Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013



“Fim de ano – Ano Novo”.
Recomeçar no hoje, no amanhã e sempre que necessário.

A chegada do fim de ano é uma ocasião para que muitas empresas, senão todas façam um balanço do ano que passou.
Para nós, também, é de grandíssima utilidade a realização deste balanço ao iniciarmos um Novo Ano :

  •  nos ajuda a agradecer a Deus as coisas boas que fizemos este ano;
  •  nos ajuda a pedir perdão por tudo aquilo que não fizemos bem;
  •  nos ajuda a estabelecer metas para o ano que começa; sem metas pessoais não há progresso pessoal.
De modo concreto, como podemos fazer este balanço?
Do modo mais simples possível: quais foram às coisas boas deste ano, quais foram às coisas ruins e o que podemos fazer para melhorar?
Por exemplo:
·         coisas boas deste ano: ter me aproximado um pouco mais de Deus, ter aproveitado um pouco melhor o tempo, ter reclamado menos das coisas, ter me preocupado mais pelos outros, etc.
·         coisas ruins: inconstância na oração, pouca paciência diante das contrariedades, desordem nas coisas materiais, dificuldade para perdoar, etc.
Diante deste balanço, estabelecer, e isto é muito importante, duas ou três metas para o ano que se inicia. Se não estabelecemos metas de melhora, nossas boas disposições se tornam enganosas.
Que características devem ter estas metas?
·         devem ser bem concretas; não adianta propor-se, por exemplo, vencer o mau-humor; esta meta é muito genérica e muito abrangente e, portanto, muito difícil de cumpri-la; precisamos de coisas mais concretas, por exemplo: vou descobrir o que me contraria e vou encarar de modo mais positivo estas contrariedades;
·         devem ser factíveis; nunca podemos colocar metas que estão acima das nossas capacidades; se, por exemplo, encarar de modo mais positivo as contrariedades está acima das nossas capacidades, podemos propor-nos algo ainda mais acessível como, por exemplo, vou sorrir ao chegar em casa no final do dia, mesmo que esteja cansado, estressado.
Uma vez estabelecidas às metas para o ano, persegui-las com todas as forças da nossa vontade, sabendo começar e recomeçar quantas vezes for necessário.
Eis aí um ponto importantíssimo para a melhora de qualquer um de nós: saber começar e recomeçar quantas vezes for necessário. Quantas vezes já naufragamos no meio das nossas metas!
Sim, sempre poderemos recomeçar. E recomeçar significa não desistir, mesmo diante de tantas provas que parecem nos tirar o chão, nos levar à falsa crença de que não haverá salvação, de que o melhor é desistir.
Recomeçar é ir adiante, passar pelos espinhos e manter a cabeça erguida, mesmo que em muitos momentos as lágrimas estejam conosco.
Recomeçar é guardar no coração as lembranças dos momentos felizes já vividos, mas ao invés de se prender à tristeza pelo que não tem retorno, sair a buscar novos horizontes, é aliar fé e perseverança e perceber o quanto ainda podemos conquistar.
Recomeçar é sentir-se fragilizado diante de uma perda, mas não pensar jamais em abandonar a estrada que está a nossa frente, pelo contrário, é caminhar, lentamente, mas sempre caminhar.
Recomeçar é ir adiante com confiança e não temendo as tempestades que se formarem.
Recomeçar é acordar a cada manhã, abraçar o dia que está nascendo e ao invés de se prender às dificuldades, enxergar a nova oportunidade de renovação que bate a nossa porta. Recomeçar é batalhar pelas conquistas. Descobrir novos caminhos. Usar os talentos que possuímos.
Descobrir a chama da esperança que há dentro de nós.
Sintonizarmos com o Alto e não temermos as dificuldades, por maiores que pareçam.
Saber que o fim não existe. Há recomeço.
"O recomeçar não é rápido, nem fácil, mas sempre possível".
Recomeçar no hoje, no amanhã e sempre que necessário... Porque recomeçar é eternamente possível...
Lutamos uma, quem sabe duas semanas, depois desistimos. Nisto, temos que seguir aquele famoso conselho de Santa Teresa que a levou ao cume da santidade: “importa muito, e tudo, uma grande e mui determinada determinação de não parar até chegar à meta, venha o que vier, suceda o que suceder, custe o que custar, murmure quem murmurar”.
Que bom seria se gravássemos esta frase de Santa Teresa no fundo do nosso coração e nunca mais a esquecêssemos! Eis aí o segredo, junto com a graça de Deus, de qualquer crescimento espiritual.
Imaginem se começarmos o ano de 2014 pondo em prática estes conselhos que demos acima: agradecendo, pedindo perdão e colocando metas para a nossa vida, metas que perseguiremos com todas as forças até alcançá-las! Com toda certeza será um ano extraordinário, cheio de frutos. Desta forma poderemos dizer de boca cheia: ano novo, vida nova!
Um bom ano a todos e que seja repleto da graça de Deus!
Feliz 2014!!!

