"Eu sou o
caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim" (Jo
14,6). Em todos os tempos essas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo se
fazem atuais, pois todo homem tem em si um senso que o leva a buscar a
felicidade e a estabilidade própria da vida. Mas será que todos os
homens encontram o que ambicionam?
Para aquele que crê em Deus e em Nosso
Senhor, a resposta saltaria aos olhos numa única pincelada. Dir-se-ia
que esta constante perplexidade humana estaria solucionada, para todos
aqueles que sabem buscar a Nosso Senhor Jesus Cristo.
No entanto, como encontrá-lo uma vez que
Ele, após ter cumprido o plano redentor na cruz e de ter ressuscitado
ao terceiro dia, subiu aos céus para sentar-se a direita do Pai? Como
seria possível ter um convívio com tão grande Mestre que andava pela
Galiléia curando os doentes, perdoando os pecadores e ensinando as
multidões, e Lhe pedir um conselho, uma ajuda, um perdão? Onde estará
Ele? Por que caminho seguir a fim de encontrar Cristo Jesus?
Se lermos atentamente os evangelhos,
poderemos encontrar um vestígio que nos permitirá solucionar os
problemas acima expostos. São Mateus, São Marcos e São Lucas nos narram a
um episódio importantíssimo da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo: a
última ceia. Na perspectiva de Sua paixão e morte, Cristo instituiu a
Sagrada Eucaristia parafortificar os apóstolos, e desse modo ensiná-los a
enfrentar as inúmeras dificuldades pelas quais deveriam passar. Não
apenas, a Eucaristia serviria para aqueles trágicos instantes que
antecediam sua paixão, mas também seria utilizada depois, pelos próprios
apóstolos, em todas as dificuldades e necessidades que eles teriam que
enfrentar.
Portanto, os apóstolos contaram com um grande consolo para a
edificação do Reino de Deus e a pregação da Boa Nova: o próprio Cristo,
em corpo, sangue, alma e divindade, presente e velado nas espécies do
pão e do vinho.
Foi por meio desse alimento que Nosso
Senhor Jesus Cristo pode dar continuidade a sua obra; prolongar sua
permanência nesta terra e ajudar a todos aqueles que estão em alguma
aflição e que almejam um contato pessoal com Ele.
Mas por que foi este meio que Cristo escolheu para ficar entre nós?
O grande bispo de Hipona, Santo
Agostinho, nos dá uma explicação. Diz ele que todo homem é capaz de
perceber a verdade e a vida, mas não encontra por si o caminho que
conduz a elas. Foi somente o Verbo de Deus que se tornou o caminho
quando se revestiu de nossa natureza. Por isso Ele quis deixar-se aos
homens, antes de subir aos céus, enquanto caminho acessível à Verdade e à
Vida, que é a Santíssima Eucaristia.
Ademais, todos sabem que quanto mais um
discípulo se relaciona com o seu mestre, mais ele o conhece, mais ele o
ama e mais ele adquire o seu espírito e sua mentalidade. E na medida em
que se sente semelhante ao mestre se sente feliz, pois percebe que está
cumprindo sua finalidade que é de estudar e aprender o que o seu mestre
lhe instruiu. Do mesmo modo acontece com uma pessoa que recebe Cristo
sacramentado: Quanto mais o recebe, mais o conhece, o ama e adquire o
seu espírito, por que, por meio desse alimento celeste, se relaciona com
Deus, autor de toda as coisas criadas e de todas as verdades eternas.
Portanto, a pessoa se assemelhará a Ele e cumprirá assim sua finalidade
terrena que é amar, louvar e servir a Deus com todo o seu entendimento e
com toda a sua vontade.
Quantos Santos ao longo da história não
tiveram uma experiência disso com o convívio Eucarístico? Basta lermos
suas vidas, e delas concluiremos que a felicidade deles consistiu em
amar a Deus sobre todas as coisas. Por isso eles eram felizes, pois
cumpriam o preceito deixado pelo próprio Cristo: "aquele que come a
minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (Jo 6,57).
Na permanência desse amor, eles encontraram o repouso de suas almas e
por isso não se preocupavam mais com essa vida passageira e terrena,
pois "aquele que vai ao encontro ao alimento dos Anjos não terá mais
fome, e aquele que crer nele não terá mais sede"(Cf. Jo 6,35).
Logo, se queremos encontrar a verdadeira
felicidade, devemos seguir o caminho deixado pelo Divino Mestre na
última ceia: a Eucaristia. Nela está contido o rumo que devemos tomar
para ganharmos o céu; a verdade que nos aconselhará e nos servirá de
sustento nas adversidades desta vida; e por fim o alimento que nos
levará a conquista da vida eterna na união plena com Deus. É o que
prescreveu, por assim dizer, Divino Mestre ao afirmar: "Eu sou o caminho
a verdade e a vida". Aproximemo-nos desse alimento salutar deixado pelo
próprio Cristo, que nos conduz a vida eterna; nos sustenta e nos traz a
verdadeira felicidade. (Raphaël Six)
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