A glória da cruz
«Que eu jamais me glorie, a não
ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo» (Gal 6,14). A cruz é a tua glória, a
cruz é a tua soberania. Eis que tens a soberania sobre os teus ombros (Is 9,5).
Quem carrega a cruz carrega a glória. É por isso que a cruz, que atemoriza os
infiéis, é para os fiéis mais bela que todas as árvores do Paraíso. Cristo
temeu a cruz? E Pedro? E André? Pelo contrário, desejaram-na. Cristo avançou
para ela «como um noivo que sai de seu aposento e se lança em sua carreira» (Sl
18,6): «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de
sofrer» (Lc 22,15). Ele comeu a Páscoa sofrendo a sua Paixão, quando passou
deste mundo ao Pai; na cruz, comeu e bebeu, inebriou-se e adormeceu. [...]
Quem poderá agora temer a cruz?
Senhor, poderei dar a volta ao céu e à terra, ao mar e às planícies, que nunca
Te encontrarei senão na cruz. É nela que dormes, nela que apascentas o teu
rebanho, nela que repousas à hora do meio-dia (Ct 1,7). Sobre esta cruz, aquele
que está unido ao seu Senhor canta suavemente: «Vós sois, Senhor, para mim um
escudo; vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça» (Sl 3,4). Ninguém Te
procura, ninguém Te encontra, senão na cruz. Cruz de glória, enraíza-te em mim,
para que eu seja encontrado em ti.
São Bernardo (1091-1153), monge
cisterciense, doutor da Igreja
Meditação sobre a Paixão
(atrib.), 6, 13-15; PL 184, 747
Nenhum comentário:
Postar um comentário