Paulo acerca do melhor caminho a seguir – o do matrimónio ou o do celibato. Paulo responde à questão no capítulo 7 da Primeira Carta aos Coríntios (de onde é retirado o texto da nossa segunda leitura). Paulo considera que não tem, a este propósito, “nenhum preceito do Senhor”; no entanto, o seu parecer é que quem não está comprometido com o casamento deve continuar assim e quem está comprometido não deve “romper o vínculo” (1 Cor 7,25-28).

Na perspectiva de Paulo, os cristãos não devem esquecer que “o tempo é breve”, quando tiverem que fazer as suas opções – nomeadamente, quando tiverem que fazer a sua escolha entre o casamento ou o celibato. Em concreto, o que é que isto significa?
O cristão vive mergulhado nas realidades terrenas, mas não vive para elas. Ele sabe que as realidades terrenas são passageiras e efémeras e não devem, em nenhum caso, ser absolutizadas. Para o cristão, o que é fundamental e deve ser posto em primeiro lugar, são as realidades eternas… E o cristão, embora estimando e amando as realidades deste mundo, pode renunciar a elas em vista de um bem maior. O mais importante, para um cristão, deve ser sempre o amor a Cristo e a adesão ao Reino. Tudo o resto (mesmo que seja muito importante) deve subjugar-se a isto.
Na sua catequese aos coríntios, o apóstolo aplica estes princípios à questão do casamento/celibato. Para ele, o casamento é uma realidade importante (ele considera que tanto o casamento como o celibato são dons de Deus – cf. 1 Cor 7,7); mas não deixa de ser uma realidade terrena e efémera, que não deve, por isso, ser absolutizada. Paulo nunca diz que o casamento seja uma realidade má ou um caminho a evitar; mas é evidente, nas suas palavras, uma certa predilecção pelo celibato… Na sua perspectiva, o celibato leva vantagem enquanto caminho que aponta para as realidades eternas: anuncia a vida nova de ressuscitados que nos espera, ao mesmo tempo que facilita um serviço mais eficaz a Deus e aos irmãos (cf. 1 Cor 7,32-38).
Na verdade, as palavras de Paulo fazem sentido em todos os tempos e lugares; mas elas tornam-se mais lógicas se tivermos em conta o ambiente escatológico que se respirava nas primeiras comunidades. Para os crentes a quem a Primeira Carta aos Coríntios se destinava, a segunda e definitiva vinda de Jesus estava iminente; era preciso, portanto, relativizar as realidades transitórias e efémeras, entre as quais se contava o casamento.

ATUALIZAÇÃO

• A todo o instante somos colocados diante de realidades diversas e contrastantes e temos de fazer as nossas escolhas. A mentalidade dominante, a moda, o politicamente correcto, os nossos preconceitos e interesses egoístas interferem frequentemente com as nossas opções e impõem-nos valores que nem sempre são geradores de liberdade, de paz, de vida verdadeira. Mais grave, ainda: muitas vezes, endeusamos determinados valores efémeros e passageiros, que nos fazem perder de vista os valores autênticos, verdadeiros, definitivos. O nosso texto sugere um princípio a ter em conta, a propósito desta questão: os valores deste mundo, por mais importantes e interessantes que sejam, não devem ser absolutizados. Não se trata de desprezar as coisas boas que o mundo coloca à nossa disposição; mas trata-se de não colocar nelas, de forma incondicional, a nossa esperança, a nossa segurança, o objectivo da nossa vida.

• Na verdade, o cristão deve viver com a consciência de que “o tempo é breve”. Ele sabe que a sua vida não encontra sentido pleno e absoluto nesta terra e que a sua passagem por este mundo é uma peregrinação ao encontro dessa vida verdadeira e definitiva que só se encontra na comunhão plena com Deus. Para chegar a atingir esse objectivo último, o cristão deve converter-se a Cristo e segui-l’O no caminho do amor, da entrega, do serviço aos irmãos. Tudo aquilo que deixa um espaço maior para essa adesão a Cristo e ao seu caminho, deve ser valorizado e potenciado. É aí que deve ser colocada a nossa aposta.

