Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Celebração dos Fiéis Defuntos

O QUE DIZ O CATECISMO ROMANO SOBRE A MORTE

Foto de Emilio Carlos Mancini. • Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que a sua alma vai ao encontro de Deus (nº 997)

• É diante da morte que o enigma da condição humana atinge seu ponto mais alto. Em um certo sentido, a morte corporal é natural; mas para a fé ela é na realidade "salário do pecado" (Rm. 6,23). E para os que morreram na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também da Ressurreição. (nº 1006)

• A morte é o termo de vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao longo do qual passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte aparece como o fim normal da vida. Este aspecto da morte dá um aspecto de urgência às nossas vidas: a lembrança da nossa mortalidade serve também para recordar-nos que temos somente um tempo limitado para realizar a nossa vida: "Lembra-te do teu Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó volte à terra donde veio, e o sopro volte a Deus, que o concedeu" (Eclesiastes12,1.7) (nº 1007)

• A morte é consequência do pecado. Intérprete autêntico das afirmações da Sagrada Escritura e da tradição, o magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem. Embora o homem tivesse uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer. A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus criador, e entrou no mundo como consequência do pecado. "A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado", é assim "o último inimigo" do homem a ser vencido. (nº 1008)

• A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir o seu destino último. Quando tiver terminado "o único curso da nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez" (Heb. 9,27). Não existe "reencarnação" depois da morte. (nº 1013)
Reflita com ponderação e sabedoria.


Jamais se arrependa de ter refreado a língua, quando teve vontade de dizer o que não convinha ou o que não era verdade.
Jamais se arrependa de ter perdoado aqueles que te magoaram. De ter cumprido pontualmente suas promessas bem pensadas. De ser fiel aos compromissos.
Jamais se arrependa de ter suportado com paciência as faltas alheias. De ter ignorado as mentiras e as maledicências.
Jamais se arrependa de ter pedido perdão pelas faltas cometidas. De ter reparado o mal que causou. De ter pensado antes de falar. De ter honrado a teus pais, agindo com gratidão por todo o bem que deles recebestes. De ter sido cortês e honesto em tudo e com todos.
Jamais se arrependa de se desviar do caminho errado e seguir pelo caminho correto, por mais árduo que essa possa ser.
Você é o senhor de seus passos e o dono de seu futuro. Por mais que os outros possam atingi-lo, somente os seus próprios atos, suas reações é que definirão os rumos do teu destino. Antes de agir, reflita com ponderação e sabedoria.
Fazer o bem sempre é motivo de satisfação e alegria.
A consciência tranquila e a certeza de que se fez o melhor e o possível, é o que importa.
Siga sempre pelo caminho do bem, e jamais você se arrependerá dessa escolha.
Esse será o segredo do seu sucesso.

Pérola do dia: 
-SILÊNCIO. 
No silêncio escuta-se os outros e escuta-se a Deus. É-se escutado pelos outros e é-se escutado por Deus. O silêncio torna-se oração: permite o encontro com Deus, com Jesus Cristo, com o Espírito Santo.
No ruído, na gritaria, no barulho não se escutam os outros, nem se escuta Deus.

«Alegrai-vos e exultai»

1 de Novembro: Todos os Santos


Evangelho (Mt 5,1-12a): Naquele tempo, Vendo as multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e ele começou a ensinar: Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

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Hoje, celebramos a realidade de um mistério salvador, expresso no credo, que se torna muito consolador: Creio na comunhão dos santos. Todos os santos que já passaram para a vida eterna, a começar pela Virgem Maria, formam uma unidade: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8). E também estão, ao mesmo tempo, em comunhão conosco. A fé e a esperança não podem unir-nos, porque eles já gozam da visão eterna de Deus; mas une-nos, por outro lado, o amor que não passa nunca (1Cor 13,13); esse amor que nos une, juntamente com eles, ao mesmo Pai, ao mesmo Cristo Redentor e ao mesmo Espírito Santo. O amor que os torna solidários e solícitos para conosco. Portanto, não veneramos os santos somente pela sua exemplaridade, mas sobretudo pela unidade no Espírito de toda a Igreja, que se fortalece com a prática do amor fraterno.

Por esta profunda unidade, devemos sentir-nos perto de todos os santos que, antes de nós, acreditaram e esperaram o mesmo que nós cremos e esperamos e, acima de tudo, amaram Deus Pai e os seus irmãos, os homens, procurando imitar o amor de Cristo.

Os santos apóstolos, os santos mártires, os santos confessores que viveram ao longo da história são, portanto, nossos irmãos e intercessores; neles se cumpriram as palavras proféticas de Jesus: Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus, (Mt 5,11-12). Os tesouros da sua santidade são bens de família, com que podemos contar. São estes os tesouros do céu, que Jesus convida a juntar (cf. Mt 6,20). Como afirma o Concílio Vaticano II, A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos (Lumen gentium, 49). Esta solenidade traz-nos uma notícia reconfortante, que nos convida à alegria e à festa.
 
