O mundo festeja os 500 anos de nascimento de Teresa D’Ávila
O Papa Francisco enviou, no dia 15 de outubro, uma mensagem ao bispo
de Ávila, na Espanha, Dom Jesús García Burillo, por ocasião da Festa
Litúrgica de Santa Teresa de Jesus e do início do Ano Jubilar
comemorativo pelos 500 anos do seu nascimento.
Para celebrar este jubileu foi criado o Caminho de Luz, que vai levar
o bastão de Santa Teresa a 27 países dos cinco continentes em 144 dias.
A peregrinação começou pelo Brasil, onde ficará até 25 de outubro, e
vai até 28 de março de 2015, a data de seu aniversário de nascimento,
quando o cajado retornará para Ávila, na Espanha, local onde ela nasceu.
Na mensagem, o Santo Padre destaca que a religiosa carmelita e
doutora da Igreja “entendeu a sua vida como caminho de perfeição através
do qual Deus conduz o homem, de morada em morada, até Ele, e ao mesmo
tempo, o põe em marcha em direção aos homens”.
O Pontífice afirmou que “na escola da santa andarilha”, como era
conhecida, “aprendemos a ser peregrinos”, e ressaltou que a imagem do
caminho pode sintetizar bem a lição da vida e obra de Santa Teresa.
PERSISTÊNCIA E CONTEMPLAÇÃO
“Que teu desejo seja ver Deus. Teu temor, perdê-lo. Tua dor, não te
comprazeres na sua presença. Tua satisfação, o que pode conduzir-te a
ele. E viverás numa grande paz”. Assim ensinava Teresa de Cepeda y
Ahumada que nasceu na cidade de Àvila em 28 de março de 1515. Filha de
Alonso Sanchez Cepeda com Beatriz D’Ávila y Ahumada, a pequena desde
cedo recebeu esmerada educação cristã e demonstrou traços de profunda
piedade. Costumava retirar-se em oração e silêncio, estudar a vida dos
santos e acolher os pobres e assisti-los com esmolas.
Quando criança fugiu com seu irmão para juntos buscarem o martírio,
segundo a vida dos santos, mas foram impedidos pelo seu tio que os
reconduziu ao lar. Aos quatorze anos, perdeu sua mãe e dedicou-se a
devoção mariana. Assim dizia a jovem: “Então me dirigi a uma imagem de
Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua
filha”. Aos quinze anos foi estudar no Convento das Agostinianas em
Ávila. Uma enfermidade a fez retornar para casa, mas o seu coração
estava profundamente tomado pelo desejo à vida religiosa. Aos vinte anos
fugiu novamente para o Convento de La Encarnación, em Ávila. Um ano
depois de seu ingresso, professou os votos e tornou-se Carmelita. Uma
epidemia de malária novamente faz Teresa retornar para casa para
tratar-se.
Retornando ao mosteiro, crescia em seu coração o desejo de reformar
as instituições até então decadentes em sua espiritualidade e vivência.
Empreendeu então vigorosa e ousada reforma nos critérios de admissão e
vivência dos mosteiros, bem como na condução da vida espiritual e
contemplativa. Em 1562 fundou o Convento São José e após um encontro com
Frei Antonio de Jesús e São João da Cruz, decidiu alargar sua reforma
aos mosteiros masculinos. Teresa continuou sua missão, viajando por toda
a Europa fundando mosteiros que somaram 17 pessoalmente assistidos pro
ela.
Em uma de suas viagens, já muito debilitada, Teresa veio a falecer.
Antes de sua morte pronunciou: “Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos
vermos face a face!”. Era dia 4 de outubro de 1582 mas em virtude da
reformulação do calendário gregoriano, a data de sua morte fixou-se no
dia 15. Foi beatificada em 1614, pelo Papa Paulo V e canonizada em 1622,
pelo Papa Gregório XV. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970, a
proclamou Doutora da Igreja.
Ordem do Carmo
A Ordem do Carmo ou Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo surgiu, no século XIII, na região do Monte Carmelo, cadeia de colinas perto da atual cidade de Haifa, em Israel.