ALELUIA – Mc 1,15

Aleluia. Aleluia.

Está próximo o reino de Deus;
arrependei-vos e acreditai no Evangelho.

EVANGELHO – Mc 1,14-20

A primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30) tem como objectivo fundamental levar à descoberta de Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. Ao longo de um percurso que é mais catequético do que geográfico, os leitores do Evangelho são convidados a acompanhar a revelação de Jesus, a escutar as suas palavras e o seu anúncio, a fazerem-se discípulos que aderem à sua proposta de salvação. Este percurso de descoberta do Messias que o catequista Marcos nos propõe termina em Mc 8,29-30, com a confissão messiânica de Pedro, em Cesareia de Filipe (que é, evidentemente, a confissão que se espera de cada crente, depois de ter acompanhado o percurso de Jesus a par e passo): “Tu és o Messias”.
O texto que nos é hoje proposto aparece, exactamente, no princípio desta caminhada de encontro com o Messias e com o seu anúncio de salvação. Neste texto, Marcos apresenta aos seus leitores os primeiros passos da acção do Messias libertador.
O lugar geográfico em que o texto nos situa é a Galileia – uma região em permanente contacto com os pagãos e, por isso, considerada pelas autoridades religiosas de Jerusalém uma terra de onde “não podia vir nada de bom”. Terra insignificante e sem especial relevo na história religiosa do Povo de Deus, a “Galileia dos gentios” parecia condenada a continuar uma região esquecida, marginalizada, por onde nunca passariam os caminhos de Deus e a proposta libertadora do Messias.

