Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sábado, 30 de maio de 2015

Cristãos mundanos e rigorosos afastam as pessoas de Jesus 

- Papa Francisco

“Existem cristãos que se preocupam somente com a sua relação com Jesus, uma relação fechada, egoísta, e não ouvem o grito dos outros”. Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta quinta-feira (28/05), na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.
Comentado o Evangelho sobre o cego Bartimeu, que grita por Jesus para ser curado mas é repreendido pelos discípulos para que se calasse, o Papa citou três grupos de cristãos. 

“Aquele grupo de pessoas que, também hoje, não ouve o grito de muitos que precisam de Jesus. Um grupo de indiferentes: não ouvem e creem que a vida seja aquele seu grupinho ali. Estão felizes, mas surdos ao clamor de muita gente que precisa de salvação, que precisa da ajuda de Jesus, que precisa da Igreja. Essas pessoas são egoístas, vivem para si mesmas. São incapazes de ouvir a voz de Jesus.”
Negociantes
Depois, disse ainda o pontífice, “existem aqueles que ouvem esse grito de ajuda, mas querem que fique calado”. Como quando os discípulos distanciaram as crianças “para que não incomodassem o Mestre”. “O Mestre era deles, para eles e não para todos. Essas pessoas afastam de Jesus aqueles que gritam, que precisam de fé, que precisam de salvação”, disse ainda Francisco. “Dentre elas existem aqueles que fazem negócio, que estão perto de Jesus, estão no templo, parecem religiosos, mas Jesus os expulsa, porque negociavam ali, na casa de Deus.”
“São aqueles que não querem ouvir o grito de ajuda, mas preferem fazer seus negócios e usam o povo de Deus, usam a Igreja para fazer seus comércios. Esses especuladores distanciam as pessoas de Jesus”. Nesse grupo existem os cristãos “que não dão testemunho”:
Intransigência
“São cristãos de nome, cristãos de salão, cristãos de recepção, mas a sua vida interior não é cristã, é mundana. Uma pessoa que se diz cristã e vive como um mundano, afasta aqueles que pedem ajuda a Jesus. Depois, há os rigorosos, aqueles que Jesus repreende, que colocam fardos nas costas das pessoas.”
O terceiro grupo de cristãos é “aquele que ajuda a se aproximar de Jesus”:
“Existe o grupo de cristãos coerente com aquilo que crê e o que vive, e ajuda a se aproximar de Jesus as pessoas que gritam pedindo salvação, a graça e a saúde espiritual para a sua alma.”
“Nos fará bem fazer um exame de consciência”, concluiu Francisco, para entender se somos cristãos que distanciam as pessoas de Jesus ou as aproximam Dele, pois ouvimos o grito de muitos que pedem ajuda para a própria salvação. (MJ)
Fonte: Rádio Vaticano

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Pérola do dia:


Na vida, precisamos guardar das Santas Escrituras que todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus. 
Ele, nosso Pai eterno, jamais nos dará uma prova maior daquela que possamos suportar. 
E um dia ouvi de uma pessoa muito sábia e querida: “Deus não permite que passamos por nenhuma prova desnecessária”.
Que a sua vida possa ser cheia de luz na certeza que Deus sempre está ao seu lado porque Ele acredita, tem fé em você.
O bem nunca se perde, mas deixa lançadas sementes que, mais cedo o mais tarde, acabam por germinar e dar fruto. 

Evangelho (Marcos 11,11-26)

Tendo Jesus sido aclamado pela multidão, 11 11 Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-se ao templo. Aí lançou-os olhos para tudo o que o cercava. Depois, como já fosse tarde, voltou para Betânia com os Doze.
12 No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome.
l3 Avistou de longe uma figueira coberta de folhas e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-se da árvore, mas só encontrou folhas pois não era tempo de figos.
14 E disse à figueira: "Jamais alguém coma fruto de ti!" E os discípulos ouviram esta maldição.
15 Chegaram a Jerusalém e Jesus entrou no templo. E começou a expulsar os que no templo vendiam e compravam; derrubou as mesas dos trocadores de moedas e as cadeiras dos que vendiam pombas.
16 Não consentia que ninguém transportasse algum objeto pelo templo.
17 E ensinava-lhes nestes termos: "`Não está porventura escrito: A minha casa chamar-se-á casa de oração para todas as nações? Mas vós fizestes dela um covil de ladrões.
18 Os príncipes dos sacerdotes e os escribas ouviram-no e procuravam um modo de o matar. Temiam-no, porque todo o povo se admirava da sua doutrina.
19 Quando já era tarde, saíram da cidade.
20 No dia seguinte pela manhã, ao passarem junto da figueira, viram que ela secara até a raiz.
21 Pedro lembrou-se do que se tinha passado na véspera e disse a Jesus: "`Olha, Mestre, como secou a figueira que amaldiçoaste!"
22 Respondeu-lhes Jesus: "Tende fé em Deus.
23 Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre.
24 Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado.
25 E quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados.
26 Mas se não perdoardes, tampouco vosso Pai que está nos céus vos perdoará os vossos pecados."
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

