sexta-feira, 25 de maio de 2012


 Carta de Taizé 2012
CONFIANÇA ENTRE OS HOMENS ( I )
Abrir caminhos de confiança responde a uma urgência: apesar de as comunicações serem cada vez mais fáceis, as nossas sociedades humanas permanecem compartimenta­das e fragmentadas.
Há muros não apenas entre povos e continentes, mas também muito perto de nós e até dentro do coração huma­no. 
Pensemos nos preconceitos entre povos diferentes. Pen­semos nos imigrantes, tão perto e todavia frequentemente tão distantes. Entre religiões permanece uma ignorância recíproca e os próprios cristãos estão separados em múlti­plas confissões.
A paz mundial começa nos nossos corações.
Para darmos início a uma expressão de solidariedade, va­mos ao encontro dos outros, mesmo que por vezes estejamos de mãos vazias, escutemos, tentemos compreender aqueles que não pensam como nós… e uma situação bloqueada pode assim transformar-se.
Procuremos permanecer atentos aos mais fracos, àqueles que não encontram trabalho… A nossa atenção aos mais pobres pode expressar-se através de um compromisso social. A um nível mais profundo, esta atenção significa uma aber­tura em relação a todos: os nossos próximos são também, em certo sentido, pobres que precisam de nós.[I]
Perante a pobreza e a injustiça, algumas pessoas revol­tam-se ou sentem mesmo a tentação da violência cega. A violência não pode ser uma forma de mudar as sociedades.[II] Contudo, precisamos de escutar os jovens que expressam a sua indignação para tentar compreender as suas motivações essenciais.[III]
O impulso para uma nova solidariedade alimenta-se de convicções enraizadas: a necessidade da partilha é uma delas.[IV] É um imperativo que pode unir os crentes de dife­rentes religiões e também os crentes e os não crentes.
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[I] A pobreza não diz respeito apenas à vida material. Também pode ser a privação de amizades, a falta de um sentido para a vida, a ausência de acesso a riquezas como a poesia, a música, a arte e a tudo o que nos abre à beleza da criação.
[II] Em 1989, na Alemanha de Leste, nas vésperas da queda do muro de Berlim, os organizadores das manifestações nas ruas estavam atentos a que cada pessoa tivesse consigo uma vela acesa: uma mão segurava a vela e a outra protegia-a do vento, não ficando nenhuma mão livre para um gesto violento.
[III] Alguns jovens espanhóis empenhados em Madrid no movimento dos indignados escreveram-me: «Não sabemos o que poderá acontecer se a situação não melhorar. Há muitas pessoas no desemprego, que perderam a sua habitação e os seus direitos fundamentais, há muita confusão e exasperação por causa de um sistema jurídico, económico e social injusto, uma falsa democracia que não garante os direitos que estão inscritos na nossa Constituição: o direito a um alojamento digno, à integridade física e psíquica… Perguntou-nos o que poderia fazer por nós a Comunidade de Taizé. A nossa resposta é: pode fazer aquilo que já faz, ensinar-nos a guardar a paz interior. Contamos com a vossa oração e com o afecto que nos têm mostrado. Também podem informar os jovens que partilham as mesmas preocupações que nós.»

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