Mons. F. Xavier CIURANETA i Aymí Bispo Emérito de Lleida
(Lleida, Espanha)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A importância do Sinal da Cruz

Sempre que possível, além de abençoar, faça o sinal da cruz na testa de seu filho, marido, sobrinho etc. Precisamos muito da presença de Deus para nos livrar de todos os males.
(†) Pelo sinal da Santa Cruz,
(†) livrai-nos Deus, nosso Senhor,
(†) dos nossos inimigos,
(†) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Quantas pessoas fazem o Sinal da Cruz, ou como se costuma dizer, o “Pelo Sinal” antes das orações, ou pelo menos uma vez ao dia? 

A impressão que temos é que o número é bastante reduzido, especialmente entre os mais jovens. A maioria faz às vezes de modo displicente, como um salamaleque, o “Em nome do Pai”, ficando apenas no gesto, sem invocar a Santíssima Trindade.
O Sinal da Cruz é uma oração importante que deve ser rezada logo que acordamos, como a nossa primeira oração, para que Deus, pelos méritos da Cruz de Seu Divino Filho, nos proteja durante todo o dia. Com este Sinal, que é o sinal do cristão, nós pedimos proteção contra os nossos inimigos.
Que inimigos? Todos aqueles que atentem contra a nossa pessoa, para nos causar tanto males físicos, quanto espirituais. O Sinal da Cruz, feito antes de iniciarmos as nossas orações, nos predispõe a bem rezar.
† Pelo sinal da Santa Cruz: ao traçarmos a primeira cruz em nossa testa, nós estamos pedindo a Deus que proteja a nossa mente dos maus pensamentos, das ideologias malsãs e das heresias, que tanto nos tentam nos dias de hoje e mantendo a nossa inteligência alerta contra todos os embustes e ciladas do demônio;
† Livrai-nos Deus, Nosso Senhor: com esta segunda cruz sobre os lábios, estamos pedindo para que de nossa boca só saiam palavras de louvor: louvor a Deus, louvor aos seus Santos e aos seus Anjos; de agradecimento a Deus, pois tudo o que somos e temos são frutos da Sua misericórdia e do Seu amor e não dos nossos méritos; que as nossas palavras jamais sejam ditas para ofender o nosso irmão.
† Dos nossos inimigos: esta terceira cruz tem como objetivo proteger o nosso coração contra os maus sentimentos: contra o ódio, a vaidade, a inveja, a luxúria e outros vícios; fazer dele uma fonte inesgotável de amor a Deus, a nós mesmos e ao nosso próximo; um coração doce, como o de Maria e manso e humilde como o de Jesus.
 As bem-aventuranças.

As bem-aventuranças, se as queremos tomar a sério e sobretudo vivê-las, colocam-nos em situação de contestação e fazem-nos assumir riscos. Sim, em certos momentos, fazem-nos dizer, e sobretudo viver, um “Não estou de acordo” em nome da nossa fé.
Porque é que Jesus declara “felizes” os seus discípulos? Porque eles são pobres de coração, porque eles estão libertos de tudo o que poderia entravar a sua liberdade. Com efeito, a alegria é o fruto da liberdade.
Mas de que pobreza fala Jesus? Fala da pobreza que permite crer, esperar e amar.

O pobre é aquele que “faz crédito” em Deus.
“Fazer crédito” ou dizer “credo”, é a mesma coisa. Quando se fala de noivos, fala-se de duas pessoas que confiam entre si, que se fiam uma na outra, que “fazem crédito”. A desconfiança torna a pessoa infeliz. Confiar é aceitar um certo abandono: aquele que grita em dire
ção a Deus no meio do seu sofrimento ou da sua confusão, é aquele que confia sempre em Deus.

O pobre é também aquele que espera.
 
O rico não pode esperar, está plenamente satisfeito. O pobre, esse, está sempre virado para um futuro que espera que seja melhor; e, depois, ele procura, porque pensa nunca ter totalmente encontrado. A sua vida é uma procura, e todos os sinais que ele encontra enchem-no de alegria e fazem-no avançar. O pobre é aquele que aceita ser criticado pela Palavra de Deus. Com efeito, pôr-se em questão só é possível para aquele que espera tornar-se melhor.

O pobre é aquele que ama.
 
Por não estar plenamente satisfeito consigo mesmo, o pobre está disponível para servir os seus irmãos. Não centrado em si próprio, abre os olhos e vê aqueles que esperam os seus gestos de amor; ouve os gritos dos seus irmãos e abre as suas mãos vazias para as estender àquele que tem necessidade. A sua pobreza fá-lo receber e, ao mesmo tempo, dar o pouco que tem.
Jesus conhecia o coração do homem, e soube reconhecer no coração dos seus discípulos esta aspiração a crer, a esperar e a amar; é a razão pela qual ele os escolheu e chamou.
 
As bem-aventuranças vão, em tantas situações, contra a corrente, porque um homem, um dia, ousou abrir a boca para dizer aos seus discípulos: “Sois do mundo, e ao mesmo tempo não sois do mundo… Vós não sois do mundo do cada um para si, do consumo, da violência, da vingança, do comprometimento… E face a este mundo deveis dizer: não estou de acordo! É certo que sereis perseguidos ou, pelo menos, rir-se-ão de vós, ou procurarão fazer-vos calar. Felizes sereis, porque fareis ver onde está a verdadeira felicidade. Chamar-vos-ão santos”.
Festejamos neste dia todos aqueles que tomam de tal modo a sério as bem-aventuranças que são hoje plenamente felizes.
Queremos experimentar ser já felizes? Basta-nos ter um coração de pobre.


