“Toda
a nossa geração se tornou surda.
A Sagrada Escritura, a sabedoria, as relações e a experiência pessoal estão sendo ignoradas. Somos em consequência uma geração de quatro guerras e das mais poderosas armas jamais fabricadas na história do mundo – num período denominado pacífico.
Somos uma geração de grande pobreza em meio a grandes
riquezas, de grande solidão em meio a grandes comunidades, de graves
colapsos pessoais e deterioração comunitária ante um crescimento social
sem precedentes, de grande tédio espiritual em meios às nossas grandes
proclamações de que somos um país temente a Deus.
No meio de toda essa cacofonia ensurdecedora da vida, o campanário de todos os mosteiros beneditinos repicam: Escuta! Escuta com o coração de Cristo. Escuta com o ouvido de quem ama. Escuta a voz de Deus. Escuta em teu próprio coração o som da verdade. Talvez o problema resida no fato de nem sequer sabermos – pelo menos a maioria de nós – o que significa escutar.
No entanto a Regra no-lo diz com limpidez.
Em
primeiro lugar, Bento estabelece um requisito: tudo deve ser feito com
conselho. A espiritualidade beneditina não tem lugar para a arrogância
elevada ao nível de inspiração. Para cultivar a espiritualidade
monástica devemos buscar conselho, ouvir recomendações, escutar as
opiniões de outras pessoas sobre assuntos que nos são caros. (…) A
impulsividade torna-se suspeita mesmo quando acontece ser correta uma
decisão impulsiva. Por que?
Porque a verdade é um mosaico da face de Deus. Porque a voz de Deus vem muitas vezes de onde menos esperávamos, como por exemplo, de uma sarça ardente (…) Em segundo lugar, ensina Bento, a vida é um processo de aprendizado. A cultura ocidental com seu ênfase nos graus acadêmicos, contudo, quase sufocou essa verdade. Tornamos as palavras “graduação” e “educação” quase sinônimos. Avaliamos o resultado por créditos acadêmicos. Descartamos a experiência, a profundidade e o fracasso . Acreditamos em ações, resultados, produtos, lucros e juventude e assim chegamos a considerar os mais velhos como essencialmente inúteis. Porém , no fim, todas essas espécies de realização nada mais são do que um deserto espiritual, se ao longo da caminhada não nos dedicarmos a descobrir a verdade, a cultivar a beleza e a reconhecer os verdadeiros ensinamentos da vida (…)
Porque a verdade é um mosaico da face de Deus. Porque a voz de Deus vem muitas vezes de onde menos esperávamos, como por exemplo, de uma sarça ardente (…) Em segundo lugar, ensina Bento, a vida é um processo de aprendizado. A cultura ocidental com seu ênfase nos graus acadêmicos, contudo, quase sufocou essa verdade. Tornamos as palavras “graduação” e “educação” quase sinônimos. Avaliamos o resultado por créditos acadêmicos. Descartamos a experiência, a profundidade e o fracasso . Acreditamos em ações, resultados, produtos, lucros e juventude e assim chegamos a considerar os mais velhos como essencialmente inúteis. Porém , no fim, todas essas espécies de realização nada mais são do que um deserto espiritual, se ao longo da caminhada não nos dedicarmos a descobrir a verdade, a cultivar a beleza e a reconhecer os verdadeiros ensinamentos da vida (…)
Todavia,
se eu me tornei meu próprio mensageiro, não há nada mais a ouvir.
Nenhum modo de crescer. Nenhuma chance de mudar. Nada além do eco da
minha própria voz (…) Não mais espero por aquele dia em que, de algum
modo terei acumulado escuta suficiente para não precisar mais questionar
as práticas piedosas que podem ser aprendidas facilmente.
Narra uma antiga história:
Era
uma vez um discípulo que tinha ouvido falar sobre o Fruto do Céu e o
cobiçava. Então , ele perguntou ao Mestre: “Como posso achar tal fruto e
assim conseguir logo o conhecimento?”. Disse o Mestre: Aconselho-te a estudares comigo. Se não fizeres assim, terás de viajar decidida e incansavelmente através do mundo. Mas
o monge pensou: Certamente haverá uma maneira mais eficiente do que
essa. Por isso deixou o mestre e procurou outro, depois outros, ainda
outro e muitos outros. O discípulo passou trinta anos procurando.
Finalmente chegou a um Jardim. No meio dele estava a Árvore do Céu e dos
seus galhos pendiam os brilhantes Frutos do Céu. E lá, de pé, ao lado
da Árvore, estava o primeiro Mestre. “Porque não me disse, quando nos encontramos pela primeira vez, que era você mesmo o Guarda do Fruto do Céu?” – Perguntou.
Respondeu o Mestre: “Porque não teria acreditado em mim. E além disso, esta Árvore só dá frutos uma vez a cada trinta anos e trinta dias”
Não existe maneira rápida e fácil de transformar a vida que levamos em divina.
São necessários anos de leitura das Escrituras, anos de escuta a
tudo da vida, anos de aprendizado para escutar através do filtro do que
lemos.
Uma geração de tortas rápidas, cafés instantâneos, refeições prontas para consumir diante da Tv, calculadoras e cópias xerox não está preparado para a tarefa lenta e tediosa de escutar e aprender sempre de novo, dia a dia, até que finalmente possamos escutar as pessoas que amamos e possamos amar as pessoas que nos desagradam e crescer para entender como a santidade se encontra aqui e agora, para nós.
Mas, algum dia, quiça em trinta anos, teremos escutado o suficiente para sermos capazes de levantar a conlheira resultante de anos de conhecimento de Cristo no tempo, ou pelo menos, nas palavras da Regra de Bento, para ter um bom inicio.
Até então os sinos do mosteiro continuarão a tocar, pacientemente, para nos lembrar que devemos escutar. Apenas escutar. Continuar escutando.”
Uma geração de tortas rápidas, cafés instantâneos, refeições prontas para consumir diante da Tv, calculadoras e cópias xerox não está preparado para a tarefa lenta e tediosa de escutar e aprender sempre de novo, dia a dia, até que finalmente possamos escutar as pessoas que amamos e possamos amar as pessoas que nos desagradam e crescer para entender como a santidade se encontra aqui e agora, para nós.
Mas, algum dia, quiça em trinta anos, teremos escutado o suficiente para sermos capazes de levantar a conlheira resultante de anos de conhecimento de Cristo no tempo, ou pelo menos, nas palavras da Regra de Bento, para ter um bom inicio.
Até então os sinos do mosteiro continuarão a tocar, pacientemente, para nos lembrar que devemos escutar. Apenas escutar. Continuar escutando.”
Joan D. Chittister (OSB)
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