sexta-feira, 24 de junho de 2011

«Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo 3,30)

S. Lucas 1,57-66.80.

Entretanto, chegou o dia em que Isabel devia dar à luz e teve um filho.

Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela.

Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.

Mas, tomando a palavra, a mãe disse: «Não; há-de chamar se João.»

Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.»

Então, por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse.

Pedindo uma placa, o pai escreveu: «O seu nome é João.» E todos se admiraram.

Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus.

O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos, e por toda a montanha da Judéia se divulgaram aqueles fatos.

Quantos os ouviam retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.

Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.

Reflexão:

«Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo 3,30)

O maior dos homens foi enviado para dar testemunho d'Aquele que era mais que um homem. Com efeito quando aquele que «é o maior de entre os nascidos de mulher» (cf Mt 11,11) diz: «Eu não sou o Messias» (Jo 1,20) e se humilha face a Cristo, temos de entender que há em Cristo mais que um homem. [...] «Sim, todos nós participamos da Sua plenitude, recebendo graça sobre graça» (Jo 1,16). Que quer dizer «todos nós»? Quer dizer os patriarcas, os profetas e os santos apóstolos, aqueles que precederam a Encarnação ou que foram enviados depois pelo próprio Verbo encarnado, «todos nós participamos da Sua plenitude».

Nós somos recipientes, ele é a fonte. Portanto [...], João é homem, Cristo é Deus: é preciso que o homem se humilhe, para que Deus seja exaltado.

Foi para ensinar o homem a humilhar-se que João nasceu no dia a partir do qual os dias começam a decrescer; para nos mostrar que Deus deve ser exaltado, Jesus Cristo nasceu no dia em que os dias começam a aumentar. Há aqui um ensinamento profundamente misterioso. Nós celebramos a natividade de João como celebramos a de Cristo, porque essa natividade está cheia de mistério. De que mistério? Do mistério da nossa grandeza. Diminuamo-nos em nós próprios para podermos crescer em Deus; humilhemo-nos na nossa baixeza, para sermos exaltados na Sua grandeza.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 289, 3º para a Natividade de João Batista

A


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