Solenidade de todos os Santos -  1 de Novembro 

Nosso futuro tem a marca da eternidade.


Primeira leitura: Como descrever a felicidade dos mártires e dos santos na sua condição celeste, invisível? Para isso, o profeta recorre a uma visão.

Salmo responsorial: O salmo de hoje proclama as condições de entrada no Templo de Deus. Ele anuncia também a bem-aventurança dos corações puros. Nós somos este povo imenso que marcha ao encontro do Deus santo.

Segunda leitura: Desde o nosso batismo, somos chamados filhos de Deus e o nosso futuro tem a marca da eternidade.

Evangelho: Que futuro reserva Deus aos seus amigos, no seu Reino celeste? Ele próprio é fonte de alegria e de felicidade para eles.

LEITURA I – Ap 7,2-4.9-14

As primeiras perseguições tinham feito cruéis destruições nas comunidades cristãs, ainda tão jovens. Iriam estas comunidades desaparecer, acabadas de fundar? As visões do profeta cristão trazem uma mensagem de esperança nesta provação. É uma linguagem codificada, que evoca Roma, perseguidora dos cristãos, sem a nomear diretamente, aplicando-lhe o qualificativo de Babilónia. A revelação proclamada é a da vitória do Cordeiro. Que paradoxo! O próprio Cordeiro foi imolado. Mas é o Cordeiro da Páscoa definitiva, o Ressuscitado. Ele transformou o caminho de morte em caminho de vida para todos aqueles que O seguem, em particular pelo martírio, e eles são numerosos; participam doravante ao seu triunfo, numa festa eterna.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 23 (24)
Refrão: Esta é a geração dos que procuram o Senhor.

LEITURA II – 1Jo 3,1-3

Segunda mensagem de esperança. Ela responde às nossas interrogações sobre o destino dos defuntos. Que vieram a ser? Como sabê-lo, pois desapareceram dos nossos olhos? E nós próprios, que viremos a ser?
A resposta é uma dedução absolutamente lógica: se Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos, não nos pode abandonar. Ora, em Jesus, vemos já a que futuro nos conduz a pertença à família divina: seremos semelhantes a Ele.

ALELUIA – Mt 11,28

Aleluia. Aleluia.
Vinde a Mim, vós todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.

EVANGELHO – Mt 5,1-12

Depois de dizer quem é Jesus (cf. Mt 1,1-2,23) e de definir a sua missão (cf. Mt 3,1-4,16), Mateus vai apresentar a concretização dessa missão: com palavras e com gestos, Jesus propõe aos discípulos e às multidões o “Reino”. Neste enquadramento, Mateus propõe-nos hoje um discurso de Jesus sobre o “Reino” e a sua lógica.
Uma característica importante do Evangelho segundo Mateus reside na importância dada pelo evangelista aos “ditos” de Jesus. Ao longo do Evangelho segundo Mateus aparecem cinco longos discursos (cf. Mt 5-7; 10; 13; 18; 24-25), nos quais Mateus junta “ditos” e ensinamentos provavelmente proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. É provável que o autor do primeiro Evangelho visse nesses cinco discursos uma nova Lei, destinada a substituir a antiga Lei dada ao Povo por meio de Moisés e escrita nos cinco livros do Pentateuco.
O primeiro discurso de Jesus – do qual o Evangelho que nos é hoje proposto é a primeira parte – é conhecido como o “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Agrupa um conjunto de palavras de Jesus, que Mateus colecionou com a evidente intenção de proporcionar à sua comunidade uma série de ensinamentos básicos para a vida cristã. O evangelista procurava, assim, oferecer à comunidade cristã um novo código ético, uma nova Lei, que superasse a antiga Lei que guiava o Povo de Deus.
Mateus situa esta intervenção de Jesus no cimo de um monte. A indicação geográfica não é inocente: transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus a nova Lei que deve guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”.

As “bem-aventuranças” que, neste primeiro discurso, Mateus coloca na boca de Jesus, são consideravelmente diferentes das “bem-aventuranças” propostas por Lucas (cf. Lc 6,20-26). Mateus tem nove “bem-aventuranças”, enquanto que Lucas só apresenta quatro; além disso, Lucas prossegue com quatro “maldições”, que estão ausentes do texto mateano; outras notas características da versão de Mateus são a espiritualização (os “pobres” de Lucas são, para Mateus, os “pobres em espírito”) e a aplicação dos “ditos” originais de Jesus à vida da comunidade e ao comportamento dos cristãos. É muito provável que o texto de Lucas seja mais fiel à tradição original e que o texto de Mateus tenha sido mais trabalhado.

As “bem-aventuranças” são fórmulas relativamente frequentes na tradição bíblica e judaica. Aparecem, quer nos anúncios proféticos de alegria futura (cf. Is 30,18; 32,20; Dn 12,12), quer nas ações de graças pela alegria presente (cf. Sl 32,1-2; 33,12; 84,5.6.13), quer nas exortações a uma vida sábia, refletida e prudente (cf. Prov 3,13; 8,32.34; Sir 14,1-2.20; 25,8-9; Sl 1,1; 2,12; 34,9). Contudo, elas definem sempre uma alegria oferecida por Deus.