                                                               .¸¸.✻ღ♡ღ .¸¸.✻´´¯`•ღ♡ღ 

À primeira vista, o episódio da figueira amaldiçoada por Jesus causa certa estranheza a nós, pois parece mais um capricho de pessoa mimada. 
Marcos observa que não era tempo de figos (cf. vv. 11-13b). 
Essa observação leva a buscar o significado do gesto de Jesus numa outra direção. 
O episódio pode ser caracterizado como uma ação simbólica, ao estilo dos grandes profetas do Antigo Testamento. 
Qual é, então, o conteúdo do ensinamento de Jesus aos discípulos, ao qual a ação simbólica é um apoio? 
O episódio está dividido em duas partes: a maldição e a realização da maldição. 
Entre essas duas partes, há o relato da expulsão dos comerciantes do templo. 
O tema de todo o conjunto literário é o “fruto”: Jesus procura o fruto na árvore cheia de folhagens e não o encontra; vai ao templo e não encontra o fruto que esperava encontrar, a saber, um lugar de oração. 
A figueira, entre outras árvores, é símbolo do povo de Deus (cf. Jr 8,13; Os 9,10), e do povo de Deus que não deu frutos (cf. Os 9,16; Mq 7,1; Ez 17,24; ver tb. Lc 13,6-9). 
Seja como for, a ação simbólica de Jesus serve de preparação para os discípulos para que eles compreendam o gesto de Jesus de purificar o templo.

O episódio da figueira tem, à primeira vista, um quê de inexplicável. 
A maldição lançada sobre ela, por Jesus, parece não se justificar. 
Se não era tempo de figos, como ele esperava encontrar frutos? 
Estaria pretendendo que o ciclo natural daquela planta se adaptasse às suas exigências? 
Teria Jesus dado vazão a uma agressividade infantil?
Estas questões são irrelevantes, diante do valor parabólico do relato. 
A figueira simboliza o povo de Israel. Jesus, o Filho enviado, contava com os frutos produzidos por este povo predileto de Deus. 
Encontrou-o, ao invés, na mais completa esterilidade. 
Foi o que também ficou patente, quando, certa vez, Jesus entrou no Templo. 
Aí se deparou com uma religião transformada em comércio, em exploração, sem nenhuma preocupação com a prática da misericórdia e da justiça. 
A casa de Deus fora profanada de maneira flagrante, e ninguém se levantava para pôr um basta nesta situação. 
Era possível esperar grandes coisas de um povo que agia desta maneira? E o que teria sentido Deus diante desta situação?
Na teologia de Israel, a infidelidade era sempre punida. 
Fazer a figueira secar até à raiz apontava para o castigo a ser infligido ao Israel infiel, incapaz de dar os frutos esperados por Deus.
Não foi Jesus o primeiro a tocar neste assunto. 
Antes dele, já os profetas haviam alertado o povo infiel para o castigo que lhe estava reservado.
O bem nunca se perde, mas deixa lançadas sementes que, mais cedo o mais tarde, acabam por germinar e dar fruto. Por isso, a memória dos antigos virtuosos é uma bênção.

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Escolhi-vos para que vades e deis muito fruto (Jo 15, 16).


Olhos abertos

A reflexão de hoje é com base na sabedoria de Salomão registrada para todos os tempos em Eclesiastes: "Deus marcou o tempo certo para cada coisa. Ele nos deu o desejo de entender as coisas que já aconteceram e as que ainda vão acontecer, porém não nos deixa compreender completamente o que Ele faz".

A vida é cercada de eventos aparentemente sem correlacionamentos, onde nós, ínfimos seres, fazemos um esforço colossal para entendê-los. Temos algumas vezes a petulância de desafiar a mente de Deus tendo a falsa esperança de que nossos pensamentos passam próximos aos do Criador do Universo. Uma vez ouvi uma analogia áurea que resume nosso espaço intelectual: "estás vendo aquela pessoa sentada? Pois bem, Deus é a pessoa, nós somos a cadeira". Essa comparação linear diz em outras palavras o que Salomão pensou séculos atrás.

Não consigo explicar por que existe tamanha diferença social, dores que atravessam almas e parecem derrubá-las como se fossem castelos de areia. Não posso racionalizar por que a fome bate a porta de milhares, enquanto outros reclamam do tempero de seu prato quente. Sou incapaz de enxergar além do que estão alguns metros de mim.

