Jesus envia os seus discípulos dois a dois, porque está consciente
daquilo que lhes é confiado: uma mensagem difícil de proclamar, nem
sempre bem recebida. Ele sugere-lhes para rezar para que sejam numerosos
no campo da seara; se há trabalho, são precisos trabalhadores.
Previne-os: a sua fragilidade encontrará forças hostis. Devem pregar o
Reino de Deus, mas Satanás espera-os e procurará impedir o
estabelecimento deste mundo melhor. Jesus pede-lhes para estarem
completamente despojados de dinheiro, de saco, de sandálias, de
congratulações, para estarem apenas preocupados com o crescimento do
Reino que se reconhece no dom da Paz e com o levantar dos homens e
mulheres que a doença impede de estar de pé. Os discípulos podem, então,
pôr-se a caminho. Estão prevenidos, Jesus não os deixa na ilusão. É
respeitando este contracto que encontrarão a felicidade, a alegria
completa.
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara». É nesta palavra que se baseia a “oração pelas vocações”, em particular pelas vocações ao ministério presbiteral. Jesus dirige-se, primeiramente, a 72 discípulos que designou para além dos Doze Apóstolos.
Os nomes têm muitas vezes um
sentido simbólico. A tradução grega do Génesis (capítulo 10) dá uma
lista de todas as nações que povoam a terra: 72! Podemos, assim,
compreender que Jesus envia os discípulos a todas as nações. A missão de
anunciar o Evangelho não está reservada apenas ao grupo dos Doze, é
confiada, finalmente, a todos os discípulos, para irem até aos confins
da terra.
É toda a Igreja que é constituída missionária e missionada!
Rezar pelas “vocações” é pedir a Deus para fazer de cada baptizado um
testemunho da Boa Nova da salvação dada em Jesus. E se os trabalhadores
são poucos, é talvez porque os baptizados não estão ainda
suficientemente conscientes da sua missão. Em Igreja, normalmente não
deveria haver cristãos que se contentam em ser “consumadores
espirituais”.
Todos são chamados a ser “pedras vivas”. Além disso, a
seara não pertence aos ceifeiros. É a seara do mestre, que envia
trabalhadores para a “sua seara”. Não se trata de um mero detalhe! É
Deus que, em Jesus, semeou a boa semente. Este grão, de seguida, cresceu
sozinho, até ao tempo da ceifa. Os trabalhadores vêm recolher o fruto
de um trabalho que os precedeu. Os ceifeiros nunca devem esquecer que um
Outro está em acção há muito tempo no coração dos homens para neles
semear o grão do seu amor.
Todo o ministério na Igreja está apenas ao
serviço do Espírito Santo, já presente no segredo de cada ser humano.
Então, compreendemos melhor o porquê de estes servos não deverem agir
como se o êxito do seu ministério dependesse exclusivamente dos seus
esforços!
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