Pe.Emílio Carlos+
Pérola do dia:

A Questão do Tempo


O tempo é nossa oportunidade de realização, que devemos aproveitar com empenho.
A nossa incapacidade de planejar o tempo provoca a desarmonia e toda a série de contratempos.
O tempo pode ser comparado a uma moeda. Se tomarmos de uma porção de ouro e cunharmos uma moeda, poderemos lhe dar o valor de um real.   
Este será o valor inscrito mas o valor verdadeiro será muito maior, representado pela quantidade do precioso metal que utilizamos.   
As moedas do tempo têm uma cunhagem geral, que é igual para todos: um segundo, um mês, um ano, um século. Mas o valor real dependerá do material com que cunhamos o nosso tempo, isto é, o que fazemos dele. Para um correto aproveitamento desse tesouro que é o tempo, é preciso disciplina. 
Para evitar correria, levantemos um pouco mais cedo. Preparemo-nos de forma mais rápida, sem tanta “enrolação”.   
Deixemos, desde a véspera, o que necessitaremos para sair, mais ou menos à mão, evitando desperdícios de minutos a procura disto ou daquilo.   
Se sabemos que o trânsito, em determinados horários, está mais congestionado, disciplinemo-nos e nos programemos para sair um pouco antes, com folga.   
Esses pequenos cuidados impedirão que percamos compromissos importantes, que tenhamos de ficar sempre criando desculpas para justificar os nossos atrasos, que tenhamos taquicardia por ansiedade ao ver o relógio dos segundos correr célere, demarcando os minutos e as horas.
Faça a diferença


Com a coragem da fé, podemos viver este dia de maneira diferente: Se no nosso trabalho e na escola há intrigas e divisões, podemos ser sinal de unidade, da mesma forma na nossa família e em todas as áreas da nossa vida.

Muitas vezes nos achamos melhores do que as pessoas com as quais convivemos, mas na verdade todos nós "valemos o que somos diante de Deus, e nada mais".

Sejamos humildes. "De fato, estou compreendendo que o Senhor não faz distinção entre as pessoas" (Atos 10,34b).

Se Deus não faz distinção de pessoas, nós também não podemos fazê-la; ao contrário, precisamos acolher com amor e alegria os irmãos que o Senhor põe na nossa vida, independente de cor, raça, língua ou religião.

Sejamos sinal de alegria e de esperança para todas as pessoas que passarão pela nossa vida no dia de hoje. Peçamos ao Senhor esta graça.

Jesus, eu confio em Vós!
 “A perseverança de Ana ”
  
Lucas 2, 36-40

Já de idade já avançada e tendo cumprido a sua função de esposa e, quem sabe, de mãe, Ana esperava com confiança o Salvador que fora prometido por Deus nas escrituras. “Não saia do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações”  
Pela sua persistência e confiança na Palavra de Deus Ana foi agraciada e reconheceu em Jesus o Filho de Deus. Por isso, ela não se cansava de falar a todos sobre o menino com palavras de esperança e louvor a Deus. 
Se nós também permanecermos firmes no “templo”, isto é, na oração, no serviço a Deus, na adoração, com a nossa mente e o nosso coração voltados para as revelações do céu, com certeza, nós enxergaremos a chegada de Jesus como uma criança pequeninha que vem de mansinho e nos torna pessoas serenas, amáveis e de palavras que expressam a nossa alegria interior. 
Jesus Cristo que nasce no nosso coração vem como criança, mas também cresce em nós em sabedoria e graça na medida em que nós perseveramos no Seu conhecimento na Sua intimidade. 
Desse modo, a perseverança da profetiza Ana é para nós um exemplo a ser seguido, mesmo que já tenhamos esperado muito e nada ainda tenha acontecido. 

  • Você também tem esperado a libertação do seu coração? 
  •  O que ainda o (a) tem deixado preso (a) ao mundo? 
  •  Você frequenta o “templo” com assiduidade? 
  •  Você é perseverante nas coisas de Deus ou desiste com facilidade?
 “Saciados  com o alimento do céu ”      

 1 João 2, 12-17 –

São João dirige palavras de esperança aos pais e aos filhos, assim como encoraja os jovens a permanecerem firmes no conhecimento de Deus a fim de vencer o Maligno. 
Conhecer a Deus e à Sua Palavra é o segredo para que possamos nos livrar das investidas do Príncipe das Trevas que é o inspirador da mentalidade do “mundo”. “Não ameis o mundo nem as coisas do mundo”, nos diz São João!  
As coisas do mundo significam tudo o que nos afasta da vivência dos mandamentos da Lei de Deus e desvirtuam a nossa alma que se apega ao que oferece prazer apenas ao nosso sensualismo.  
São as concupiscências, isto é, os desejos da carne, dos olhos e a soberba da vida. São práticas que nos trazem alegria passageira e que deixam um vazio imenso no nosso coração. 
Por isso, quando nos dedicamos exageradamente ao exercício de comprar demais, beber e comer em demasia, ou quando destinamos muito tempo cuidando do nosso corpo, da beleza física, quando passamos horas em jogatinas e diversões abusivas, ou quando recebemos muitos elogios e vivemos cercados (as) de pessoas que nos enaltecem demais, nós percebemos que o nosso interior fica empobrecido e nos sentimos entediados (as). 
Muitas pessoas, porque não têm conhecimento de Deus, vivem nessa busca desenfreada e nada lhes preenche a alma. 
Quando nós caímos na tentação das concupiscências nós pecamos. O pecado é uma carga pesada que nos deixa com sentimentos de culpa e de infortúnio, por isso é que o apóstolo João nos apresenta a misericórdia e o amor do Pai como uma força poderosa para a nossa restauração. 
Na medida em que nos aprofundamos na ciência de Deus e descobrimos a Sua mensagem de amor manifestada na pessoa do Seu Filho Jesus Cristo nós iremos nos libertando dos atrativos do mundo e começamos a ser saciados (as) com o alimento do céu tornando-nos pessoas vitoriosas a qualquer momento e em todas as circunstâncias. 

