S. Marcos 10,1-12.
Naquele
tempo, Jesus pôs-Se a caminho e foi para o território da Judeia, para além do
Jordão. As multidões agruparam-se outra vez à volta dele, e outra vez as
ensinava, como era seu costume.
Aproximaram-se uns fariseus e
perguntaram-lhe, para o experimentar, se era lícito ao marido divorciar-se da
mulher.
Ele respondeu-lhes: «Que vos ordenou Moisés?»
Disseram:
«Moisés mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se dela.»
Jesus retorquiu: «Devido à dureza do vosso coração é que ele vos deixou esse
preceito.
Mas, desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher.
Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só.
Pois
bem, o que Deus uniu não o separe o homem.»
De regresso a casa, de novo
os discípulos o interrogaram acerca disto.
Jesus disse: «Quem se
divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira.
E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete
adultério.»
Comentário :
«Os dois serão um só»
Quando Cristo, antes da sua morte, no limiar do mistério pascal, reza dizendo:
«Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um como
Nós» (Jo 17,11), pede também de certa forma, e talvez de maneira especial,
pela unidade dos esposos e das famílias. Ele reza pela unidade dos seus
discípulos, pela unidade da Igreja; ora, o mistério da Igreja é comparado ao
matrimónio por São Paulo (Ef 5,32).
Assim, não só a Igreja deposita na família uma grande parte dos seus cuidados,
mas também considera o sacramento do matrimónio, de certa forma, como o seu
modelo. No amor de Cristo, seu Esposo, que nos amou até à morte, a Igreja
contempla os esposos e as esposas que prometeram amar-se durante toda a vida,
até à morte. E considera que tem o dever particular de proteger este amor,
esta fidelidade e esta honestidade, assim como todos os bens que dela decorrem
para a pessoa humana e a sociedade. É a família que propriamente dá vida à
sociedade; é na família que, pela educação, se forma a estrutura da própria
humanidade, de todos os homens deste mundo.
No Evangelho, [...] o Filho fala assim ao Pai: «Dei-lhes as palavras que Tu me
tinhas dado: eles receberam-nas [...], e acreditaram que foste Tu que me
enviaste. [...] Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu» (v.8-10). Não
é certo que o eco deste diálogo está patente no coração dos homens de todas as
gerações? Que estas palavras constituem, em si próprias, o tecido da própria
vida e da história de todas as famílias e, através da família, de todos os
homens? [...] «Eu rezo por eles [...], por aqueles que Me deste, pois são
teus» (v.9).
Beato João Paulo II (1920-2005), papa
Homilia da abertura do Sínodo sobre a Família, 26/09/1980, §5
Homilia da abertura do Sínodo sobre a Família, 26/09/1980, §5
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