As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres” vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).

As quatro primeiras “bem-aventuranças” referidas por Mateus (vers. 3-6) estão relacionadas entre si. Dirigem-se aos “pobres” (as segunda, terceira e quarta “bem-aventuranças” são apenas desenvolvimentos da primeira, que proclama: “bem-aventurados os pobres em espírito”). Saúdam a felicidade daqueles que se entregam confiadamente nas mãos de Deus e procuram fazer sempre a sua vontade; daqueles que, de forma consciente, deixam de colocar a sua confiança e a sua esperança nos bens, no poder, no êxito, nos homens, para esperar e confiar em Deus; daqueles que aceitam renunciar ao egoísmo, que aceitam despojar-se de si próprios e estar disponíveis para Deus e para os outros.

Os “pobres em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao próprio orgulho e autossuficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.

Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…

A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”. Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é, no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.

O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11) está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir.

Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando eles falharam.
Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano.

Os “que constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser – às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os homens.

Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho, espera-vos o triunfo, a vida plena.

Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.

No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e a partilha podem fazer-se à volta dos seguintes elementos:

• Jesus diz: “felizes os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes vós os que tendes dinheiro – muito dinheiro – e sabeis usá-lo para comprar influências, comodidade, poder, segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais poderosos, mais livres e mais felizes”. Quem é, 
realmente, feliz?

• Jesus diz: “felizes os mansos”; o mundo diz: “felizes vós os que respondeis na mesma moeda quando vos provocam, que respondeis à violência com uma violência ainda maior, pois só a linguagem da força é eficaz para lidar com a violência e a injustiça”. Quem tem razão?

• Jesus diz: “felizes os que choram”; o mundo diz: “felizes vós os que não tendes motivos para chorar, porque a vossa vida é sempre uma festa, porque vos moveis nas altas esferas da sociedade e tendes tudo para serdes felizes: casa com piscina, carro com telefone e ar condicionado, amigos poderosos, uma conta bancária interessante e um bom emprego arranjado pelo vosso amigo ministro”. Onde está a verdadeira felicidade?

• Jesus diz: “felizes os que têm ânsia de cumprir a vontade de Deus”; o mundo diz: “felizes vós os que não dependeis de preconceitos ultrapassados e não acreditais num deus que vos diz o que deveis e não deveis fazer, porque assim sois mais livres”. Onde está a verdadeira liberdade, que enche de felicidade o coração?

• Jesus diz: “felizes os que tratam os outros com misericórdia”; o mundo diz: “felizes vós quando desempenhais o vosso papel sem vos deixardes comover pela miséria e pelo sofrimento dos outros, pois quem se comove e tem misericórdia acabará por nunca ser eficaz neste mundo tão competitivo”. Qual é o verdadeiro fundamento de uma sociedade mais justa e mais fraterna?

• Jesus diz: “felizes os sinceros de coração”; o mundo diz: “felizes vós quando sabeis mentir e fingir para levar a água ao vosso moinho, pois a verdade e a sinceridade destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. Onde está a verdade?

• Jesus diz: “felizes os que procuram construir a paz entre os homens”; o mundo diz: “felizes vós os que não tendes medo da guerra, da competição, que sois duros e insensíveis, que não tendes medo de lutar contra os outros e sois capazes de os vencer, pois só assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”. O que é que torna o mundo melhor: a paz ou a guerra?

• Jesus diz: “felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: “felizes vós os que já entendestes como é mais seguro e mais fácil fazer o jogo dos poderosos e estar sempre de acordo com eles, pois só assim podeis subir na vida e ter êxito na vossa carreira”. O que é que nos eleva à vida plena?
UM MUNDO INCOERENTE

Vivemos em um mundo de palavras ocas, de frases retumbantes que ocultam intenções que pouco têm que ver com o que as palavras proclamam. Vivemos na era das comunicações. As mensagens se multiplicam e entrecruzam, nossa capacidade de assimilar a informação que diariamente recebemos está bombardeada por estímulos desencontrados e superpostos.
Diariamente somos testemunhas das grandes incoerências públicas. O homem de hoje com suas grandes declarações sobre os direitos, com sua consciência cada vez mais aguda da liberdade e da dignidade humana, é testemunha perplexa e confusa da incoerência entre suas boas intenções e a realidade lacerante da injustiça, da brecha crescente entre ricos e pobres, do espezinhamento cada vez mais flagrante dos direitos que se dizem defender. Em uma palavra, vivemos imersos em uma cultura marcada pela incoerência entre o que se diz e o que se vive.

CHAMADOS A SER COERENTES
Como cristãos estamos chamados à santidade. Este caminho é um apaixonante desafio que não está isento de dificuldades mas no qual a graça de Deus nos guia e nos sustenta. Entretanto, para que a graça seja eficaz em nossas vidas é necessária nossa cooperação. Não basta dizer “Senhor, Senhor” (Mt 7, 21). Por isso Santo Agostinho dizia: “Deus que te criou sem seu consentimento não te salvará sem seu consentimento”. Como consequência deste chamado Ele nos exige a autenticidade, dar testemunho permanente da Reconciliação trazida pelo Senhor Jesus. De nossa coerência depende a fé de muitos irmãos que esperam uma resposta às inquietações mais profundas de sua mesmidade[1]. Recordemos sempre que é todo um mundo que temos que transformar desde seus alicerces, de selvagem a humano e de humano a divino. A grandeza de nossa missão torna indispensável que não traiamos a fé que proclamamos.