  • Você é uma pessoa muito dedicada às “coisas do mundo”? 
  • Você dedica mais tempo a malhação e esquece a oração? 
  • Qual o tempo que você tem dispensado a reflexão com a Palavra de Deus? 
  • Você tem crescido no conhecimento do Pai? 
  • Pense nisso e faça os seus propósitos para o próximo ano.


«Falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém»

«Deus prepara para eles uma cidade» (cf Heb 11,16): a fé e o bem comum. Ao apresentar a história dos patriarcas e dos justos do Antigo Testamento, a Carta aos Hebreus põe em relevo um aspecto essencial da sua fé; esta não se apresenta apenas como um caminho, mas também como edificação, preparação de um lugar onde os homens possam habitar uns com os outros […]. Se o homem de fé assenta sobre o Deus-Amém, o Deus fiel (cf Is 65,16), tornando-se assim ele mesmo firme, podemos acrescentar que a firmeza da fé se refere também à cidade que Deus está a preparar para o homem. A fé revela quão firmes podem ser os vínculos entre os homens, quando Deus Se torna presente no meio deles. Não evoca apenas uma solidez interior, uma convicção firme do crente; a fé também ilumina as relações entre os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus. O Deus fiável dá aos homens uma cidade fiável.

Devido precisamente à sua ligação com o amor (cf Gal 5,6), a luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz. A fé nasce do encontro com o amor gerador de Deus que mostra o sentido e a bondade da nossa vida; esta é iluminada na medida em que entra no dinamismo aberto por este amor, isto é, enquanto se torna caminho e exercício para a plenitude do amor. A luz da fé é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas, a sua capacidade de perdurarem, serem fiáveis, enriquecerem a vida comum. A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos.

Sem um amor fiável, nada poderia manter verdadeiramente unidos os homens: a unidade entre eles seria concebível apenas enquanto fundada sobre a utilidade, a conjugação dos interesses, o medo, mas não sobre a beleza de viverem juntos, nem sobre a alegria que a simples presença do outro pode gerar. […] A fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas também ajuda a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro cheio de esperança.


Papa Francisco
Encíclica «Lumen fidei / Luz da Fé», §§50-51 (trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev.)
 





O caminhar da família

No caminho de Abraão para a cidade futura, a Carta aos Hebreus alude à bênção que se transmite dos pais aos filhos (cf 11, 20-21). O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimônio. Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus, nasce do reconhecimento e aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude da qual os cônjuges se podem unir numa só carne (cf Gn 2, 24) e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do seu desígnio de amor. 
Fundados sobre este amor, homem e mulher podem prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira e que lembra muitos traços da fé: prometer um amor que dure para sempre é possível quando se descobre um desígnio maior que os próprios projetos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro à pessoa amada. Depois, a fé pode ajudar a individuar em toda a sua profundidade e riqueza a geração dos filhos, porque faz reconhecer nela o amor criador que nos dá e nos entrega o mistério de uma nova pessoa; foi assim que Sara, pela sua fé, se tornou mãe, apoiando-se na fidelidade de Deus à sua promessa (cf Heb 11, 11).
Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento da fé.


Papa Francisco
Encíclica «Lumen fidei / Luz da fé», §§52-53 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)
 

