2º DOMINGO
DO TEMPO COMUM
20 de janeiro de 2013
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“Fazei
tudo o que ele vos disser”
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Leituras:
Isaías 62, 1-5;
Salmo 96 (95), 1-2ab.3.7-10 (R/ 1a.3b);
Primeira Carta de São
Paulo aos Coríntios 12, 4-11;
João 2, 1-11.
COR LITÚRGICA: VERDE
Terminado
o Tempo do Natal, com a festa do Batismo do Senhor, até Quarta-feira de Cinzas,
no dia 13 de fevereiro, temos a intercalação de quatro domingos do Tempo Comum
para acompanharmos e vivermos o mistério da revelação do Senhor ao seu povo. Nesta
celebração estamos em Caná da Galileia para ver Jesus realizar seu primeiro
sinal numa festa de casamento.
Nós somos a festa de casamento, os
privilegiados, os escolhidos para conhecer e celebrar a intimidade do amor de
Deus com a humanidade. Reunidos como a comunidade de Jesus, a esposa do
Cordeiro, celebramos a Páscoa de Cristo que acontece em todas as pessoas e
comunidades que cultivam a esperança e organizam-se para libertar os irmãos das
tristezas e dos sofrimentos.
Neste domingo celebramos “São
Sebastião”, padroeiro de muitas de nossas paróquias. S. Sebastião foi um dos
muitos soldados romanos que por sua fé em Jesus foi martirizado. Um soldado do
exército, nosso santo nasceu em Narbona, França, no final do século III e desde
muito pequeno seus pais mudaram para a Milão onde cresceu e foi educado. Seu
pai era militar e nobre e ele quis seguir a carreira do pai, chegando a ser
capitão da primeira corte de guarda pretoriana, um cargo que só se dava a
pessoas ilustres e corretas.
Cumpre recordar que o império
romano na época era governado no oriente por Diocleciano e no ocidente por
Maximiano. Este ignorava que Sebastião era um cristão de coração e ainda que,
mesmo cumprindo as suas tarefas militares, não tomava parte nos sacrifícios nem
nos atos de idolatria. Sempre que podia, visitava os cristãos encarcerados e
ajudava aos mais fracos, doentes e necessitados. Podia se dizer que era um
soldado dos dois exércitos: o de Cristo e o de Roma.
Maximiano empreendeu uma depuração
de elementos cristãos nas forças armadas expulsando todos os cristãos de seus
exércitos. Cabe dizer que o soldado do exercito romano era voluntário. Só era
obrigatório servir, os filhos de militares, como era o caso do nosso Sebastião.
Quando um soldado o denunciou, Maximiano sentiu-se traído por Sebastião e
rapidamente o chamou e exigiu que renunciasse ao cristianismo.
Ante tal situação, Sebastião
comunicou ao imperador que não queria renunciar as suas crenças cristãs e o
imperador ordenou a sua morte. Mas Maximiano ordenou a sua morte de maneira a
mais desumana. Ordenou que seus melhores arqueiros o flechassem! Os arqueiros o
desnudaram, levaram-no ao estádio de Palatino, o ataram a um poste e lançaram
nele uma chuva de flechas e o abandonaram para sangrar até a morte.
1. Situando-nos
No início do tempo comum, depois do
Natal e antes da quaresma, lemos o início da missão de Jesus com o chamado dos
discípulos e a proposta do reino. “No ano C, é Lucas quem nos conduz; ele
insiste no seguimento radical de Jesus, ensina-nos a orar, a amar, a perdoar, a
nos deixar guiar pelo Espírito, a levar em conta as mulheres, a colocar no
centro de nossa vida o acolhimento e a preocupação com os pobres...” (Ione
Buyst).
Neste segundo domingo, celebramos a
manifestação de Deus em Jesus, em Caná da Galileia, no contexto de um casamento.
E aí Jesus realiza o seu primeiro sinal.
Somos convidados a renovar a fé no
Deus que faz aliança conosco e é fiel sempre.
2.
Recordando a Palavra
O texto do Evangelho de João
pertence ao conjunto de 1,19-2,11 e narra o primeiro sinal realizado por Jesus,
numa festa de casamento. A imagem nupcial simboliza a relação amorosa de Deus
com o povo (cf. Os 2,16-22). Maria estava presente na festa e, também, Jesus e
seus discípulos haviam sido convidados. As celebrações de núpcias duravam em
torno de uma semana e se caracterizavam pela alegria e pelo júbilo, onde não
podia faltar vinho.
Jesus é o Messias que celebra as
núpcias com toda a humanidade, oferecendo o vinho novo através da vida, morte e
ressurreição. Por isso, a festa ocorre “no terceiro dia” que plenifica a semana
iniciada em Jo 1,19ss. Assim, recordando a criação, aliança, ressalta-se a
salvação que está atuando em Jesus. Mas a sua “hora ainda não chegou”, isto é,
a glorificação na cruz que plenifica a sua obra de salvação. A mãe de Jesus,
fiel à aliança e portadora das promessas messiânicas, percebe que “eles não têm
mais vinho”.
A mãe, chamada por Jesus de mulher,
como no Calvário, crê na obra do Filho, como acreditará aos pés da cruz
(19,25-27). Sua adesão, como verdadeira discípula, encaminha os que servem o
vinho a Jesus: ”Fazei tudo o que ele vos disser” (2,5). Como representante do
povo, Maria intercede pelo o vinho que plenifica a aliança e proporciona “a
vida em abundancia”. A água transformada em vinho é aquela das talhas de pedra
para a purificação ritual.
