A SENSIBILIDADE
A sensibilidade é a “grande força” que o homem tem à sua
disposição. Ela está estreitamente ligada à pessoa com toda a bagagem humana,
psicológica, cultural e experiencial. Diversa é no entanto, a sua profundidade
e peculiaridade. Quanto mais profunda e penetrante ela for, tanto mais o homem
se encontrará em perigo, se não estiver em condições de administrá-la. Dai se
seguirá que a pouca ou errônea alimentação afetiva, a longo prazo, tornará a
pessoa frágil, fraca. Incapaz de preencher de bons sentimentos as próprias
ações.
Surge então a diferença entre aquilo que o homem
virtualmente acha ser capaz de realizar e aquilo que ele de fato faz. As
expectativas que não se convertem em ação, transformam-se em negatividade
humilhante, vazio, embaraço, mal-estar. A pessoa, nesse caso, procura atingir
objetivos mais altos com soluções aparentes que afrouxam a mordaça, fomentam um
bem-estar que, na realidade, é uma desilusão. Não há diálogo, e aumentam as
razões que levam a não ser autêntico.
A relação, uma vez estabelecida com “o que é diferente”,
substitui a eventual necessidade de diálogo entendido com busca de ajuda. Essa
ajuda será dada por pessoas erradas ou por substâncias que vão produzir um bem
estar artificial.
Mas o que cultiva uma boa sensibilidade e procura de
equilíbrio é a compensação da falta de apoio afetivo. O sofrimento é menor e
pode ser superado mesmo sem recorrer a expedientes de marginalização. Viverá
uma realidade sua com indiferença. Muitos, com efeito, não tem ideal, vivem o
vazio e são levados pelo tédio.
O afeto inevitavelmente nutre e sacia a fome existencial
da pessoa.
Toda a obra da criação, na sua explosão interior, revela
e manifesta uma existência repleta de mistério. A vida pulsa nas cores, nas
diversidades, despertando na mente mil indagações.
E a mulher transforma esse mundo em monopólio seu
extraindo dele valiosos elementos a serviço de seu próprio equilíbrio.
A sensibilidade da mulher tem grande capacidade de buscar
afeto nas pessoas e ainda em toda a criação. A mulher se alegra e vibra ao
colher a doçura contida nos pequenos gestos, no rosto das crianças. no perfume
das flores, no detalhe, que em geral, foge ao olhar, mais macroscópico do
homem.
A sensibilidade masculina, em geral, se manifesta de modo
muito especifico: tecnologia, esporte, dinheiro, sexo.
Essa é uma pobreza no campo do relacionamento que
deseduca em face das maravilhosas realidades interiores.
O desajustamento externo outra coisa não é senão
conseqüência inevitável do desajustamento interno. Outros fatores favorecem e
completam o quadro da marginalização: o ócio, a ma companhia, grande soma de
dinheiro
para gastar, a mentalidade de divertimento desregrado; em suma, tudo o que
favorece a imaturidade. Esses fatores pouco a pouco criam na pessoa idéias
falsas com objetivos absurdos de violência, hedonismo e falsa liberdade, para
atingi-las, recorre à mentira, á oposição ao diálogo em família.
A “coisa” agrada.
Alguns, superadas as primeiras dificuldades, aventuram-se
em mar aberto levados, afinal, pelo poder das fantasias. A sensibilidade, a
força que dá vida à pessoa, é refreada, sacrificada. Começa, assim, um processo
de decadência, um suicídio lento angustiante que sufoca inexoravelmente,
privando a pessoa da liberdade interior e da expressividade. A força do “fazer
e do ter” já prevalece na vida em oposição àqueles que escolheram desenvolver
antes de mais nada o “ser”.
A sede de domínio é sede de dinheiro. Chega-se a vender a
pessoa em troca de dinheiro. É o aborto da vida. Aquele que vende é antes um
vendido, uma pessoa mercadoria.
A vida não tem preço. Ela só tem o valor da doação.
Oferecer a vida é a maneira mais simples de entregá-la
nas mãos de Deus.
O dar-se, se bem expresso, é alegre e revela uma
intensidade sem igual.
Da sensibilidade surgem a criatividade e o amor, como
canto brota da siringe do canário. E a intensidade do dom é entrega ao Deus
Majestoso, refreado nas dobras da nossa miséria e da nossa pobreza.
Pe.Emílio Carlos
Mancini .
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