sábado, 28 de dezembro de 2013



BILHETE DE EVANGELHO.
SAGRADA FAMÌLIA DE NAZARÉ
OITAVA DO NATAL - ANO A

A fidelidade é a manifestação da fé. Maria e José cumprem fielmente a peregrinação anual a Jerusalém, aí se associam a Jesus. Este fará, vinte anos mais tarde, a sua peregrinação, a sua Páscoa, e andará de novo “perdido” durante três dias, antes de ser “reencontrado”, desta vez pelos seus discípulos, na manhã de Páscoa. O questionamento faz parte da fé. Maria e José estão “estupefatos” e interrogam Jesus: “Porque nos fizeste isto?” E não compreendem a resposta do seu filho. Maria “guardava tudo isso no seu coração”, sem dúvida para não esquecer. A meditação permite entrar no pensamento de Deus para se lhe submeter. Se Jesus, voltando a Nazaré, era submisso a seus pais, estes aceitarão submeter-se à vontade de Deus. Maria disse o “sim” da anunciação, para que tudo se realizasse segundo a vontade de Deus. Um “sim” que ela voltará a dizer ao pé da cruz, mesmo no questionamento… Maria e José realizaram uma verdadeira peregrinação efetuando, não somente a caminhada de Nazaré a Jerusalém, mas sobretudo a caminhada do questionamento ao ato de fé.
Rezamos para que o Senhor nos dê a graça de praticar, a exemplo da Santa Família, as virtudes familiares.
Não é fácil, parece mesmo irrealista esta oração… Como imitar a santidade de Jesus, o Filho de Maria? Maria estava sem pecado, José era um homem justo, perfeitamente ajustado à vontade de Deus. Em plenitude, nenhuma família pode viver como a Família de Nazaré, bem sabemos!
Mas o modelo que nos é apresentado por Lucas é o modelo da família concreta de Nazaré, com o acompanhamento de todas as etapas de crescimento do filho Jesus, com toda a atenção e cuidado de Maria e José, com momentos de zanga dos pais quando Jesus ficou com os doutores no templo… Uma família perseverante e confiante! Assim, a Família de Nazaré torna-se muito próxima de nós.
É a mesma missão para as nossas famílias: oferecer a cada filho um lugar de crescimento, um lugar de enraizamento onde a seiva da vida possa buscar a sua força, para que os frutos cheguem à maturidade.
É uma tarefa árdua, longa, difícil, com alegrias e tristezas, conquistas e fracassos… Podemos pedir a Jesus, Maria e José para nos acompanharem neste caminho: eles passaram por isso e compreendem-nos bem!


FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ- ANO A

Domingo dentro da Oitava do Natal

As leituras deste domingo complementam-se ao apresentar as duas coordenadas fundamentais a partir das quais se deve construir a família cristã: o amor a Deus e o amor aos outros, sobretudo a esses que estão mais perto de nós – os pais e demais familiares.

O Evangelho sublinha, sobretudo, a dimensão do amor a Deus: o projeto de Deus tem de ser a prioridade de qualquer cristão, a exigência fundamental, a que todas as outras se devem submeter. A família cristã constrói-se no respeito absoluto pelo projeto que Deus tem para cada pessoa.

A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que conosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.
A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais. É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura.

LEITURA I – Sir 3,3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)

O livro de Ben-Sira (também chamado “Eclesiástico”), de onde foi extraída a primeira leitura deste domingo, é um livro sapiencial e que, como todos os livros sapienciais, pretende apresentar uma reflexão de carácter prático sobre a arte de bem viver e de ser feliz. Estamos no início do séc. II a.C., numa época em que o helenismo tinha começado o seu trabalho pernicioso, no sentido de minar a cultura e os valores tradicionais de Israel. Jesus Ben-Sira, o autor deste livro, avisa os israelitas para não deixarem perder a identidade cultural e religiosa do seu Povo. Procura, então, apresentar uma síntese da religião tradicional e da sabedoria de Israel, sublinhando a grandeza dos valores judaicos e demonstrando que a cultura judaica não fica a dever nada à brilhante cultura grega.

O texto apresenta uma série de indicações práticas que os filhos devem ter em conta nas relações com os pais.
Uma palavra sobressai: o verbo “honrar”. Ele leva-nos ao decálogo do Sinai (cf. Ex 20,12), onde aparece no sentido de “dar glória”. “Dar glória” a uma pessoa é dar-lhe toda a sua importância; “dar glória aos pais” é, assim, reconhecer a sua importância como instrumentos de Deus, fonte de vida.
Ora, reconhecer que os pais são a fonte, através da qual Deus nos dá a vida, deve conduzir à gratidão; e essa gratidão tem consequências a nível prático. Implica ampará-los na sua velhice e não os desprezar nem abandonar; implica assisti-los materialmente – sem inventar qualquer desculpa – quando já não podem trabalhar (cf. Mc 7,10-11); implica não fazer nada que os desgoste; implica escutá-los, ter em conta as suas orientações e conselhos; implica ser indulgente para com as limitações que a idade traz.
Dado o contexto da época em que Ben-Sira escreve, é natural que, por detrás destas indicações aos filhos, esteja também a preocupação com o manter bem vivos os valores tradicionais, esses valores que os mais antigos preservam e que passam aos jovens.
Como recompensa desta atitude de “honrar” os pais, Jesus Ben-Sira promete o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e atualização do texto podem fazer-se à volta dos seguintes dados:

  • Sentimo-nos gratos aos nossos pais porque eles aceitaram ser, em nosso favor, instrumentos de Deus criador? Lembramo-nos de lhes demonstrar essa gratidão?

  • Apesar da preocupação moderna com os direitos humanos e o respeito pela dignidade das pessoas, a nossa civilização cria, com frequência, situações de abandono e de marginalização, cujas vítimas são, muitas vezes, aqueles que já não têm uma vida considerada produtiva, ou aqueles a quem a idade ou a doença trouxeram limitações. Que motivos justificam o desprezo e abandono daqueles a quem devemos “honrar”?

  • É verdade que a vida de hoje é muito exigente a nível profissional e que nem sempre é possível a um filho estar presente ao lado de um pai que precisa de cuidados ou de acompanhamento especializado. No entanto, a situação é muito menos compreensível se o afastamento de um pai do convívio familiar resulta do egoísmo do filho, que não está para “aturar o velho”…

  • O capital de maturidade e de sabedoria de vida que os mais idosos possuem é considerado por nós uma riqueza ou um estorvo à nossa modernidade?

