Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

 – Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus


«Eu sou mãe!» é uma fórmula simples, um poema de amor. Eu sou mãe! – diz a natureza que nos dá o pão, a água, a árvore que nos acoberta, nativos para trabalho, progresso e vida. De igual forma o diz o arcanjo do bem que o Eterno colocou junto do nosso berço para que o alimento nos revigore e um sorriso nos alumie.
A ciência assim se diz trabalhando pela posse da verdade.
A religião e a Igreja são verdadeiras mães.
Eu sou mãe diz-nos aquela criatura privilegiada e única, MARIA SANTÍSSIMA, MÃE DE JESUS, que recebeu a missão de nos proteger como seus filhos adoptivos.

Nasceu da Virgem Maria
É a única vez que o «Credo» fala de Maria, mas as simples palavras a esculpem em toda a sua dignidade: É Mãe de Deus e é Virgem.
  1. É o mais alto título de Maria Santíssima. Todos os outros privilégios são uma consequência desta dignidade: Ela é mãe, conforme a humanidade, da pessoa do Verbo encarnado (Deus), que tem em si a humanidade e a divindade unidas (Sum. Theol. III).
  2. 2. Jesus devendo ser homem – para poder reunir – devia assumir a carne humana e tomou-a de Maria. Maria ofereceu a Deus seu amor e sua dedicação, consentindo a encarnação (conf. Cad. O Rosário); ofereceu a sua carne, o seu sangue, gerando o Infante divino e dando-O à luz.
Jesus deve a Maria: Seu corpo, com a sua beleza e perfeição; as qualidades da alma que dependem da perfeição do corpo, a sua existência terrena. (de O Credo)
  1. Dignidade de Maria:
Cristo recompensa Maria com a sua munificiência de Deus.
Preserva-a Imaculada, torna-a cheia de Graça, ama-a com todo o seu coração de homem – Deus, associa-a à obra da Redenção (co-redentora), ao seu triunfo na morte (Assunção), ao seu reino eterno (Maria Rainha). (conf. Cad. O Rosário)
  1. A maternidade de Maria não se limita a Jesus, cabeça do corpo místico, mas entende-se a todos os seus membros; por meio dela nos chegam todas as graças, unida como está a Cristo, com a sua força de onipotência suplicante.
Mãe de Deus 
 
Iniciamos o ano com Maria, mãe de Jesus, aquela que conservava cuidadosamente todos os acontecimentos da salvação em seu coração, meditando-os. 
Os pastores vão visitar o Menino nascido em Belém e contam tudo o que ouviram do Anjo sobre Ele. Todos ficam maravilhados e os pastores voltam glorificando e louvando a Deus por causa do que viram e ouviram. 
No Evangelho de hoje, vê-se que o nome de Deus que salva foi dado a Jesus. Ele é a bênção do Deus que salva a humanidade. O salmo é ação de graças coletiva. 
O povo agradece a Deus após as festas da colheita, e aprende que Ele é o Senhor do mundo. Deus é o Deus da Aliança para todos os povos da Terra. 
Ele julga a Terra com justiça e retidão e nos dá a sua bênção fazendo a terra produzir frutos. A carta aos Gálatas nos diz que o Filho de Maria resgata-nos da Lei e nos torna filhos. 
A maior bênção de Deus Pai é seu Filho Jesus, nascido de Maria na plenitude do tempo messiânico, coroamento da esperança longamente guardada pelo povo. Maria é exemplo da comunidade cristã que aceita a Boa-Nova. 
Ela é modelo de quem acredita na vida vencendo a morte e a escravidão, destruindo o medo e as inseguranças. 
São os simples e humildes que acolhem Jesus nos braços de Maria. Aceitamos o projeto de Deus como Maria? 
Comprometemo-nos como Maria se comprometeu? 
Temos o costume de dizer “Feliz Ano Novo!” 
Que sentido tem esse desejo hoje para nós?

O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina.

«O que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida [...], isso vos anunciamos» (1Jo 1,1-3). [...] 

O Verbo encarnado deu-Se a conhecer aos apóstolos de duas maneiras: eles reconheceram-No, em primeiro lugar, pela vista, recebendo do próprio Verbo o conhecimento do Verbo; e, em segundo lugar, pelo ouvido, recebendo do testemunho de João Baptista o conhecimento do Verbo. 
Acerca do Verbo, João Evangelista começa por dizer o seguinte: «Nós contemplámos a sua glória.» [...] 

Para São João Crisóstomo, estas palavras estão relacionadas com a frase anterior do evangelho de João: «O Verbo fez-Se homem»; o evangelista pretende dizer que a encarnação nos conferiu, para além do benefício de nos tornarmos filhos de Deus, o benefício de vermos a sua glória. 

Com efeito, os olhos fracos e doentes não são capazes de, por si mesmos, contemplar a luz do sol; mas, quando o sol incide numa nuvem, ou num corpo opaco, já são capazes de o contemplar. Antes da encarnação do Verbo, os espíritos humanos eram incapazes de olhar diretamente para a luz que «a todo o homem ilumina». 

Assim, e para que não fossem privados da alegria de a verem, a própria luz, o Verbo de Deus, quis revestir-Se de carne, a fim de que fôssemos capazes de a ver.
Então, estando os homens «voltados para o lado do deserto, a glória do Senhor apareceu, de repente, na nuvem» (Ex 16,10); isto é, o Verbo de Deus encarnou. [...] 

E Santo Agostinho observa que, para que pudéssemos ver a Deus, o Verbo sarou os olhos dos homens, fazendo da sua carne um colírio salutar. [...] Eis por que motivo, logo após ter dito: «O Verbo fez-Se homem», o evangelista acrescenta: «E nós contemplámos a sua glória», como que para explicar que, mal se aplicou este colírio, os nossos olhos ficaram sarados. [...] 
Era esta glória que Moisés desejava ver e da qual viu apenas uma sombra e um símbolo. Os apóstolos, pelo contrário, viram-na em todo o seu esplendor. 

São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja


Comentário sobre São João, I, 178s



Qual a mais antiga oração conhecida à Mãe de Deus?

É a antífona Sub tuum præsidium, cantada pela Santa Igreja na Liturgia das Horas e recitada por numerosos fiéis em diversas oportunidades: 

"À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!".

Incluída desde tempos imemoriais nos Ritos Ambrosiano, Copta, Sírio e Armênio, sua antiguidade foi confirmada na primeira metade do século XX, quando se encontrou no Egito um papiro do século III contendo o original grego desta expressiva prece.

Desempenhando um elevadíssimo papel na Redenção, a Virgem Maria é, entretanto, muito pouco mencionada no Evangelho. Uma vez, porém, que este se difunde por toda a Terra, surge espontaneamente no coração dos fiéis a súplica à Mãe de Deus, eficaz amparo para sua peregrinação terrena.

O início da oração recolhe os ecos da versão grega da Bíblia e associa à Virgem a capacidade protetora atribuída a Deus pelo salmista: "Protegei-me sob a sombra de vossas asas" (Sl 16, 8). E a fórmula "mas livrai-nos sempre de todos os perigos" evoca o pedido feito na Oração Dominical: "mas livrai-nos do mal".

Como tantas outras preces litúrgicas antigas, o Sub tuum præsidium se destaca por sua nobre simplicidade e sua concisão, aliadas a uma saudável espontaneidade. Segundo alguns estudiosos, essa maneira de implorar com premência a proteção da Virgem Maria indica que os cristãos se encontravam em situação de perseguição, talvez a de Valeriano ou a de Décio.

Outro dado digno de nota: à vista do iminente perigo, os cristãos do século III procuram proteção sob o manto da Virgem Santíssima. Demonstram, pois, estarem conscientes de que Ela ouve e atende seus pedidos, e tem poder para socorrê-los.

