Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sábado, 30 de outubro de 2010

Ser consagrado é viver junto do Sagrado

(...) a íntima união com Deus e serem testemunhas de seu amor.

Consagrar a nossa vida a serviço do crucificado; acolher o Crucificado;
Somos consagrados para viver o Reino da Partilha do Pão;
Somos consagrados para o serviço;
Somos consagrados para anunciar Cristo Crucificado em meio aos crucificados sendo sinal e presença de ressurreição para eles.
A nossa adesão à missão, mesmo que pequenina como uma chama, nunca podemos deixar que se apague.
Ser consagrado é viver junto do Sagrado. Ter consciência de que pertence a Deus e sentir-se unido em profunda e total comunhão com Deus. Agir em sintonia com a vontade de Deus, expressando por palavras e ações que Deus é o único Absoluto, Aquele que reina em nossos corações.
A pessoa consagrada tem Deus no altar do coração. Podemos aplicar à pessoa consagrada, a palavra de Deus dirigida a Israel através do profeta Isaías: “Chamei-te pelo nome, tu és meu! Tu és precioso aos meus olhos, me és caro e eu te amo” (cf. Is 43, 1.4).

Origem da Consagração: O Batismo (Lc 3,21-22)

No dia do nosso Batismo, enquanto a comunidade-igreja rezava, o céu se abriu para nós revelando que temos raízes no céu. Naquele dia bendito, o Pai Eterno declarou o amor dele por nós e gravou em nossos corações, pelo Espírito Santo, que somos “filhos no Filho Jesus” (cf. Rm 8,14-17).
Pelo Batismo deixamos de ser meras criaturas para ser homens novos, mortos para o pecado e renascidos em Cristo para “ser imagem e semelhança de Deus no amor” (cf. Rm 6,4-11; Ef 1,4-6). Consagrados participamos da vida divina, peregrinos no mundo que passa somos eternos ( cf. 1 Jo 3,1-2).
Pelo Batismo fomos inseridos e mergulhados no Ministério da Vida de Amor e Comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Essa graça que nós é dada participar, somente pode ser vivida como experiência na Comunidade Eclesial.
Viver como filhos de Deus na comunidade, criando comunhão com os outros, para sentir-se irmão de todo homem e de toda mulher (cf. Mt 5,43-48;Jô 13,-35;At 2,42-47).
Inseridos na Comunidade Eclesial é que cada de um de nós sentiu o desejo de viver o Batismo através da Profissão Religiosa e ou do Ministério Ordenado ou mesmo como consagrado leigo em uma Nova Comunidade.
Portanto, a nossa Consagração e o nosso Ministério expressam e explicitam o modo radical que escolhemos para viver nosso Batismo na Comunidade Eclesial.
No exercício da liberdade de filhos de Deus, cada um de nós, escolheu e decidiu ser Religioso, Consagrado, Família Consagrada no Matrimônio, emitindo para toda a vida os Votos de Pobreza, Castidade e Obediência ou viver mais radicalmente estas virtudes evangélicas.
Esse modo de viver o Batismo se concretiza através do Carisma e Missão da Comunidade que escolhemos para ser nosso Projeto Existencial.
O Batismo nos imerge na dinâmica pascal da morte e ressurreição de Jesus e nos consagra como membros do povo de Deus. Esta consagração nós a reafirmamos e a vivemos mais plenamente pela profissão da vida, ratificando o nosso Batismo em uma consagração específica dentro de um Instituto religioso ou novas Comunidades através do assumir do batismo comprometido também a um carisma fundacional vivendo segundo as Constituições que se propõe dentro desta Comunidade religiosa.
Assim sendo as Constituições, os Estatutos, ou Regras e diretórios precisam ser acolhidos como Livro de Vida e Caminho da mais autêntica Espiritualidade porque elas expressam e explicitam o Carisma e Missão da Comunidade.
Para manter nossa fidelidade à causa assumida é preciso aquecer o desejo de consagração. Trata-se de viver em contínuo processo de conversão para conservar o rumo, de coração e olhos voltados para a meta escolhida (cf. Hb 12,2).
Somente enraizados em Cristo e inseridos na sua Paixão Salvadora, abraçando a Cruz como expressão máxima do Amor de Deus pela humanidade, é que podemos nos re-encantar com a Vida Consagrada em configuração com o Crucificado Jesus e humanizar nossas relações.
Não podemos, de fato, pretender anunciar aos outros a Palavra da Cruz, se antes não estiver ela impregnada a nossa vida.

“Chamou a si os que Ele queria” (cf. Mc 3,14-15)

São Paulo da Cruz “quis que seus seguidores vivessem uma vida conforme a dos Apóstolos e cultivassem profundo espírito de oração, de penitência e de solidão, para alcançarem a íntima união com Deus e serem testemunhas de seu amor.”
Viver a vida “conforme a dos Apóstolos supõe ter consciência de ser escolhido e chamado por Jesus para estar com Jesus e dele aprender, para ser enviados a pregar. É uma experiência que exige dinamismo, isto é, disposição para “ir ao encontro de Jesus”.
Quando falta a consciência de ser escolhidos e quando descuidamos de estar com Jesus, abraçados à sua Cruz, ficamos vulneráveis e espiritualmente anêmicos.
Isso se verifica quando nos apegamos aos nossos projetos pessoais em prejuízo do projeto comum e da missão específica da Comunidade.
Nas Constituições da Comunidade Alpha e Ômega encontramos um enunciado que deve nortear todo o viver de quem quer de fato proclamar: Deus , somente Deus , em tudo e sempre ! “Coloquemos sempre o projeto da vida pessoal em função do projeto da vida comunitária”. (C.50)
Outro sintoma da anemia é deixar-se conduzir pela lei do menor esforço: mínimo ou nada de oração comunitária, de retiro, de estudos e reuniões para planejamento e revisão de vida. Estabelece-se uma convivência passiva onde impera a “paz dos pântanos”: eu não mexo com você e você não mexe comigo.
Esses e outros sintomas põem em xeque a identidade da Comunidade. Se somos um grupo de homens consagrados para a missão, que desejam viver ao “modo dos Apóstolos” , temos que cultivar a capacidade de ser itinerantes para garantir que o Evangelho da Cruz será anunciado. A comunidade Apostólica é formada por homens Apostólicos, isto é, abertos e generosamente disponíveis para a missão. Quando isso parece difícil, o missionário precisa aplicar a si mesmo as palavras do Salvador: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, irá perde-la; mas, o que perder a sua vida por causa de mim do Evangelho, irá salva-la” (Mc 8,34-35;cf.Fp 5,5-11).
Neste sentido faz-se necessário a ascese proposta na Constituição 50 : “Nosso relacionamento com o outro seja sempre marcado pela justiça e caridade. Tenhamos respeito mútuo, principalmente, na participação das ações comunitárias”.
Disciplina que cada um impõe a si mesmo para criar intimidade com Deus e com os irmãos , pois quem diz amar a Deus que não vê e não ama o irmão a qual convive é mentiroso por isso nossas Constituições 48 também nos recordam: “Cremos na presença de Cristo em nós e no irmão e, embora ocasionalmente não experimentemos nenhuma ressonância sensível, lembremo-nos de que ele é Templo de Deus”. ( I Cor. 3,16-17).
A íntima comunhão com Deus nos mantém livres diante dos pretensos absolutos que a cultura moderna nos impõe. Permanecer com Jesus para aprender a fazer a vontade do Pai é uma experiência que nos liberta da síndrome de onipotência e divindade e nos diz: “Há um Deus e, este, não é você! ”
Essa experiência nos leva a “ouvir, hoje, a voz do Senhor (Sl 94) e a perguntar: “Onde queres, Senhor, que te preparemos a Páscoa?” (cf. Lc 22,8-9).

“Retirar com Jesus para contar o que estamos fazendo” (cf. Mc 6,30-31)

Para “aquecer o desejo de consagração” ou nutrir o encanto pela Vida Consagrada e requalificar nossa vida comunitária é necessário reservar tempo e criar espaço para estarmos juntos. Estar bem uns com os outros e unidos a Jesus é condição para o feliz êxito da missão. Por isso nos reunimos aqui. Queremos olhar no espelho da nossa vida para verificar se o nosso rosto vale dizer identidade, confere com a vida que escolhemos.
É preciso ter um olhar de compaixão, realista e esperançoso. Temos que ter a capacidade de olhar para o passado com gratidão. Olhar para o presente com ousadia na certeza de que “haverá um futuro para nós”.
Assim também nossa comunidade trás em suas Constituições 16a estas palavras para serem vividas e marcadas na alma : “ter como empenho único a visão de Deus e o andar sem olhar à direita ou à esquerda, ao futuro ou passado. Significa mergulhar, submergir, perder-nos na Divina Vontade; ver em cada acontecimento a mão de Deus que guia e age. Manter-se assim num estado de metanóia permanente, tanto de forma individual como comunitária, reconhecendo na prática da ascese um meio indispensável para caminhar mais facilmente para Deus, na disponibilidade total para a santidade, e assim saber encontrar na vida comunitária as condições para chegarmos ao pleno conhecimento e amadurecimento, “conforme a medida do dom de Cristo””
Nosso grupo tem proposta e tem testemunho de vida: é fecundo?
Esse processo de revisão pode ser feito a partir do tripé que configura a Vida Consagrada: Espiritualidade, Fraternidade e Missão.
Essas três dimensões precisam ser articuladas de forma coerente para que tenham força e sentido em nossa vida.

