terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O Verbo, que Se fez homem, diviniza o homem -

Não fundamentamos a nossa fé em palavras sem sentido, nem nos deixamos arrastar por efêmeros impulsos do coração ou seduzir pelo encanto de discursos eloquentes; a nossa fé fundamenta-se nas palavras pronunciadas pelo poder divino.
Deus confiou estas palavras ao Verbo, e o Verbo pronunciou-as para arrancar o homem à desobediência; não o quis obrigar pela força como a um escravo, mas apelou para a sua decisão livre e responsável.

Na plenitude dos tempos, o Pai enviou à terra o Verbo, porque já não queria que Ele falasse por meio dos Profetas nem fosse anunciado por meio de prefigurações obscuras, mas desejava que Se manifestasse de forma visível, a fim de que o mundo, ao vê-lo, pudesse salvar-se.
Sabemos que o Verbo assumiu um corpo no seio da Virgem e transformou o homem velho numa nova criação. Sabemos que Se fez homem da nossa mesma substância. Se não fosse assim, em vão nos mandaria que o imitássemos como mestre. Se este homem tivesse sido formado de outra substância, como poderia impor-me a mim, débil por nascimento, as mesmas coisas que Ele fez? Como poderíamos, em tal caso, dizer que Ele é bom e justo?
Mas para que ninguém pensasse que era diferente de nós, suportou o trabalho, quis ter fome, não recusou a sede, dormiu para descansar, não rejeitou o sofrimento, submeteu-Se à morte e manifestou a sua ressurreição. Em tudo isto, ofereceu a sua humanidade como primícias, para que tu não desanimes no meio do sofrimento, mas, reconhecendo-te homem, esperes também tu receber o que a Ele foi oferecido.
Do Tratado de Santo Hipólito, presbítero: “Refutação de todas as heresias”
(Cap. 10, 33-34: PG 16, 3452-3453) (Sec. III)

Nenhum comentário:

Postar um comentário