Por fim, o Sub tuum præsidium é uma inquestionável prova da antiguidade da devoção a Nossa Senhora, sob a invocação de Mãe de Deus.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O turíbulo 

Foto de Emilio Carlos Mancini. O mais precioso perfume

“Construirás um altar para queimares sobre ele o incenso”, ordenou o Senhor a Moisés, na mesma ocasião em que lhe entregou as Tábuas da Lei. O próprio Deus indicou como deveria ser feita essa mistura de essências odoríferas”.
incenso

Quem não se rejubila ao ver, nas solenidades litúrgicas, elevarem-se dos turíbulos aquelas ondas que impregnam de suave perfume todo o recinto sagrado? Perfeita imagem da oração que sobe como oblação de agradável odor até o trono de Deus, nas Sagradas Escrituras incenso e prece são apresentados como termos reversíveis um no outro: “Suba direita a minha oração como incenso na tua presença” (Sl 140, 2).

Na mesma linha, lê-se no livro do Apocalipse: “Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus” (8, 3-4).
Uma história de mais de três mil anos

A utilização dessa essência no culto divino provém de uma prescrição feita pelo Senhor a Moisés, na mesma ocasião em que Este lhe entregou, no Monte Sinai, as Tábuas da Lei. O próprio Deus lhe ditou como deveria ser feito:
“Toma aromas: estoraque, ônix, gálbano de bom cheiro, incenso lucidíssimo, tudo em peso igual. Farás um perfume composto segundo a arte de perfumador, manipulado com cuidado, puro e digníssimo de ser oferecido. E, quando tiveres reduzido tudo a um pó finíssimo, pô-lo-ás diante do tabernáculo do testemunho, no lugar em que eu te aparecer. Este perfume será para vós uma coisa santíssima” (Ex 30, 34-36).
Deus não deixa a menor dúvida de que essa essência odorífera deveria ser usada exclusivamente para o esplendor do culto divino: “Todo homem que fizer uma composição semelhante para gozar de seu cheiro, perecerá no meio do seu povo” (Ex 30,38).
Assim, obedecendo ao que Deus determinou a Moisés, o povo eleito queimou durante vários séculos, pela manhã e pela tarde, em homenagem ao Senhor um incenso de suave fragrância.
Os Reis Magos ofereceram ouro, incenso e mirra ao Menino Jesus
Os Reis Magos ofereceram ouro, incenso e mirra ao Menino Jesus
No Novo Testamento, ele surge já nos primeiros dias do Menino Jesus. Entrando os Reis Magos na casa onde estava Ele com sua Mãe, prostraram-se e O adoraram, em seguida abriram seus tesouros e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. “O incenso era para Deus, a mirra para o Homem e o ouro para o Rei”, diz São Leão Magno (Sermão n. 31). Portanto, dos três dons oferecidos, o de maior valor simbólico era o incenso.

A serviço do esplendor da Liturgia

Devido ao fato de os povos pagãos costumarem queimar todo tipo de perfumes em seus cultos idolátricos, por cautela a Igreja demorou certo tempo em admitir seu uso nas cerimônias litúrgicas.
Logo, porém, que a Liturgia começou a se desenvolver, ele fez seu aparecimento. Assim, nas primeiras décadas do quarto século, o Imperador Constantino ofereceu à Basílica de Latrão dois incensórios, feitos de ouro puro, os quais provavelmente permaneciam fixos em seus lugares e eram usados para perfumar o lugar santo.

O Papa Sérgio I (687–701) mandou dependurar na igreja um grande incensador de ouro para que, “durante as Missas solenes, o incenso e o odor de suavidade se elevassem mais abundantemente para o Deus Onipotente”.
Surgiu depois o turíbulo, mas, de início, sua utilização consistia apenas em ser levado pelo subdiácono à frente do cortejo litúrgico, perfumando o percurso do celebrante na entrada e na saída da Missa, e na procissão do Evangelho.
No correr do tempo, com o aperfeiçoamento das celebrações, instituiu-se a incensação no momento do Evangelho, depois no Ofertório e, por fim, no séc. XIII, na elevação da hóstia e do cálice.
Atualmente a incensação durante a Missa é facultativa, podendo ser feita durante a procissão de entrada, no início da Celebração, na proclamação do Evangelho, no Ofertório, e na elevação da hóstia e do cálice após a Consagração (cf. IGrMR, 235).

Efeitos e finalidades

O celebrante põe incenso no turíbulo e o benze com o sinal-da-cruz. Essa bênção faz dele um sacramental, isto é, um “sinal sagrado” mediante o qual, imitando de certo modo os sacramentos, “são significados principalmente efeitos espirituais que se alcançam por súplica da Igreja” (CIC nº 1166).
Um desses efeitos pode ser verificado no motivo da incensação do altar e das oferendas, na Missa. Incensa-se o altar para purificá-lo de qualquer ação diabólica, e as oferendas para torná-las dignas de serem usadas no Mistério Eucarístico.

O incenso é primordialmente um ato de homenagem a Deus, a Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como aos homens e objetos consagrados ao culto divino.
Segundo São Tomás de Aquino, a incensação tem duas finalidades. A primeira é fomentar o respeito ao sacramento da Eucaristia, já que ela serve para eliminar, com um perfume agradável, os maus odores que poderiam existir no lugar.
A segunda, representar a graça, da qual, como um bom aroma, Cristo estava cheio.
Por fim, o carvão aceso no turíbulo e o perfume que se evola servem também para nos advertir que, se queremos ver nossas orações subirem assim até o trono de Deus, devemos nos esforçar para ter o coração ardente com o fogo da caridade e da devoção.
E como sobe a fumaça perfumada para o céu suba ao Senhor nossos louvores.
O INCENSO

Foto de Emilio Carlos Mancini. Ao Senhor Deus oferece-se incenso.
É adoração e honra.
Incenso é louvor e adoração às coisas sagradas, e ao próprio Deus. É algo litúrgico.
Diante da tenda da Aliança Israelita de Jerusalém, o lugar chamado Santo dos Santos se encontrava o altar do incenso.

A primeira página da história da Nova Aliança é escrita enquanto Zacarias, pai de São João Batista, oferece sacrifício do incenso no santuário do templo. (Lucas 1,9):“coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume.”
É uma riqueza litúrgica, no início da Missa quando se rodeia o altar com incenso. É uma glorificação e honra ao Rei e Senhor, pois o altar da igreja representa Cristo.

No Ato Penitencial o incenso se destina a purificar, limpar, expiar os pecados.

No Evangelho que vai ser lido o incenso é respeito e veneração ao Livro Sagrado, uma homenagem a Cristo que nos fala.

Quando se incensa as oferendas o pão e o vinho, o altar, o celebrante e outros sacerdotes presentes, o povo de Deus, meditamos dentro de nós: Eleve-se Senhor, minha oração como este incenso à vossa presença, e desça sobre nós a Vossa Misericórdia.
É por tudo isso que o incenso deve ser recebido com alegria.

O incenso exprime nossa libertação do “hálito penitencial” do pecado, tornando-se expiação e perdão.
Olhando a nuvenzinha de fumaça que se eleva, se inclinando e desce, pensamos em nossa oração e louvor que sobe e na graça divina que desce.
Olhando o pequeno fogo de carvão no fundo do turíbulo, ele nos fala do calor que devemos ter para com Deus. É uma honra prestada a Deus.

O queimar incenso ou a incensação exprime reverência e oração.