a) Espiritualidade:
“Se vivemos pelo Espírito, pautemos a nossa vida pelo Espírito” (Gl 5,25). A vida segundo o Espírito é uma vida de comunhão com Deus. A vida espiritual supõe cuidado e cultivo. Cultivar a espiritualidade para agir conforme o Espírito e produzir os frutos do espírito (cf. Gl 5,22-25). Quem vive segundo o Espírito passa pelo mundo fazendo o bem. Portanto, a verdadeira espiritualidade confere identidade, altera e modifica a vida para melhor. Uma autêntica vida espiritual humaniza as relações.
Santidade tem tudo a ver com sanidade. Ser uma pessoa sã, saudável, reconciliada e pacífica.
Os santos não são perfeitos. Mesmo os canonizados e colocados sobre os altares não são perfeitos. Mas são pessoas que se encheram de uma tal maneira da vida de Deus, santificaram-se de uma tal maneira que a Igreja os venera dessa forma. Então, o santo não é perfeito, ele participa de uma forma profunda da santidade de Deus, daquele que é todo Santo.
A busca da santidade, embora nos aproxime do perfeito e da perfeição, é simples busca de Deus, livre de toda glória humana, que amadurece cada vez mais conforme o homem vai se percebendo imperfeito e miserável e, portanto, dependente do perfeito. Na santidade as misérias nos fazem ser mais santos enquanto nos fazem depender mais de Deus.
A marca de um santo não é a perfeição, mas a consagração. Um santo não é um homem sem faltas, mas um homem que se deu sem reservas a Deus.
Ser santo é ser feliz! Embora a espiritualidade seja uma experiência singular, há também uma espiritualidade comum que herdamos da história e do carisma da Comunidade e que o próprio carisma Fundacional nos alicerça para esta busca de santidade.
Veja o que nos diz o baluarte de nossa Comunidade santa Madre Teresa de Jesus e que nos ajuda na demonstração de nossa honestidade na maneira de viver e verdadeiro início de vida comum, lembremo-nos sempre das últimas palavras de nosso baluarte Santa Teresa à suas filhas: “Minhas filhas e minhas senhoras, peço-lhes pelo amor de Deus que guardem com o maior cuidado a Regra e as Constituições; se as guardarem com a pontualidade e a obediência que devem, não será necessário outro milagre para canonizá-las. Não imite o mau exemplo que lhes deu e lhes tem dado esta má religiosa, e perdoem-me”.(Constituições 122)
Essa espiritualidade é cultivada na convivência e no modo de realizar a missão. Ela se expressa por atitudes e por sinais externos que revelam nossa identidade de consagrados. Neste sentido podemos perguntar: Quais características e sinais definem nossa espiritualidade?

b) Fraternidade: Amar-nos uns aos outros já é apostolado. A casa comunitária ou religiosa tem que ser o espaço para o cultivo da espiritualidade. Em comunidade, convivendo uns com os outros é que fazemos experiência de Deus.
Viver e crescer em comunidade é nosso desafio nesses tempos modernos de globalização que incentiva o individualismo.
Aceitar, acolher e respeitar o outro. Estabelecer o diálogo que inclui o diferente. Exercer o poder na forma de serviço gratuito. Passar pelo aprendizado da paciência, da tolerância e do perdão. Saber lidar com o conflito das gerações: Novos e velhos em comunhão de vida para favorecer a Missão. Ter a honestidade de que não podemos fazer só o que nos convém.
É necessário saber perder, abrir mão das minhas idéias e posições cristalizadas. Deixar a mania de achar que minhas idéias são a salvação do grupo. Para a nossa reflexão podemos ler: (Mt 5,43-48; Lc 6, 36-38: jô 13, 34-35: Cl 3, 12-17; Gl 6,2).
Quais os desafios que temos em nosso grupo na vida em comunidade? Estamos dispostos a enfrentá-los?

c) Missão:
“Ai de mim se eu não evangelizar” (1 Cor 9,16) Existimos na Igreja para anunciar a Paixão de Cristo que, morto na cruz e ressuscitado, salvou a humanidade. A cruz é expressão do amor de Deus pelo mundo. “Conscientes de que a Paixão de Cristo continua no mundo até Ele voltar em sua Glória, compartilhamos das alegrias e ansiedades da humanidade a caminho para o Pai. Desejamos participar das tribulações dos homens, especialmente dos pobres e abandonados, confortando-os e aliviando-lhes os sofrimentos. Com o poder da Cruz, que é sabedoria de Deus, animando-nos a iluminar e superar as causas dos sofrimentos em que se debatem os homens. Esta é a razão pela qual nossa missão se dirige para a evangelização, mediante o ministério da Palavra da Cruz, a fim de que todos conheçam a Cristo e o poder de sua Ressurreição, participem de seus sofrimentos e se assemelhem a Ele na morte para estarem com Ele na glória.
Quais as características do nosso apostolado que nos identificam como Missionários dentro de nossa missão profética da comunidade em sua missionariedade? Todo Carisma trás uma força profética.

Um itinerário possível...

Um Ícone: A Santíssima Trindade, Comunhão de Pessoas no Amor: Amantes, Amadas e Amorosas. Origem, Fonte e Horizonte da Vida;

Uma Meta: Jesus Cristo ( Hb 12,2; Fl 3,7-14; Gl 2,19-20);

Uma Senha: Eu sou amado pelo Pai Eterno que, em Cristo Jesus, me acolhe como filho na Luz e Força do Espírito Santo para que eu seja semelhante a Ele no amor (cf. Rm 8,14-17; Ef 1,3-4);

Um Caminho: O cultivo da Espiritualidade Cristã dentro do Carisma particular de cada Comunidade e Instituto religioso;

Um Objetivo: Evangelizar de forma profética e libertadora com renovada esperança, a partir da Comunidade Fraterna que é em si mesma proclamação explícita do Evangelho ( cf. At 2,42-47; 4,32-35; Jô 13,34-35; Rm 12,3-13);

Um Exercício: Aquecer o desejo da Comunidade, num contínuo processo de conversão, renovando o sentimento de pertença à Comunidade;

Uma Declaração: Eu sou um consagrado e sinto prazer de ser e fazer o que é próprio de uma pessoa consagrada. Sou Feliz!

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

(*) Apoio para o texto :
Constituições Alpha e Ômega
Constituições Passionistas

Quando Deus nos visita

Lucas 19,1-10
Queira o Senhor visitar também hoje a casa deste mundo e desta humanidade.

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Espiritualidade

O Evangelho deste domingo nos enche de uma serena esperança.
Jesus não veio para o presente fácil, para o aplauso falaz ou pelo elogio barato dos que estão no recinto seguro, e sim "veio buscar e salvar o que estava perdido".
Aquela sociedade judaica havia feito uma classificação fechada dos que valiam e dos que não valiam.
Jesus romperá esse elenco maldito, diante do escândalo dos hipócritas, e será freqüente vê-lo em contato com os que estavam condenados a toda marginalização: doentes, estrangeiros, prostitutas e publicanos.
Eram as pessoas a quem, por estarem perdidas, Ele havia vindo para buscar.
Concretamente Zaqueu tinha em sua conta que era rico e chefe de publicanos, com uma profissão que o tornava foco de ódio diante do povo e com uma riqueza de duvidosa aquisição.
Jesus, como Pastor bom que busca uma ovelha perdida ou uma dracma extraviada, buscará também este Zaqueu e o chamará pelo seu nome para hospedar-se em sua casa: "Hoje a salvação entrou nesta casa".
Lucas emprega mais vezes, em seu evangelho, a palavra "hoje": quando Jesus começa seu ministério público ("Hoje se cumpre esta escritura que acabais de ouvir - Lc 4, 16-22); quando está com Dimas, o bom ladrão, no calvário ("Eu te asseguro que hoje estarás comigo no paraíso" - Lc 23, 43).
O ódio dirigido a Zaqueu, a sinalização que murmura, condena e inveja... não serviram para transformar esse homem tão baixinho como aproveitador.
Bastou um olhar diferente em sua vida, foi suficiente que alguém o chamasse pelo seu nome com amor e entrasse em sua casa sem interesses lucrativos, para que este homem se transformasse, para que voltasse a começar corrigindo seus erros.
A escuridão não se clareia denunciando sua tenebrosidade, e sim colocando um pouco de luz.
Isso é o que Jesus fez nessa casa e nessa vida.
E Zaqueu compreendeu, pôde ver seu erro, sua mentira e sua injustiça à luz da Presença diferente.
A luz misericordiosa de Jesus provocou em Zaqueu a mudança que não puderam obter os ódios e acusações sobre este homem. Esse foi seu hoje, o momento da sua salvação.
Poderemos fazer que nosso mundo escute essa voz de Alguém que nos chama pelo nosso nome, sem usar-nos nem manipular-nos, sem jogar mais terra em cima de nós, sem sinalizar inutilmente todas as regiões escuras da nossa sociedade e das nossas vidas pessoais, mas simplesmente colocando luz sobre elas?
Queira o Senhor visitar também hoje a casa deste mundo e desta humanidade.
Será o milagre de voltar a começar para quem acolher Jesus, como Zaqueu.

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OVIEDO, (ZENIT.org) - Apresentamos a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste domingo (Lucas 19, 1-10), 31º do Tempo Comum.

* * *

«Amigo, vem mais para cima»

Ó humildade, flor da beleza, vejo como são poucas as almas que te possuem!

Evangelho segundo S. Lucas 14,1.7-11.

Tendo entrado, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição, todos o observavam. Observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete, não ocupes o primeiro lugar; não suceda que tenha sido convidado alguém mais digno do que tu, venha o que vos convidou, a ti e ao outro, e te diga: 'Cede o teu lugar a este.' Ficarias envergonhado e passarias a ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, senta-te no último lugar; e assim, quando vier o que te convidou, há-de dizer-te: 'Amigo, vem mais para cima.' Então, isto será uma honra para ti, aos olhos de todos os que estiverem contigo à mesa. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.»

Reflexão:


Ó humildade, flor da beleza, vejo como são poucas as almas que te possuem – será por seres ao mesmo tempo tão bela e tão difícil de conquistar? Ó sim, tanto por uma coisa como por outra. O próprio Deus tem nela a Sua predileção. Sobre a alma cheia de humildade entreabrem-se as eclusas celestes e derrama-se um oceano de graças. Ó como é bela a alma humilde; do seu coração, como de um turíbulo, sobe todo um perfume agradabilíssimo que atravessa as nuvens e alcança o próprio Deus, enchendo de alegria o Seu coração santíssimo. Deus não recusa nada a esta alma; ela é todo-poderosa e influencia o destino do mundo inteiro. A uma tal alma Deus a eleva até ao Seu trono. Quanto mais ela se humilha, mais Deus se debruça sobre ela, a segue com as Suas graças e a acompanha a cada momento com a Sua omnipotência. Essa alma está profundamente unida a Deus.

Ó humildade, implanta-te profundamente em todo o meu ser. Ó Virgem, a mais pura de todas as virgens e também a mais humilde, ajuda-me a atingir uma humildade profundíssima. Compreendo agora porque é que há tão poucos santos: é que poucas almas são verdadeira e profundamente humildes.

Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa
Diário, § 1306 (a partir da trad. de Eds. Parole et dialogue 2002, p. 440)

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

Soli Deo gloria!
Glória somente a Deus!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

BILHETE DE EVANGELHO - 31º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ele veio “procurar e salvar o que estava perdido”

31 de Outubro de 2010


É verdade que Zaqueu tinha subido a um sicômoro, mas é Jesus que ergue os olhos e interpela o publicano de Jericó: “Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa”. A iniciativa de Jesus provoca em Zaqueu toda uma mudança, pois ele nunca teria ousado convidar Jesus de quem ouvira falar. Sente-se reconhecido não como “cobrador de impostos” e ladrão, mas como alguém que pode manifestar o homem que é verdadeiramente capaz de ser: generoso para com os pobres, reparador das faltas que tenha podido ocasionar. Na casa de Zaqueu, Jesus faz-nos ver o que veio fazer ao vir ao encontro da humanidade: ajuda-o a encontrar o seu próprio rosto… Sim, Ele veio “procurar e salvar o que estava perdido”, para restabelecer a imagem de Deus no rosto do homem que o pecado tinha afundado.

À ESCUTA DA PALAVRA.

A história de Zaqueu é uma história de olhares… Há o olhar de Zaqueu, que procurava ver quem era Jesus; correu e subiu a um sicômoro para ver Jesus que devia passar por aí. Há o olhar de Jesus que, ao chegar a esse lugar, ergueu os olhos… Há, enfim, o olhar da multidão, que, ao ver tudo isso, recriminava Jesus por ir a casa de um pecador.

Três olhares, tão diferentes uns dos outros! Bem o sabemos: o olhar é uma linguagem para lá das palavras. Os nossos olhares falam muito mais do que tantos discursos. As nossas palavras podem mentir, os nossos olhares não.

EM primeiro lugar, reparemos no olhar da multidão. Jesus tinha curado um mendigo cego; ao ver isso, a multidão celebrou os louvores de Deus. Ao ver o maravilhoso, a multidão maravilhou-se. E depois, tudo muda de repente. Após a atitude de Jesus para com Zaqueu, a multidão olha Jesus com hostilidade. Versatilidade das multidões, sem dúvida. Mas também versatilidade dos nossos próprios olhares. Basta uma coisita de nada para que o meu olhar sobre aquele que estimava mude, quando percebo que ele não era “bem” aquilo que eu pensava!

Em segundo lugar, reparemos no olhar de Zaqueu. Mais do que um olhar de simples curiosidade, é um olhar de desejo. Ele tinha ouvido dizer que este Jesus não falava como os escribas e os fariseus. Além disso, Ele fazia milagres. Não viria Ele da parte de Deus? Então, ele quer ver este rabino que não é como os outros. Mas a sua procura continua tímida. Não ousa avançar demasiado. E eu? Qual é o meu desejo de ver Jesus, de O conhecer? Não sou demasiado tímido quando se trata da minha ligação com Jesus e da minha fé? Finalmente, o olhar de Jesus, que ergueu os olhos para Zaqueu. Que viu Ele? Um pecador à margem da Lei, banido por todos? Não, Jesus viu um homem rejeitado por todos, um homem habitado por um desejo, talvez não muito explícito, de ser acolhido por Ele próprio. Viu um homem que não tinha ainda compreendido que Deus o amava, apesar dos seus pecados, que Deus o olhava unicamente à luz do seu amor primeiro e gratuito. Então, Jesus colocou no seu olhar sobre Zaqueu todo este amor que transformou o publicano.
E que o salvou!

PALAVRA PARA O CAMINHO DA VIDA…

Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “Cantai ao Senhor um cântico novo”…; “A Palavra de Deus não está encadeada”…; “Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos”…; “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”… Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

31º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO C


O amor de Deus que Zaqueu experimentou quando ainda era pecador provocou a conversão e converteu o egoísmo em generosidade.

31 de Outubro de 2010

A liturgia deste domingo convida-nos a contemplar o quadro do amor de Deus.
Apresenta-nos um Deus que ama todos os seus filhos sem excluir ninguém, nem sequer os pecadores, os maus, os marginais, os “impuros”; e mostra como só o amor é transformador e revivificador.

Na primeira leitura um “sábio” de Israel explica a “moderação” com que Deus tratou os opressores egípcios. Essa moderação explica-se por uma lógica de amor: esse Deus omnipotente, que criou tudo, ama com amor de Pai cada ser que saiu das suas mãos – mesmo os opressores, mesmo os egípcios – porque todos são seus filhos.

O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, que se encontrou com Jesus e descobriu n’Ele o rosto do Deus que ama… Convidado a sentar-se à mesa do “Reino”, esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pobres.
A segunda leitura faz referência ao amor de Deus, pondo em relevo o seu papel na salvação do homem (é d’Ele que parte o chamamento inicial à salvação; Ele acompanha com amor a caminhada diária do homem; Ele dá-lhe, no final da caminhada, a vida plena)… Além disso, avisa os crentes para que não se deixem manipular por fantasias de fanáticos que aparecem, por vezes, a perturbar o caminho normal do cristão.

LEITURA I – Sab 11,22-12,2

O “Livro da Sabedoria” é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu autor – um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na Diáspora (Alexandria?) – exprimindo-se em termos e concepções do mundo helênico, faz o elogio da “sabedoria” israelita, traça o quadro da sorte que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os egípcios (idólatras) e o hebreus (fiéis a Jahwéh).
O seu objetivo é duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus… Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira “sabedoria”, a verdadeira felicidade.
O texto que nos é proposto pertence à terceira parte do livro (cf. Sab 10,1-19,22). Nessa parte, recorrendo, sobretudo, à técnica do midrash, o autor faz a comparação entre os castigos que Deus lançou contra aos “ímpios” (os pagãos) e a salvação reservada aos “justos” (o Povo de Deus).
Depois de descrever como a “sabedoria” de Deus que se manifestou na história de Israel (cf. Sab 10,1-11,14), o autor faz referência ao pecado dos egípcios, que rendiam culto “a répteis irracionais e a bichos miseráveis” (Sab 11,15); e manifesta o seu espanto de que o castigo de Deus sobre os egípcios tenha sido tão moderado e benevolente (cf. Sab 11,17-20).
Porque é que Deus foi tão moderado e não exterminou totalmente os egípcios? É a essa questão que o nosso texto responde.

Fundamentalmente, o autor encontra três razões para justificar a moderação e a benevolência de Deus.
A primeira tem a ver com a grandeza e a onipotência de Deus (cf. Sab 11,22). Quem é grande e poderoso, não se sente incomodado e posto em causa pelos atos daqueles que são pequenos e finitos… Ele vê as coisas com suficiente distância, percebe as razões do agir do homem, não perde o “fair play”; daí resulta a tolerância e a misericórdia.
A segunda vem dessa lógica que caracteriza sempre a atitude de Deus em relação ao homem: a lógica do perdão (cf. Sab 11,23). Ele não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva; por isso, “fecha os olhos” diante do pecado do homem, a fim de o convidar ao arrependimento… Repare-se, no entanto, que esta lógica não se exerce aqui sobre o Povo de Deus, mas sobre um império pagão e opressor: é a universalidade da salvação que aqui é sugerida.
A terceira tem a ver com o amor de Deus (cf. Sab 11,24-26), que se derrama sobre todas as criaturas. A criação foi a obra de amor de um pai; e esse pai ama todos os seus filhos. Ele é o Senhor que “ama a vida”.
É porque todos os homens levam dentro de si esse “sopro de vida” que Deus infundiu sobre a criação, que Ele se preocupa, corrige, admoesta, perdoa as faltas, faz que se afastem do mal e estabeleçam comunhão com Ele (cf. Sab 12,1-2).

ATUALIZAÇÃO

A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes elementos:

• O Deus que este texto apresenta é uma figura benevolente e tolerante, cheia de bondade e misericórdia, que não quer a destruição do pecador, mas a sua conversão e que ama todos os homens que criou, mesmo aqueles que praticam ações erradas. Ora, todos nós conhecemos bem este quadro de Deus, pois ele aparece-nos a par e passo… Mas já o interiorizámos suficientemente?

• Interiorizar esta “fotografia” de Deus significa “empapar-nos” da lógica do amor e da misericórdia e deixar que ela transpareça em gestos para com os nossos irmãos. Isso acontece, realmente? Qual é a nossa atitude para com aqueles que nos fizeram mal, ou cujos comportamentos nos desafiam e incomodam?

• Muitas vezes, percebemos certos males que nos incomodam como “castigos” de Deus pelo nosso mau proceder. No entanto, este texto deixa claro que Deus não está interessado em castigar os pecadores… Quando muito, procura fazer-nos perceber – com a pedagogia de um pai cheio de amor – o sem sentido de certas opções e o mal que nos fazem certos caminhos que escolhemos.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144(145)
Refrão: Louvarei para sempre o vosso nome,
Senhor meu Deus e meu Rei.
Quero exaltar-Vos meu Deus e meu Rei
e bendizer o vosso nome para sempre.
Quero bendizer-vos, dia após dia,
e louvar o vosso nome para sempre.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.
Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso Reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.
O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos.

LEITURA II – 2 Tes 1,11-2,2


Forçado a deixar Filipos, Paulo chegou a Tessalónica pelo ano 50. Segundo o seu costume, pregou primeiro aos judeus na sinagoga, obtendo algum sucesso; mas os judeus – incomodados pelo testemunho de Paulo – sublevaram a multidão e o apóstolo teve de abandonar, à pressa, a cidade. De lá, dirigiu-se para Bereia, Atenas e, depois, Corinto.
Em Tessalónica ficou uma comunidade entusiasta e fervorosa, constituída na sua maioria por pagãos convertidos… Mas Paulo estava inquieto, pois chegaram-lhe notícias da hostilidade dos judeus para com os cristãos de Tessalónica; e essa comunidade, ainda insuficientemente catequizada, com uma fé muito “verde”, corria riscos. Paulo enviou Timóteo a Tessalónica, para saber notícias e encorajar os cristãos… Quando Timóteo voltou, Paulo estava em Corinto. As notícias eram boas: os tessalonicenses continuavam a viver com entusiasmo a fé e a dar testemunho de Jesus. Havia, apenas, algumas questões de doutrina que os preocupavam – nomeadamente a questão da segunda vinda do Senhor. Paulo decidiu-se, então, a escrever aos cristãos de Tessalónica, animando-os a viverem na fidelidade ao Evangelho e esclarecendo-os quanto à doutrina sobre o “dia do Senhor”. Estamos no ano 51.
Embora não haja qualquer dúvida de que a Primeira Carta aos Tessalonicenses provém de Paulo, há quem ponha em causa a autoria paulina da Segunda Carta aos Tessalonicenses. De qualquer forma, a Segunda Carta aos Tessalonicenses é considerada pela Igreja um texto inspirado que deve, portanto, ser visto como Palavra de Deus.

