«Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a
montanha»
A fé tende a convidar outros para a sua alegria
É impossível crermos sozinhos. A fé não é só uma opção
individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada
entre o «eu» do fiel e o «Tu» divino, entre o sujeito autônomo e Deus; mas,
pela sua natureza, abre-se ao «nós», verifica-se sempre dentro da comunhão da
Igreja. Assim no-lo recorda a forma dialogada do Credo, que se usa na liturgia
batismal.
O crer exprime-se como resposta a um convite, a uma palavra
que não provém de mim, mas deve ser escutada; por isso, insere-se no interior
de um diálogo […]. Só é possível responder «creio» na primeira pessoa porque se
pertence a uma comunhão grande, por que se diz também «cremos». Esta abertura
ao «nós» eclesial realiza-se de acordo com a abertura própria do amor de Deus,
que não é apenas relação entre o Pai e o Filho, entre «eu» e «tu», mas, no
Espírito, é também um «nós», uma comunhão de pessoas. Por isso mesmo, quem crê
nunca está sozinho; e, pela mesma razão, a fé tende a difundir-se, a convidar
outros para a sua alegria. […] Assim o exprimiu vigorosamente Tertuliano (De Batismo,
20,5) ao falar do catecúmeno que, tendo sido recebido numa nova família «depois
do banho do novo nascimento», é acolhido em casa da Mãe para erguer as mãos e
rezar, juntamente com os irmãos, o Pai Nosso.
Papa Francisco
Encíclica «Lumen fidei / A luz da fé», §39 (trad. © Libreria
Editrice Vaticana, rev)
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