O INIMIGO: A MENTIRA EXISTENCIAL
Em cada tentativa por viver a coerência estabelecemos um combate frontal com o pecado e a escotosis[2], contra essa realidade tenebrosa que é o ambiente propício para o desenvolvimento dessa cultura de morte que estamos chamados a transformar. E neste combate a pior derrota é proclamar a fé e não vivê-la, transformar em mentira pessoal o que dizemos que é Verdade para todos os homens. Pior traição não existe, a incoerência com nossa fé é dizer publicamente que Deus mente, é o escândalo que o Senhor condena no Evangelho.

NOSSA REALIDADE: A DEBILIDADE
Estamos convidados à Comunhão de Amor e a dar testemunho de nossa esperança no mundo. Neste esforço nos encontramos com nossa debilidade, descobrimos que sozinhos não podemos (Jo 15), que temos medo, que como Pedro prometemos e traímos. Então surge a pergunta Como aprender a ser coerentes?

MARIA: MESTRA DA COERÊNCIA
Nossa espiritualidade é a espiritualidade de Maria. Tudo o que aprendemos sobre o Senhor Jesus, aprendemos de nossa Mãe. E todos os auxílios para viver nossa fé, recebemos graças a sua intercessão e através dela.

ESCUTA DA PALAVRA
Maria é a Mulher que desde seu nascimento responde às inquietações fundamentais de seu ser. Vive no silêncio, na escuta permanente à Palavra. Não se deixa apanhar pelo ruído nem pelo ativismo. Põe a chave de sua vida, seu sentido mais profundo, sua pessoa íntegra, a serviço do Plano de Deus porque sabe que só nEle está a Plenitude. Seu coração imaculado está íntegra e permanentemente atento à voz do Senhor Jesus.
Meditando na vida de nossa Mãe descobrimos que a coerência não é outra coisa senão a consequência natural de escutar a Palavra, o chamado mais profundo de seu próprio ser, a resposta à ânsia ardente de plenitude, de verdade, de paz, de felicidade, de alegria que ela como cada um de nós tem escrito no fundo de seu ser mais íntimo (Lc 1, 46).

PÔR EM PRÁTICA
Quando Maria diz o primeiro faça-se (Lc 1, 38) compromete-se a ser coerente em sua missão de ser a Mãe do Reconciliador. Esta entrega lhe exigirá dor e sacrifício, mas ela sabe que a felicidade plena está em aderir-se a Seu Filho. Nada a desviará de seu objetivo, o amor imenso pelo Senhor Jesus e por nós, seus filhos, impulsioná-la-á a ser a mulher fiel, a Mãe da esperança, da perseverança na espera das promessas divinas, da fé.
Em Maria descobrimos que a coerência é um sinal cotidiano de amor. Os grandes momentos de sua vida, a resposta afirmativa ao anúncio do anjo, à profecia do velho Simeão, à enigmática resposta do Senhor Jesus no Templo, ao Sacrifício do Filho na Cruz, ao nascimento da Igreja não são senão o fruto amadurecido de sua perseverança cotidiana no esforço por descobrir o Plano de Deus e correspondê-lo nas situações mais singelas. A fidelidade no pequeno assegura a fidelidade no grande.
A coerência é, pois, escutar a Palavra de Deus e pô-la em prática como fez Maria, nossa Mãe.

PASSAGENS BÍBLICAS PARA ORAÇÃO E MEDITAÇÃO

Guia para a Oração
  • Motivos para a coerência: Heb 10, 32-36.
  • Deus nos educa na coerência: Heb 12, 1-13.
  • Coerência na caridade e na oração: Rom 12, 9-12.
  • Nossa missão: ser coerentes: Mt 5, 13-16.
  • Perseverança no combate contra o maligno: 1Pe 5, 9-11.
  • Ser coerentes em todo momento: Flp 1, 27-30.
  • Coerência com a Palavra no sofrimento: 1Pe 4, 12-19.

NOTAS

[1] Mesmidade. Versão do neologismo espanhol “mismidad”. Termo que designa a realidade constitutiva mais profunda do ser humano. É o âmago da identidade ─ única e não repetível ─ de cada ser humano, realidade objetiva que não muda e subsiste para sempre. Constitui o centro do próprio ser e o núcleo de sua unidade pessoal subsistente, que permanece ao longo do devir histórico da pessoa, permitindo-lhe seguir sendo ela mesma e referir-se a sua identidade própria além das mudanças. Dela brotam os dinamismos fundamentais de permanecer e desdobrar-se, que orientam e impulsionam a própria existência à sua plenitude.
[2] Escotosis – palavra que deriva do grego skotos, escuridão, trevas. A escotosis é a cegueira na qual vive aquele que diz que vê, inclusive com muita clareza, quando na realidade se encontra na mais espantosa escuridão. Pela escotosis o homem não só se faz incapaz de “ver” Deus, mas também, ao mesmo tempo, torna-se cego a sua própria realidade, enganando-se de múltiplas formas.
Foto de Emilio Carlos Mancini.Pérola do dia  :
 
