"Aceitar a realidade."
O exercício da liberdade
como escolha entre diferentes possibilidades é certamente importante. É
fundamental que se entenda que há uma outra maneira de exercer a
liberdade, menos grandiosa à primeira vista, mais pobre, mais humilde,
mais corriqueira afinal, e que é de uma fecundidade humana e espiritual
imensa: a liberdade não somente de escolher, mas também de aceitar aquilo que nós não tínhamos escolhido.
O homem manifesta a
grandeza da sua liberdade quando transforma a realidade, mas manifesta-a
ainda mais quando aceita, confiante, essa mesma realidade - tal e qual
ela lhe é dada - dia após dia.
É fácil e natural
aceitar as situações que se apresentam na nossa vida com um aspecto
agradável, mesmo que nós não as tenhamos escolhido. O problema surge,
evidentemente, em face do que nos desagrada, que nos contraria, que nos
faz sofrer.
Mas é precisamente
nesses domínios em que somos chamados - para sermos verdadeiramente
livres - a "escolher" aquilo que não tínhamos querido, e às vezes até
mesmo aquilo que não aceitaríamos por preço nenhum. Eis uma lei
paradoxal da vida: só poderemos ser verdadeiramente livres se aceitarmos não sê-lo sempre!
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