"Luz que vindo ao mundo, ilumina os homens."
Pelas palavras que dissestes no princípio: "Faça-se a luz, e a luz foi feita", [Fl
2,6] entendo - e não me parece impropriamente - que a sua aplicação se
adapta as criaturas espirituais. De fato, já existia então uma espécie
de vida a ser por ti iluminada.
Mas, assim como nenhuma possuía méritos para ser uma vida que pudesses
iluminar, também nenhuma delas merecia, depois de adquirir existência, a
graça de ser iluminada. Sua informidade não te poderia ser agradável, a
menos que se tornasse luz, e isso, não pelo simples fato de existir,
mas por contemplar a luz que ilumina, e a ela aderir.
Assim ela deve a tua graça o viver, e toda a felicidade de viver, uma
vez que, por uma feliz reversão, voltou-se para aquilo que é incapaz de
mudar em melhor ou pior, isto é, voltou-se para ti, que és, e somente
tu, o único Ser simples, aquele que não possui outra vida, senão a vida
feliz, porque tu és a tua própria felicidade.
S. Agostinho bispo de Hipona; Confissões, livro XIII.
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