Maria é a imagem viva de Deus
(Forma Dei)
Maria é chamada por Santo
Agostinho, e é, efetivamente, a Forma Dei, imagem viva de Deus; isto quer
significar que somente n´Ela Deus se fez homem, formado homem perfeito, sem
faltar-Lhe qualquer traço da Divindade; e também que só n´Ela pode o homem ser
transformado em Deus
– tanto quanto a natureza humana
o permita –, pela graça de Jesus Cristo.
Um escultor pode reproduzir ao
natural uma estátua ou um retrato de duas maneiras: aplicando todo o seu
talento na matéria dura e informe, usando de toda a força, de toda a ciência e
perfeição das suas ferramentas, para reproduzir a estátua ou então, metendo-a
simplesmente em um molde.
O primeiro método é demorado, é
difícil e está sujeito a diversos inconvenientes: por vezes basta uma pancada
de cinzel ou uma martelada mal dada para estragar toda a obra.
O segundo, ao contrário, é
rápido, suave e delicado, quase sem esforço e sem fadiga, desde que o molde
seja perfeito (...), e desde que a matéria utilizada seja maleável e não oponha
resistência ao seu manejo.
É Maria o maravilhoso molde de
Deus, criado pelo Espírito Santo para formar em perfeição um Homem-Deus através
da união hipostática (união das duas naturezas), e para tornar o homem,
participante da natureza divina mediante a graça. Maria é esse molde a que não
falta o mais leve traço da divindade: quem for introduzido nele se deixar
plasmar por ele, adquire todos os traços de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, e
isso de forma suave e em consonância com a fragilidade humana, sem tantos
sacrifícios nem fadigas; e ainda de forma segura, sem medo de ilusões, já que o
demônio não teve e nunca terá qualquer acesso a Maria, santa e imaculada, sem a
mais leve sombra de pecado.
Oh! Alma querida, como é grande a
diferença entre uma alma formada em Jesus Cristo, pelos caminhos mais comuns, como o
dos escultores – que confiam no seu engenho, no seu talento –, e uma alma bem
maleável, desapegada, bem fundida e que, recusando fiar-se em si mesma, se
lança em Maria e n´Ela se deixa plasmar apenas pela ação do Espírito Santo!
Quantas manchas, quantos defeitos, quantas trevas, quantas ilusões, quanto de
natural, quanto de humano há na primeira alma; e como a segunda é pura, divina
e semelhante a Jesus Cristo!
São Luís Marie Grignion de
Montfort,
O Segredo de Maria, § 16-18
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