No entanto, duas coisas são certas em meio a isso tudo: Deus existe e está de olhos abertos e ouvidos sensivelmente atentos a nossa existência. Um Deus santo em sua estrutura emocional e psíquica, um Ser eterno e criador de tudo que existe abaixo e acima dos Céus. O Deus que podemos chamá-lo por Pai, permanece vinte quatro horas, sete dias por semana, buscando cada filho e filha Seus, como um pastor busca suas ovelhas, sem esquecer de uma que seja.

Difícil, senão impossível entendermos essa verdade sinon quanon. E somente através dos olhos da fé conseguimos nos apoiar e nos confortar que nada está fora do comando do Grande Deus. Ele pode todas as coisas, está em todos os lugares, abertos quanto fechados, e Ele sabe todas as coisas, visíveis e invisíveis. E fará o impossível para ver você e eu convivendo em Seus braços de amor.

Quando da próxima vez ousar pensar que Deus não se importa com você, esteja certo que é nesse mesmo momento que Seus ouvidos estão mais bem fixos em seu coração do que já mais alguém imaginou que estivesse. E o sonho, anos luz de acontecer, tornar-se a real num piscar de fechar e abrir os olhos.


SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE - 31 de maio de 2015




“Batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”

Leituras: 
Deuteronômio 4,32-34.39-40; 
Salmo 32 (33), 4-6.9.18-19.20.22 (R/ 12b); 
Carta de São Paulo aos Romanos 8, 14-17; 
Mateus 28, 16-20.

COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA

A festa da Santíssima Trindade é como um convite a um olhar para trás, a fazer uma síntese. Agora, após ter vivido intensamente o tempo do Natal e o tempo da Páscoa, a liturgia nos convida a contemplar o rosto do Deus que se revelou na vida de Jesus e no início da Igreja. A liturgia nos fez reviver novamente estes acontecimentos, a fim de que Deus não seja a memória de um passado sempre mais longínquo, mas se torne para nós presença viva e atual, abrindo sempre mais novas e ricas perspectivas de futuro.

1. Situando-nos brevemente

Neste domingo (depois de Pentecostes) retomamos o Tempo Comum que se estenderá até as vésperas do 1º Domingo do Advento.

Hoje, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Celebrar esta solenidade, justamente no domingo depois de Pent4costes, pode ser interpretado como um agradecido olhar retrospectivo sobre cumprimento da salvação – mistério que, segundo a antiga teologia dos Santos Padres, é realizado pelo Pai, através do Filho, no Espírito Santo (BERGAMINI, A. Cristo desta da Igreja. São Paulo, Paulinas, 1994, p. 427).

Celebrar o mistério da Trindade desperta em nós, “povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, o desejo de abrir-se a tão grande mistério. A iniciativa é sempre d’Ele, que se manifesta, se revela e se dá a conhecer.

2. Recordando a Palavra

O Evangelho de Mateus pertence à narrativa da páscoa da libertação, a entrega total de Jesus (cap. 26-28), na qual culmina toda a obra de Mateus. A “Galileia das nações” era uma região estratégica que favorecia ao cesso de povos diversos e também a dominação, como a dos assírios no passado (2Rs 15,29). Jesus realizou grande parte de seu ministério na Galileia, especialmente junto às pessoas mais sofridas e marginalizadas. Desde 4,12-25 até 19,1, quando partiu para a Judeia, Ele anunciou a Boa-Nova do Reino de Deus na região da Galileia e reuniu, à sua volta, um grupo de discípulos, comprometidos com sua missão libertadora.

A promessa do encontro com Jesus na Galileia, antes de sua morte (26,32), é confirmada na manhã da Páscoa (Mt 28,7.10). Iluminados pelo caminho pascal, “os discípulos foram para a Galileia, à montanha que Jesus lhes havia indicado”. A montanha é o lugar especial da revelação de Deus. Na montanha, Jesus foi tentado (4,8), ensinou (5,1; 8,1; 24,3), orou (14,23), curou os doentes e alimentou os famintos (15,39), foi transfigurado (17, 1.9). A montanha, no texto de hoje, sublinha a expectativa da realização plena do Reino de Deus. Jesus se revela como o Filho do Homem, a quem é dado todo o poder (Cf. Dn 7,13-14; Rm 1,4). Com essa autoridade divina sobre o céu e a terra, plenificada na Páscoa, Jesus envia seus seguidores e promete-lhes sua presença permanente.

