Toda a História do Natal em uma única oração.
A Anunciação “e o Anjo anunciou a Maria”. Ambrogio Lorenzetti (c. 1290 – 1348)
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Ângelus: Em três pontos está condensada toda a História do Natal;
De uma forma tão sintética, breve, lógica e densa, que não se precisa acrescentar nada.
A
oração do Ângelus é uma meditação a respeito do Natal, feita através de
três pontos essenciais, com muita brevidade. Ela é eminentemente lógica
e bem construída.
Porém, em todas as coisas da Igreja, por cima de uma estrutura lógica e coerente;
Resplandece um universo de imponderáveis de unção e sacralidade que é
uma verdadeira beleza, e que formam um todo com essa estrutura lógica e
racional.
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Vejamos como é a História do Natal no Ângelus:
1º ponto: O Anjo do senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu do Espírito Santo;
2º ponto: Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua vontade;
3º ponto: O Verbo Divino se encarnou e habitou entre nós.
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São três aspectos do Natal.
O primeiro glorifica a mensagem angélica. O segundo, a atitude de Nossa Senhora de inteira obediência a essa mensagem.
O terceiro glorifica o fato do Verbo não só se ter encarnado, mas ter habitado entre nós.
Nesses três pontos está condensada toda a História do Natal de uma forma
tão sintética, breve, lógica e densa, que não se devia acrescentar
nada.
Cada ponto é seguido da recitação de uma Ave-Maria, que é uma
glorificação de Nossa Senhora, por esse aspecto daquela verdade que o
anjo anunciava.
Esse
é o maior fato da História da humanidade, e a maior honra para o gênero
humano é o Verbo se ter encarnado e habitado entre nós.
Por isso, se tornou hábito na piedade católica, pela aurora, ao meio-dia e depois, pelo crepúsculo, recitar o Ângelus.
Nas três etapas principais do dia, repetir essas verdades e louvar Nossa
Senhora a respeito dessas verdades, e pedindo-lhe graças a propósito
dessas verdades.
Como fica bonito o Ângelus rezado pela manhã, no meio-dia e no fim do trabalho às 6 horas da tarde!
Tem-se a impressão de um vitral que vai mudando de colorido, o Ângelus também vai mudando de matizes:
Como
é diferente entre o Ângelus rezado ao meio-dia, quando o ritmo de
trabalho é intenso, e o Ângelus rezado no crepúsculo, quando tudo se
reveste de uma suavidade, de uma espécie de começo de recolhimento.
A Igreja criou essa joia, que é o Ângelus, e a promove nas várias horas do dia, para tirar dela toda a beleza.
As coisas católicas são todas construídas na Fé com uma espécie de
instinto do Espírito Santo para se fazer bem feitas. Nelas se encontra
um mundo de harmonias.
No Ângelus há a harmonia admirável entre a maior clemência,
simplicidade, profundeza de conceitos, e uma beleza indefinível que tem
enfeites poéticos;
Literários, que não entra em choque com a Fé, mas, pelo contrário, são um complemento dela.
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Mil coloridos de um só vitral
Imaginem que o Ângelus tivesse sido encomendado por um ministro ou presidente da República:
Decreto
nº X mil e tanto: componha-se uma oração para ser recitada de manhã, ao
meio-dia e à tarde de todos os dias, todos os anos, todos os séculos.
Viria uma oraçãozinha relâmpago, com uma bobagem qualquer, vazia, seca. Poderia aparecer tudo, mas não apareceria o Ângelus.
Exatamente falta ao homem de hoje essa plenitude de espírito por onde as coisas se ordenam na linha da lógica, da coerência;
Da
beleza com tanta naturalidade que a gente nem percebe o que está por
detrás disso de bem pensado, de bem sentido, de bem realizado, de bem
rezado e, sobretudo, de bem acreditado.
Procuremos, então, o espírito da Igreja Católica em todas as coisas da vida. Dos bons tempos da Igreja, da tradição da Igreja.
E sujeitando tais coisas a uma análise racional, saem sóis de dentro,
saem belezas umas depois das outras, que é, exatamente, a riqueza
inexaurível do espírito católico.
Então, qualquer coisa simples se mostra uma verdadeira maravilha.
O Ângelus rezado pelo camponês, pelo padre, pelo cruzado, pelo guerreiro da Reconquista da Espanha, pelo trapista:
Cada um dá um dos mil coloridos de um vitral.
É tão simples, tão fácil, tão normal que, por isso mesmo, é uma verdadeira joia.
Isso
nos deve levar a ser cada vez mais devotos do Ângelus, não o omitindo
em nenhuma ocasião, lembrá-lo em nossa oração matinal, lembrando de tudo
quanto existe no Ângelus.
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