O texto que nos é proposto apresenta dois temas. O primeiro (cf. 2 Tess 1,11-12) expõe uma súplica de Paulo, para que os tessalonicenses sejam cada vez mais dignos do chamamento que Deus lhes fez; o segundo (cf. 2 Tess 2,1-2) refere-se à vinda do Senhor.
A primeira parte põe em relevo o papel de protagonista que Deus desempenha na salvação do homem. Não basta a boa vontade e os bons propósitos do homem; é preciso que Deus acompanhe os esforços do crente e lhe dê a força de percorrer até ao fim o caminho do Evangelho. De resto, tudo é dom de Deus que chama, que anima e que leva o homem para a meta.
A segunda parte é o início da doutrina sobre o “dia do Senhor”. A intenção fundamental de Paulo é denunciar e desautorizar alguns fanáticos e fantasistas que, invocando visões ou mesmo cartas pretensamente escritas por Paulo, anunciavam a iminência do fim do mundo… Isto estava a provocar perturbações na comunidade, porque alguns – alvoroçados pela proximidade da segunda vinda de Jesus – demitiam-se das suas responsabilidades e esperavam ociosamente o acontecimento.

ATUALIZAÇÃO

Considerar, para a reflexão pessoal e comunitária, as seguintes linhas:

• No nosso caminho pessoal ou comunitário, rumo à salvação, Deus está sempre no princípio, no meio e no fim. É preciso reconhecer que é Ele quem está por detrás do chamamento que nos foi feito, que é Ele quem anima e dá forças ao longo da caminhada, que é Ele quem nos espera no final do caminho, para nos dar a vida plena. Tenho consciência desta centralidade de Deus? Tenho consciência de que a salvação não é uma conquista minha, mas um dom de Deus?

• Ao longo do caminho, é preciso estar atento para saber discernir o certo do errado, o verdadeiro do falso, o que é um desafio de Deus e o que é o fanatismo ou a fantasia de algum irmão perturbado ou em busca de protagonismo. O caminho para discernir o certo do errado está na Palavra de Deus e numa vida de comunhão e de intimidade com Deus.

ALELUIA – Jo 3,16
Aleluia. Aleluia.
Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito;
quem acredita nele tem a vida eterna.

EVANGELHO – Lc 19,1-10

O episódio de hoje coloca-nos em Jericó, o oásis situado nas margens do mar Morto, a cerca de 34 quilómetros de Jerusalém. Era a última etapa dos peregrinos que, da Pereia e da Galileia, se dirigiam a Jerusalém para celebrar as grandes festividades do culto judaico (o que indica que o “caminho de Jerusalém”, que temos vindo a percorrer sob a condução de Lucas, está a chegar ao fim).
No tempo de Jesus, é uma cidade próspera (sobretudo devido à produção de bálsamo), dotada de grandes e belos jardins e palácios (por ação de Herodes, o Grande, que fez de Jericó a sua residência de inverno). Situada num lugar privilegiado de uma importante rota comercial, era um lugar de oportunidades, que devia proporcionar negócios chorudos (e também várias possibilidades de negócios “duvidosos”).
O personagem que se defronta com Jesus é, mais uma vez, um publicano (neste caso, um “chefe dos publicanos”). O nosso herói é, portanto, um homem que o judaísmo oficial considerava um pecador público, um explorador dos pobres, um colaboracionista ao serviço dos opressores romanos e, portanto, um excluído da comunidade da salvação.

Voltamos aqui a um dos temas prediletos de Lucas: Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens e Se fez pessoa para trazer, em gestos concretos, a libertação a todos os homens – nomeadamente aos marginalizados e excluídos, colocados pela doutrina oficial à margem da salvação.
Zaqueu (é o nome do publicano em causa) era, naturalmente, um homem que colaborava com os opressores romanos e que se servia do seu cargo para enriquecer de forma imoral (exigindo impostos muito acima do que tinha sido fixado pelos romanos e guardando para si a diferença, como aliás era prática corrente entre os publicanos). Era, portanto, um pecador público sem hipóteses de perdão, excluído do convívio com as pessoas decentes e sérias. Era um marginal, considerado amaldiçoado por Deus e desprezado pelos homens. A referência à sua “pequena estatura” – mais do que uma indicação de caráter físico – pode significar a sua pequenez e insignificância, do ponto de vista moral.
Este homem procurava “ver” Jesus. O “ver” indica aqui, provavelmente, mais do que curiosidade: indica uma procura intensa, uma vontade firme de encontro com algo novo, uma ânsia de descobrir o “Reino”, um desejo de fazer parte dessa comunidade de salvação que Jesus anunciava. No entanto, o “mestre” devia parecer-lhe distante e inacessível, rodeado desses “puros” e “santos” que desprezavam os marginais como Zaqueu. O subir “a um sicômoro” indica a intensidade do desejo de encontro com Jesus, que é muito mais forte do que o medo do ridículo ou das vaias da multidão.
Como é que Jesus vai lidar com este excluído, que sente um desejo intenso de conhecer a salvação que Deus oferece e que espreita Jesus do meio dos ramos de um sicômoro? Jesus começa por provocar o encontro; depois, sugere a Zaqueu que está interessado em entrar em comunhão com Ele, em estabelecer com Ele laços de familiaridade (“quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa»”). Atente-se neste quadro “escandaloso”: Jesus, rodeado pelos “puros” que escutam atentamente a sua Palavra, deixa todos especados no meio da rua para estabelecer contato com um marginal e para entrar na sua casa. É a exemplificação prática do “deixar as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que estava perdida”… Aqui torna-se patente a fragilidade do coração de Deus que, diante de um pecador que busca a salvação, deixa tudo para ir ao seu encontro.
Como é que a multidão que rodeia Jesus reage a isto? Manifestando, naturalmente, a sua desaprovação às atitudes incompreensíveis de Jesus (“ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «foi hospedar-se em casa de um pecador»”). É a atitude de quem se considera “justo” e despreza os outros, de quem está instalado nas suas certezas, de quem está convencido de que a lógica de Deus é uma lógica de castigo, de marginalização, de exclusão. No entanto, Jesus demonstra-lhes que a lógica de Deus é diferente da lógica dos homens e que a oferta de salvação que Deus faz não exclui nem marginaliza ninguém.
Como é que tudo termina? Termina com um banquete (onde está Zaqueu, o chefe dos publicanos) que simboliza o “banquete do Reino”. Ao aceitar sentar-Se à mesa com Zaqueu, Jesus mostra que os pecadores têm lugar no “banquete do Reino”; diz-lhes, também, que Deus os ama, que aceita sentar-Se à mesa com eles – isto é, quer integrá-los na sua família e estabelecer com eles laços de comunhão e de amor. Jesus mostra, dessa forma, que Deus não exclui nem marginaliza nenhum dos seus filhos – mesmo os pecadores – mas a todos oferece a salvação.
E como é que Zaqueu reage a essa oferta de salvação que Deus lhe faz? Acolhendo o dom de Deus e convertendo-se ao amor. A repartição dos bens pelos pobres e a restituição de tudo o que foi roubado em quádruplo, vai muito além daquilo que a lei judaica exigia (cf. Ex 22,3.6; Lev 5,21-24; Nm 5,6-7) e é sinal da transformação do coração de Zaqueu… Repare-se, no entanto, que Zaqueu só se resolveu a ser generoso após o encontro com Jesus e após ter feito a experiência do amor de Deus. O amor de Deus não se derramou sobre Zaqueu depois de ele ter mudado de vida; mas foi o amor de Deus – que Zaqueu experimentou quando ainda era pecador – que provocou a conversão e que converteu o egoísmo em generosidade.
Prova-se, assim, que só a lógica do amor pode transformar o mundo e os corações dos homens.

ATUALIZAÇÃO


A reflexão pode partir das seguintes linhas:
• A questão central posta por este texto é, portanto, a questão da universalidade do amor de Deus. A história de Zaqueu revela um Deus que ama todos os seus filhos sem exceção e que nem sequer exclui do seu amor os marginalizados, os “impuros”, os pecadores públicos: pelo contrário, é por esses que Deus manifesta uma especial predileção. Além disso, o amor de Deus não é condicional: Ele ama, apesar do pecado; e é precisamente esse amor nunca desmentido que, uma vez experimentado, provoca a conversão e o regresso do filho pecador. É esta Boa Nova de um Deus “com coração” que somos convidados a anunciar, com palavras e gestos.

• A vida revela, contudo, que nem sempre a atitude dos crentes em relação aos pecadores está em consonância com a lógica de Deus… Muitas vezes, em nome de Deus, os crentes ou as Igrejas marginalizam e excluem, assumem atitudes de censura, de crítica, de acusação que, longe de provocar a conversão do pecador, o afastam mais e o levam a radicalizar as suas atitudes de provocação. Já devíamos ter percebido (o Evangelho de Jesus tem quase dois mil anos) que só o amor gera amor e que só com amor – não com intolerância ou fanatismo – conseguiremos transformar o mundo e o coração dos homens. Na verdade, como é que acolhemos e tratamos os que têm comportamentos socialmente inaceitáveis? Como é que acolhemos e integramos os que, pelas suas opções ou pelas voltas que a vida dá, assumem atitudes diferentes das que consideramos corretas, à luz dos ensinamentos da Igreja?

• Testemunhar o Deus que ama e que acolhe todos os homens não significa, contudo, branquear o pecado e patuar com o que está errado. O pecado gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira, sofrimento; é mau e deve ser combatido e vencido. No entanto, distingamos entre pecador e pecado: Deus convida-nos a amar todos os homens e mulheres, inclusive os pecadores; mas chama-nos a combater o pecado que desfeia o mundo e que destrói a felicidade do homem.