O nosso texto divide-se em duas partes. Na primeira, Marcos apresenta uma espécie de resumo da pregação inicial de Jesus (cf. Mc 1,14-15); na segunda, o nosso evangelista apresenta os primeiros passos da comunidade dos discípulos – a comunidade do Reino (cf. Mc 1,16-20).
No breve resumo da pregação inicial de Jesus, Marcos coloca na boca de Jesus as seguintes palavras: “cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 15).
Na expressão “cumpriu-se o tempo”, a palavra grega utilizada por Marcos e que traduzimos por “tempo” (“kairós”) refere-se a um tempo bem distinto do tempo material (“chronos”), que é o tempo medido pelos relógios. Poderia traduzir-se como “de acordo com o projecto de salvação que Deus tem para o mundo, chegou a altura determinada por Deus para o cumprimento das suas promessas”.
Que “tempo” é esse que “se aproximou” dos homens e que está para começar? É o “tempo” do “Reino de Deus”. A expressão – tão frequente no Evangelho segundo Marcos – leva-nos a um dos grandes sonhos do Povo de Deus…
A catequese de Israel (como aliás acontecia com a reflexão teológica de outros povos do Crescente Fértil) referia-se, com frequência, a Jahwéh como a um rei que, sentado no seu trono, governa o seu Povo. Mesmo quando Israel passou a ter reis terrenos, esses eram considerados apenas como homens escolhidos e ungidos por Jahwéh para governar o Povo, em lugar do verdadeiro rei que era Deus. O exemplo mais típico de um rei/servo de Jahwéh, que governa Israel em nome de Jahwéh, submetendo-se em tudo à vontade de Deus, foi David. A saudade deste rei ideal e do tempo ideal de paz e de felicidade em que Jahwéh reinava (através de David) sobre o seu povo, vai marcar toda a história futura de Israel. Nas épocas de crise e de frustração nacional, quando reis medíocres conduziam a nação por caminhos de morte e de desgraça, o Povo sonhava com o regresso aos tempos gloriosos de David. Os profetas, por sua vez, vão alimentar a esperança do Povo anunciando a chegada de um tempo, no futuro, em que Jahwéh vai voltar a reinar sobre Israel e vai restabelecer a situação ideal da época de David. Essa missão, na perspectiva profética, será confiada a um “ungido” que Deus vai enviar ao seu Povo. Esse “ungido” (em hebraico “messias”, em grego “cristo”) estabelecerá, então, um tempo de paz, de justiça, de abundância, de felicidade sem fim – isto é, o tempo do “reinado de Deus”.
O “Reino de Deus” é, portanto, uma noção que resume a esperança de Israel num mundo novo, de paz e de abundância, preparado por Deus para o seu Povo. Esta esperança está bem viva no coração de Israel na época em que Jesus aparece a dizer: “o tempo completou-se e o Reino de Deus aproximou-se”. Certas afirmações de Jesus, transmitidas pelos Evangelhos sinópticos, mostram que Ele tinha consciência de estar pessoalmente ligado ao Reino e de que a chegada do Reino dependia da sua ação.
Jesus começa, precisamente, a construção desse “Reino” pedindo aos seus conterrâneos a conversão (“metanoia”) e o acolhimento da Boa Nova (“evangelho”).
“Converter-se” significa transformar a mentalidade e os comportamentos, assumir uma nova atitude de base, reformular os valores que orientam a própria vida. É reequacionar a vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da existência do homem e ocupe sempre o primeiro lugar. Na perspectiva de Jesus, não é possível que esse mundo novo de amor e de paz se torne uma realidade, sem que o homem renuncie ao egoísmo, ao orgulho, à auto-suficiência e passe a escutar de novo Deus e as suas propostas.
“Acreditar” não é apenas aceitar um conjunto de verdades intelectuais; mas é, sobretudo, aderir à pessoa de Jesus, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração, fazer dela o guia da própria vida. “Acreditar” é escutar essa “Boa Notícia” de salvação e de libertação (“evangelho”) que Jesus propõe e fazer dela o centro à volta do qual se constrói toda a existência.
“Conversão” e “adesão ao projeto de Jesus” são duas faces de uma mesma moeda: a construção de um homem novo, com uma nova mentalidade, com novos valores, com uma postura vital inteiramente nova. Vai ser isso que Jesus vai propor em cada palavra que pronuncia: que nasça um homem novo, capaz de amar o próximo (Mt 22,39), mesmo aquele que é adversário ou inimigo (Lc 10,29-37); que nasça um homem novo, que não vive para o egoísmo, para a riqueza, para os bens materiais, mas sim para a partilha (Mc 6,32-44); que nasça um homem novo, que não viva para ter poder e dominar, mas sim para o serviço e para a entrega da vida (Mc 9,35). Então, sim, teremos um mundo novo – o “Reino de Deus”.
Depois de dizer qual a proposta inicial de Jesus, Marcos apresenta-nos os primeiros discípulos. Pedro e André, Tiago e João são – na versão de Marcos – os primeiros a responder positivamente ao desafio do Reino, apresentado por Jesus. Isso significa que eles estão dispostos a “converter-se” (isto é, a mudar os seus esquemas de vida, de forma a que Deus passe a estar sempre em primeiro lugar) e a “acreditar na Boa Nova” (isto é, a aderir a Jesus, a escutar a sua proposta de libertação, a acolhê-la no coração e a transformá-la em vida).
A apresentação feita por Marcos do chamamento dos primeiros discípulos não parece ser uma descrição fotográfica de acontecimentos concretos, mas antes a definição de um modelo de toda a vocação cristã. Nesta catequese sobre a vocação, Marcos sugere que:
1º O chamamento a entrar na comunidade do Reino é sempre uma iniciativa de Jesus dirigida a homens concretos, “normais” (com um nome, com uma história de vida, com uma profissão, possivelmente com uma família).
2º Esse chamamento é sempre categórico, exigente e radical (Jesus não “prepara” previamente esse chamamento, não explica nada, não dá garantias nenhumas e nem sequer se volta para ver se os chamados responderam ou não ao seu desafio).
3º Esse chamamento não é para frequentar as aulas de um mestre qualquer, a fim de aprender e depois repetir uma doutrina qualquer; mas é um chamamento para aderir à pessoa de Jesus, para fazer com Ele uma experiência de vida, para aprender com Ele a ser uma pessoa nova que vive no amor a Deus e aos irmãos.
4º Esse chamamento exige uma resposta imediata, total e incondicional, que deve levar a subalternizar tudo o resto para seguir Jesus e para integrar a comunidade do Reino (Pedro, André, Tiago e João não exigem garantias, não pedem tempo para pensar, para medir os prós e os contras, para pôr em ordem os negócios, para se despedir do pai ou dos amigos, mas limitam-se a “deixar tudo” e a seguir Jesus).
O Evangelho deste domingo apresenta, portanto, o convite que Jesus faz a todos os homens no sentido de integrarem a comunidade do Reino; e apresenta também um modelo para a forma como os chamados devem escutar e acolher esse chamamento.