  • Face à invasão contínua de valores estranhos que, tantas vezes, põem em causa a nossa identidade cultural e religiosa, o que significam os valores que recebemos dos nossos “pais”? Avaliamos com maturidade a perenidade desses valores?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 127 (128)

Refrão 1: Felizes os que esperam no Senhor
e seguem os seus caminhos.

Refrão 2: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os ses caminhos.

Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos ses caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.

Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.

LEITURA II – Col 3,12-21

Paulo estava na prisão (possivelmente em Roma, anos 61/63) quando escreveu aos colossenses. Algum tempo antes, Paulo havia recebido notícias pouco animadoras sobre a comunidade de Colossos. Essas notícias falavam da perigosa tendência de alguns doutores locais, que ensinavam doutrinas errôneas e afastavam os colossenses da verdade do Evangelho. Essas doutrinas misturavam práticas legalistas, práticas ascéticas, especulações sobre os anjos e achavam que toda esta mistura confusa de elementos devia completar a fé em Cristo e comunicar aos crentes um conhecimento superior dos mistérios cristãos e uma vida religiosa mais autêntica.
Sem refutar essas doutrinas de modo direto, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo e assinala o seu lugar proeminente na criação e na redenção dos homens.
O texto da segunda leitura pertence à segunda parte da carta. Depois de constatar a supremacia de Cristo na criação e na redenção (primeira parte), Paulo avisa os colossenses de que a união com Cristo traz consequências a nível de vivência prática (segunda parte): implica a renúncia ao “homem velho” do egoísmo e do pecado, e o “revestir-se do homem novo”.

Em termos mais concretos, viver como “homem novo” implica cultivar um conjunto de virtudes que resultam da união do cristão com Cristo: misericórdia, bondade, humildade, paciência, mansidão. Lugar especial ocupa o perdão das ofensas do próximo, a exemplo do que Cristo sempre fez. Estas virtudes são exigências e manifestações da caridade, que é o mais fundamental dos mandamentos cristãos.
Catálogos de virtudes como este apareciam também na ética dos gregos; o que é novo aqui é a fundamentação: tais exigências resultam da íntima relação do cristão com Cristo; viver “em Cristo” implica viver, como Ele, no amor total, no serviço, na disponibilidade e no dom da vida.
Uma vez apresentado o ideal da vida cristã nas suas linhas gerais, Paulo aplica o que acabou de dizer à vida familiar. Às mulheres, recomenda o respeito para com os maridos; aos maridos, convida a amar as esposas, evitando o domínio tirânico sobre elas; aos filhos, recomenda a obediência aos pais; aos pais, com intuição pedagógica, pede que não sejam excessivamente severos para com os filhos, pois isso pode impedir o desenvolvimento normal das suas capacidades.
É desta forma que, no espaço familiar, se manifesta o Homem Novo, o homem que vive segundo Cristo.

ATUALIZAÇÃO

Na reflexão, ter em conta os dados seguintes:

  • Viver “em Cristo” implica fazer do amor a nossa referência fundamental e deixar que ele se manifeste em gestos concretos de bondade, de perdão, de compreensão, de respeito pelo outro, de partilha, de serviço… É este o quadro em que se desenvolvem as nossas relações com aqueles que nos rodeiam?

  • A nossa primeira responsabilidade vai para com aqueles que conosco partilham, de forma mais chegada, a vida do dia a dia (a nossa família). Esse amor, que deve revestir-nos sempre, traduz-se numa atenção contínua àquele que está ao nosso lado, às suas necessidades e preocupações, às suas alegrias e tristezas? Traduz-se em gestos sentidos e partilhados de carinho e de ternura? Traduz-se num respeito absoluto pela liberdade e pelo espaço do outro, por um deixar o outro crescer sem o sufocar? Traduz-se na vontade de servir o outro, sem nos servirmos do outro?

  • As mulheres não gostam de ouvir Paulo pedir-lhes a “submissão” aos maridos… No entanto, não devem ser demasiado severas com Paulo: ele é um homem do seu tempo, e não podemos exigir dele a mesma linguagem com que, nos nossos dias, falamos destas coisas. Apesar de tudo, convém lembrar que Paulo não se esquece de pedir aos maridos que amem as mulheres e não as tratem com aspereza: sugere, desta forma, que a mulher tem, em relação ao marido, igual dignidade.


ALELUIA – Col 3,15a.16a

Aleluia. Aleluia.

Reine em vossos corações a paz de Cristo,
habite em vós a sua palavra.

EVANGELHO

O Evangelho que nos é proposto é o final do “Evangelho da infância” de Lucas. Ora, já sabemos que a finalidade do “Evangelho da infância” não é fazer uma reportagem sobre os primeiros anos da vida de Jesus, mas sim fazer catequese sobre Jesus; nessa catequese, diz-se quem é Jesus e apresentam-se algumas coordenadas teológicas que vão, depois, ser desenvolvidas no resto do Evangelho.
A “catequese” de hoje situa-nos em Jerusalém. A Lei judaica pedia que os homens de Israel fossem três vezes por ano a Jerusalém, por alturas das três grandes festas de peregrinação (Páscoa, Pentecostes e Festa das Cabanas – cf. Ex 23,17-17). Ainda que os rabinos não considerassem obrigatória esta lei até aos treze, muitos pais levavam os filhos antes dessa idade. Jesus tem doze anos e, de acordo com o texto de Lucas, foi com Maria e José a Jerusalém celebrar a Páscoa.
É neste ambiente de Jerusalém e do Templo que Lucas situa as primeiras palavras pronunciadas por Jesus no Evangelho. Elas são, sem dúvida, o centro do nosso relato.

