segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Quaresma: Nossa conversão muda o mundo

Jesus começou sua missão percorrendo a Ga­liléia para proclamar a Boa Nova: "Comple­tou-se 0 tempo. Arrependei-vos e crede no Evangelho." (Mc 1,15). Essas últimas pala­vras são propostas pe1a Igreja para a Ce1ebra­cão das Cinzas, que abre a Quaresma, tempo de con­versão por excelência, oferecido a todos os cristãos de boa vontade. Essas palavras contem em si o fermento de extraordinária mudança, capaz de transformar o mundo.

O tempo da Quaresma é uma oportunidade única de aderir, ou melhor, traz, uma graça especial para nos reaproximar de nosso Senhor. De fato, todos nós temos necessidade de conversão em nossa caminhada espiritual só terminará com nossa morte. Há a primei­ra conversão, que se caracteriza habitualmente por um encontro pessoal com Jesus Cristo. Mas, em segui­da, o Senhor nos espera ao longo de um caminho nada curto de mudanças concretas em nossa vida. A autenticidade de nosso encontro com Jesus Salvador se manifesta pela transformação de nosso ser, chama­do a abandonar todo pecado e a fazer em cada mo­mento a escolha do amor para nos tornarmos seme­lhantes ao próprio Cristo.

Tudo isso não acontece sem purificação. Não é fá­cil despir o homem velho para nos revestir do homem novo (cfr. Ef 4,24). É preciso uma abertura do nosso coração á graça de Deus, passo inici­al do processo de nossa conversão ­em grego Metanoia. A graça age como o fogo do fundidor ou a po­tassa do lavadeiro (cfr. Ml 3,2) para operar sua obra de transformação em nós. Isso, contudo, não é possí­vel a não ser que colaboremos com a obra de Deus por uma adequação de nosso caminho teologal e por uma adesão livre e voluntária. É aqui que intervém nossa participa­cão a através de nossos pequenos sa­crifícios e mortificações e principal­mente graças a nossos atos de amor.

Contudo, devemos, evitar em enca­rar a Quaresma unicamente dentro de uma perspectiva de conver­são pessoal, uma espécie de visão intimista onde os únicos participan­tes são Deus e eu. Nossa metanoia tem repercussão direta sobre o mundo que nos rodeia. Através da comunhão dos santos ela provoca Outras conversões ao redor de nós e auxilia os esforços de santidade de nossos irmãos. Em outras palavras, cada ato concreto praticado para nos aproximar de Deus aproxima toda a humanidade de seu Criador e leva uma nova esperança àqueles que sofrem. Alguns atos, humildes e escondidos, podem ter repercurções benéficas tanto sobre o mun­do como sobre nossa sociedade. Assim é a convicção que anima os cristãos.

A Quaresma preparada os fiéis a celebrarem o mistério pascal que é propriamente o mistério através do qual Cristo salva o homem do pecado e da morte eterna , enquanto transforma a morte corporal em passagem à verdadeira vida, comunhão beatificante e sem fim com Deus. O pecado e a morte foram vencidos por Cristo morto e ressuscitado, e o homem será participante de tal vitória quanto mais o for da morte e ressurreição do Senhor .

“Isto diz o Senhor: ‘Voltai a mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto.Rasgai vossos corações e não vossas vestes’’’(Joel 2,12-13).O elemento essencial da conversão é propriamente a contrição do coração: o coração dilacerado, esmagado pelo arrependimento dos pecados. De fato, a contrição sincera inclui o desejo de mudar de vida e leva, na prática, a tal mudança . Ninguém está isento desta obrigação !Cada pessoa ,até a mais virtuosa,tem sempre necessidade de converter-se, isto é, de voltar-se para Deus com maior intensidade e fervor, superando as fraquezas e misérias que diminuem sua orientação total para ele.

A quaresma é justamente o tempo clássico desta renovação espiritual: Eis o momento favorável , eis o dia da salvação (2 Cor 6,2), adverte S. Paulo.Compete cada fiel fazer dela um momento divisível para a história da própria salvação.Suplicamos-vos , em nome de Cristo: reconciliai - vos com Deus , insiste o Apóstolo, e repete: Exortamo-los a não acolherdes em vão a graça de Deus.(ibidem, 5,20; 6,1). Não somente quem está em pecado mortal necessita reconciliar – se com o Senhor.

Cada falta de generosidade , de fidelidade à graça impede a amizade infinita com Deus, esfria as relações com ele é uma recusa de seu amor e exige, portanto , arrependimento, conversão, reconciliação.

Indica o próprio Jesus no Evangelho (Mt 6,1- 6.16-18)os grandes meios que devem sustentar o esforço da conversão: a esmola , a oração, o jejum ; insiste sobretudo nas disposições interiores que os tornam eficazes. A esmola Expia os pecados (Eclo 3,30), mas é realizada unicamente para agradar a Deus e para ajudar os necessitados, e não para atrair louvores . A oração une o homem a Deus e impetra sua graça, mas quando brota do santuário do coração e não quando é reduzida a vã ostentação ou a simples mover de lábios .O jejum é sacrifício agradável a Deus e desconta as culpas, desde que a mortificação do corpo seja acompanhada por outra mais importante, a do amor –próprio .

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