sábado, 19 de dezembro de 2015

«Não acreditaste nas minhas palavras» (Lc 1,20)

 «Feliz a que acreditou» (Lc 1,45)

Foto de Emilio Carlos Mancini. A mãe de João Batista é uma mulher velha e estéril; a de Cristo, uma jovem no auge da sua juventude. João é fruto da esterilidade; Cristo, da virgindade. […] Um é anunciado pela mensagem de um anjo; ao anúncio do anjo, o outro é concebido.
O pai de João não acredita na notícia do seu nascimento e emudece; a Mãe de Cristo acredita em seu filho e, pela fé, concebe-O no seu seio.
O coração da Virgem acolhe a fé; depois, tornando-se mãe, Maria recebe um fruto no seu ventre.
As palavras que Maria e Zacarias dirigem ao anjo são, contudo, mais ou menos semelhantes. Quando o anjo lhe anuncia o nascimento de João, o sacerdote responde: «Como hei-de saber que é assim, se eu sou velho e a minha esposa de idade avançada?»
Ao anúncio do anjo, Maria responde: «Como será isso, se eu não conheço homem?»
Sim, são quase as mesmas palavras. […] Contudo, o primeiro é repreendido e a segunda é esclarecida.
A Zacarias é dito: «Por não teres acreditado»; a Maria: «Eis a resposta que pediste.»
Mais uma vez, são quase as mesmas palavras. […] Mas Aquele que ouvia as palavras também via os corações, pois nada Lhe está oculto.
A linguagem de cada um velava o seu pensamento; mas, se esse pensamento estava oculto para os homens, não o estava para o anjo, ou melhor, para Aquele que falava por intermédio do anjo.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 293

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