A chave deste episódio está, portanto, nas palavras pronunciadas por Jesus quando, finalmente, se encontra com Maria e José: “porque me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?”
O significado (a catequese) da resposta à pergunta de Maria é que Deus é o verdadeiro Pai de Jesus. Daqui deduz-se que as exigências de Deus são, para Jesus, a prioridade fundamental, que ultrapassa qualquer outra exigência. A sua missão – a missão que o Pai Lhe confia – vai obrigá-l’O a romper os laços com a própria família (cf. Mc 3,31-35).
É possível que haja ainda, aqui, uma referência à paixão/morte/ressurreição de Jesus: tanto o episódio de hoje, como os fatos relativos à morte/ressurreição, são situados num contexto pascal; em ambas as situações Jesus é abandonado – aqui por Maria e José e, mais tarde, pelos discípulos – por pessoas que não compreendem que a sua prioridade é o projeto do Pai; em ambas as situações, Jesus é procurado (cf. Lc 24,5) e tem de explicar que a finalidade da sua vida é cumprir aquilo que o Pai tinha definido (cf. Lc 24,7.25-27.45-46). Lucas apresenta aqui a chave para entender toda a vida de Jesus: Ele veio ao mundo por mandato de Deus Pai e com um projeto de salvação/libertação. Àqueles que se perguntam porque deve o Messias percorrer determinado caminho, Lucas responde: porque é a vontade do Pai. Foi para cumprir a vontade do Pai que Jesus veio ao nosso encontro e entrou na nossa história.
Atente-se, ainda, em duas questões um tanto marginais, mas que podem servir também para a nossa reflexão e edificação: em primeiro lugar, reparemos no entusiasmo que Jesus tem pela Palavra de Deus e pelas questões que ela levanta; em segundo lugar, a “declaração de independência” de Jesus pode ajudar-nos a compreender que a família não é o lugar fechado, onde cada pessoa cresce em horizontes limitados e fechados, mas é o lugar onde nos abrimos ao mundo e aos outros, onde nos armamos para partir à conquista do mundo que nos rodeia.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão do Evangelho de hoje deve ter em conta as seguintes questões:

  • Para Jesus, a prioridade fundamental a que tudo se subjuga (até a família) é o projeto de Deus, o plano que Deus tem para cada pessoa. Se os planos dos pais e os planos de Deus entram em choque, quais devem prevalecer?

  • Anima-nos o mesmo entusiasmo de Jesus pela Palavra de Deus? Somos capazes de esquecer outros interesses legítimos para nos dedicarmos à escuta, à reflexão e à discussão da Palavra? Vemos nela um meio privilegiado de conhecer o projeto que Deus tem para nós?

  • Maria e José não fizeram cenas diante da resposta “irreverente” de Jesus. Aceitaram que o jovem Jesus não lhes pertencia exclusivamente: Ele tinha a sua identidade e a sua missão próprias. É assim que nos situamos face àqueles com quem partilhamos a experiência familiar?

  • A nossa família potencia o nosso crescimento, abrindo-nos horizontes e levando-nos ao encontro do mundo, ou fecha-nos num espaço cômodo mas limitado, onde nos mantemos eternamente dependentes?


«O servo não é mais que o seu senhor»

O apóstolo João escreveu: «Quem diz que permanece em Deus também deve caminhar como Ele caminhou» (1Jo 2,6); e São Paulo: «Somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, pressupondo que com Ele sofremos, para também com Ele sermos glorificados» (Rom 8,16ss). […] Irmãos caríssimos, imitemos Abel, o justo, que inaugurou o martírio sendo o primeiro a sofrer a morte pela justiça (Gn 4,8) […]; imitemos os três jovens, Ananias, Azarias e Misael, que venceram um rei pelo valor da sua fé (Dn 3). […] Os profetas a quem o Espírito Santo deu a conhecer o futuro e os apóstolos que o Senhor escolheu: não nos ensinam esses justos, deixando-se matar, a também nós morrermos pela justiça?

O nascimento de Cristo foi logo marcado pelo martírio de uma série de crianças de menos de dois anos, por causa do Seu nome; incapazes de combater, conseguiram conquistar a coroa, para que se torne bem claro que aqueles que foram mortos por Cristo são inocentes, crianças inocentes que foram mortas por causa do seu nome […]! O Filho de Deus sofreu para fazer de nós filhos de Deus e os filhos dos homens não querem sofrer para continuar a ser filhos de Deus […]? O Senhor do mundo lembra-nos: «Se o mundo vos odeia, reparai que, antes que a vós, Me odiou a Mim. Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, como não vindes do mundo, pois fui Eu que vos escolhi do meio do mundo […], lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é mais que o seu senhor» (Jo 15,18-20). […]

Quando sustentamos o combate da fé, Deus olha para nós, os seus anjos olham para nós, Cristo olha para nós. Que glória, que sorte ter Deus como presidente da prova e Cristo como juiz, quando formos coroados! Armemo-nos, portanto, irmãos caríssimos, com todas as nossas forças, preparemo-nos para a luta com uma alma imaculada, uma fé plena, uma coragem generosa.