O incenso na Sagrada Escritura
O incenso fazia parte da mistura aromática sagrada destinada a Deus (Ex 30, 34) e se transformou em símbolo de adoração. “O Senhor disse a Moisés: “Toma aromas: resina, casca odorífera, gálbano, aromas e incenso puro em partes iguais.”
Com a oferta do incenso os magos do Oriente adoraram o menino Jesus como o recém-nascido Salvador do Mundo. Quando no momento da consagração se incensa o Corpo e Sangue do Senhor, elevados para adoração dos fiéis, recordamos a Epifania: Mateus 2, 11: “Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra”. (Com estes presentes oferecidos pelos Magos surgiu a tradição de dar presentes no Natal, em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países a principal troca de presentes é feita no dia 6 de Janeiro – festa de Reis, no Brasil – e os pais muitas vezes se disfarçam de reis magos.
Ungirás com ele a tenda de reunião e a arca da aliança, a mesa e seus acessórios, o candelabro e seus acessórios, o altar dos perfumes, o altar dos holocaustos e todos os seus utensílios, e a bacia com seu pedestal. Depois que os tiveres consagrado, eles tornar-se-ão objetos santíssimos, e tudo o que os tocar será consagrado. Ungirás Aarão e seus filhos, e os consagrarás, para que me sirvam como sacerdotes. (Ex 30, 26-30)

A oferenda do incenso e a oração são sacrifícios apresentados a Deus, como diz o salmo 140, que proclama: ‘Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde.’ Com estas palavras, na Igreja Oriental, o celebrante ora durante as Vésperas e Laudes matutinas dos dias de festa espalhando em torno de si o perfume do incenso.

No último livro do Antigo Testamento, o Apocalipse, João vê vinte e quatro anciãos que estavam diante do Cordeiro de Deus, com arpas e taças de ouro cheias de incenso: São as orações dos santos (Ap 8,3-4): “Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono.4.A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.”

No livro de Êxodo (30, 34), vemos que Moisés trouxe do alto do Monte Sinai não só instruções detalhadas para a Arca da Aliança, mas também receitas de incenso sagrado (Olíbano, gálbano, onicha, estoraque) com rituais específicos para seu uso: O Senhor disse a Moisés: “Toma aromas: resina, casca odorífera, gálbano, aromas e incenso puro em partes iguais. Farás com tudo isso um perfume para a incensação, composto segundo a arte do perfumista, temperado com sal, puro e santo. Depois de tê-lo reduzido a pó, pô-lo-ás diante da arca da aliança na tenda de reunião, lá onde virei ter contigo.

Essa será para vós uma coisa santíssima. Não fareis para vosso uso outro perfume da mesma composição: considerá-lo-ás como uma coisa consagrada ao Senhor. Se alguém fizer uma imitação desse perfume para respirar o seu odor, será cortado do meio de seu povo.”
“Que minha oração suba até Vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para Vós, sejam como a oferenda da tarde.”(Sl 140, 2)

História

Os cristãos adotaram cedo o uso do incenso. Em Jerusalém, no século IV, já se empregava em todos os grandes Ofícios. Antes disso, Os incensos não podiam ser usados abertamente nos primórdios da Igreja Cristã, uma vez que evidenciariam a ocorrência das celebrações cristãs, que na época ocorriam de forma secreta. Ainda hoje o queima para honrar o altar, as relíquias, os objetos sagrados, os sacerdotes e os próprios fiéis, e para propiciar a subida ao céu das almas dos falecidos no momento das Exéquias
Queimadores de incenso foram encontrados em Jericó em 7500 a.C.
O Incenso do Líbano e a Mirra foram dois dos presentes dos Magos a Jesus Cristo.
Para várias culturas, o incenso é um elo com o sagrado. “A fumaça aponta para o mistério de Deus, ajuda a transcender”, diz Maria Ângela Vilhena, professora do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Na Liturgia

Foto de Emilio Carlos Mancini.Nos Cânones Apostólicos, o incenso é um dos requisitos nas Cerimônias de Eucaristia. As práticas de sacrifícios evoluíram do primitivo sacrifício de animais para o uso atual do incenso. Na utilização de incensos nas missas, podemos perceber o turíbulo como o antigo altar de sacrifício, no qual é ofertada a resina, que é em essência o sangue da árvore. Este sangue é então queimado em sacrifício. O recipiente no qual fica o incenso antes de sua utilização é a representação de um barco; sendo que os mais antigos lembram a Arca de Noé.

O recipiente em que se queima o incenso é chamado incensário ou turíbulo.
Graças à benção propiciada pelo incenso antes de seu uso, ele chega a ser um sacramental (sinal sagrado, que possui certa semelhança com os sacramentos e do qual se obtém efeitos espirituais).
O incenso deve envolver toda uma atmosfera sagrada de oração que, como uma nuvem perfumada, sobe até Deus. O agitar do turíbulo em forma de cruz recorda principalmente a morte de Cristo e seu movimento em forma de círculo revela a intenção de envolver os dons sagrados e de consagrá-los a Deus.

Na consagração solene de um altar, depois da unção da mesa, queima-se incenso e outros aromas sobre os cinco pontos do altar. O bispo interpreta esse gesto com as palavras: “Suba até vós, Senhor, o incenso de nossa oração; e como o perfume se espalha por este templo, assim possa tua Igreja expandir para o mundo o suave perfume de Cristo.

A incensação do altar faz-se com simples ictus (ligeiro movimento de oscilação) do seguinte modo:
a) se o altar está separado da parede, o sacerdote incensa-o em toda a volta;
b) se o altar não está separado da parede, o sacerdote incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado esquerdo. Se a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada antes da incensação do altar; aliás, é incensada quando o sacerdote passa diante dela.

O sacerdote incensa as ofertas com três ductos do turíbulo, antes de incensar a cruz e o altar, ou fazendo, com o turíbulo, o sinal da cruz sobre elas
O incenso é utilizado em missas solenes em uma homenagem a Deus.
No momento em que o padre e os fiéis são incensados sobe até os céus um louvor a Deus.

Pode usar-se o incenso em qualquer forma de celebração da Missa:
a) durante a procissão de entrada;
b) no princípio da Missa, para incensar a cruz e o altar;
c) na procissão e proclamação do Evangelho;
d) depois de colocados o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as ofertas, a cruz, o altar, o sacerdote e o povo;
e) à ostensão da hóstia e do cálice, depois da consagração.

O sacerdote, ao pôr o incenso no turíbulo, benze-o com um sinal da cruz, sem dizer nada.
Antes e depois da incensação, faz-se uma inclinação profunda para a pessoa ou coisa incensada, exceto ao altar e às ofertas para o sacrifício da Missa.
Incensam-se com três ductos (impulsos horizontal) do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas à veneração pública, as ofertas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.
Com dois ductos incensam-se as relíquias e imagens dos Santos expostas à veneração pública, e só no início da celebração, quando se incensa o altar.

Da próxima vez que ouvirmos referências ao incenso em uma das partes mais importantes do sacrifício da Missa, lembremo-nos que o incenso é bem mais do que apenas fumaça:
“Como este incenso que se eleva em tua presença, Oh Senhor, assim venha a nossa prece alçar-se diante de teus olhos. Que os teus santos anjos venham rodear o teu povo e infundir-lhes o espírito de tua bênção”.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ser livre para poder amar

