A Palavra de Deus
deste Domingo nos convida a refletir sobre a condição humana profundamente
marcada pela experiência da dor, da doença e do sofrimento. Sem a fé, então, a
vida fica sem sentido e a existência humana torna-se um tormento como a vida de
um escravo no trabalho forçado. Sem a fé
a vida é um terrível cotidiano.
O livro de Jó é um
maravilhoso drama sobre uma das questões mais enigmáticas da existência humana:
o sofrimento! Por que sofremos? Qual é o sentido do sofrimento? Qual é a sua
causa? O que fazer quando por ele somos acometidos? Qual deve ser a nossa justa
postura diante daquele que sofre?
Jó
reflete em seu leito de sofrimento e nos apresenta algumas verdades
incontestáveis da condição humana:
a)
Que a vida humana sobre a terra é uma luta - De fato, a essência-somos divinos e nos foi
dado como dom, mas a qualidade da nossa história depende da sábia
auto-administração; isso não é fácil, é uma luta pois nossa condição- Somos
uma realidade composta por duas dimensões básicas: uma física (material) e
outra espiritual (imaterial). Há um
sentido para o sofrimento e a doença: revelam a nossa fragilidade, pequenez, insuficiência,
dependência do Criador
b)
Que o homem fazendo experiência de sofrimento, lutando, aspira ardentemente por
recompensa como aquele que trabalha por um preço ou salário
combinado, fadigado pelo trabalho ao sol, suspira pela sombra, por um
refrigério - a vida humana é marcada por carências e insatisfações e suspiramos
por conforto e plenitude;
c)
Somos tentados a perder o sentido da vida quando caímos no sofrimento e
vivenciamos o tédio, o vazio, a tristeza, a angústia, a falta de esperança...
(cf. Jó 7, 4-6); - Apesar de tudo, é
necessário depositar a esperança em Deus. O
que sustenta Jó, não é a paciência, mas é a Fé da qual brota uma dinâmica
esperança que o alimenta: “lembra-te de que minha vida nada mais é do que um
sopro, de que meus olhos não mais verão a felicidade” .
Apesar de tudo,
vale a pena depositar em Deus nossa esperança. A fé dá um
sentido à dor, à doença e ao sofrimento! Diante do sofrimento sem fé, caímos na
revolta e rejeição, mas com fé nossa postura é de acolhida e resignação.
Assim
como a sogra de Pedro nos deu um maravilhoso exemplo com sua atitude de serviço
imediatamente à recuperação de sua saúde, Paulo por sua vez,
nos revela sua gratuita paixão em gastar suas energias a serviço do Evangelho
que, para si, constituía uma necessidade.
a) Quer
nos mostrar que entre Fé e a Vida não deve haver fragmentação; o compromisso
com a vida nova que brota do anúncio do Reino é contínuo, dentro e fora do
templo. O que se celebra no templo (liturgia), se torna
compromisso de vida lá fora.
b)
Um segundo detalhe significativo é o da cura da sogra de Pedro e sua atitude.
Jesus “tomou-a pela mãe e levantou-a e imediatamente a febra a deixou” (Mc
1,31). Jesus com essa atitude de se aproximar com liberdade de uma mulher
doente, dar-lhe a mão e levantá-la constitui um fato totalmente extraordinário
para os parâmetros sacerdotais de então. É uma atitude crítica, uma vez que os
rabinos do seu tempo tinham uma postura de pouco interesse pelo idoso e
doentes. Mais ainda, Jesus deixa-se servir por ela! Jamais um sacerdote dos
tempos de Jesus assumiria essa atitude. Jesus está abrindo novos horizontes
necessários para a vivência da Fé; e fato profundamente importante é a atitude
da mulher curada: “imediatamente põe-se a servir os presentes”. A sogra de
Pedro nos mostra o verdadeiro objetivo da saúde: possibilitar-nos a capacidade
de nos colocar a serviço dos outros.
Vamos
orar:-
Jesus tu és o médico
da humanidade: levavam a ti Jesus doentes afetados por diversos tipos de males:
físicos, psíquicos (possessos) tu, curava as doenças e expulsava demônios...
mais que um elenco de doenças vemos que em ti Jesus temos a resposta para todos
os males da humanidade; em ti está a plenitude da vida e da saúde.
Hoje aprendemos tanto
as atitudes da sogra de Pedro com as tuas Jesus nos apontam para a mesma
mensagem: para servir é necessário ser livre! Livre, sobretudo, de amarras
psíquicas, afetivas, econômicas, culturais... livra-nos do Egoísmo - que é a
fonte das prisões que sufoca muitas pessoas e as mantêm presas a si mesmas com
medo dos outros, cheias de desculpas calculadas que justificam a própria
mesquinhez, defensivas quanto a qualquer proposta de gratuidade de promoção dos
menos favorecidos, secas e impassíveis diante do drama alheio...
Jesus é o
médico da humanidade... Suas atitudes nos revelam o caminho do sentido da vida
e nos mostram para que servem todas as nossas forças e capacidades.
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