Os discípulos reconhecem Jesus como o Senhor, o Kyrios através de um gesto de adoração: “Quando o viram, prostraram-se” (Mt 28, 17). Eles experimentam Jesus “vivo” em seu meio, de mo especial enquanto permanecem unidos na oração (18,20), e na missão solidária (25,35). Jesus ressuscitado revela o sentido da missão universal. “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em no do Pai, e do Filho e do Espírito santo. Ensina-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenador” (28,19-20). A missão aos gentios, indicada de modo especial em 2,1-12, realiza-se plenamente através dos discípulos chamados a transcender os limites de Israel (10,5-15).

O apelo para fazer discípulos é acompanhado de dois particípios: ensinando e batizando. Os novos discípulos devem ser iniciados em uma comunidade nova pelo ensino e “Batismo no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Jesus também foi batizado no Espírito (3,16) e realizava o ministério em comunhão com Pai: “Quem me viu, tem visto o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14, 9.10). O testemunho do encontro com Cristo na Palavra, na oração; o coração aberto ao mundo, aos horizontes de Deus, despertam novos discípulos.

Para permanecer no caminho da escuta e na prática dos ensinamentos, propostos especialmente nos cinco grandes discursos: sermão da montanha (cap. 5-7); missão (cap. 10); parábolas (13,1-52); comunidade eclesial (cap. 18) e vigilância na espera da vinda definitiva do Reino “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (28,20). Jesus, o Emanuel, o Deus conosco (Cf. 1,23; Cf. Is 7,14) conduz seus seguidores até a realização plena de seu reinado, o “cumprimento de toda a justiça” (3,15), missão confiada pelo Pai em seu batismo (3,13-17) e que proporciona novas relações de comunhão e fraternidade.

 A leitura do livro do Deuteronômio convida a reconhecer a presença salvadora do Deus solidário junto ao povo oprimido. A formação do livro do Deuteronômio ajuda a entender o texto, “O núcleo central do Deuteronômio (12, 1-26,19), possivelmente já ampliado pelos escribas e sacerdotes de Jerusalém e já contendo 4,44-28,68, emerge como o ‘Livro da Lei’ encontrado no templo (2Rs 22,8-20). A cidade e o templo de Jerusalém são arrasados em 587 a.C. e milhares de judaístas são exilados para a Babilônia.

A fim de responder ao contexto do exílio e/ou inícios do pós-exílio, o Deuteronômio será finalizado, recebendo nova introdução (1,1-4,43), outra conclusão (28,69-30,20) e mais um apêndice, com a despedida e morte de Moisés (31, 1-34,12) (Cf. Nova Bíblia Pastoral, p.197-198).

Deuteronômio 1, 1-4,43, ao qual pertence nosso texto, apresenta um resumo da história de Israel desde o Horeb até o Jordão. A partir desse contexto, 4, 32-40, na perspectiva de Isaías 40-55, mostra que o povo exilado na Babilônia procura fortalecer sua fé no Senhor, como o Deus único e verdadeiro e celebrá-Lo através do culto. A contemplação da história salvífica “desde o dia em que Deus criou o ser humano sobre a terra” (4,32) leva a reconhecer que o Senhor é o Deus próximo que estabelece a aliança e caminha com o povo. Diante das maravilhas da salvação, o povo compromete-se a guardar os mandamentos do Senhor e meditá-lo no coração.

O Salmo 32 (33) é um hino de louvor a Deus por sua palavra e ação, que se manifesta na criação e na caminhada do povo. Em Jesus Cristo, a palavra criadora e eterna do Pai, o projeto salvífico universal de Deus ara toda a humanidade chegou à plenitude.

A leitura da carta aos Romanos reflete sobre a vida nova no Espírito, que nos torna filhos e herdeiros de Deus em Cristo. Por meio do Batismo recebemos o espírito de filhos, que nos possibilita chamar Deus de Abba, expressão aramaica que Jesus utiliza para falar com o Pai (Mc 14, 36), assim como as crianças se dirigiam carinhosamente aos pais. Como filhos e herdeiro, conduzidos pelo Espírito que liberta, somos impelidos a testemunhas a vida em Cristo mediante relações de misericórdia e solidariedade.

Paulo, na Carta aos Romanos, escrita por volta do ano 57 ou 58, durante sua terceira viagem missionária, sublinha que a salvação é dom gratuito do amor de Deus. Diante da fragilidade do ser humano (1,18-3,20), Deus revela sua bondade que salva através de Jesus Cristo (3,21-5,11). A adesão ao projeto salvífico leva a participar da vida nova no Espírito (5,12,8,39), que proporciona a identificação com Cristo e a experiência de comunhão filial como Pai.