Jesus se manifesta como o “vinho
bom e abundante” que traz a alegria messiânica e transforma a vida na grande
festa do Reino. A abundância de vinho sinaliza a chegada dos tempos messiânicos
da salvação (cf. Is 25,6), que restauram e libertam o povo (cf. Jr 31, 4-5).
Como sinal do vinho novo, Jesus realiza plenamente o banquete messiânico, a
esperança profética (Is 54, 4-8; 62, 4-5). Assim, ele “manifestou sua glória e
os seus discípulos creram nele” (2,11).
A primeira leitura pertence ao terceiro
Isaías (caps. 56-66) e está situada, no pós-exílio, no período de reconstrução
da cidade devastada. O profeta suscita a esperança, pois Deus manifestará a
salvação. Ele utiliza a imagem do casamento para expressar a alegria que Deus,
o esposo, sente pelo povo, sua esposa amada.
Deus não abandona e permanece fiel
à aliança, apesar das infidelidades do povo. A sua presença fortalece a missão
de tornar a terra deserta, fecunda e produtiva. Impele a construir um mundo
novo, através da justiça e da solidariedade.
O salmo 96(95) é um hino de louvor
ao Senhor, Criador e soberano que governa o mundo com justiça e lealdade.
Convida a anunciar a salvação, a vitória que oferece ao povo. “Dar a glória que
é devida ao seu nome” consiste em reconhecê-lo como Senhor, homenageando-o com
dons e oferendas.
A segunda leitura, da primeira
carta aos Coríntios, mostra que todos os dons são dádivas de Deus e devem estar
a serviço da edificação do bem comum. A comunidade, na diversidade de dons e de
serviço, forma um só corpo, no mesmo Espírito.
Sendo expressão de unidade, não
exclui ninguém. O espírito, que recebemos no batismo, leva a superar todas as
distinções e a formar uma comunidade de irmãos e de irmãs, reconhecendo Jesus
Cristo como Senhor.
3.
Atualizando a Palavra
O casamento em Caná é o primeiro
dos sete sinais, escolhidos pelo evangelista para revelar Jesus como Messias e
Filho de Deus. É o início da glória de Cristo que se plenificará, através de
sua entrega na cruz. A água, transformada em vinho, é sinal da vida nova, do
vinho novo da salvação, que o Senhor oferece de forma abundante como esposo da
humanidade (3,29).
Os discípulos expressam sua adesão
a Jesus, através do acolhimento aos sinais de amor e de salvação. O Senhor permanece
fiel à aliança e nos cumula de dons para que possamos colocá-los a serviço da
edificação da comunidade, criando relações fraternas. Por meio da fé em Jesus
Cristo, formamos um só corpo, no mesmo Espírito.
Maria é modelo de fidelidade à
aliança, ao plano de amor de Deus, revelado em Cristo. Com solicitude maternal,
ela percebe que “eles não têm mais vinho”. Sua atitude nos ensina a sermos
pessoas sensíveis e comprometidas com as necessidades dos irmãos e das irmãs.
Maria não cessa de interceder junto Filho para que a humanidade alcance a vida
em plenitude.
O documento de Aparecida, número
364, convida que “fixamos o olhar em Maria e reconheçamos nela a imagem
perfeita da discípula missionária. Ela nos exorta a fazer o que Jesus nos diz
(Cf. Jo 2,5) queremos estar atentos uma vez mais à escuta do Mestre e, ao redor
dela, voltarmos a receber com estremecimento o mandamento missionário de seu
Filho: “Vão e façam discípulos todos os povos” (Mt 28,19). Escutamos Jesus como
comunidade de discípulos missionários, que experimentam o encontro vivo com
ele, e queremos compartilhar todos os dias com os demais essa alegria
incomparável”.
O encontro com Cristo proporciona
experimentar o melhor vinho que salva e dá sentido à nossa festa. Como
verdadeiro esposo, Jesus está sempre presente para oferecer o vinho novo, sinal
de seu amor e de sua ação libertadora. Somos chamados a distribuir o vinho que
o Senhor nos oferece, entre os convidados, para a grande festa da vida. O nosso
anúncio deve irradiar a alegria da festa, do banquete do Reino.
4.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
O Senhor, que é fiel eternamente,
nos reúne e nos une em seu amor. A comunidade, na diversidade de dons, tem
mesmo Espírito e responde ao convite do Senhor cantando seus louvores.
Hoje, na celebração litúrgica, a comunidade
renova a fé em Jesus Cristo que realiza sinais no meio de nós. Ele nos entrega
sua palavra e seu corpo e sangue. Ele prepara abundantemente as mesas que nos
alimentam e nos dão vida. Participando constantemente da Eucaristia, celebrando
o sacrifício de Cristo, torna-se presente a nossa redenção (cf. Oração
pós-comunhão).
O Senhor nos ama e nos cumula de
dons. Que ele nos santifique e nos ajude a passarmos de um velho modo de viver
para uma vida nova.
Na graça do Senhor da aliança,
apresentemos a “hora” de Jesus para que os sinais de vida e salvação sejam
abundantes e plenos no meio de nós.abundantes e plenos no meio de nós.
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