"O AMOR MÚTUO ATRAI A PRESENÇA DE DEUS"

Quando vivemos o amor mútuo sentimos a presença de Deus em nós e entre nós.
Nosso coração arde com a chama do seu amor que se revela como luz, alegria plena, força, coragem e vida.
Coloco aqui um pequeno trecho de uma meditação de Chiara Lubich que fala sobre o valor dessa presença de Deus.
"Se estamos unidos, Jesus está entre nós. E isto vale!
Vale mais do que qualquer outro tesouro que nosso coração possa ter: mais do que a mãe, o pai, os irmãos, os filhos.
Vale mais do que a casa, o trabalho, os bens; mais do que as obras de arte de uma grande cidade como Roma; mais do que os nossos afazeres, mais do que a natureza que nos circunda, com as flores e os campos, o mar e as estrelas; vale mais do que a nossa própria alma." (Chiara Lubich)
«A Jerusalém do alto é livre, e ela é nossa mãe» (Gal 4, 26)

Foto de Emilio Carlos Mancini.
Não é por termos estado em Jerusalém que devemos felicitar-nos, mas por termos vivido bem. 
A cidade que é preciso procurar não é aquela que matou os profetas e verteu o sangue de Cristo, mas aquela que um rio impetuoso enche de júbilo, aquela que, construída sobre uma montanha, não pode ser escondida, aquela que o apóstolo Paulo proclama ser mãe dos santos e na qual os justos se regozijam de habitar (Sl 45,5; Mt 5,14; Gal 4,26) [...]. 
Não ousarei limitar o poder de Deus a uma região ou confinar num recanto da terra Aquele que o céu não pode conter. Cada crente é apreciado pelo mérito da sua fé e não pelo lugar em que habita; e os verdadeiros adoradores não têm necessidade de Jerusalém ou do monte Garizim para adorar o Pai, porque «Deus é espírito» e os seus adoradores devem «adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4,21-23). Ora «o Espírito sopra onde quer» (Jo 3,8) e «a terra é do Senhor, assim como tudo o que ela contém» (Sl 23,1). [...]
Os lugares santos da cruz e da ressurreição só são úteis aos que levam a sua cruz, ressuscitam com Cristo cada dia e se mostram dignos de habitar em tais lugares. Quanto aos que dizem: «Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor» (Jer 7,4), ouçam esta palavra do apóstolo: «Vós é que sois o templo de Deus, se o Espírito Santo habita em vós» (1Cor 3,16). [...]
Não creio que falte alguma coisa à tua fé por não teres visto Jerusalém, nem não me julgo melhor por habitar neste lugar. Mas, aqui ou noutro sítio, receberás igual recompensa segundo as tuas obras perante Deus.

São Jerônimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Carta 58, 2-4
De todas as formas de se rezar o Rosário, a mais terrível para o diabo...

Foto de Emilio Carlos Mancini.

De todas as formas de se rezar o Rosário, a mais gloriosa para Deus, a mais salutar para a alma e a mais terrível para o diabo, é salmodiá-Lo, ou rezá-Lo publicamente em dois coros. 
Deus compraz-se das assembleias. Todos os Anjos e Santos reunidos no Céu cantam incessantemente Seus louvores.
Os justos, reunidos em muitas comunidades sobre a Terra, rezam em conjunto, noite e dia. Nosso Senhor aconselhou expressamente esta prática aos Seus Apóstolos e Discípulos e prometeu-lhes que, sempre que dois ou mais estiverem reunidos em Seu Nome, Ele estaria entre eles.
Que alegria estar na companhia de Jesus Cristo! Para possuí-Lo, basta rezar o Santo Rosário, em grupos, em assembleias. Eis a razão porque os primeiros cristãos se reuniam tão frequentemente para rezar em conjunto, malgrado as perseguições dos imperadores, que proibiam as suas reuniões.
Eles preferiam expor-se à morte que deixar de se reunir para usufruir da companhia de Jesus Cristo.

São Luís Maria Grignon de Montfort
Em O Segredo Admirável do Rosário para se converter e se salvar, parágrafo 131

 Jerusalém, Jerusalém!

29/10/2015 Quinta-feira

30ª Semana do Tempo Comum - 
2ª Semana do Saltério
São Lucas 13,31-35
 
Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: “Tu deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar”. Jesus disse: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste! Eis que vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo: não me vereis mais, até que chegue o tempo em que vós mesmos direis: Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. - Palavra da Salvação.
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A ameaça de morte não faz com que Jesus se acovarde, a sua resposta é bem clara: "devo prosseguir o meu caminho, pois não convém que um profeta perece fora de Jerusalém". Jesus vai seguir o seu caminho até o fim porque a sua fidelidade ao Pai está acima de todas as coisas, inclusive da sua própria vida, que ele vai entregar livremente em Jerusalém para que o homem seja resgatado do reino da morte. 
 
O mundo não quer a vida do profeta, não quer que ele chegue a realizar a sua missão e todos os que são do mundo, religiosos ou não, não toleram a presença do profeta, embora a sua morte contribua para a salvação de todos.
É interessante notar como alguns fariseus tenham ido avisar Jesus a respeito das intenções assassinas de Herodes. A hostilidade deles contra o Mestre, e as contínuas controvérsias entre eles, leva-nos a suspeitar de suas reais intenções. 
 