3. Atualizando a Palavra

Os discípulos, iluminados pela Páscoa de Jesus, ensinam a exercer uma missão universal, destinada a todos os povos, sem preconceitos. Eles mostram que o ensino e o Batismo, duas fases essenciais da iniciação cristã, qualificam o ministério a serviço do Reino. O discípulo era instruído a acolher e praticar as palavras e os gestos de Jesus, mediante o caminho do catecumenato. O Batismo selava a comunhão do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito santo. Jesus promete estar presente em todos os que seguem seu projeto “até o fim dos tempos”, até a vinda do Reino de Deus em sua plenitude.

A Trindade celebra o amor do Pai, manifestado no dom gratuito do Filho e na ação do Espírito Santo. O Papa Francisco sublinha que a solenidade da Santíssima Trindade apresenta à nossa contemplação e adoração à vida divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo: vida de comunhão e amor perfeito, origem e meta de todo o universo e de todas as criaturas em Deus. Na Trindade, reconhecemos também  o modelo da Igreja, à qual fomos chamados para nos amarmos como Jesus nos amou. O amor é o sinal concreto que manifesta a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ele é o distintivo do cristão, como Jesus nos disse: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).

Somos todos chamados a testemunhar e anunciar a mensagem de que “Deus é amor”, que Deus não será distante nem é invisível às nossas vicissitudes humanas. Ele está próximo de nós sempre ao nosso lado, caminha conosco partilhando nossas alegrias e dores, esperanças e desânimos.

Ama-nos tanto e a tal ponto que se fez homem, veio ao mundo não para julgar, mas para que o mundo seja salvo por meio de Jesus (Jo 3, 16-17). Este é o amor de Deus em Jesus, este amor tão difícil de entender, mas que o sentimos quando nos aproximamos de Jesus. Ele perdoa-nos sempre, espera-nos sempre, ama-nos muito. O amor de Jesus que sentimos é o amor de Deus.

O Espírito Santo, dom de Jesus Ressuscitado, comunica-nos a vida divina e, deste modo, nos faz entrar no dinamismo da Trindade, que é amor, comunhão, serviço recíproco e partilha. Uma pessoa que ama os outros pela própria alegria de amar é reflexo da Trindade. Uma família na qual todos se amam e se ajudam uns aos outros é um reflexo da Trindade. Uma paróquia na qual os fieis se amam e partilham os bens espirituais e materiais é um reflexo da Trindade. A Eucaristia é como a “sarça ardente” na qual humildemente a Trindade habita e se comunica? Por isso a Igreja celebra a festa de Corpus Christi depois da Trindade.

Relembrando a formula trinitária usada no Batismo cristão “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, somos chamados a renovar nosso compromisso de comunhão e vida com o mistério do amor de Deus. Por meio da Palavra e da oração, mas, sobretudo, com nossa vida cristã e nosso testemunho, anunciamos a mensagem libertadora de Jesus que desperta novos discípulos para o Reino. A ação do Espírito Santo, que recorda as palavras e os gestos compassivos de Jesus (Jo 14, 16), nos conduz a anunciar o Evangelho com a ousadia de Paulo que afirma: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16).

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

O amor da Trindade Santa nos gerou para uma vida nova. Mergulhados na água, fomos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Inseridos neste mistério de amor, somos convocados a nos reunir para bendizer a Santíssima Trindade, como reza a antífona de entrada: “Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco”.

A oração litúrgica é dirigida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Já iniciamos a celebração em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. A Trindade Santa nos reúne e nos une na celebração e na vida. Como afirma a Carta aos Romanos (8,16-17); “O próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele”.

De rito em rito, vamos mergulhando no mistério inefável que nos toca e nos transforma em pessoas novas, ressuscitadas.

Santíssima Trindade - Solenidade

A Solenidade da Santíssima Trindade foi instituída pelo Papa João XXII no ano de 1334 com data fixada para o primeiro domingo após o Pentecostes. (Catequese Cristã Católica)
Na Igreja Católica, a festa da Santíssima Trindade é considerada uma das solenidades mais importantes do ano litúrgico.
Unidade e Trindade de Deus 