ATUALIZAÇÃO

• Quando contemplamos a realidade que nos rodeia, notamos a existência de sombras que desfeiam o mundo e criam, tantas vezes, angústia, desilusão, desespero e sofrimento na vida dos homens. Esse quadro não é, no entanto, uma realidade irremediável a que estamos para sempre condenados. Nos projectos de Deus, está um mundo diferente – um mundo de harmonia, de justiça, de reconciliação, de amor e de paz. A esse mundo novo, Jesus chamava o “Reino de Deus”. É esse projeto que Jesus nos apresenta e ao qual nos convida a aderir. Somos chamados a construir, com Jesus, um mundo onde Deus esteja presente e que se edifique de acordo com os projetos e os critérios de Deus. Estamos disponíveis para entrar nessa aventura?

• Para que o “Reino de Deus” se torne uma realidade, o que é necessário fazer? Na perspectiva de Jesus, o “Reino de Deus” exige, antes de mais, a “conversão”. Temos de modificar a nossa mentalidade, os nossos valores, as nossas atitudes, a nossa forma de encarar Deus, o mundo e os outros para que se torne possível o nascimento de uma realidade diferente. Temos de alterar as nossas atitudes de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de comodismo e de voltar a escutar Deus e as suas propostas, para que aconteça, na nossa vida e à nossa volta, uma transformação radical – uma transformação no sentido do amor, da justiça e da paz. O que é que temos de “converter” – quer em termos pessoais, quer em termos institucionais – para que se manifeste, realmente, esse Reino de Deus tão esperado?

• De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, o “Reino de Deus” exige também o “acreditar” no Evangelho. “Acreditar” não é, na linguagem neo-testamentária, a aceitação de certas afirmações teóricas ou a concordância com um conjunto de definições a propósito de Deus, de Jesus ou da Igreja; mas é, sobretudo, uma adesão total à pessoa de Jesus e ao seu projecto de vida. Com a sua pessoa, com as suas palavras, com os seus gestos e atitudes, Jesus propôs aos homens – a todos os homens – uma vida de amor total, de doação incondicional, de serviço simples e humilde, de perdão sem limites. O “discípulo” é alguém que está disposto a escutar o chamamento de Jesus, a acolher esse chamamento no coração e a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Estou disposto acolher o chamamento de Jesus e a percorrer o caminho do “discípulo”?

• O chamamento a integrar a comunidade do “Reino” não é algo reservado a um grupo especial de pessoas, com uma missão especial no mundo e na Igreja; mas é algo que Deus dirige a cada homem e a cada mulher, sem excepção. Todos os batizados são chamados a ser discípulos de Jesus, a “converter-se”, a “acreditar no Evangelho”, a seguir Jesus nesse caminho de amor e de dom da vida. Esse chamamento é radical e incondicional: exige que o “Reino” se torne o valor fundamental, a prioridade, o principal objetivo do discípulo.

• O “Reino” é uma realidade que Jesus começou e que já está decisivamente implantada na nossa história. Não tem fronteiras materiais e definidas; mas está a acontecer e a concretizar-se através dos gestos de bondade, de serviço, de doação, de amor gratuito que acontecem à nossa volta (muitas vezes, até fora das fronteiras institucionais da “Igreja”) e que são um sinal visível do amor de Deus nas nossas vidas. Não é uma realidade que construímos de uma vez, mas é uma realidade sempre em construção, sempre a fazer-se, até à sua realização final, no fim dos tempos, quando o egoísmo e o pecado desaparecerem para sempre. Em cada dia que passa, temos de renovar o compromisso com o “Reino” e empenharmo-nos na sua edificação.

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