A Conversão de Zaqueu

DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

A Conversão de Zaqueu

O Evangelho (Lc. 19, 1-10) fala-nos do encontro misericordioso de Jesus com Zaqueu. O Senhor passa por Jericó, a caminho de Jerusalém! Uma multidão apinhava-se nas ruas por onde o Mestre passava e lá no meio da multidão encontrava-se um homem chefe dos publicanos e rico, bem conhecido em Jericó pelo seu cargo.
Os publicanos eram cobradores de impostos. O imposto era fixado pela autoridade romana e os publicanos cobravam uma sobretaxa, da qual viviam. Isto prestava-se a arbitrariedades, razão pela qual eram facilmente hostilizados pela população.
São Lucas diz que Zaqueu procurava ver Jesus para conhecê-Lo, mas não podia por causa da multidão, pois era muito baixo. Mas o seu desejo é eficaz! Para conseguir realizar o seu propósito, começa por misturar-se com a multidão e depois, sem pensar no ridículo da sua atitude, correndo adiante subiu a um sicômaro para ver Jesus, que devia passar por ali. Não se importa com o que as pessoas possam pensar ao verem um homem da sua posição começar a correr e depois subir numa árvore. É uma formidável lição para nós que, acima de tudo, queremos ver Jesus e permanecer com Ele.
Que o Senhor aumente em nós o desejo sincero de vê-Lo! Eu quero realmente ver Jesus? – perguntava o Papa João Paulo II ao comentar esta mensagem do Evangelho –, faço tudo o que posso para poder vê-Lo? Este problema, depois de dois mil anos, é tão atual como naquela altura, quando Jesus atravessava as cidades e povoados da sua terra. E é atual para cada um de nós pessoalmente: quero verdadeiramente contemplá-Lo, ou não será que venho evitando encontrar-me com Ele? Prefiro não vê-Lo ou que Ele não me veja? E se já o vislumbro de algum modo, não será que prefiro vê-Lo de longe, sem me aproximar muito, sem me situar claramente diante dos seus olhos…, para não ter que aceitar toda a verdade que há nEle, que provém dEle?
Qualquer esforço que façamos por aproximar-nos de Cristo é amplamente recompensado. Disse Jesus: “Zaqueu desce depressa! Hoje Eu devo ficar na tua casa” (Lc 19, 5). Que alegria imensa! Zaqueu, que já se dava por satisfeito de vê-Lo do alto de uma árvore, ouve Jesus chamá-lo pelo nome, como a um velho amigo, e, e com a mesma confiança, fazer-se convidar para sua casa. Comenta Santo Agostinho: “Aquele que tinha por coisa grande e inefável vê-Lo passar, mereceu imediatamente tê-Lo em casa.” O Mestre, que tinha lido no coração do publicano a sinceridade dos seus desejos, não quis deixar passar a ocasião. Zaqueu descobre que é amado pessoalmente por Aquele que se apresenta como o Messias esperado, sente-se tocado no íntimo do seu espírito e abre o seu coração.
Zaqueu está agora com o Mestre, e com Ele tem tudo. Mostra com atos a sinceridade da sua nova vida; converte-se em mais um discípulo do Mestre.
O encontro com Cristo leva-nos a ser generosos com os outros, a compartilhar imediatamente com quem está mais necessitado o muito ou o pouco que temos.
“Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lc 19, 9). É um convite à esperança: se alguma vez o Senhor permite que passemos por dificuldades, se nos sentimos às escuras e perdidos, temos de saber que Jesus, o Bom Pastor, sairá imediatamente em nossa busca. Diz Santo Ambrósio: “O Senhor escolhe um chefe de publicanos: quem poderá desesperar se ele alcançou a graça?” O Senhor nunca se esquece dos seus.
A figura de Zaqueu deve ajudar-nos a nunca dar ninguém por perdido ou irrecuperável.
Não duvidemos nunca do Senhor, da sua bondade e do seu amor pelos homens, por muito extremas ou difíceis que sejam as situações em que nos encontremos ou em que se encontrem as pessoas que queremos levar até Jesus. A sua misericórdia é sempre maior do que os nossos pobres raciocínios.

Mons. José Maria Pereira

XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

O amor de Deus, amor misericordioso, que alegra, renova, transforma a existência e dá um novo sentido para a vida!

Sb 11,22 – 12,2-Deus tudo pode e tudo perdoa.
Sl 144
2Ts 1,11 – 2,2-Cristãos, vivei a fé que glorifica o nome do Senhor Jesus.
Lc 19,1-10-Zaqueu, o rico que ficou pobre por práticar a justiça e professar a fé em Jesus.

Comecemos nossa meditação da Palavra deste Domingo pelo Evangelho. Aí, a miséria corre para ver a Misericórdia, o homem corre para encontrar Deus…
Quem é este Zaqueu, este baixinho ansioso do Evangelho de hoje? É um publicano – como o homem que rezava compungido no Domingo passado. Um publicano é um pecador público, cobrador de impostos para os romanos e, por isso, odiado pelos judeus. Os publicanos muitas vezes extorquiam o povo. Talvez fosse o caso de Zaqueu, pois ele “era chefe dos publicanos e muito rico”. Certamente, tanto mais odiado quanto mais rico…
Pois bem, é um homem assim que correu e subiu numa figueira para ver o Senhor. Imaginemos a cena: Zaqueu esquece sua pose, sua respeitabilidade, sua posição. Aquele homem rico devia também ser sozinho, amargurado na sua riqueza, que o tornava um rejeitado por todos e um excluído da comunidade do Povo de Deus. Zaqueu certamente ouvira falar de Jesus, de sua misericórdia, de sua bondade, de sua mansidão. Não era ele que acolhia os pecadores? Não era ele que comia com os publicanos? Não tinha ele um publicano, Mateus, como um dos Doze? Por isso, não hesita em subir numa figueira, não tem medo do ridículo! Quer ver Jesus, nem que fosse às escondidas… Quem dera que fôssemos assim, que não deixássemos o Senhor passar em vão no caminho da nossa vida! E aí vinha Jesus… O coração de Zaqueu certamente disparou… Jesus vai passando, acompanhado, cercado por uma multidão barulhenta. Aí, então, para surpresa de todos e desespero de Zaqueu, ele pára, olha pra cima… Imaginemos os risos, a mangação, a situação de ridículo na qual o pobre Zaqueu encontrou-se! Mas, Jesus é surpreendente – ele sempre nos surpreende; ele é maravilhosamente surpreendente! “Zaqueu – chama-o pelo nome. Conhecia-o! – Desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa!” Era demais para Zaqueu: o mundo desaparecera; a mangação não tinha importância… Naquela hora, naquele momento só existitam Jesus e ele! E Jesus o chamava pelo nome! Enquanto todos o rejeitavam, Jesus, chamava-o pelo nome, como a um amigo, como a um conhecido, e oferecia-se para se hospedar na sua casa! “Ele desceu depressa, e recebeu Jesus com alegria”. Contemplemos o amor de Deus, amor misericordioso, que alegra, renova, transforma a existência e dá um novo sentido para a vida!
Qual o resultado desta visita do Senhor, deste acolhimento de Zaqueu? “Senhor, eu dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais!” Zaqueu fizera experiência do amor de Deus, Zaqueu acolhera esse amor, deixara-se amar e, agora, transborda em arrependimento, amor e misericórdia para com os outros! Que pena que não compreenderam isso, e começaram a murmurar contra Jesus…
Quem dera que da escuta da Palavra deste Domingo aprendêssemos quem é o nosso Deus, como age seu coração, e como nós deveríamos reagir! Pensemos no coração de Deus não a partir dos nossos sentimentos mesquinhos, mas a partir das palavras comoventes do Livro da Sabedoria: um Deus tão grande, tão imensamente maior que tudo quanto existe, tão imensamente para lá de tudo quanto possamos imaginar… “Senhor,o mundo inteiro, diante de ti, é como um grão de areia na balança, uma gota de orvalho da manhã que cai sobre a terra”. E, no entanto, ele se inclina com carinho sobre o mundo: dele cuida, sustenta-o, compadece-se de suas criaturas e nos perdoa as loucuras, ingratidões e pecados: “De todos tens compaixão, porque tudo podes. Fechas os olhos aos pecados dos homens, para que se arrependam. Sim, amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que fizeste; porque, se odiasses alguma coisa não a terias criado”… Admirado, o autor sagrado exclama: “A todos tu tratas com bondade, porque tudo é teu, ó Senhor, Amigo da vida!” Que título comovente: Amigo da vida! Um Deus que somente é glorificado na nossa alegria, na nossa vida! Um Deus que sorri com o sorriso de Zaqueu, um Deus que se oferece para entrar na casa e no coração de um pecador perdido!
Quem dera que sejamos como Zaqueu; que desejemos vê-lo, que abramos para ele a nossa porta, que por seu amor mudemos nossa atitude, como esse publicano. São Paulo deseja, na segunda leitura de hoje, que o nome de Jesus seja glorificado em nós, na nossa vida… Seria, será glorificado, se abrirmos essa nossa vida fechada, mesquinha e cansada para o Senhor. Ele vem a nós cada dia, ele passa por nós de tantos modos: na Palavra, nos irmãos, nas situações, nos desafios, nos sofrimentos, nas provas… Quem dera que o reconhecêssemos, como Zaqueu… Saber acolhê-lo nas suas vindas é glorificá-lo agora e preparar-se bem para a sua Vinda, no fim dos tempos, aquela da nossa união definitiva com ele, de que fala o Apóstolo na leitura de hoje.
Que o Senhor nos dê a ânsia e a graça que concedeu a Zaqueu. Amém.

Exclusivo - Petistas intimidaram e xingaram Dom Luiz, bispo de Guarulhos, que recebeu ameaças.

Exclusivo - Petistas intimidaram e xingaram Dom Luiz, bispo de Guarulhos, que recebeu ameaças. Mas ele não se cala: “Recomendo voto contra Dilma por causa de suas idéias favoráveis ao aborto”

Dom Luiz: também ele sofreu intimidação por dizer o que o PT não quer ouvir

Vocês sabem o que penso. Entendo absurda a liminar concedida pelo ministro Henrique Neves, do TSE, que permitiu à polícia federal apreender o “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras”, em que a Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul I da CNBB, exortava os católicos a não votar em políticos que defendam a descriminação do aborto.

A impressão do texto foi encomendada por Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos. O PT tentou acusar uma espécie de conspiração, afirmando que se tratava de uma iniciativa do PSDB, já que uma das sócias da gráfica Pana é filiada ao partido. Os petistas só se esqueceram de informar, como noticiou este blog, a empresa imprimiu material de campanha para outros partidos - inclusive para o PT. Num deles, uma central sindical exortava seus filiados a votar em Dilma, o que é ilegal.

Pois bem. Dom Luiz concedeu uma entrevista ao repórter Kalleo Coura, da VEJA, em que desmoraliza mais uma farsa petista. Foi ele quem realmente encomendou a impressão do texto, não o PSDB. Sem receio de defender os princípios da Igreja de que é bispo, reafirma a sua posição contrária ao aborto, diz que se sentiu censurado e reitera que os fiéis não devem votar na petista Dilma Rousseff por causa de suas idéias, favoráveis à descriminação: “Agora, depois do primeiro turno, ela se manifestou muito religiosa, dizendo-se contra o aborto e contra a união de pessoas do mesmo sexo. Quer dizer: tudo aquilo que atrapalhou a sua eleição no primeiro turno, ela tirou da campanha. Você pode confiar numa pessoa que assume posições contraditórias? Ninguém muda de idéia deste jeito. O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício. Ela não é confiável”.