A Santíssima Trindade é um dogma. Um dogma que proclama a verdade essencial do mistério da "unidade e trindade de Deus": um só Deus em Três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo.  É um mistério. Portanto, é de difícil interpretação e impossível de ser assimilado pelas limitações humanas.
Lembramos que "mistério" não quer dizer que algo seja impossível de existir ou de acontecer; "mistério" é apenas algo que a nossa inteligência não é capaz de compreender inteiramente.
...a substância do Novo Testamento
O mistério da Santíssima Trindade é definido pelos doutores da Igreja como sendo a substância do Novo Testamento. Isto quer dizer que ele é o maior de todos os mistérios da Santa Igreja, a origem e o fundamento de todos os outros mistérios. Pois que, refere-se especificamente a Deus, em sua essência, princípio e fim de todos os seres criados.  Foi para conhecer e contemplar esse mistério que os anjos foram criados no céu e os homens na terra.
E foi para manifestar este mistério mais claramente que o próprio Deus desceu da sua morada com os anjos e veio para junto dos homens. Há séculos, baseada em claras e explícitas citações bíblicas, a Santa Igreja ensina e proclama esse mistério de Três Pessoas em um só Deus.
Tentando entender um mistério
Santo Agostinho, grande teólogo e doutor da Igreja, tentou compreender inteiramente este inefável mistério. Ele foi longe, porém, não chegou lá.
Absorto e meditativo, em certa ocasião, ele passeava pela praia pedindo a Deus luzes para que pudesse desvendar esse Santo enigma. É muito conhecido o que, então, lhe aconteceu: encontrou-se com um menino brincando na areia. A criança fazia um trajeto curto e repetitivo: com um copo na mão, continuamente, ele ia e vinha; enchia o copo com água do mar e a despejava num pequeno buraco feito na areia da praia.
Curioso, Agostinho perguntou à criança o que ela pretendia com aquilo. O menino respondeu que queria colocar toda a água do mar dentro daquele buraquinho. O Santo explicou a ele que seria impossível realizar o que queria. O menino desconhecido, então, argumentou: "É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para este buraco, do que o mistério da Santíssima Trindade ser compreendido". E a criança desapareceu: era um anjo.
Agostinho entendeu a lição. Ele concluiu que a mente humana é extremante limitada para poder entender toda a dimensão de Deus. Por mais que se esforce, jamais o homem poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou por seu raciocínio. Só compreenderemos plenamente a Deus na eternidade, quando nos encontrarmos no céu com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
As obras da Trindade são indivisíveis
O apóstolo São Paulo anuncia a Trindade das pessoas e a unidade da sua natureza quando escreve: «Da parte d'Ele, por meio d'Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Ele pelos séculos» (Rom 11,36).
Santo Agostinho escreveu, comentando esta passagem: «Estas palavras não são devidas ao acaso. ‘Da parte d'Ele' designa o Pai, ‘por meio d'Ele' designa o Filho e ‘para Ele' designa o Espírito Santo».
Com segurança e justeza a Igreja tem o hábito de atribuir ao Pai as obras da Divindade onde resplandece o poder. Atribui ao Filho aquelas obras onde resplandece a sabedoria e ao Espírito Santo atribui aquelas obras onde resplandece o amor. Isso não quer dizer que todas as perfeições e obras exteriores de Deus não sejam comuns às pessoas divinas: «as obras da Trindade são indivisíveis, como a essência da Trindade é indivisível» (Sto Agostinho).
Não há festa própria para cada uma das Pessoas Divinas...
Na época em que o Papa Inocêncio XII governava a Igreja, surgiu no mundo católico o desejo de que fosse estabelecida uma festa especial e exclusiva em honra do Pai Eterno. O Papa não atendeu ao pedido, por clarividência e prudência.
É verdade que existem dias festivos, solenidades para celebrar cada um dos mistérios do Verbo Encarnado (Nosso Senhor Jesus Cristo), mas não existe festa própria para celebrar exclusivamente o Verbo Encarnado, segundo sua natureza divina.
Também a solenidade de Pentecostes, já de há muito tempo comemorada, recorda a missão externa do Espírito Paráclito, sua vinda aos homens. Não se refere simplesmente ao Espírito Santo, por si só, segundo sua natureza divina.
Todas estas festas e solenidades foram prudentemente estabelecidas desse modo para evitar que alguém multiplicasse a essência divina, distinguindo as Pessoas.
Uma solenidade para o Deus Uno, Trino e Eterno
Séculos mais tarde, ainda para que não pairasse qualquer dúvida quanto à Unidade e Trindade de Deus, foi que a Igreja, preservando em seus filhos a pureza da Fé, quis instituir uma festa especialmente dedicada à Santíssima Trindade: Pai, Filho, Espírito Santo. Era uma festa para reverenciar, honrar, adorar, render glória a Deus, Uno, Trino e Eterno.
Quem a estabeleceu foi o Papa João XXII. Ele mandou que ela fosse celebrada em todas as partes; permitiu que se dedicassem a este mistério templos e altares. Depois de uma visão celeste que ele teve, ainda aprovou, em honra da Santíssima Trindade, uma Ordem religiosa para a Redenção dos Cativos.
Santíssima Trindade: no início, no término e em seu nome
É útil lembrarmos que o culto tributado aos Santos, aos Anjos, à Santa Mãe de Deus é sempre iniciado e terminado na Santíssima Trindade. Nas preces consagradas a uma das três pessoas divinas, também se faz menção às outras; mesmo ao invocar a cada uma das Pessoas separadamente, termina-se sempre com sua invocação comum. Todos os Salmos e hinos têm a mesma doxologia "ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo". As bênçãos, os ritos, os sacramentos, ou são feitos em nome da Santíssima Trindade ou lhes acompanha a sua intercessão. (JSG)
Fonte: Papa Leão XIII - Encíclica "Divinum Illud Munus" - Sobre a presença e virtude admirável do Espírito Santo -

