«Vai primeiro reconciliar-te com
o teu irmão»
Ninguém poderá o que quer que
seja através da oração se não rezar com boas disposições e com uma fé reta.
[...] Não se trata de falar muito [...]; trata-se de não ir rezar com uma alma
perturbada por ressentimentos. Não se imagina que alguém vá à oração sem
preparar o seu coração; também não se imagina que aquele que reza possa obter o
perdão dos seus pecados se não tiver primeiro perdoado de todo o coração a um
irmão que lhe pede perdão. [...]
Portanto, em primeiro lugar,
aquele que se dispõe a rezar terá grande vantagem em adotar uma atitude que o
ajude a pôr-se em presença de Deus e a falar-Lhe como a alguém que o vê e lhe
está presente. Certas imagens e recordações de acontecimentos passados ocupam o
espírito que se deixa invadir por elas; por isso, é útil recordar que Deus está
ali e conhece os movimentos mais secretos da nossa alma. Desse modo, ela
dispõe-se a agradar Àquele que está presente, que a vê e antecipa todos os seus
pensamentos, Àquele que perscruta os corações e sonda os rins (Sl 7,10). [...]
Como dizem as Sagradas
Escrituras, é preciso que quem reza eleve as mãos puras, perdoe a cada um dos
que o ofenderam, rejeite tudo o que perturba a sua alma e não se irrite contra
ninguém. [...] E quem pode duvidar de que este estado de alma seja o mais
favorável? Paulo ensina-o quando diz na sua primeira carta a Timóteo: «Quero
que os homens rezem em todo o lugar, elevando as mãos puras, sem ressentimento
nem contestação» (2,8).
Orígenes (c.
185-253), presbítero, teólogo
Pequeno
Tratado sobre a Oração
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