a_liberdade_do_homem_poucas_palavras 

A liberdade é o maior dom que Deus nos deu; maior até do que a inteligência.
É, acima de tudo, a liberdade que nos faz “imagem” de Deus. Se Ele não nos tivesse feito livres, seríamos como robôs, ou marionetes, ou teleguiados; não seríamos “semelhantes” a Ele.
Para garantir a nossa dignidade Deus nos fez livres, capazes de escolher o bem ou o mal,  e até capazes de virar as costas para o próprio Criador.
Quando a sociedade quer punir o homem, por ele abusar da liberdade, então tira-a, colocando-o na prisão.
O pecado é sempre um “abuso da liberdade”; isto é, o seu mal uso.
Você só poderá dar-se integralmente a alguém, e amar, se você for verdadeiramente livre.
Mas hoje existem também muitas “caricaturas” da liberdade, assim como do amor.
Muitos se enganam pensando que ser livre é poder dizer “eu faço o que quero”.
Muitos pensam que ser livre é não ter leis que obedecer, dogmas a aceitar ou verdades pré-fixadas a acolher. É um engano.
Será que você é livre quando não respeita os sinais de tráfego, e, por desrespeitá-los acaba saindo da estrada e se acidentando?
É claro que não, você está sendo irresponsável, e muito burro!
Será que você é livre, quando teima em dizer que: 2 + 2 = 5 !
É claro que não, você está sendo insensato, incoerente e ilógico.
Será que você pode dizer que é livre porque usa a bebida ou a droga como quer e quando quer, porque é dono do seu nariz?
É claro que não, você está sendo louco e destruindo a sua vida.
Será que você pode dizer que é livre porque usa o seu corpo à vontade, dando-lhe todos os prazeres da gula e do sexo?
É claro que não, você está profanando o templo santo do Espírito de Deus que é o seu próprio físico, e está sendo escravo das suas paixões.
Portanto, não diga que você é livre porque faz o que quer, independente da vontade de Deus e dos homens.
Ser livre não é  “fazer o que você quer” , sem restrições.
Esta é a liberdade do animal, que não possui a luz da inteligência e a força da vontade para guiar os seus passos e manter-se de pé.
Será que na empresa em que você trabalha, você só faz o que quer, chega na hora que quer, e só realiza o que tem vontade de fazer? É claro que não, você obedece ordens, normas e horários.
Jamais diga que ser livre é fazer o que você quer, sem restrições.
A sua liberdade não depende só do seu corpo, mas do seu espírito, acima de tudo.
Mesmo que você esteja numa cela ou preso numa cama, ainda assim é possível ser livre, porque nada e ninguém pode aprisionar o  seu espírito.
Na verdade, é você mesmo quem limita a sua liberdade, quando permite ser conduzido pelos caprichos do seu corpo ou pelas manhas da sua sensibilidade. Esta é a pior escravidão. Você pensa que é livre, mas na verdade você é dominado pelos instintos.
Ser homem, é exatamente vencer os instintos que nos querem roubar o dom precioso da liberdade, que custou até o sangue de Jesus.
Podemos prender um navio ao cais do porto por muitas cordas; mas enquanto ele estiver preso por uma só corda, ainda não poderá navegar livremente, mar adentro, até o seu destino.
Você não estará livre enquanto qualquer amarra o impedir de caminhar.
Se você estiver preso demais a alguma coisa, ainda não é livre.
Se você se apegou a alguém de maneira descontrolada, deixou de ser livre.
Se você é escravo de algum vício, então é claro que você não é livre plenamente.
Se os instintos do corpo ou da sensibilidade, o “pegam pelo nariz” e o obrigam a satisfazê-los, então, é claro que você não é livre.
A liberdade, portanto, não é estar livre de leis, verdades e dogmas sagrados, mas é estar livre de nossos vícios.
A liberdade pode se transformar em libertinagem, abuso da liberdade.
Isto acontece quando você quer ser livre sem respeitar a “verdade” e a “responsabilidade”. Elas são os trilhos sobre os quais a liberdade deve caminhar para não enlouquecer, e não fazer de você um libertino.
Liberdade sem verdade é loucura.
Liberdade sem responsabilidade é depravação.
Existe uma verdade científica, religiosa, moral… que a liberdade tem que obedecer para ser autêntica.
A liberdade deve também respeitar a responsabilidade.
Você pode dar murros no ar à vontade, mas até que não atinja o nariz de alguém.
Se você ultrapassar este limite, não mais está sendo livre, mas perverso, libertino.
Para você ser livre é preciso “conquistar” a sua liberdade, lutando contra você mesmo, para não ceder aos instintos cegos que o escravizam.
Você será livre, não quando conseguir dominar os outros, mas quando, enfim, dominar a si mesmo. Que conquista!
Diz um Salmo que vale mais aquele que domina a si mesmo  do que aquele que conquista uma cidade.
Não fique dizendo que as coisas erradas que você faz é culpa do seu temperamento incontrolável ou da sua fraqueza moral, etc.  …
Lute contra tudo isto e conquiste este tesouro que se chama liberdade.
Você só será livre quando for uma pessoa “de pé”: o espírito comandando a sensibilidade e o físico.
Não há dúvida de que quanto mais “coisas” você possui: roupas, casas, dinheiro, carros, discos, etc., maior será a sua luta para não permitir que tudo isto acorrente a sua liberdade.
Ser livre é ser desapegado e despojado: dos egoísmos, dos vícios, e dos prazeres.
Isto não quer dizer que você não possa usar todas essas coisas; elas são às vezes indispensáveis.
A Liturgia da Igreja nos ensina que é preciso “caminhar entre as coisas que passam, abraçando somente  as que não passam”.
Ser livre é apegar-se somente às coisas que não passam: o bem que reside no seio da virtude.
Só é livre aquele que comanda as suas ações, e não se deixa arrastar pela força dos instintos.
Se você não for livre, então será escravo de muitas coisas: da indecisão, da angústia, da instabilidade…, enfim, você não será uma pessoa madura e preparada para amar.
Só sabe amar; só pode dar-se, aquele que se possui, aquele que é livre.
Quando você é livre todas as suas ações são boas, segundo a vontade de Deus, pois obedecem a verdade e a responsabilidade.
Você será plenamente livre quando for plenamente obediente a Deus e às suas Leis: Deus é o grande Livre !
Nossa liberdade é proporcional à dignidade daquele que obedecemos. Se você obedece à Deus é livre, se serve ao pecado,  é escravo do pecado, ensina São Paulo aos romanos.
Jesus é Aquele que é Livre, e faz Livres os que O seguem.
“Vinde a mim, vós todos os que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,29-30).
Obedecer as Leis de Deus é o jugo suave e leve; é ser de fato livre.
O pássaro só é livre se voar nos céus; o peixe só é livre se nadar nas águas.
Jamais o pássaro será livre se quiser voar dentro da água; e jamais o peixe será livre se quiser nadar na terra.
Assim, você só será livre se aceitar viver da maneira e da forma exatas que o Pai estabeleceu para você viver.
A verdade que o faz plenamente livre é a Verdade de Jesus:
“Eu sou a Verdade”.
“Se permanecerdes na minha palavra sereis meus verdadeiros discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,31-32).
Quanto mais você for fiel e obediente às Leis de Deus, mais livre você será e mais apto para amar.
Quem é o viajante livre, aquele que obedece os sinais da estrada que lhe indicam os perigos, ou aquele que os desobedece e se acidenta?
Deus é o nosso Criador; Ele nos fez com sabedoria e amor. Ele escreveu o “catálogo” sob o qual cada um deve viver para ser feliz e ser livre.
O que acontece se você desobedece ao catálogo do fabricante que manda ligar a televisão numa fonte elétrica de 110 volts?
Ela queimará se você a ligar em outra voltagem, ou então, não captará as imagens.
O que acontece se você desrespeitar o catálogo do seu carro que manda abastecê-lo com gasolina?
Se você encher o tanque de álcool, porque é mais barato, o seu carro não vai funcionar bem e o motor será prejudicado.
E assim é tudo na vida; toda a criação de Deus está sujeita a leis naturais que devemos obedecer. Só o homem – porque tem inteligência e vontade – é capaz de desobedecer às leis pelas quais Deus faz o universo belo…
Quando você desobedece as leis de Deus, os seus Mandamentos, você “queima” a sua vida, como aquela televisão ligada em 220 volts.
Só Deus nos faz plenamente livres. Só os seus “escravos” são  perfeitamente livres; e, por isso, aptos para amar como Ele ama.
Se você quiser amar o seu namorado de verdade, então, ame e obedeça o Evangelho e a Igreja; você será uma pessoa inteira, livre, capaz de dar-se, de amar e de construir o outro.
Não aceite as caricaturas da liberdade porque elas são verdadeiras escravidões.
É a obediência a Deus que alimenta a nossa liberdade e o nosso amor.
Cristo aceitou morrer na cruz para conquistar para você a verdadeira liberdade; pois, ali Ele matou o pecado que escraviza. Esta liberdade você recebeu no Batismo; não a perca por nada neste mundo.
São Paulo pediu aos gálatas insistentemente:
“É para que sejamos homens livres, que Cristo nos libertou [do pecado]. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão” (Gal 5,1).
Este “jugo da escravidão” é o jugo do pecado, que destrói a vida.
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6, 23).
O que para o mundo é motivo de tristeza, a luta para vencer o pecado, a entrada pela “porta estreita” que Cristo recomenda, para os filhos de Deus é motivo de verdadeira e autêntica libertação. O verdadeiro escravo neste mundo é aquele que tem a sua alma amordaçada pelo pecado, pelos vícios.
Se você quiser ser verdadeiramente livre, e levar os outros à esta liberdade insuperável, então, vença o pecado, e ajude os outros a fazê-lo; especialmente o seu namorado.