À primeira vista, tem-se a impressão de que os fariseus queriam proteger Jesus das tramas do facínora Herodes. Este já havia eliminado João Batista. Agora, queria eliminar também Jesus. Quiçá desejassem evitar complicações com os romanos, supondo-se ser Jesus deveras um revolucionário, um sublevador da ordem. Contudo, a notória hipocrisia dos fariseus recomendava pôr em xeque suas boas intenções. Não conseguiram, porém, enredar o Mestre nesta trama. Jesus sabia serem eles emissários de Herodes, com quem pactuavam. 
 
Por isso, mandou-os de volta com um recado para aquela "raposa" política. Apesar das ameaças, o Mestre levaria em frente sua missão, sem se intimidar com a prepotência e a arrogância de Herodes. 
 
O conselho mal-intencionado dos fariseus jamais haveria de demovê-lo do caminho traçado pelo Pai. Sua missão só chegaria ao fim, quando o Pai assim o determinasse. Seria inútil querer detê-lo, servindo-se de malícia ou de astúcia. Foi vão o projeto assassino de Herodes contra Jesus. Este "privilégio" caberia a Jerusalém, a Cidade Santa, que se tornou assassina dos enviados de Deus. 
 
A morte de Jesus seria mais uma demonstração da vocação desta cidade: ser assassina dos profetas. 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Pérola Preciosa. 


Ele pode ver o nosso interior!
 
Onde está para nós a fonte da esperança e da alegria?
Está em Deus, que nos procura incansavelmente e que vê em nós a beleza profunda da alma humana.
DEUS julga pela fé e pelo caráter; não pela aparência.
E porque só Ele pode ver o nosso interior, apenas o Senhor pode julgar com precisão.
A maioria das pessoas, preocupa-se muito com a sua aparência externa, mas na verdade elas deveriam fazer muito mais para desenvolver o seu caráter.
Vamos nos lembrar sempre: enquanto todos podem ver o nosso rosto, apenas cada um de nós e DEUS sabemos realmente como é cada coração.
Que passos devemos dar para melhorar a atitude dos nossos corações?
DEUS nos deixou uma grande lição, mostrando que a aparência não revela como a pessoa é na verdade ou quais são seus verdadeiros valores, mas sim seu caráter e sua conduta, vivamos através dos princípios da Sua Palavra. 

“A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo?  

27/10/2015 Terça-feira

Liturgia Diária
30ª Semana do Tempo Comum - 
2ª Semana do Saltério

São Lucas 13,18-21
Naquele tempo, Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. - Palavra da Salvação.
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Muitas vezes falamos que o Reino de Deus é sobrenatural, mas queremos que ele se manifeste em coisas naturais grandiosas. Isto demonstra que na verdade vemos a sua grandiosidade, mas não percebemos a sua natureza, o que faz com que a grandiosidade seja vista a partir da materialidade, o que é um erro, e não a partir da grandiosidade que Deus faz a partir do pequeno, do grão de mostarda ou da levedura do fermento, ou seja, das pequenas coisas que surpreendem os que olham com o olhar da fé a realidade. Deus escolhe as coisas pequenas do mundo para revelar o Reino, e nos mostra a força do seu braço a partir das transformações que os pequenos realizam no dia a dia.
A caminho de Jerusalém, Jesus conta duas pequenas parábolas, para dispor os discípulos para a experiência que haveriam de fazer. Nelas se estabelece o contraste entre o início do Reino, na humildade e na perda, e seu fim grandioso. Só quem foi alertado para esta dinâmica divina será capaz de superar o desânimo e a decepção do momento. 
A semente de mostarda era símbolo de pequenez. Todavia, esse grão minúsculo, lançado na terra, germina e se torna um arbusto de até três metros, permitindo às aves pousar em seus ramos. Também a pitadinha de fermento, ao ser colocada numa quantidade excepcional de farinha (três medidas) ou seja, cerca de 50 quilos, era suficiente para fermentá-la e torná-la apta para a fabricação do pão. Com o Reino dá-se algo semelhante. É preciso esperar com confiança. 
Seu projeto iniciado com um punhado de pessoas sem projeção social, tidas como estranhas para os esquemas religiosos da época, e sem muitas perspectivas, era como o grão de mostarda e o fermento. 
Pequenos e frágeis, mas destinados a um fim grandioso. Por trás desta dinâmica, estava o dedo de Deus. Ele é que capacitaria este grupo inexpressivo para se tornar mediação de propagação do Reino, de modo a fermentar toda a história humana.
«É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e deitou no seu quintal»

Foto de Emilio Carlos Mancini.

A propósito do que diz o Evangelho: «Um homem tomou-o e deitou-o no seu quintal», que homem é esse, em vossa opinião, que semeou o grão que recebeu como um grão de mostarda no seu pequeno jardim? Penso que é aquele sobre o qual o Evangelho diz: «Um membro do Conselho, chamado José, natural de Arimateia [...], foi ter com Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus e, descendo-O da cruz, envolveu-O num lençol e depositou-O num sepulcro preparado no seu jardim» (Lc 23,50-53).

