" Como deve ser a humildade?"
É necessário, porém, compreender como deve ser essa humildade.
- O demônio muito prejudica, impedindo que as almas avancem na oração,
ao lhes dar um falso conceito de humildade, fazendo parecer soberba ter
grandes desejos, querer imitar os santos e aspirar ao martírio.
Ele cedo nos diz ou sugere que as ações dos santos devem ser admiradas, e não imitadas por pecadores como nós. Eu também o digo, mas devemos ver com clareza o que tem de ser admirado e o que tem de ser imitado. Por exemplo: "Não seria razoável que uma pessoa fraca e doente se pusesse a fazer muitos jejuns e penitências, fosse para um deserto - onde não pudesse dormir e nem tivesse comida. - ou coisas semelhantes."
Temos de pensar que, com o favor de Deus, podemos esforçar-nos para atingir um grande desprezo pelo mundo e pelas suas honras, desapegando-nos dos bens terrenos. É tão fraco o nosso coração que achamos que o chão vai faltar se nos descuidarmos um pouco do corpo para dar mais ao espírito. Logo pensamos que a fartura facilita o recolhimento, porque a preocupação perturba a oração.
Muito me dói que a nossa confiança em Deus seja tão pouca e que seja tanto o amor-próprio a ponto de nos preocuparmos com essas coisas. Quando o Espírito está assim tão fraco, coisas insignificantes nos trazem tanto sofrimento quanto coisas grandes e muito importantes a outras pessoas.
E, no íntimo, consideramo-nos pessoas espirituais. Acho que essa maneira de caminhar aparenta-se a querer conciliar corpo e alma, para não se perder o descanso aqui e ir ao Céu fruir as delícias de Deus. Isso de fato acontecerá se nos apegarmos à justiça e à virtude.
Mas é um passo curto, com o qual jamais chegaremos à liberdade de espírito.
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