Do Livro: NAMORO, Prof. Felipe Aquino

Mais um ano se aproxima! 

A humanidade inteira geme de dor como uma mulher em dores de parto...
Este ano que está quase chegando ao fim, foi marcado por muitas contradições, aqui no Brasil, o cenário mais caótico e repetitivo foi o lavo jato, em nível mundial muitos ataques terroristas e crises no setor econômico....
Mais um ano se aproxima, o que realmente a humanidade espera para 2016?
 
Amados irmãos e irmãs, a esperança nunca decepciona quando firmada no coração do Pai da Misericórdia, sempre Ele está surpreendendo a cada momento, este Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco é uma oportunidade para todos nós abrir portas de esperança àqueles que estão à margem de tudo...
Assim vamos caminhando rumo ao novo ano, pelas ruas andam sem destino milhões de irmãos e irmãs que nãos sabem aonde chegar. ...grandes filas de desesperançados dão um colorido ao mundo. ...no entanto, devemos promover a esperança que sempre se renova, trazendo novas certezas para todos os que não acreditam num futuro promissor.
Estamos em clima das festividades litúrgicas neste tempo de natal, e fica para nós uma questão: o que seria natal para os milhões de desempregados, injustiçados, sem terra e se teto? Sem amor? Como as milhares de pessoas que ficaram sem receber seus direitos trabalhistas neste final de ano? Como pensar naqueles que estão incluídos cruelmente no sistema que gera cada vez mais pessoas empobrecidas?
Que no próximo ano, a solidariedade seja mais planetária, o amor seja globalizado, a fraternidade seja mais de comunhão e participação...
Peçamos à Virgem Maria que peça ao seu filho que não deixe o vinho acabar, ou que faça novamente o sinal da transformação da água em vinho!
Texto: Frei Geraldo Bezerra de Sousa, OC

O SIM que mudou a história da humanidade

O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para dar início à História da nossa Salvação…
Santo Agostinho disse que: “Adão, sendo homem, quis tornar-se Deus e perdeu-se. Cristo, sendo Deus, quis fazer-se homem para a salvação do homem. Por seu orgulho o homem caiu tão baixo que só podia ser levantado pelo abaixar-se de Deus”.
O pecado original nos fez perder a filiação divina; a humanidade foi expulsa do paraíso; e só poderia se reconciliar com Deus se houvesse a salvação por meio de Deus mesmo. 

Mas, para que o Filho de Deus pudesse se tornar também homem, e nosso Salvador, sem deixar de ser Deus, era preciso que fosse concebido por uma mulher. Desde a queda de Adão e Eva Deus já tinha prometido que a salvação da humanidade viria por meio de uma Mulher, já que o demônio seduziu a primeira mulher para injetar seu veneno na sua descendência. Deus disse à Serpente maligna: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3,15). Esta Mulher prometida no Protoevangelho era Maria.
Este projeto de Deus para a nossa salvação se realizou como São Paulo explicou: “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gal 4,4). Por meio da Virgem Maria veio o Salvador, que nos reconciliou com Deus por Sua morte e ressurreição. Nele nos tornamos novamente filhos de Deus por adoção, pelo Batismo, e Deus enviou o Espirito Santo aos nossos corações.
Diz o nosso Catecismo que: “A Anunciação a Maria inaugura a “plenitude dos tempos” (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará “corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9).
Deus anunciou muitas vezes pela boca dos seus profetas como isso aconteceria. O Salvador viria da tribo de Davi, filho de Jessé: “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes ”(Is 11,1). “O próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma Luz… um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre os seus ombros, e ele se chama: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Príncipe da Paz” (Is 9,1-7). Quando Ele vier e estabelecer Seu Reino entre nós, haverá paz e bem estar:
“Então o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente. Não se fará mal nem dano em todo o meu Santo Monte.” (Is 11,1-9). Virá Aquele que “ilumina todo homem que vem a este mundo” (João 1,9).
Ele será o Messias, o esperado pelas nações, “o mais belo dos filhos dos homens”. Sem a sua luz o homem vive nas trevas; “permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável”, como disse São João Paulo II; sem Ele ninguém sabe quem é, e não sabe para onde vai.
Mas para que tudo isso acontecesse, Deus tinha de escolher uma Mulher, a melhor Mulher, e escolheu. A tradição judaica diz que todas as mulheres judias acalentavam o sonho de ser a Mãe do Messias, menos a pequena Maria, escondida na pequenina e desprezada Nazaré. Mas Deus precisava da mulher mais humilde para esta missão, porque a primeira mulher foi soberba, pecou porque “quis ser como Deus”. Santo Irineu de Lião (†200) disse que pela obediência de Maria foi desatado o nó da desobediência de Eva. E Jesus pela radical humilhação anulou a soberba de Adão.
A Igreja nos ensina que: “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4), mas, para “formar-lhe um corpo” quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26-27): “Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”. (Cat. n. 488; LG, 56).
O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para dar início à História da Salvação. “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,38). Não colocou qualquer obstáculo e nem a menor exigência ao plano e à vontade de Deus. Então Nela o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Foi inaugurada a História da nossa salvação. Deus se fez homem no sei da Virgem preparada por Deus, concebida sem pecado original, virgem como Eva, mas Imaculada. Deus a escolheu por ser a mais humilde de todas as mulheres. Ela canta em seu Magnificat: “Ele olhou para a humildade de Sua serva”.
O Espírito Santo foi enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é “o Senhor que da a Vida”, fazendo com que ela concebesse o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua. Quando ela foi servir a Sua prima Santa Isabel, logo foi saudada por Isabel, cheia do Espírito Santo, como “a Mãe do meu Senhor”.
Santo Agostinho exclama: “És Maria, a beleza e o esplendor da terra, és para sempre o protótipo da santa Igreja. Por uma mulher, a morte, por outra mulher a vida: por ti, Mãe de Deus. Eva foi a causadora do pecado; Maria, causadora do merecimento. Aquela feriu, esta curou. Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do que concebendo a carne de Cristo. Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo a luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo do seu seio, Virgem sempre. Jesus tomou carne da carne de Maria. Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua Divina Maternidade”.
O SIM de Maria fez dela a Mãe do Senhor, a Mãe da Igreja e a Mãe de cada irmão de Jesus resgatado pelo Seu Sangue. Diz ainda Santo Agostinho: “Maria é chamada nossa Mãe porque cooperou com sua caridade para que, nós, fiéis, nascêssemos para a vida da graça, como membros da nossa cabeça, Jesus Cristo”. São Tomás de Aquino disse que: “Maria pronunciou o seu “fiat” (faça-se) em representação de toda a natureza humana”. “Por ser Mãe de Deus, Maria, tem uma dignidade quase infinita”. Em nome de cada um de nós Nossa Senhora disse Sim a Deus, e a salvação chegou até nós. Por isso Deus fez dela a medianeira de todas as graças.
São Francisco de Sales, o grande doutor inspirador de Dom Bosco disse que: “As crianças, vendo o lobo, correm logo para os braços do pai ou da mãe, pois ali se sentem seguras. Assim devemos fazer: recorrer imediatamente a Jesus e a Maria”.
Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o Filho atenderá sua Mãe. Tal é a vontade de Deus, que quis que tenhamos tudo por Maria”, disse o doutor São Bernardo. Ele garante que “Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus. Deus depositou em Maria a plenitude de todo o bem”. Por isso, o grande doutor dizia:
“O servo de Maria não pode perecer. Se se levantam os ventos das tentações, se cais nos escolhos dos grandes sofrimentos, olha para a Estrela, chama por Maria! Se as iras, ou a avareza, ou os prazeres carnais se abaterem sobre a tua barca, olha para Maria. Se, perturbado pelas barbaridades dos teus crimes, se amedrontado pelo horror do julgamento, começas a ser sorvido em abismos de tristeza e desespero, olha para a Estrela, chama por Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração. Maria é a onipotência suplicante”.
Texto: Prof. Felipe Aquino

 Veja como Maria Santíssima inspira tudo o que é belo e elevado – tudo o que tem a luz divina:

 

 Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Eu sou a Luz do mundo! Quem me segue não anda em trevas!”.

