S. Mateus 13,54-58.
Naquele
tempo, Jesus foi à sua terra e começou a ensinar os que estavam na sinagoga ,
de tal modo que todos se enchiam de assombro e diziam: «De onde lhe vem esta
sabedoria e o poder de fazer milagres?
Não é Ele o filho do carpinteiro?
Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
Suas irmãs não estão todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto?»
E estavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta
só é desprezado na sua pátria e em sua casa.»
E não fez ali muitos
milagres, por causa da falta de fé daquela gente.
Comentário :
Irmãos lembrai-vos do patriarca José [...], de quem José, o esposo de Maria,
herdou não apenas o nome mas também a castidade, a inocência e as graças.
[...] O primeiro recebeu do céu a interpretação dos sonhos (Gn 40;41); o
segundo não só teve conhecimento dos segredos do céu, como teve a honra de
neles participar. O primeiro providenciou o sustento a todo um povo,
fornecendo-lhe trigo em abundância (Gn 41,55); o segundo foi estabelecido como
guardião do pão vivo que veio para dar pessoalmente a vida ao mundo inteiro
(Jo 6,51). Não há dúvida de que José, que foi noivo da mãe do Salvador, foi um
homem bom e fiel, ou antes, o «servo bom e fiel» (Mt 25,21) que o Senhor
colocou à frente da Sua família para ser a consolação de Sua mãe, o pai
nutrício da Sua humanidade, o colaborador fiel no Seu desígnio para o
mundo.
E era da casa de David [...], descendente da estirpe real, nobre por nascimento, mas ainda mais nobre de coração. Sim, era verdadeiramente filho de David, não apenas pelo sangue, mas pela sua fé, pela sua santidade, pelo seu fervor no serviço de Deus. Em José o Senhor encontrou verdadeiramente, como em David, «um homem segundo o Seu coração» (1Sm 13,14) a quem pôde confiar, com toda a segurança, o maior segredo do Seu coração. Ele revelou-lhe «a sabedoria que instrui no segredo» (Sl 50, 8), deu-lhe a conhecer uma maravilha que nenhum dos príncipes desta terra conheceu; concedeu-lhe, enfim, ver o que «muitos profetas e reis quiseram ver [...] e não viram», escutar o que muitos queriam «ouvir [...] e não ouviram!» (Lc 10,24). E não apenas vê-Lo e ouvi-Lo, mas também levá-Lo nos braços, conduzi-Lo pela mão, apertá-Lo ao coração, abraçá-Lo, alimentá-Lo e cuidar d'Ele.
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
II homília sobre as palavras do Evangelho: «O anjo Gabriel foi enviado», § 16
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