São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir
Carta 58

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Viva a cada momento com moderação


Viva cada dia com um senso de urgência como se fosse o seu último dia de vida, mas viva também com um maravilhoso senso como se fosse o seu primeiro.
Focalize os seus esforços enquanto mantém o seu espirito confiantemente descontraído.
Mantenha-se estritamente focado e amplamente interessado.
Dê às suas ações adequadas reflexões, mas dê também aos seus pensamentos o energizar das ações. 
Mantenha-se contente e apreciativo sem se tornar complacente.
Mantenha-se aberto a novas ideias, mas valorize e busque novos valores nos conceitos antigos.
Deixe o seu espírito voar, mas lembre-se de como aterrizar.
Busque sempre por direção de qualidade, mas seja – sempre – você mesmo.
Viva na comunhão com outras pessoas, mas fortaleça a sua própria singularidade.
Tenha como prática manter ao mesmo tempo duas ideias opostas em sua mente.
Trabalhe comprometidamente, mas descontraia totalmente.
Viva a cada momento com moderação porque esta é claramente a vontade de Deus para a sua vida.


A Voz do Silêncio

O nascimento de Jesus traduz a certeza de que não estamos sozinhos neste mundo, Deus se fez homem para nos ensinar o dom do amor.
Mais do que um tempo de festa, o Natal e o Tempo da Natividade que vivemos agora na Igreja constitui uma verdadeira oportunidade de encontro com Deus. No nascimento de Jesus se manifesta a graça do Verbo Encarnado, que, fazendo-se homem igual a nós, veio habitar na Terra para experimentar "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem" (01).
Mas a atitude dos cristãos que desejam participar desse encontro não pode ser a de alguém soberbo ou autossuficiente. Pelo contrário, para entrar no lugar do nascimento de Jesus é necessário inclinar-se. Com efeito, "se quisermos encontrar Deus manifestado como menino, então devemos descer do cavalo da nossa razão «iluminada»" (02).
Manifestou-se a graça salvadora de Deus a todos os homens” (Tt 2, 11). Esta é a festa da gloriosa manifestação da graça santificante. Somos envoltos na luz da misericórdia e do amor de Deus, um Deus que faz-se um de nós assumindo o rebaixamento da nossa condição humana. Esse amor não aparece, mas manifesta-se. Manifesta-se, pois já existia, e porque já existia manifestou-se. Mas que coisa é para nós hoje esta manifestação? O que ela representa aos nossos dias atribulados pela valorização de coisas efêmeras, de guerras, de ódios, de divisões?
Jesus Cristo é a Palavra viva e definitiva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus… “Escutar” essa Palavra é acolher o projeto que Jesus veio apresentar e fazer dele a nossa referência, o critério fundamental que orienta as nossas atitudes e as nossas opções. A Palavra viva de Deus (Jesus) é, de fato, a nossa referência? O que Ele diz orienta e condiciona as minhas atitudes, os meus valores, as minhas tomadas de posição? Os valores do Evangelho são os meus valores? Vejo no Evangelho de Jesus a Palavra viva de Deus, a Palavra plena e definitiva através da qual Deus me diz como chegar à salvação, à vida definitiva?
Essa “Palavra” veio ao encontro dos homens e fez-se “carne” (pessoa).
A transformação da “Palavra” em “carne” (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Neste tempo de Natal, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.
Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, “filhos de Deus”. O presépio que contemplamos é, apenas, um quadro bonito e terno ou uma interpelação a acolher a “Palavra”, de forma a crescermos até à dimensão do homem novo?
Hoje, como ontem, a “Palavra” continua a confrontar-se com os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar, na origem, tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem. Sensíveis à “Palavra”, embarcados na mesma aventura de Jesus – a “Palavra” viva de Deus – como nos situamos diante de tudo aquilo que rouba a vida do homem? Podemos pactuar com a mentira, o oportunismo, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos direitos e à dignidade do homem?
Jesus (esse menino do presépio) é para nós a “Palavra” suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras “palavras” nos condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado? Quais são essas “palavras” que às vezes nos seduzem e nos afastam da “Palavra” eterna de Deus que ecoa no Evangelho que Jesus veio propor?
Desejo a todos uma feliz Natividade e um Ano repleto de bênçãos de nosso Deus amor.

Pe.Emílio Carlos Mancini +
Reitor Seminário Menor e Propedêutico.

Referências:

1.    Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n. 1
2.    Homilia de Bento XVI da Santa Missa da Noite de Natal do Senhor de 2011
Pérola do dia:

A Voz do Silêncio



Pior do que uma voz que cala -É um silêncio que fala” Simples.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. 
Cordas vocais em funcionamentos articulam argumentos expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: “Diz alguma coisa! Diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando…
É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.  
O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto.
É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem”.

