† SÃO JOÃO DA CRUZ: MORTE DE AMOR Na noite de 13 para 14 de dezembro de 1591, ao soar as 12 badaladas do sino da igreja do Salvador, próxima ao convento dos Carmelitas Descalços em Úbeda, cidade do sul da Espanha, ia “cantar as matinas no céu” João da Cruz, primeiro frade Carmelita descalço, poeta, místico, cantor do amor de Deus e iniciador da reforma entre os frades, ajudando a Teresa de Ávila. Abaixo apresentamos um trecho do livro Mons. Teixeira Leite Penido, Itinerário Místico de S. João da Cruz (Petrópolis Ed. Vozes: 1949 - p. 219-222), em homenagem à festa de nosso Pai e irmão(1542-1591).
“A visão beatífica difere apenas em grau do sublime convívio que a alma, já transformada em amor, saboreia. Nem assim aquietam-se-lhe os imensos desejos. Por mais iluminada que seja a fé, ainda não é contemplação clara; interpõe entre Deus e a inteligência um sendal; por tênue que seja, por mais que com a claridade que emana daquele que está por detrás, não é ainda visão face a face. Por mais estreita que seja a união de amor, por mais que lance o coração altas e candentes chamas, o místico sente que essa intensidade não pode perdurar sem que ele perca a vida.
E por isso mesmo deseja morrer. Morrer para contemplar a beleza de Deus; morrer para poder enfim amar sem medida! A morte, aos olhos de João da Cruz, não é a queda na podridão, o afundar-se na escuridão imutável; a morte é apenas o rasgar do derradeiro véu que rebuça a face do Amado; a morte não é chama que se esfuma, é labareda que se ateia tão ardente que, incendiando a alma, consome o corpo; a morte não é o fim, é o triunfo do amor. Por isso ele canta:
"Oh llama de amor viva, que tiernamente hieres de mi alma en el mas profundo centro, pues ya no eres esquiva, acaba ya si quieres rompe la tela deste dulce encuentro."
Esta ânsia infinita de morrer, não é mais o desejo impaciente de outrora, mas um desejo forte, profundo, conformado, suave, alegre e saboroso: "Rompe a delgada tela desta vida e não me deixes chegar a idade em que os anos naturalmente a cortem, a fim de que to possa amar desde já com a plenitude e fartura que minha alma deseja, sem termo e sem fim!”
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