É por essa razão que as Escrituras dizem: «Um homem tomou-o e deitou-o no seu jardim».
No jardim de José misturavam-se perfumes de diversas flores, mas um grão como aquele nunca lá tinha sido deitado.

O jardim espiritual da sua alma rescendia ao perfume das suas virtudes, mas Cristo ainda não tinha sido aí colocado.

Ao sepultar o Salvador no monumento do seu jardim, ele acolheu-O mais profundamente no fundo do seu coração.

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
Sermão 26

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

É Deus quem nos santifica!

Deus nos criou para Ele; somos as ovelhas do Seu rebanho, diz o Salmista (Sl 99,3). São Paulo disse aos efésios que “Cristo Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e íntegros diante Dele, no amor” (Ef 1,4).
E mais ainda: “Nos predestinamos à adoração como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, em que nos agraciou no seu amado” (v.6).
Não foi sem razão que Santo Irineu de Lião disse, no segundo século, que “o homem é a glória de Deus”. 

Fomos criados para a Sua glória (“Laudem gloriae”). Por isso fomos criados à imagem e semelhança de Deus; à imagem de Jesus Cristo. Mas infelizmente, o pecado original desfigurou em nós essa bela imagem humana e divina.
E o Cristo veio a Terra para que ela possa ser restaurada em cada um de nós.
Para isso Jesus “armou a Sua tenda entre nós”, e vive entre nós. Ele continua a caminhar conosco pela Igreja, pelos Sacramentos, e está em toda parte nos Sacrários para continuar essa obra de refazer a Sua imagem em cada um de Seus irmãos feridos pelo pecado.
Só Deus nos conhece profundamente e, por isso, só Ele pode ser o nosso restaurador. O salmista fala com toda clareza:
“Senhor, Tu me examinas e me conheces, sabe quando me sento e me levanto”.
Penetras de longe os meus pensamentos, distingues meu caminho e meu descanso, sabe todas as minhas trilhas…
Por trás e pela frente me envolves e pões sobre mim a Tua mão.
Para onde irei longe do Teu espírito? Para onde fugirei de Tua presença?…
Foste Tu que criaste minhas entranhas e me tecestes no seio de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso; são admiráveis as Tuas obras; e Tu me conheces por inteiro…
Ainda embrião, os Teus olhos me viram, e tudo estava escrito em Teu livro… (Sl 13).
Porque nos conhece completamente, só Deus pode restaurar em nós a Sua imagem em nós danificada pelos pecados. E Ele faz isso porque nos ama. Nós não somos capazes, não temos poder e sabedoria, para operar a nossa santificação; só Deus.
Então, o que nos resta fazer? Entregar-se dócil nas Suas mãos; e silencioso deixar que o Artista possa esculpir nossa pedra bruta a Sua imagem novamente.
Só o homem recebeu de Deus o maravilhoso e assustador privilégio de atingir o seu fim pela livre escolha da sua vontade. Os animais e plantas não tem essa liberdade.
Se o homem, livremente, se abandonar nas mãos do Seu Criador e se conformar com Sua disposição divina, alcançará o fim para o qual foi criado: participar da vida bem aventurada de Deus (Cat. nº1).
Deus nos conduz para o nosso destino Nele. Não é uma glória para nós saber que Deus se ocupa de nós, débil criatura?
Devo, então, reconhecer o Seu soberano domínio sobre mim, e entregar-me a Ele sem reservas. Ele é o meu fim.
Devo viver em relação a meu Deus numa dependência absoluta e universal. É previsto que eu o siga em cada instante de minha vida, que me abandona à sua direção, que o deixa despir de mim como bem desejar.
Deus já traçou o caminho para cada um de nós chegar ao Céu, mas só Ele pode nos conduzir por esse caminho. Cada pormenor de nossa vida Ele já conhecia desde toda a eternidade.
Basta-me deixar que Ele me conduza por esse caminho suave. São eternos os desígnios de Deus sobre mim.
Às vezes a gente se ilude querendo traçar o próprio caminho da santidade, às margens do desígnio de Deus. Ficamos sonhando com uma perfeição ou cruzes que não são para nós. É no decorrer do tempo, no dia a dia de nossa vida, lentamente, que Deus vai nos revelando o destino que Ele concebeu para nós.
Todos os acontecimentos, doenças, fracassos e vitórias, são guiados pela divina Providência amorosamente.
A mim cabe, amar o meu Deus, aceitar seu trabalho em mim, e adorá-lo no abandono da fé.
Não me cabe lamentar e nem lamuriar, amaldiçoar ou blasfemar, mas apenas obedecer humildemente e alegremente. Que alegria saber que Deus cuida de mim.
Não me compete perguntar a Ele as razões da Sua conduta para comigo. A criança não pergunta ao pai para onde ele a está levando.
Deus não me deve explicação alguma! Por que eu nasci nesta data, neste lugar, neste país, desses pais, com esta cor e com este físico. Ele sabe que a minha beleza está na alma invisível e imortal; o corpo é apenas uma casca que um dia vai deixá-la. Não posso me agarrar a esta casca, senão perecerei rapidamente com ela.
Deus tem eternos desígnios sobre mim. Devo aceitá-los e santificar-me nessas circunstâncias.
Texto: Prof. Felipe Aquino