Quanto mais uma alma se aproxima de Jesus, tanto mais luminosa ela se torna.
E como a alma de Maria Santíssima andou sempre tão perto de Jesus, na mais íntima união com Ele, foi, por isso, uma alma, verdadeiramente, de luz maravilhosa!

Alma que, por isso, tem iluminado com sua luz, reflexo de luz eterna, gerações e gerações de homens, nas mais belas manifestações de seu gênio, de seu espírito, de seu coração.

A luz é muito ou é tudo na pintura.
Eis porque a pintura se transformou aos reflexos de Maria. Qual é dos grandes mestres que não procurou captar um pouco, ao menos, desta luz em suas telas?
E na escultura, e na poesia, e na musica, como é grande a influência de Maria com sua alma de luz! E da eloquência cristã, como jorram ondas de luz, inspirada por Maria!

Ela coroada de estrelas, Ela, tendo a lua como escabelo, Ela, iluminada de cheio pelo Sol Divino, Jesus Cristo Nosso Senhor!
É realmente uma alma de luz, que tem transfigurado toda a civilização cristã. Por isso a Igreja exprime uma grande verdade, quando canta: Salve, ó estrela do mar!
Isto é, Salve, Senhora, que, com Vosso brilho único, tendes iluminado o mar proceloso deste mundo e levado ao porto de salvamento a todas as almas que por Vós se norteiam!

Os franciscanos, apenas se reúnem, de manhãzinha, ainda escuro, é o seu primeiro grito de socorro e esperança: Salve, ó estrela do mar! Guiai os nossos passos, pelo dia em fora…
E os jesuítas, é à noitinha, que prestam a mesma homenagem à alma luminosa de Maria: Salve, ó estrela do mar! Atravesse com Vossa luz conosco as trevas da noite…

E quanta inteligência foi aclarada pela intercessão radiosa de Maria!
De Santo Alberto Magno se conta que era tão rude de engenho, que queria deixar os estudos e a Ordem, quando em sonhos lhe apareceu a Senhora, espancando as trevas daquela cabeça de escol, que deveria iluminar, com a sua doutrina, não só a Ordem Dominicana, mas a Igreja universal, da qual hoje é Doutor.
Do grande teólogo jesuíta Suarez, assombro de seu século, se conta o mesmo fato; o mesmo de nosso Padre Antônio Vieira, luz do púlpito e da literatura; ambos iluminados milagrosamente pela mediação de Maria.

E, por isso, Ela foi sempre considerada em todas as casas católicas de ensino, como principal padroeira, a quem os estudantes invocam cheios de confiança: Sede da sabedoria, rogai por nós! E sabedoria é sinônimo de luz.

E para quantas almas cegas pelo pecado, transviadas na escuridão do erro e do vício, à beira já do abismo tenebroso do desespero, foi Maria a luz suavíssima que lhes iluminou os passos no caminho da regeneração.

Oh, alma de Maria! Alma de luz! Com que humilhação olhamos nós, agora, para a nossa alma!
Sem luz para as grandes ações, sem luz para as resoluções generosas, sem luz para uma vida verdadeiramente sobrenatural.
Se não andamos, por graça de Deus, em plena escuridão, vamos nos arrastando, penosamente, numa semi-obscuridade, que nos distancia, cada vez mais, de Deus Nosso Senhor.

Entretanto, poderíamos ter luz em abundância, luz para nós e luz para os que nos rodeiam…
Ó Maria – alma de luz – tornai luminosas as nossas almas, aproximando-as sempre mais da Luz Eterna, que é Jesus Cristo Nosso Senhor. Assim seja!
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 "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento." 

29/12/2015 Terça-feira Oitava do Natal

Oitava do Natal - 1ª Semana do Saltério
São Lucas 2,22-35
 
Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor.
Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão recebeu-o nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele.
Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti uma espada te traspassará a alma”. - Palavra da Salvação.
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Quem espera no Senhor jamais será decepcionado, pois ele sempre cumpre as suas promessas. Deus prometeu durante todo o Antigo Testamento a vinda do Messias e muitos em Israel acreditaram nessa promessa, vivendo na esperança da sua chegada. 
 
O canto de Simeão nos mostra esta esperança e a alegria da realização da promessa, assim como os elementos principais da missão messiânica de Jesus, que será um sinal de contradição para o povo, pois será libertação para o pobre e condenação para aqueles que não acreditam nele e na sua palavra, de modo que não se convertem.
A cena da apresentação do menino Jesus no templo e o rito de purificação de Maria são ricos em detalhes que evidenciam a identidade do Salvador. 
 
Revestem-se de um conjunto de elementos proféticos, pelos quais a existência de Jesus se pautará. Ele foi apresentado como pobre. Seus pais ofereceram um casal de rolinhas ou dois pombinhos, como era previsto para as famílias mais pobres Aliás, toda a vida de Jesus transcorrerá na pobreza. 
 
Com o rito de oferta, o Messias tornava-se uma pessoa consagrada ao Pai. Esta será uma marca característica de sua existência. Não se pertencerá a si mesmo; todo seu ser estará posto nas mãos do Pai, por cuja vontade se deixará guiar. 
 
O velho Simeão definiu a missão do Messias Jesus: ser luz para iluminar as nações e manifestar a glória de Israel para todos os povos. Por meio de Jesus, a humanidade poderia caminhar segura, sem tropeçar no pecado e na injustiça, e, assim, chegar ao Pai. Por outro lado, o Messias Jesus estava destinado a ser sinal de contradição. 
 
Quem tivesse a coragem de acolhê-lo, seria libertado de seus pecados. Mas para quem se recusasse aderir a ele, seria motivo de queda. 
Portanto, Jesus seria escândalo para uns, e ressurreição para outros. Esta cena evangélica retrata, assim, o que Jesus encontraria pela frente. 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Todo-Poderoso fez-se todo debilidade

Clara Isabel Morazzani -
Presépio - Vitral.jpg

O Império Romano havia atingido um auge de progresso, mas também se afundara num abismo de decadência moral. E o mundo civilizado não encontrava solução para seus problemas. 

Um frágil Menino veio trazer a luz à terra.

Muito se tem falado da grandeza e do esplendor da antiga Roma... e não sem razão. Basta fazer uma rápida visita à Cidade Eterna, percorrer os foros, admirar as gigantescas ruínas das Termas de Caracalla, contemplar por alguns momentos o Coliseu ou parar diante do famoso Pantheon, cujas proporções arquitetônicas deixam extasiados os especialistas modernos, para dar-se conta dos inúmeros dons de inteligência e organização com os quais foi aquinhoado o povo romano. Soube ele fazer uso de suas capacidades naturais. Unindo ao espírito empreendedor uma rara subtileza, impôs-se às outras nações, quase todas afundadas na completa barbárie, e instalou uma civilização a seu modo: floresceram o cultivo dos campos e a criação de rebanhos, surgiram as construções sólidas, as cidades populosas, as estradas seguras. A pax romana estendeu- se por toda parte, até os extremos limites do Império. Olhando para o caminho percorrido, os romanos podiam sentir uma compreensível ufania por ter atingido um auge de cultura, riqueza e poder.