Dom Luiz revela também que os petistas tentaram intimidá-lo: “Fui agredido por militantes do PT, que, há dez dias, fizeram um escarcéu debaixo da minha janela, às duas da manhã, com palavrões e rojões. Cheguei até a ser ameaçado”. Sem receio, Dom Luiz avisa: “Ninguém pode botar um cadeado, uma mordaça, na minha boca. Podem apreender um papel, mas nada altera minhas convicções”. Leia os principais trechos da entrevista..

VEJA - Foi o senhor quem decidiu imprimir dois milhões de cópias do “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”?
Dom Luiz - Sim. Fiz isso para tornar conhecida a minha posição política em defesa da Igreja e da vida. Essa publicação visava justamente defender a vida de seres humanos que não pediram para nascer e não têm condições de se defender. Trata-se de um documento oficial, assinado por três bispos. Não era um panfleto. É um documento autêntico da igreja.

O senhor se sentiu censurado com a apreensão dos folhetos?
Dom Luiz - Claro que sim! Foi um ato totalmente antidemocrático, uma agressão à minha pessoa. Afinal de contas, eu tinha autorizado a publicação. Essa cassação impediu não só a impressão do documento como sua distribuição. Sinto que fui perseguido. O governo fala tanto em liberdade de expressão, mas esta apreensão foi um atentado a um princípio constitucional. A minha opinião foi censurada.

O senhor defende explicitamente que os fiéis não votem em Dilma Rousseff?
Dom Luiz - Minha recomendação é essa por causa das idéias favoráveis ao aborto que ela tem. Em 2007, numa entrevista, ela chegou a dizer que era um absurdo a não-descriminalização do aborto no Brasil. Então ela é favorável a isso. Agora, depois do primeiro turno, ela se manifestou muito religiosa, se dizendo contra o aborto e contra a união de pessoas do mesmo sexo. Quer dizer: tudo aquilo que atrapalhou a sua eleição no primeiro turno, ela tirou da campanha. Você pode confiar numa pessoa que assume posições contraditórias? Ninguém muda de idéia deste jeito. O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício. Ela não é confiável.

O PT chegou a dizer que havia “indícios veementes” de participação do PSDB nas encomendas dos folhetos. Isso ocorreu?
Dom Luiz - Em circunstância nenhuma eu agi de acordo com orientações partidárias. Eu falei, repito, assino e afirmo: “Não tenho partido político”. Eu sou um ser político, sim, mas não partidário. Se tomei partido nesta eleição, não foi a favor do PSDB, foi contra o PT e a Dilma. As razões são claras: sou contra o aborto e a favor da vida. Não fui procurado por partido político nenhum! Fui apenas agredido por militantes do PT, que, há dez dias, fizeram um escarcéu debaixo da minha janela, às duas da manhã, com palavrões e rojões. Cheguei até a ser ameaçado.

Como foi isso?
Dom Luiz - Recebi cartas anônimas. Uma delas dizia: “O Celso Daniel foi assassinado, tome cuidado”. Fiz um boletim de ocorrência por causa disso, mas não tenho medo. Se fizerem qualquer coisa contra mim, será um tiro no pé. Será pior para eles.

É papel de um bispo se posicionar politicamente?
Dom Luiz - O papel do bispo é orientar os seus fiéis sobre a verdade, sobre a justiça e sobre a moral. Ele deve apresentar a verdade e denunciar o erro. Foi o que fiz. Tenho todo o direito - e o dever - de agir do modo que agi. Não me arrependo de ter falado o que falei. Faria tudo de novo! Se surgir um candidato que seja contra os princípios morais, contra a dignidade humana e contra a liberdade de expressão, irei me levantar de novo.

O senhor irá continuar distribuindo documentos similares aos apreendidos?
Dom Luiz - Se a Justiça liberar, vou. De qualquer forma, vou continuar manifestando minha opinião. Ninguém pode botar um cadeado, uma mordaça, na minha boca. Podem apreender um papel, mas nada altera minhas convicções.

Por Reinaldo Azevedo

Viva com propósito mas não se esqueça somos o resultado de nossas próprias escolhas


Lucas 9,62

Todos nós, seres humanos, enquanto não estabelecermos um objetivo para o nosso viver diário, não poderemos dar o melhor de nós em nossas atividades diárias; ou talvez iremos passar toda a nossa vida fazendo coisas erradas e com projetos inacabados.

A palavra propósito quer dizer aquilo que se busca alcançar quando se faz alguma coisa; aquilo a que alguém se propôs; objetivo e finalidade. Logo, quando o ser humano se propõe a fazer diferença neste mundo e a realizar seus sonhos e projetos, ele precisa conscientizar-se de que sua vida deve ser direcionada por um propósito que esteja ao seu alcance realizá-lo.

Infelizmente existem muitas pessoas que estão sofrendo, pois ainda não conseguiram definir seus objetivos, e vivem desorientadas na área espiritual, emocional, física e material.

Deus, ao criar o ser humano, criou-o com um propósito específico: ser a coroa da criação de Deus; ser bênção, luz; ser como Cristo foi nesta terra. Como o apóstolo Paulo falou em I Coríntios 10,31: “Tudo o que vocês fizerem nesta terra, seja beber, comer, trabalhar, estar em família, ir à igreja, passear, ou outras coisas; façam tudo para a honra e glória do nome de Jesus.”

Olha a definição de nossos propósitos.

Todos eles devem ser realizados com o objetivo de Jesus Cristo ser exaltado e engrandecido.

Portanto, é uma responsabilidade pessoal vivermos neste mundo com propósito e com a finalidade de não desistirmos daquilo que o Senhor nos tem confiado.

Saiba que Satanás vai fazer de tudo para que você não descubra seus propósitos ou viva desistindo deles. Muitas dificuldades vão surgir, mas o segredo é manter-se firme em sua decisão de ir até o fim.

Como Jesus disse em Lucas 9,62: ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.

Então, se você está pensando em desistir de seus projetos e propósitos, sejam na área espiritual ou material, lembre-se de que o Senhor não deseja isto para você;
Ele se entristece, quando alguém não confia nele nem acredita em si mesmo.
Cada um de nós tem uma vocação, um propósito específico nesta terra.

O mundo precisa de você; e o que compete a você é responsabilidade sua.

Saiba que, aquilo que Deus determinou para que você realizasse, Ele não cobrará de outra pessoa, mas de você.

Peça ao Senhor para ajudá-lo a identificar suas habilidades e os propósitos dele para sua vida.

Aqui estão algumas perguntas que você deve fazer-se e que irão ajudá-lo a identificar seu objetivo:

-O que estou buscando? Todos nós temos um forte desejo no fundo do coração, algo que fala a nossos pensamentos e sentimentos mais profundos; algo que inflama nossa alma. Você só precisa encontrá-lo.

- Por que fui criado? Cada um de nós é diferente. Pense no inigualável conjunto de habilidades que possui, nos recursos à sua disposição, em sua história pessoal e nas oportunidades à sua volta. Se objetivamente identificar esses fatores e descobrir o desejo de seu coração, terá dado um grande passo no sentido de descobrir seu objetivo na vida.

- Acredito em meu potencial? Se você não acreditar que tem potencial, jamais tentará alcançá-lo. A dúvida gera a incredulidade, em Deus e em você; levando-o ao fracasso. O presidente Theodore Roosevelt disse: “Faça o que pode, com o que tem, onde estiver.” Se fizer isso com os olhos fixos no objetivo de sua vida. O que mais se pode esperar de você?

- Quando começar? A resposta para essa pergunta é: AGORA. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos (Ag 1,7).

Todos temos que fazer escolhas é inevitável, mas diante delas não podemos esquecer as nossas responsabilidades e suas conseqüências.

Nossas escolhas vão dizer pra onde iremos.

SOMOS O RESULTADO DAS NOSSAS ESCOLHAS!

Todos os dias nós acordamos e somos servidos de um leque incalculável de opções. De simples escolhas que eventualmente passam despercebidas a decisões que requerem análises mais complexas.

Sim, as escolhas dependem de mim. Sim, as coisas podem ser como eu quero. Faça chuva ou faça sol, frio ou calor, quem decide o caminho somos nós.

É evidente que não temos o controle total sobre os resultados e conseqüências, simplesmente porquê estes são variáveis, mas diversas coisas que fazem positivamente a diferença como sorrir, planejar, acreditar, agir, trabalhar são ações determinadas por nós e essas por sua vez geram seus respectivos resultados e conseqüências.

E então você pode se perguntar, “... mas como saber quais são as escolhas corretas?”

A verdade é que não se tratam de escolhas corretas, mas sim de melhores escolhas situacionais. Opções que geram resultados melhor qualificados. Escolhas realizáveis de acordo com o nosso momento, de acordo com a nossa conduta e para mim principalmente penso uma coerência de vida com o meu professar cristão.

Pois entendi as duras penas que verdade é vida vivida e não falada, porque falar não custa nada, mas viver custa à vida!

E o que pode ser feito para optar pelas melhores escolhas?

Como se preparar para percorrer os melhores caminhos?

Não existe uma fórmula mágica ou algo que garanta as melhores escolhas, o que existem são algumas receitas a que todas as pessoas têm acesso.

A prática e desenvolvimento de atitudes e comportamentos que nos conduzirão aos melhores caminhos. Pensar e agir positivamente sempre e o tempo todo é uma dessas práticas, uma dessas receitas. É preciso acordar e colocar todos os dias sobre os ombros e sobre nos um sinal “ que nos leva sempre a pensar na vida com resultado de morte que gera vida, o sinal da Cruz o sinal de cristão, que lhe acompanhará em todos os momentos, em todas as situações. Uma verdadeira atitude adicionada a um comportamento construtivo e pró-ativo, capaz de diferenciar o seu dia, capaz de melhorar a sua qualidade de vida, capaz de proporcionar a todas as pessoas que o cercam o prazer do seu convívio.

Sempre que fazemos nossas escolhas acompanhadas desse sinal de cristãos, obtemos os melhores resultados e através desse, dessa prática em busca do melhor caminho, desenvolvemos e credenciamos a nossa responsabilidade, ou seja, a nossa habilidade de respostas e a tornamos um hábito.

