terça-feira, 16 de abril de 2013

Sou vossa, sois o meu Fim:
Que mandais fazer de mim?

Soberana Majestade
E Sabedoria Eterna,
Caridade a mim tão terna,
Deus uno, suma Bondade,
Olhai a minha ruindade,
Todo amor, vos canta assim:
Que mandais fazer de mim?

Vossa sou, pois me criastes,
Vossa, porque me remistes,
Vossa, porque me atraístes,
E porque me suportastes;
Vossa, porque me esperastes
E me salvastes, por fim:
Que mandais fazer de mim?

Que mandais, pois, bom Senhor,
Que faça tão vil criado?
Qual o ofício que haveis dado
A este escravo pecador?
Amor, doce Amor,
Vede-me aqui, fraca e ruim:
Que mandais fazer de mim?

Eis aqui meu coração:
Deponho-o na vossa palma;
Minhas entranhas, minha alma,
Meu corpo, vida e afeição.
Doce Esposo e Redenção,
A vós entregar-me vim:
Que mandais fazer de mim?

Poesias, Santa Teresa de Ávila VII. II

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