A regra que modelou as comunidades religiosas inspiradas naquela vivência foi sistematizada e aperfeiçoada por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, e aprovada pelo Papa Honório III em 1226.
No século XVI, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz reformaram a congregação, processo do qual saiu, em 1593, o ramo dos Carmelitas Descalços.
A santa morreu em Alba de Tormes (Salamanca), no ano de 1582, e foi proclamada doutora da Igreja por Paulo VI em 1970.
A bela cidade murada de Ávila
Ávila é a cidade onde se encontram o patrimônio, a história e a arte, a gastronomia, a festa e a mística, a cultura e a natureza.
Cidade medieval, Ávila é uma cidade atual, que se une à modernidade, qualidade turística, com estabelecimentos que reúnem conforto e a vanguarda ao turismo acessível e social.
Muralhas, palácios, templos, conventos e residências configuram o rico patrimônio artístico da cidade, fruto de um enriquecedor passado histórico protagonizado pelas culturas que nela conviveram.
A imagem da cidade medieval vem marcada por suas muralhas que, no caso de Ávila, são muito mais que uma representação simbólica, é o monumento que a explica e a configura.
No século XVI a cidade conhece seu máximo esplendor, é a cidade da mística e da espiritualidade, sendo seu melhor expoente Teresa de Cepeda e Ahumada. Através de sua obra e vida, podemos fazer uma viagem do gótico ao Renascimento, o Maneirismo ao Barroco.
Ávila é lugar de festas e tradições. A maioria nasceu com um caráter religioso, mas nelas não falta um matiz pagão. Ao estritamente religioso se somam outras atividades lúdicas, arraigadas nos usos e costumes da cidade. Cada bairro conta com sua própria festa.
Cidade murada
O que mais chama a atenção em Ávila é a muralha intacta, edificada nos princípios do século 12, em plena Idade Média, durante o reinado de Alfonso VI de Castilha, que rodeia todo o centro histórico.
Reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, em 1985, a muralha é o melhor exemplo da arquitetura militar em estilo românico na Espanha. Seu traçado é fundamental para compreender a cidade para a qual serviu como defesa militar, cinturão sanitário, fronteira fiscal e suporte de outras edificações.
Voltar no tempo medieval basta cruzar uma das nove portas da muralha para o perímetro dos dois quilômetros e meio de extensão e oitenta e oito torres, dispostas de 20 em 20 metros. As portas de Alcazar e de S. Vicente localizam-se na parte mais antiga, voltada a oriente, sendo a mais monumental; na sua face norte apresenta reminiscências mouriscas. A cidade foi ocupada pelos Árabes no século VIII e conquistada por D. Afonso VI em 1088.
De suas construções fazem parte igrejas românicas, palácios de algumas das famílias nobres espanholas e a Catedral del Salvador, cuja abside está integrada à fortificação. A igreja, aliás, conta com um tardio projeto artístico inspirado pelo românico, com características góticas, sendo a primeira do gênero no país.
Religiosidade
Além das igrejas citadas, não deixe de ver em Ávila a Basílica de São Vicente e a Igreja de São Pedro e monastérios, como o de Santo Tomás, construído no Século do Ouro, ao lado do Palácio Real que os reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castilha, mandaram erguer dado o caráter itinerante do reino durante o processo de unificação espanhol.
Conheça também o parador de Cuatro Postes, lugar devoto muito comum nas entradas e saídas das cidades espanholas com uma cruz ou imagem santa. Dali se tem a melhor panorâmica da cidade e a melhor oportunidade para ver o pôr do sol.
A cidade
Ávila é um município da Espanha na província de Ávila, comunidade autônoma de Castela e Leão.
Situada a 1.131 m de altitude, é a capital de província mais alta da Espanha. Está a 113Km de Madrid e 121Km de Valladolid.
A cidade foi ocupada pelos Árabes no século VIII e conquistada por D. Afonso VI em 1088.
Por estar entre duas cidades metropolitanas, Madrid e Valladolid, quem preferir ir a Ávila de avião deve descer ou no Aeroporto Internacional de Barajas, em Madrid, o mais indicado para quem vem do exterior, ou o Aeroporto de Villanubla de Valladolid.
Também é possível chegar à cidade de trem e ônibus.
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