Está no Mundo sem ser do Mundo!

O Evangelho de João se divide em dois livretos, o livro dos sinais e o livro da glória.
Estamos refletindo na liturgia o segundo livrinho que compõe o evangelho de João, que se ocupam dos capítulos 13,1-20,29. Estes capítulos nos apresentam os últimos momentos da presença de Jesus na terra, sua proximidade com os discípulos. Sua morte tem um sentido muito profundo de superação, ele retorna ao Pai, retratando sua vitória sobre o mundo da mentira, das divisões, dos sinais de morte produzidos pelo sistema anti reino no século I d.C. 

Podemos ver claramente que as narrativas focam o plano de Deus baseado na unidade querida e sonhada por Deus.
Jesus ora ao Pai, apresentando a comunidade dos discípulos, formada para promover o reino na terra, contrário ao anti-reino que impera através das mentiras e de toda forma de expressões de morte ou negação da vida. Na sua oração, Jesus quer despertar na comunidade a consciência de que ela está no mundo, não para comungar com as coisas do mundo, mas, para transformá-lo através da presença que sinalize o reino de Deus.
Um dos pontos fundamentais, que aparece ao longo deste capítulo é o rompimento da comunidade com o sistema de morte que impera no mundo, que se dá na busca de unidade e da comunhão como expressões da presença do reino. A comunidade cristã recebeu de Jesus a Palavra a ser comunicada e vivida, testemunhada na perseguição. Jamais, podemos negar as tensões presentes na comunidade dos discípulos muitas vezes, manifestadas na infidelidade ao projeto de Deus, mas, jamais, imaginar que o centro são as divisões, elas estão presentes para provar a própria comunidade, mas, é necessário se ter a consciência de que se está no mundo, sem ser do mundo, mas de Deus. Enquanto está neste mundo é inevitável a contaminação com as feridas presentes, mas, não se contentar com isso, mas, superar as divisões na vivência do amor oblação, este amor entrega total que é sinônimo de uma entrega missionária pelo reino de Deus.
Estamos celebrando os 50 anos do Concílio Vaticano II, realizado de 11 de outubro de 1962 a 08 de dezembro de 1965, evento que se propôs manter fidelidade a Tradição ousando colocar a Igreja em diálogo com o mundo moderno marcado pelas grandes transformações, o avanço das ciências, da tecnologia, a busca de sentido da vida num mundo ferido pelas duas guerras mundiais, resultando nas inquietações e busca pela paz, pela unidade em meio à diversidade. O Vaticano II é celebrado como resposta ao um mundo em constantes tensões, e um convite ao mesmo tempo à unidade, por isso, foi reconhecido como Ecumênico literalmente falando na articulação do Cardeal Agostino Bea pela Comissão responsável pela unidade entre os cristão no próprio Concílio.
Após 50 anos da realização do Concílio Vaticano, meditando a Palavra de Deus neste tempo que se aproxima da Festa de Pentecoste, com os textos de João, somos convocados por Jesus mais uma vez, para caminhar na contra mão do mundo que investe impiedosamente na violência, na matança de inocentes, na corrupção e em muitos outros sinais de morte. A oração de Jesus é atual para os cristãos do século XXI, em meio às divisões e competições desmedidas. Jesus é claro, quando diz: “Eu já não estou no mundo. Eles, porém, estão no mundo. E eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o nome que tu me deste, para que eles sejam um, assim como nós” (Jo 17,11). “A experiência da ruptura com o mundo será constante, e será preciso resistir a suas ofertas e ameaças”. (rodapé da nova Bíblia Pastoral p. 1318)
Relendo os textos, podemos traçar o perfil da comunidade sonhada, querida e amada por Deus que aparece no Evangelho, uma comunidade fundada no testemunho da presença de Jesus que está em unidade com o Pai. Seguramente, a constituição da comunidade primitiva se deu em meio às grandes tensões e conflitos, por isso, a necessidade de sempre está se falando de amor.
Quais os traços da comunidade joanina que estão presentes em nossas comunidades cristãs e no mundo atual? Como esta comunidade pode nos ajudar na promoção da unidade e comunhão neste contexto em que vivemos e somos chamados a testemunhar o amor de Deus?
Frei Geraldo Bezerra de Sousa, OC
Província Carmelitana Pernambucana

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pérola do dia: 

“Só com as nossas forças, não podemos elevar-nos à altura de Deus. 
O próprio Deus deve ajudar-nos, deve “puxar-nos” para o alto. 
Por isso, é necessária a oração” 

São Boaventura

Maria quer nos ensinar a nos reconciliarmos com nós mesmos e com Deus...