 “João viu e acreditou”

 João  20, 2 

São João, o discípulo amado dá testemunho de todas as coisas que aconteceram com Jesus depois da Sua Morte e Ressurreição para que nós também acreditemos. 
Por isso, hoje podemos meditar no Evangelho em que é narrada a ressurreição de Jesus  e que tem em São João um dos protagonistas deste acontecimento.
Quando Maria Madalena deu aos discípulos a notícia de que “tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”, nós verificamos que os primeiros a correrem ao túmulo, foram Simão Pedro, que se afigurava como líder de todos e o discípulo que se considerava o mais amado por Jesus, no caso, João. Jesus já os havia advertido e anunciado a eles o que iria lhe acontecer, porém eles estavam ainda como que cegos. 
Mesmo diante de tantas evidências, de tantos sinais eles ainda não tinham tido o entendimento completo.  Por isso, nós imaginamos o que não terá se passado dentro dos seus corações e qual não deve ter sido a sua surpresa quando chegaram ao túmulo de Jesus. 
Estavam agora em busca do corpo de Jesus. Procuravam um morto, mas Jesus estava vivo. 
Porém o fato de eles terem ido rapidamente à busca do que “ouviam falar” comprova para nós a fé que os movia. 
A surpresa transformou-se em alegria depois que eles viram Jesus e  puderam perceber a comprovação de tudo que Jesus lhes havia anunciado. E nós? 
O que estamos esperando para assumir de vez a nossa condição de homens e mulheres salvos em Jesus Cristo?  Aonde O temos procurado?  Será que nós conseguimos vê-Lo na hora da escuridão? Será que, a fé e a esperança ainda nos movem ou ainda estamos parados (as), inertes esperando alguma coisa que já aconteceu? 

 Reflita –   Será que você tem procurado Jesus no túmulo quando lá só existem os vestígios?  
 Onde verdadeiramente Jesus está na sua vida?   
 Você também acredita como se estivesse estado presente? 
 Você se considera um (a) discípulo (a) amado (a)?  Por que?
“Somos parte ativa do sonho de Deus  ”
  1 João 1, 1-4 

Para que a nossa alegria seja completa São João anuncia a vida eterna que Jesus veio nos trazer dando testemunho das maravilhas que os seus olhos contemplaram, os seus ouvidos ouviram e as suas mãos tocaram, da palavra da vida. 
O grande mistério da Encarnação e da Redenção de Jesus desvenda para nós a vida eterna que o Pai nos preparou. Estas revelações de São João precisam ser assimiladas por cada um de nós a fim de que estejamos em comunhão com todos os que já aderiram ao projeto de salvação do nosso Deus. 
Quando fazemos a experiência de nos inserirmos como membro do Corpo de Cristo e temos a consciência de que somos parte ativa do sonho de Deus para a humanidade, nós também conseguimos nos unir aos apóstolos e às testemunhas da Bíblia para manifestar ao mundo a alegria que é inerente àqueles (as) que vivem a verdadeira liberdade de filhos de Deus. 
Jesus Cristo é o que era desde o princípio e o que será eternamente. Ele faz parte da nossa vida, por isso, precisamos declará-Lo também Senhor da nossa história a fim de que possamos também, como São João, dar testemunho das maravilhas que os  nossos olhos contemplam, os nossos ouvidos ouvem e que as nossas mãos tocam da palavra da vida agindo em nós. 

Você já se considera inserido (a) no mistério de Cristo? 
Você tem comunhão com todas as testemunhas da Bíblia? 
Como você tem dado testemunho das maravilhas que você vê, olha e toca em relação a Deus? 


«Viu e começou a crer»

«O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram do Verbo da Vida – porque a Vida manifestou-Se» (1Jo 1,1). Haverá quem toque com suas mãos o Verbo da Vida, sem ser porque «o Verbo fez-Se homem e veio habitar connosco»? (Jo 1,14) Ora, este verbo que Se fez homem para ser tocado por nossas mãos começou por ser carne no seio da Virgem Maria. Mas não começou a ser o Verbo nesse momento, porque o era «desde o princípio», diz São João. Vede como a sua carta confirma o seu evangelho, onde ouvistes ler: «No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.»

Talvez alguns entendam o «Verbo da Vida» como uma qualquer fórmula para designar Cristo, e não precisamente o corpo de Cristo, que as mãos tocaram. Mas vede o seguimento: «A Vida manifestou-Se». Cristo era então o Verbo da Vida. E como Se manifestou esta vida? Porque, embora existisse desde o princípio, não Se manifestara aos homens: manifestara-Se aos anjos, que a viam e que dela se alimentavam como de pão. É o que diz a Escritura: «todos comeram o pão dos anjos» (Sl 77,25).

Portanto, a própria Vida manifestou-Se na carne: com a sua plena manifestação, uma realidade que apenas era visível pelo coração tornava-se visível também aos olhos, para assim sarar os corações. Porque só o coração vê o Verbo, a carne não O vê. Nós éramos capazes de ver a carne, mas não o Verbo. O Verbo fez-Se homem […] para sarar em nós o que nos torna capazes de ver o Verbo […]. «Dela damos testemunho e anunciamos-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que Se manifestou a nós» (1Jo 1,2).

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Comentário sobre a primeira carta de João, 1,1