O egoísmo era a lei que regia as ações do homem

Contudo, a realidade desse quadro - pintado por alguns entusiastas como Sêneca, Plinio e Plutarco - aparece- nos bem diferente ao considerarmos, em seus detalhes, a decadência social e moral do mundo romano de então. Por debaixo de todos aqueles esplendores latejava uma profunda miséria. Roma tornara-se, não a rainha, mas a tirana da humanidade.
Em toda parte acentuava-se o contraste entre a riqueza e a indigência, bem como o domínio despótico do forte sobre o fraco. O egoísmo era a lei que regia as ações do homem.

Por outro lado, uma imensa corrupção dos costumes se alastrava por todo o território dos césares. A existência dos cidadãos livres decorria numa ociosidade propícia a todos os vícios, na procura desordenada do luxo e dos prazeres. As crônicas daMenino Jesus Arautos do Evangelho.jpgépoca nos descrevem algumas das diversões que tanto atraíam as turbas: orgias, corridas, lutas de gladiadores, comédias. O que mais agradava àquele povo embrutecido era ver correr o sangue humano; com freqüência, ele se mostrava exigente com os imperadores, se o espetáculo não era suficientemente sanguinário para causar-lhe o delírio.

Para compreender o estado de degradação e imoralidade em que soçobrava a sociedade antiga, basta lembrar a epístola de São Paulo aos romanos, na qual o Apóstolo recrimina os escândalos e abusos aos quais eles chegaram, por não terem procurado chegar a Deus através das criaturas.

Todos buscavam a felicidade onde ela não podia ser encontrada

Esta situação criava na Ásia, na África e na Europa uma atmosfera irrespirável. Tudo quanto os homens haviam desejado e conquistado deixava- lhes na alma um terrível vazio e até um pavoroso tormento. Nada conseguia acalmar seus apetites desregrados; corriam atrás da felicidade, mas buscavam-na onde ela não se encontrava e ao julgar havê-la achado, constatavam que ela não podia saciá-los. Todos sentiam pairar uma grande crise que ameaçava terminar numa ruína inevitável. Assim, o quadro das nações aparecia mergulhado em densas trevas e a História estava, por assim dizer, parada na muda expectativa de uma solução para tantos problemas.

Não faltavam, entretanto, almas boas que manifestavam sua inconformidade ante todos esses desvarios e conservavam uma vaga reminiscência da promessa, transmitida por Adão e Eva ao saírem do Paraíso, da chegada de um Salvador.

De onde poderia vir esse Esperado das nações? Acaso seria um sábio ou um potentado? Ou um príncipe, um general dotado de poder e força extraordinárias, capaz de dominar sobre toda a humanidade? Todos os olhos estavam ansiosamente à procura de alguém do qual pudesse vir o socorro...

O reino da graça, da bondade e da misericórdia

E eis que Deus, confundindo a sabedoria e a ciência deste mundo, mostrou-Se aos homens da forma como estes menos podiam imaginar: um bebê tenro, frágil, comunicativo, deitado sobre as palhas de uma manjedoura, sorrindo!

Ali, no fundo de um estábulo, na humilde cidade de Belém, está reclinada a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, feita Menino para Se colocar à nossa altura e à nossa disposição. Ele não vem convocar soldados, nem impor jugos, nem exigir tributos; não Se manifesta sob os fulgores da justiça punitiva que se revelara no Antigo Testamento. Pelo contrário, esse Deus todo-poderoso faz-se todo-debilidade, a marca da realeza repousa agora sobre os ombros de um encantador Recém-Nascido que abre graciosamente os braços e parece dizer, por entre seus infantis vagidos, o que mais tarde anunciará a todas as gerações: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9, 13). Sim, é um reino que Ele vem implantar, mas este será o reino da graça, da bondade e da misericórdia.

Oh! que a humanidade inteira, cansada e sobrecarregada pelo peso de seus pecados, venha prostrar-se diante desse esplêndido presépio no qual se encontra não só o feno dos animais, mas também o alimento dos Anjos! Que o homem velho se despoje das ações das trevas e corra para adorar, enternecido, a Divina Criança que lhe traz a luz!

No meio da noite escura e fria, um mundo novo começa a surgir em torno da sagrada gruta onde vela José abismado em profundo respeito, ora Maria em maternal contemplação e dorme o Menino em paz celestial... (Clara Isabel Morazzani; Revista Arautos do Evangelho, Dez/2006, n. 60, p. 20-21)
Uma grande alegria

Presepio - Adoraçao pastores - Arautos do Evangelho.jpg

Assim como os pastores encontraram aquele adorável Menino reclinado sobre as palhas do presépio, nós também podemos reencontrá-Lo "reclinado" nos Tabernáculos de todo o mundo.

Clara Isabel Morazzani Arráiz

Era noite. Os pastores que apascentavam seus rebanhos tinham acabado de ouvir o anúncio da Boa Nova que o Anjo lhes fizera, e disseram entre si: "Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou" (Lc 2, 15). Partiram então"com grande pressa" (Lc 2, 16) para a gruta, a fim de adorar o Verbo feito carne e servir de testemunhas do grande acontecimento para as épocas futuras.

Docilidade à voz do Anjo

Ao compreenderem o significado da notícia - a chegada do Messias - os pastores haviam sido tomados de um misto de temor reverencial e de consolação, mas não duvidaram sequer um segundo. Bastou a mensagem transmitida pelo celeste embaixador para robustecê-los na fé e confirmar suas esperanças.
Sem dúvida, a luminosa aparição do Anjo veio acompanhada de uma graça especial que os fazia pressentir a grandeza doacontecimento anunciado. Flexíveis à voz do sobrenatural, não manifestaram reservas, não opuseram objeções; pelo Reis Magos adorando o Menino Jesus.jpgcontrário, deixaram tudo, abandonando com presteza até mesmo os rebanhos confiados à sua guarda e se dirigiram sem demora em busca do "Recém-nascido, envolto em faixas e posto numa manjedoura" (Lc 2, 12).
Ali, como os Apóstolos que, anos mais tarde, seriam chamados de bem-aventurados pelo Divino Mestre, também eles poderiam ter ouvido dos lábios do Salvador: "Felizes os vossos olhos porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos porque ouvem!" (Mt 13, 16).

A humildade dos pastores atraiu o olhar de Deus

Aqueles rudes camponeses foram objeto dessa predileção, por parte da Bondade Divina, muito mais por serem pobres de espírito do que por sua modesta condição social. A virtude da humildade, que os tornava aptos para compreender os mistérios de Deus, sem opor ceticismos arrogantes, atraiu sobre eles os olhares do Altíssimo, da mesma forma como Maria Santíssima, por Sua insuperável despretensão, foi escolhida para ser Mãe do Redentor.
Já em Seu nascimento Jesus mostrava, assim, Seu amor pelos mais pequeninos, por aqueles que, reconhecendo seu nada ou até mesmo sua falência espiritual, põem toda a sua confiança no poder de Deus.
Há quem possa ver nessa atitude de submissão diante de Deus, tão própria aos santos de todos os tempos, uma desprezível manifestação de ignorância ou insuficiência.
Mas essa é a opinião daqueles que o próprio Jesus denominaria como os "sábios e entendidos" (Mt 11, 25) deste mundo e que, por conseguinte, acham-se privados do conhecimento das coisas divinas, por cegarem- se a si mesmos.
A sabedoria verdadeira - esta sim, possuíam-na os pastores -, alcançaraa em altíssimo grau a virginal Senhora que Se inclinava em adoração ante a mísera manjedoura transformada em trono real. Movidos por essa "sabedoria da humildade", os pastores haviam corrido até o estábulo e contemplavam a Sabedoria em Pessoa, que repousava placidamente sobre as palhas: "Ela apareceu sobre a terra, e habitou entre os homens" (Br 3, 38).