Se quiserdes vos assemelhar a Maria, sede felizes. A humildade e alegria são retiradas da fé, que nos faz lembrar o quanto Deus nos ama e o tanto que Ele deseja que sejamos felizes e equilibrados. Aliás, a Virgem Maria era profundamente equilibrada.

Não imaginai que o equilíbrio humano é algo que nós o possuímos ou não! É preciso buscar este equilíbrio, que é fonte de alegria. É preciso buscá-lo com coragem, porque, inicialmente, todos nós somos desequilibrados. Isso é chamado de pecado original!

O pecado original, mantido pelo nosso pecado atual, cria em nós um profundo desequilíbrio, que introduz a suspeita e o medo em nosso relacionamento com Deus, com os outros e com nós mesmos. Maria foi concebida sem o pecado original, sem esse desequilíbrio!

E este dom de Deus não é apenas para ela e para Jesus, mas também para nós. Ela quer compartilhar esse presente conosco, ensinando-nos a nos reconciliarmos com a criação, com nós mesmos, com os outros e com Deus.

Padre Emmanuel Gobilliard
Atual Reitor da Catedral du Puy (France)



Chama Jesus «novo» ao mandamento de nos amarmos uns aos outros?

 


Uma só vez, Jesus qualificou um mandamento como «novo». 
Na noite da sua paixão, ele disse aos seus discípulos: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei» (João 13,34). 
De que forma este mandamento é novo? 
O amor mútuo não é já pedido no antigo mandamento: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (Levítico 19,18)?
Jesus dá ao amor uma nova medida. Ele diz «como eu vos amei» no momento em que, por amor, dá tudo. 
«Antes da festa da Páscoa, Jesus (…), que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo» (João 13,1). 
Começa por lhes lavar os pés, dizendo: «É um exemplo que vos dei» (versículo 15). Em seguida, profundamente perturbado pelo fato de um dos Doze, o apóstolo Judas, o ir trair, continua contudo a amá-lo, exprimindo o seu amor pelo dom de um bocado de pão em que pegou «e deu a Judas» (versículo 26). 
E finalmente, o dom do exemplo e o dom do bocado de pão acabam no dom do mandamento: «Dou-vos um mandamento novo.»

Imediatamente antes do mandamento novo encontra-se uma palavra enigmática: «Agora o Filho do homem foi glorificado» (versículo 31). Como é que Cristo é glorificado antes de entrar, pela cruz e ressurreição, na glória de seu Pai? 

Já está glorificado, pois a sua glória é amar. Esta é a razão pela qual é agora, quando «ama até ao extremo», que a sua glória é manifestada. 
Judas «saiu de noite» para o entregar. 

Mas Jesus não aguenta passivamente este fato; libertado, ele próprio se entrega, continua a amar numa situação que parece sem esperança. É nisto que está a sua glória.
Com o mandamento novo, Jesus associa os seus discípulos ao que ele viveu, permite-lhes que amem como ele ama. 

Nessa noite, rezou: «que o amor que me tiveste esteja neles e eu esteja neles também» (João 17, 26). Desde então, habitá-los-á como amor, amará através deles. Não dá só uma palavra para obedecer, dá-se a ele próprio. 

Com o dom do mandamento novo, Jesus faz dom da sua presença. Nos Evangelhos de Mateus e de Marcos, a saída de Judas é imediatamente seguida pela instituição da Eucaristia; no de João, pelo dom do mandamento novo. Como a Eucaristia, o mandamento novo é presença real.
 
Essa noite, Jesus «tomou o cálice e disse: Este cálice é a nova Aliança no meu sangue» (1 Coríntios 11,25). 

O seu mandamento é portanto novo pois pertence à nova aliança, anunciada pelo profeta Jeremias: «esta será a Aliança que estabelecerei (…). Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração» (Jeremias 31,31-34). Na nova aliança, o antigo mandamento é dado de uma forma nova. A lei de Deus já não está gravada em placas de pedra, mas inscrita nos corações pelo Espírito Santo que une a nossa vontade à de Deus.