Hábito de ser e viver feliz, ou ser amargo, indesejável, de viver mal humorado.
Hábito de deixar a vida me levar ou de conduzi-la de acordo com os meus sonhos, com os meus planos. Hábito de surpreender positivamente às pessoas ou negativamente.

Novamente retomo a palavra santa dos lábios de Jesus : “ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”.

Habituar-se a vencer, a crescer, a atingir metas, a realizar planos, enfim, a tudo aquilo que julgamos ser o melhor é sem dúvida o grande desafio.

Caminhar pode se tornar um hábito, basta que para isso eu decida, eu estou diante de meu médico em debito pois ja me disse várias vezes que preciso andar, para o meu próprio bem, agora eu preciso decidir, que pratiquemos a nossa liberdade de escolher as atitudes, comportamentos e caminhos que queremos em nossas vidas assumindo as nossas responsabilidades.

Por isso, toda a vez em que você se encontrar diante de opções tenha sempre a consciência de que nós somos o resultado de nossas próprias escolhas.

Com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

BENTO XVI E O SILÊNCIO DOS BISPOS

Bento XVI condenou com clareza “os projetos políticos” que “contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto”.

Papa Bento XVI ...Faltando três dias para a votação do segundo turno, o acalorado debate eleitoral ganhou um interlocutor de peso: o Papa Bento XVI.
Num discurso pronunciado, nesta manhã de quinta-feira, para bispos do Nordeste – reconhecida base eleitoral do PT de Dilma Rousseff – Bento XVI condenou com clareza “os projetos políticos” que “contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto”.

Com o discurso de hoje, Bento XVI rompe, desde o mais alto grau da hierarquia católica, o patrulhamento ideológico que o PT vem impondo a bispos do Brasil através de ameaças, pressões diplomáticas, xingamentos e abusos de poder.
É conhecida a absurda apreensão, a pedido do PT, de milhares de folhetos contendo o “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras”, em que a Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul I da CNBB, exortava os católicos a não votar em políticos que defendam a descriminalização do aborto. É conhecida a denúncia do bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de que tem sido vítima de censura e perseguição por parte do PT (cf. Revista Veja). É arquiconhecida a prisão de leigos católicos que realizavam o “ato subversivo” de distribuir nas ruas o documento dos bispos de São Paulo.

O Papa convida os bispos à coragem de romper este patrulhamento e falar. Ao defender a vida das crianças no ventre das mães, os bispos não devem temer “a oposição e a impopularidade, recusando qualquer acordo e ambigüidade”.
O pronunciamento de Bento XVI ainda exorta os bispos a cumprirem “o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”. E, numa clara alusão a uma das propostas do PNDH-3 do PT, se opõe à ausência “de símbolos religiosos na vida pública”.

Com seu discurso, o Papa procura evitar que o Brasil continue protagonista de um fenômeno que seria mais típico do feudalismo medieval, do que de uma suposta democracia moderna. De fato, durante a Baixa Idade Média, era comum que os posicionamentos e protestos mais decididos fossem os do Papa, enquanto os do episcopado local, mais exposto às pressões e ao poder imediato dos senhores feudais, eram como os de um cão atado à coleira. Pode até ensaiar uns latidos, mas quem passa por perto sabe que se trata de barulho inofensivo.

Ao apagar das luzes da campanha de segundo turno, o Pontífice parece preparar o terreno para que a Igreja do Brasil compreenda, sejam quais forem os resultados das eleições, que é inútil apelar para um currículo de progressos sociais e de defesas dos oprimidos do Partido dos Trabalhadores, quando seu “projeto político” está tão empenhado em eliminar os seres humanos mais fracos e indefesos no ventre das mães.

Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

Bispos devem lembrar fiéis que voto está destinado á promoção do bem comum, disse Bento XVI. Bento XVI recebeu os bispos do Regional Nordeste 5 às 11h (em Roma - 7h no horário de Brasília) da manhã desta quinta-feira, 28, por ocasião da visita ad limina.
O Papa expressou uma firme condenação às estratégias políticas que tentam apresentar o aborto como direito humano.
"Seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até a morte natural. [...] Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático é atraiçoado nas suas bases".


TEXTO NA ÍNTEGRA:

Amados Irmãos no Episcopado,

"Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo" (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.

Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.

Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. Gaudium et Spes, 76).

Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até a morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso, no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida "não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo" (ibidem, 82).

Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é "necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o "Compêndio da Doutrina Social da Igreja"" (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que, em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).

Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. "Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambiguidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana" (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).

Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve "encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política" (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.

Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.

Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.

Fonte: http://padrepauloricardo.org/blog/bento-xvi-e-o-silencio-dos-bispos/

Discurso do Papa sobre novos movimentos e comunidades eclesiais

Eminência, venerados irmãos no episcopado e no sacerdócio, queridos irmãos e irmãs: Com muito prazer dou-vos minhas mais cordiais boas-vindas e vos agradeço por esta visita por ocasião do II Encontro Internacional de Bispos que acompanham as novas comunidades da Renovação Carismática Católica, do Conselho Internacional da Fraternidade Católica Internacional de Comunidades e Associações Carismáticas de Aliança e, por último, da XIII Conferência Internacional, convocada em Assis, sobre o tema "Nós pregamos um Cristo crucificado..., força de Deus e sabedoria de Deus" (cf. 1 Coríntios 1, 23-24), na qual participam as principais comunidades da Renovação Carismática do mundo. Saúdo-vos, queridos irmãos no episcopado, assim como a todos os que trabalham ao serviço dos movimentos eclesiais e das novas comunidades. Dirijo uma saudação especial ao professor Matteo Calisi, presidente da Fraternidade Católica, que manifestou vossos sentimentos.

Como já afirmei em outras circunstâncias, os movimentos eclesiais e as novas comunidades, florescidos depois do Concílio Vaticano II, constituem um dom singular do Senhor e um recurso precioso para a vida da Igreja. Devem ser acolhidos com confiança e valorizados em suas diferentes contribuições, que devem ser postas ao serviço da utilidade comum de maneira ordenada e fecunda. É de grande interesse atual vossa reflexão sobre o caráter central de Cristo na pregação, assim como sobre a importância dos "carismas na vida da Igreja particular", fazendo referência à teologia paulina, ao Novo Testamento e à experiência da Renovação Carismática. O que vemos no Novo Testamento sobre os carismas, que surgiram como sinais visíveis da vinda do Espírito Santo, não é um acontecimento do passado, mas uma realidade sempre viva: o próprio Espírito, alma da Igreja, atua nela em toda época, e suas intervenções, misteriosas e eficazes, se manifestam em nosso tempo de maneira providencial. Os movimentos e novas comunidades são como irrupções do Espírito Santo na Igreja e na sociedade contemporânea. Então podemos dizer adequadamente que um dos elementos e dos aspectos positivos das comunidades da Renovação Carismática Católica é precisamente a importância que nelas têm os carismas e os dons do Espírito Santo, e seu mérito consiste em ter recordado à Igreja sua atualidade.

O Concílio Vaticano II, em vários documentos, faz referência aos movimentos e às novas comunidades eclesiais, especialmente na constituição dogmática Lumen gentium, onde diz: "Os carismas, tanto os extraordinários como os mais simples e comuns, pelo fato de que são muito conformes e úteis para as necessidades da Igreja, devem ser recebidos com agradecimento e consolo" (n. 12). Depois, também o Catecismo da Igreja Católica sublinhou o valor e a importância dos novos carismas na Igreja, cuja autenticidade é garantida pela disponibilidade a submeter-se ao discernimento da autoridade eclesiástica (cf. n. 2003). Precisamente pelo fato de que somos testemunhas de um promissor florescimento de movimentos e comunidades eclesiais, é importante que os pastores exerçam com eles um discernimento prudente, sábio e benevolente.

Desejo de coração que se intensifique o diálogo entre pastores e movimentos eclesiais em todos os níveis: nas paróquias, nas dioceses e com a Sé Apostólica. Sei que se estão estudando formas oportunas para dar reconhecimento pontifício aos novos movimentos e comunidades eclesiais e muitos já o receberam. Os pastores, especialmente os bispos, no dever de discernimento que lhes compete, não podem desconhecer este dado – o reconhecimento ou a ereção de associações internacionais por parte da Santa Sé para a Igreja universal (cf. Congregação para os bispos, Diretório para o Ministério Pastoral dos Bispos Apostolorum Successores, Capítulo 4, 8).

Queridos irmãos e irmãs: entre estas novas realidades eclesiais reconhecidas pela Santa Sé se encontra também vossa Fraternidade Católica Internacional de Comunidades e Associações Carismáticas de Aliança, associação internacional de fiéis que desempenha uma missão específica no seio da Renovação Carismática Católica (cf. Decreto do Conselho Pontifício para os Leigos, 30 de novembro de 1990, prot. 1585/S-6//B-SO). Um de seus objetivos, segundo as indicações de meu venerado predecessor João Paulo II, consiste em salvaguardar a identidade católica das comunidades carismáticas e alentá-las a manter um laço próximo com os bispos e com o Pontífice Romano (cf. Carta autógrafa à Fraternidade Católica, 1º de junho de 1998). Eu soube também, com alegria, que se propõe constituir um centro de formação permanente para os membros e responsáveis das comunidades carismáticas. Isso permitirá à Fraternidade Católica desempenhar melhor sua própria missão eclesial orientada à evangelização, à liturgia, à adoração, ao ecumenismo, à família, aos jovens e às vocações de especial consagração, missão que se verá favorecida pela mudança da sede internacional da associação a Roma, com a possibilidade de estar em um contato mais próximo com o Conselho Pontifício para os Leigos.

Queridos irmãos e irmãs: a salvaguarda da fidelidade à identidade católica e do caráter eclesial por parte de cada uma de vossas comunidades vos permitirá oferecer por toda parte um testemunho vivo e operante do profundo mistério da Igreja. E isso promoverá a capacidade das diferentes comunidades para atrair novos membros.

Encomendo os trabalhos de vossos respectivos congressos à proteção de Maria, Mãe das Igrejas, templo vivo do Espírito Santo, e à intercessão dos Santos Francisco e Clara de Assis, exemplos de santidade e de renovação espiritual, enquanto envio de coração, a todos vós e a vossas comunidades, uma especial bênção apostólica.