O presépio de Belém e os altares da Igreja

Hoje, de certo modo, se repete a cada dia o mistério de Belém. Dois milênios depois do nascimento de Cristo, as igrejas se encontram multiplicadas pelo mundo, e nos seus Tabernáculos repousa Jesus, verdadeiramente presente, embora oculto sob os véus do Pão Eucarístico, assim como repousou outrora sobre as palhas da manjedoura, envolto nos panos que Maria Santíssima Lhe preparara.
A mesma presteza que admiramos nos pastores deve impelir-nos, também nós, a deixar tudo e correr para o altar, a fim de encontrar o Senhor que desce do Céu. Nos altares da Igreja, obediente à voz do sacerdote, nasce Nosso Senhor Jesus Cristo uma vez mais, fazendo-nos lembrar a maneira como Ele Se apresentou ante os olhares maravilhados da Virgem Mãe, de São José e dos pastores, naquela noite santa.
O Natal não é uma mera recordação histórica

A festa de Natal encerra um significado litúrgico extraordinário: embora o Santo Sacrifício seja oferecido todos os dias nos altares de tantas igrejas espalhadas pelo mundo, ele se reveste de uma unção e densidade simbólicas particulares na noite de 24 para 25 de dezembro.
Não se trata apenas da recordação de fatos históricos envoltos nas brumas do passado, mas de uma realidade mais profunda do que aquela que captamos através dos sentidos. A Liturgia do Natal traz um conjunto de graças vinculadas a esse mistério, as quais se derramam sobre nossos corações quando o celebramos com fervor sincero.
"O ano litúrgico - ensinava o Sumo Pontífice Pio XII - que a piedade da Igreja alimenta e acompanha, não é uma fria e inerte representação de fatos que pertencem ao passado, ou uma simples e nua evocação da realidade de outros tempos. É, antes,Madonna delle Ombre? (detalhe), por Fra Angelico - Convento de São Marcos.jpg o próprio Cristo, que vive sempre na sua Igreja e que prossegue o caminho de imensa misericórdia por Ele iniciado, piedosamente, nesta vida mortal, quando passou fazendo o bem, com o fim de colocar as almas humanas em contato com os Seus mistérios e fazê-las viver por eles, mistérios que estão perenemente presentes e operantes, não de modo incerto e nebuloso, de que falam alguns escritores recentes, mas porque, como nos ensina a doutrina católica e segundo a sentença dos doutores da Igreja, são exemplos ilustres de perfeição cristã e fonte de graça divina pelos méritos e intercessão do Redentor".1

A Fé em Nosso Senhor, deitado na manjedoura e presente na Eucaristia

Hoje não vemos, como os pastores, o Divino Menino deitado sobre as palhas, mas contemplamo-Lo, com os olhos da Fé, na Hóstia imaculada que o sacerdote apresenta para a adoração dos fiéis; não ouvimos as vozes dos anjos fazendo ecoar o "Glória!" pelas vastidões dos céus, mas chega até nós o apelo da Igreja, convidando seus filhos: "Venite gentes et adorate!".
Se grande foi a Fé daqueles homens simples ao acreditarem que, naquele pequenino vindo à terra em tal despojamento, e aquecido tão-só pelo bafo dos animais, ocultava-Se o próprio Deus, a nossa Fé poderá alcançar grau mais elevado se considerarmos esse mesmo Deus escondido na Eucaristia. E poderemos, nós também, ser contados entre os homens que o Senhor chamou de bem-aventurados: "Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 20, 29).
Jesus, a Beleza suprema, vela-Se em vão aos olhos de quem tem Fé: apesar da infância à qual O reduziu seu amor, seu poder se manifesta nesse dia, e só Ele - quer sob a figura de frágil criança, quer sob as espécies eucarísticas - derrota os infernos e resgata a humanidade da vil escravidão do pecado.

Natal: uma "clareira" alegre e luminosa

Quantas graças de alegria e consolação concedidas por ocasião do Natal! A cada ano, em todas as épocas da Era Cristã, esta festa máxima abre uma "clareira" alegre e luminosa no curso normal, por vezes tão cheio de sofrimentos e angústias, da vida de todos os dias. Dominados pelas preocupações concretas ou pela ilusão deste mundo passageiro, os homens esquecem-se facilmente da eternidade que os espera e olham para esta terra como para seu fim último.
Todos se afanam em busca da felicidade; entretanto, só uma é a verdadeira, e o Divino Menino vem para apontar o único caminho que a ela conduz: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6). E nessa noite silenciosa, todos param diante da gruta de Belém, gozando, ainda que por alguns instantes, dessa alegria envolvente, trazida pelo Redentor. "Ali, os maus cessam seus furores, ali, repousam os exaustos de forças, ali, os prisioneiros estão tranqüilos, já não mais ouvem a voz do exator.
Ali, juntos, os pequenos e os grandes se encontram, o escravo ali está livre do jugo do seu senhor" (Jó 3, 17-19).

De onde vem a felicidade que sentimos no Natal?

Prolonguemos esses momentos de alegria vividos aos pés da manjedoura ou em torno do altar. De onde nos vem, ao certo, essa felicidade? Onde a poderemos encontrar? Encarnando-Se, Deus quis fazer- Se um de nós, para tornar essa felicidade ainda mais acessível, mais atraente, mais encantadora. Ao entrar neste mundo, o Divino Infante abre seus braços num gesto que prenuncia Sua missão salvadora e parece exclamar: "Eis que venho. [...] Com prazer faço a vossa vontade" (Sl 39, 8-9), manifestando neste ato Sua perfeita obediência ao Pai, selada no Getsêmani: "Faça-se a vossa vontade e não a minha" (Lc 22, 42).
Assim, na esplendorosa noite de Natal inicia-se o grande mistério da Redenção, em sua dupla perspectiva: é o perdão concedido ao homem réu, manchado pela culpa de Adão e por suas más ações; e também a elevação desse mesmo homem à ordem sobrenatural, convidando-o a participar da Família Divina, pelo dom da graça.
Nessa adorável Criança vemos nossa pobre natureza galgar alturas inimagináveis, às quais seria incapaz de subir por suas próprias forças, e entrar na intimidade do Deus inacessível e infinito.

Celebramos a nossa própria deificação

O santo Papa Leão Magno, em seu célebre sermão sobre o Natal, mostrou, com palavras inspiradas, essa alegria universal Jesus Menino.jpgque nos traz o nascimento de Cristo: "Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque Nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos.
Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida".2 No Redentor, reclinado no presépio, vemos nossa humanidade, reconhecemos nEle um Irmão, "em tudo semelhante a nós, exceto no pecado" (Hb 4, 15); nos pastores, e em todos aqueles que circundam a manjedoura ou o altar, admiramos uma luz, de fulgor até então desconhecido, que brilha, expulsando as trevas da maldição do pecado no qual estavam envoltos.
"Oh admirável intercâmbio! O Criador do gênero humano, assumindo corpo e alma, quis nascer de uma Virgem; e, tornando-Se homem sem intervenção do homem, nos doou sua própria divindade!".3 Celebramos, pois, no Natal, a nossa própria deificação.

É preciso retribuir todo esse amor

Quem não corresponderá com amor ao próprio Amor em Pessoa? Quem, remido, não se ajoelhará em adoração ante a fragilidade de um Redentor que Se faz pequeno para engrandecer os homens? Também nós, resta-nos retribuir esse mesmo amor ao Pequeno Rei que hoje Se nos entrega no mistério do altar.
O amor torna o amante semelhante ao amado, afirma o grande místico São João da Cruz. Para consolidar essa união é necessário, entretanto, que Um desça até o outro pela ternura, ou que o segundo suba até o Primeiro pela veneração. Jesus já desceu até nós pela compaixão, pelo afeto, pela ternura...
Subamos até Ele, ou melhor, peçamos, por intercessão de sua Mãe Santíssima, que Ele mesmo nos faça subir. Bem junto ao altar, entoando com os lábios o "Venite gentes et adorate" da Liturgia, cantemos com o coração nossa entrega sem reservas ao Menino Salvador. 

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2008, n. 84, p. 20 a 23)