«E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo» (Lc 1,76)
De entre os títulos de glória do
santo e bem-aventurado João Batista, cuja festa hoje celebramos, não sei
qual prefiro: se o seu nascimento milagroso ou a sua morte, ainda mais
milagrosa.
O seu nascimento trouxe uma profecia (Lc 1,67ss), a sua morte
a verdade; o seu nascimento anunciou a chegada do Salvador, a sua morte
condenou o incesto de Herodes.
Este santo homem [...] mereceu, aos
olhos de Deus, não desaparecer da mesma forma que os outros homens deste
mundo: deixou este corpo recebido do Senhor confessando-O.
João cumpriu
em tudo a vontade de Deus, uma vez que a sua vida e a sua morte
correspondem aos seus desígnios. [...]
Ainda se encontrava no ventre de sua mãe e já celebrava a chegada do
Senhor com os seus movimentos de alegria, uma vez que não podia fazê-lo
com a voz. Isabel diz a Santa Maria: «Pois logo que chegou aos meus
ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio» (Lc
1,44).
João exulta antes de nascer e, antes de os seus olhos verem o
mundo, o seu espírito reconhece já Aquele que é o seu Senhor. Penso que é
este o sentido da frase do profeta: «Antes que fosses formado no ventre
de tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te
consagrei» (Jer 1,5).
Não é de surpreender que, encarcerado na prisão
para onde Herodes o enviara, tenha continuado a pregar por intermédio
dos seus discípulos (Mt 11,2), uma vez que, ainda no ventre de sua mãe,
anunciara já com os seus movimentos a vinda do Senhor.
São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
Sermão 36
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