Domingo, 02 de novembro de 2008, 13h17
Zenit

Acontece em Assis a 14ª Conferência Internacional de “Catholic Fraternity”



Fraternidade Católica das Comunidades e Associações Carismáticas de Aliança

Assis acolhe de 28 a 31 de outubro a 14ª Conferência Internacional da Fraternidade Católica das Comunidades e Associações Carismáticas de Aliança.

O encontro, celebrado sob o patrocínio do Conselho Pontifício para os Leigos e com ocasião do 20° aniversário da instituição e do reconhecimento pontifício do organismo, terá por tema: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8).

A Conferência acontecerá no teatro do Centro Esteras e será inaugurada com saudações de Dom Domenico Sorrentino, bispo de Assis, Matteo Calisi, presidente da Catholic Fraternity e membro do Conselho Pontifício para os Leigos, Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo metropolitano de Belém do Pará (Brasil) e conselheiro espiritual da Catolic Fraternity, e Michelle Moran, presidenta do International Catholic Charismatic Renewal Services (ICCRS) e membro do dicastério para os Leigos.

A celebração eucarística da primeira jornada de trabalhos será presidida pelo cardeal Stanisław Ryłko, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos. Depois da abertura acontecerá uma adoração eucarística na Basílica de Santa Maria dos Anjos, presidida por Dom Dino Marchiò, bispo de Caruaru (Brasil).

Na sexta-feira 29 de outubro acontecerão conferências e testemunhos das novas comunidades da Índia, China, Filipinas, Indonésia, Itália, Brasil, Estados Unidos, Angola e México. Intervirão alguns fundadores de comunidades como Pierre Goursat, fundador da Comunidade do Enmanuel (França), e Simona Tronci, fundadora da Comunidade Primavera, de Cagliari.

A celebração eucarística da sexta-feira será presidida por Dom Luís Azcona Hermoso, O.A.R., bispo de Marajó (Brasil), e as 21h30 iniciará um culto noturno, de música e evangelização com músicos da Comunidade Canção Nova (Brasil).

Entre outros eventos, no sábado, 30 de outubro, haverá uma celebração ecumênica com testemunhos sobre o tema “Um só corpo, um só espírito” (EF 4,4). Dom Graham Cray, arcebispo da Comunidade Anglicana de Canterbury (Londres), presidirá a celebração juntamente com o testemunho do rabino Jeoffrey Cohen, de Fort Worth (EUA).

Aberto Congresso das Novas Comunidades em Assis

Motivados pela celebração dos 20 anos do Reconhecimento Pontifício da Fraternidade Católica, membros das Novas Comunidades de diversos países participam do XIV Congresso Internacional da Fraternidade Católica das Novas Comunidades na cidade de Assis na Itália, nesta quinta-feira, 28.

O evento teve início com um momento de oração conduzido pelo músico da Comunidade Canção Nova Ricardo Sá e ministério de música internacional da Fraternidade Católica.

Logo após o momento de oração, o Arcebispo de Assis, Dom Domenico Sorrentino deu boas-vindas aos participantes do evento acolhendo-os em sua arquidiocese. “Assis é uma cidade do Espírito Santo”, declarou o arcebispo, pedindo a Deus que incendiasse com o calor do Espírito Santo o coração dos sacerdotes, bispos e leigos. “Levem esse ardor a vossa comunidade”, concluiu.

O Arcebispo de Belém do Pará e diretor espiritual da Fraternidade Católica Dom Alberto Taveira Corrêa, disse que as novas comunidades tem uma missão especial, e que o congresso serve para trocarem experiências daquilo que Deus faz em cada comunidade.

A Presidente dos Serviços Internacionais da Renovação Carismática Católica Michelle Moran ao acolher os membros das comunidades e movimentos enfatizou: “Vocês podem se tornar mais forte no Senhor com a potência do Espírito Santo”.

Com o coração agradecido a Deus pelas comunidades terem dado uma resposta a Deus ao participarem do evento, o presidente da Fraternidade Matteo Calisi falou aos participantes que é necessário escutar a voz do Espírito Santo, e escutar a voz do Espírito é escutar a voz do pastor que os conduz. “Estamos agradecidos ao Senhor pelas pessoas que vieram para celebrar esses 20 anos, seja de Deus a glória”, finalizou.

ROMA, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 (ZENIT.org) –

Mais informação em: www.catholicfraternity.net.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ser ou não ser, eis a questão...


SER

«As pessoas não necessitam de refletir tanto sobre o que deveriam fazer; elas deveriam, pelo contrário, refletir sobre aquilo que elas são.»

Ora, se as pessoas e os seus modos fossem bons, então as suas obras poderiam refulgir limpidamente.

Se tu fores justo, então as tuas obras também serão justas.

Não se pode pensar a santidade com fundamento numa ação; deve-se, pelo contrário, fundamentar a santidade em um ser, pois as obras não nos santificam, senão que nós devemos santificar as obras.

O fundamento para que a essência e o fundamento do ser do homem, de onde as obras humanas recebem a sua benignidade, seja inteiramente bom, é o seguinte: que o caráter do homem esteja totalmente virado para Deus.

O andar com Cristo é um caminhar “De Glória em Glória”. Renovando-se a cada dia. Se transformando pela renovação do entendimento, experimentando a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.

Isto é andar com Cristo. Isto é se santificar: admitir que nunca deixará de ser um pecador, mas andar em constante renovo com Cristo através da transformação da Graça.

No entanto, ao entender que não faço as coisas simplesmente por que não posso (invés de não querer, ou desejar não querer) coloco no meu subconsciente de que estou ileso da culpa de querer por não fazer. Pior, como homem, cheio de falhas, me coloca como superior aos que não deveriam fazer, mas fazem.

A graça não é a graça do “não posso”. A graça é a graça do “não quero”.

Se quero, entendo esse desejo como uma lembrança de que ainda sou humano e pecador.
E, lembrando disso, me lembro que não tenho que me conformar com este mundo.

Lembre-se, o cristão, ainda que transformado pela graça, ainda é um homem. Ainda é pecaminoso.

E precisa ser, para que em seu pecado ele se lembre de que a salvação não vem pelas obras, mas pela fé.

Se eu tenho o desejo de fazer coisas que não deveria querer, não significa que tenho licensa para fazê-las (ainda que me sejam lícitas).

Significa, sim, que como transformado eu preciso admitir que ainda sou pecado e que sempre vou precisar da Graça de Cristo, que me perdoa e continua me transformando.

Não que a transformação do salvo seja incompleta… mas o andar com Cristo é um caminhar “De Glória em Glória”.

Ser ou não ser, eis a questão...

É preciso celebrar a liturgia da vida e saber que o verdadeiro religioso não é o que faz e sim o que é em seu viver cristão .

Religião sem vida é oca, é vazia, é nula, é nada, é somente rito e devocionalismo que não nos leva a nada.

Eis porque o que necesitamos não é aceitar a Cristo, mas conhecê-lo.

Não obstante, o próprio Jesus disse que só o conhecem aqueles a quem o próprio Deus o revela.

Conhecimento intelectual muitos têm. Os fariseus, por exemplo, criam na ressurreição de Cristo, mas nem por isso experimentavam o efeito dela em suas vidas, porque não criam na necessidade, nem sentiam a necessidade de ressurreição em Cristo.

Paulo, que antes de regenerado perseguia a igreja de Cristo e recalcitrava contra os aguilhões de Deus, deu testemunho da graça que lhe foi outorgada dizendo: "Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue..." (Gálatas 1, 15-16).

Deus é quem revela o Seu Filho em nós. Eis aí um mistério que esteve oculto durante séculos e gerações, e que nos últimos tempos, desde a ressurreição de Cristo, tem sido revelado aos santos (Colossenses 1, 26 - 28; Colossenses 2, 2 - 3; I Pedro 1,3).

Conhecer a Cristo, portanto, não é simplesmente confessá-lo, nem admitir que o aceitamos.

Conhecer a Cristo é viver a vida dEle, o que só se torna realidade quando cremos que morremos com Ele e com Ele ressuscitamos.

A troca do "eu" por Cristo é obra de fé realizada pelo próprio Deus, após a manifestação de sua Palavra e a vivificação por Seu Espírito.

Desse modo, somos incapazes de dar vida a nós mesmos, muito menos aos outros.

Coloca todos os teus esforços em que Deus seja grandioso para ti e que toda a tua ambição e devoção se dirijam para Ele em todo o teu atuar.

Uma coisa está bem clara: não conseguimos efetuar essa mudança gigantesca por nós mesmos.

Não depende de nós. Não temos força ou poder para tanto.

Podemos mudar os nossos pecados, mas não podemos mudar os nossos corações.

Podemos assumir um novo caminho, mas não uma nova natureza.

Podemos fazer reformas e alterações consideráveis. Podemos deixar de lado muitos maus hábitos e começar a assumir deveres externos diversos; mas não podemos criar um novo princípio dentro de nós.

Não podemos fazer algo a partir do nada.

O etíope não pode mudar a sua pele, nem o leopardo as suas manchas, e nem nós podemos dar vida às nossas próprias almas (Jer. 13,23). Quem, então, pode tornar viva uma alma morta? Onde se vive apenas sobre a aparência de vida cristã, mas vivemos de mero verniz de cristão?

Ninguém, a não ser Deus. Só Aquele que do nada formou o mundo no dia da criação pode fazer de alguém uma nova criatura.

Só quem formou o homem do pó da terra, dando vida ao seu corpo, poderá dar vida à sua alma.

É ofício especial de Deus fazer isso pelo Seu Espírito Santo, e só Ele tem poder para realizar tal coisa se assim o quissermos e nos deixarmos por Ele ser conduzido.

Em verdade, quanto mais assim fizeres, tanto melhores serão as tuas obras, não importa de que gênero elas sejam.

Mas não esqueçamos o que nos diz Jesus em MATEUS 7,21-23; lemos que "nem todo o que confessa "Senhor, Senhor" entrará no reino dos céus".

Nem mesmo os pretensos profetas, operadores de milagres, e exorcistas, aos quais Jesus mesmo dirá: "Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade". Essa palavra deve ser frustrante para muitos que estão em busca de sinais e prodígios. Como disse Jesus, "Bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20,29).

Hoje em dia, as pessoas estão em busca de evidências do poder de Deus, esquecendo-se de que "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hebreus 11,6), e de que o maior milagre que Deus poderia realizar ao homem já foi realizado na cruz e na ressurreição de Jesus.

E o maior milagre que se realiza todos os dias é Ele vivo sendo entregue a nós na Eucaristia para que assim como o Verbo se fez carne , a carne se transubstancie no Verbo .

Pe. Emílio Carlos
Com minha benção+