«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para
apresentar a tua oferta»
S. Mateus 5,20-26.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se a vossa justiça não superar a
dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.»
«Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá
de responder em juízo.
Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o
seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar 'imbecil’ será
réu diante do Conselho; e quem lhe chamar 'louco’ será réu da Geena do
fogo.
Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te
recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti,deixa lá a
tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão;
depois, volta para apresentar a tua oferta.
Com o teu adversário
mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que
ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão.
Em
verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»
Comentário :
«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para
apresentar a tua oferta»
É o único e mesmo Cristo que está presente no pão eucarístico em todos os lugares da terra. O que significa que só podemos estar com Ele através dos outros; que só podemos recebê-Lo na unidade. E não é precisamente isso que nos diz o apóstolo Paulo? [...] Na epístola aos coríntios, o Apóstolo declara: «Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão» (1Cor 10,17).
A consequência desta afirmação é muito clara: não podemos comungar com o Senhor se não comungarmos uns com os outros; se queremos apresentar-nos a Ele, temos também de ir ao encontro dos outros.
É por isso que temos de aprender a grande lição do perdão: não permitir que a nossa alma seja consumida pelo ressentimento, abrir o nosso coração à magnanimidade da escuta do outro, abrir o nosso coração à compreensão do outro. [...]A eucaristia é, repitamos, o sacramento da unidade. Infelizmente, os cristãos encontram-se divididos, precisamente a propósito do sacramento da unidade. Sustentados pela eucaristia, devemos sentir-nos a incitados a tender com todas as forças para esta unidade plena, recordando que Cristo a desejou ardentemente no Cenáculo (Jo 17,21-22). [...]
Gostaria de reafirmar a minha vontade de assumir o compromisso fundamental de trabalhar com todas as minhas forças na reconstrução da unidade plena e visível de todos os discípulos de Cristo. Tenho consciência de que para tal não bastam as manifestações de bons sentimentos; de que são precisos gestos concretos, que penetrem na alma e abanem as consciências, empurrando cada um de nós para essa conversão interior que é o pressuposto de qualquer progresso na rota do ecumenismo.
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Homilia de 29/05/2005, proferida no Congresso eucarístico de Bari
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