Permanecer vigilante
É
bem pouco um resto de vela, mas ele ilumina esse homem morto diante do
qual me disseram que nada mais tenho que fazer no mundo senão ficar
indefinidamente de sentinela.
Estou só com Cristo, e no mundo não há
mais nada que lhe faça concorrência.
Ah, estou bem tranquilo, tenho
muito tempo ainda diante de mim, antes que a manhã venha empalidecer
estas longas janelas.
Só eu estou vivo no universo. Todos os ruídos da
terra emudeceram e nada há que faça concorrência a esse murmúrio de Deus
ao ouvido da minha alma.
Que pobreza comparável à ausência total?
Nem
há necessidade de pensar. Basta perseverar com toda alma, arder pobre e
fielmente como essa chama aguda e hesitante, aos pés do Senhor.[1]
[1] Paul Claudel – O Poeta e a Cruz, Lisboa, Editorial Aster, 1958, 178.
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