Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Acompanhe a Liturgia Diária

Para ler as leituras do mês de Setembro :


DIA 1ª LEITURA SALMO 2ª LEITURA EVANGELHO COR
31/081Cor 1,17-25 Sl 33
Mt 25,1-1321ª Semana do Tempo Comum
01/091Cor 1,26-31 Sl 33
Mt 25,14-3021ª Semana do Tempo Comum
02/09Dt 4,1-2.6-9 Sl 15 Tg 1,17-27 Mc 7,1-8.14-15,21-2322ª Semana do Tempo Comum
03/091Cor 2,1-5 Sl 119,97-102
Lc 4,16-30São Gregório Magno
04/091Cor 2,10b-16 Sl 145
Lc 4,31-3722ª Semana do Tempo Comum
05/091Cor 3,1-9 Sl 33
Lc 4,38-4422ª Semana do Tempo Comum
06/091Cor 3,18-23 Sl 24
Lc 5,1-1122ª Semana do Tempo Comum
07/091Cor 4,1-5 Sl 37
Lc 5,33-3922ª Semana do Tempo Comum
08/09Mq 5,1-4a (ou: Rm 8,28-30) Sl 87
Mt 1,1-23Natividade de Nossa Senhora
09/09Is 35,4-7 Sl 146 Tg 2,1-5 Mc 7,31-3723ª Semana do Tempo Comum
10/091Cor 5,1-8 Sl 5
Lc 6,6-1123ª Semana do Tempo Comum
11/091Cor 6,1-11 Sl 149
Lc 6,12-1923ª Semana do Tempo Comum
12/091Cor 7,25-31 Sl 45
Lc 6,20-2623ª Semana do Tempo Comum
13/091Cor 8,1b-7.10-13 Sl 139
Lc 6,27-38São João Crisóstomo
14/09Nm 21,4-9 Sl 78,1-8.34-38 Fl 2,6-11 Jo 3,13-17Exaltação da Santa Cruz
15/09Hb 5,7-9 Sl 31
Jo 19,25-27Nossa Senhora das Dores
16/09Is 50,5-9a Sl 116 Tg 2,14-18 Mc 8,27-3524ª Semana do Tempo Comum
17/091Cor 11,17-26.33 Sl 40
Lc 7,1-1024ª Semana do Tempo Comum
18/091Cor 12,12-14.27-31a Sl 100
Lc 7,11-1724ª Semana do Tempo Comum
19/091Cor 12,31-13,13 Sl 33
Lc 7,31-3524ª Semana do Tempo Comum
20/091Cor 15,1-11 Sl 118
Lc 7,36-50Santos André Kim Taegon, Paulo Chóng e companheiros
21/09Ef 4,1-7.11-13 Sl 19
Mt 9,9-13São Mateus
22/091Cor 15,35-37.42-49 Sl 56
Lc 8,4-1524ª Semana do Tempo Comum
23/09Sb 2,12a.17-20 Sl 54 Tg 3,16-4,3 Mc 9,30-3725ª Semana do Tempo Comum
24/09Pr 3,27-34 Sl 15
Lc 8,16-1825ª Semana do Tempo Comum
25/09Pr 21,1-6.10-13 Sl 119,1-44
Lc 8,19-2125ª Semana do Tempo Comum
26/09Pr 30,5-9 Sl 119
Lc 9,1-625ª Semana do Tempo Comum
27/09Ecl 1,2-11 Sl 90
Lc 9,7-9São Vicente de Paulo
28/09Ecl 3,1-11 Sl 144
Lc 9,18-2225ª Semana do Tempo Comum
29/09Dn 7,9-14 (ou: Ap 12,7-12) Sl 138
Jo 1,47-51Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael
Pérola do Dia:

“Que a tua vontade seja feita!” 

Só Deus pode ver o coração, enquanto os homens, esses, vêem as aparências. 
É, pois, com toda a confiança filial que podemos deixar Deus olhar-nos. 
Mas isso é exigente para nós, porque todas as nossas palavras e todos os nossos gestos devem estar em harmonia com o que o nosso coração quer exprimir. 
As nossas palavras e orações devem ser a expressão do nosso amor filial e fraternal. 
A lei de Deus está inscrita no nosso coração, conhecemos a sua vontade, sabemos muito bem o que Lhe agrada: cabe a nós pormo-nos de acordo sobre os nossos comportamentos e sobre esta vontade de Deus. Aliás, falta-nos pedir-Lhe: “Que a tua vontade seja feita!”
 Então, talvez Deus dir-nos-á: “Honras-Me com os lábios, fazes a minha vontade, mas o teu coração está longe de Mim”.



22º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO B

Os preceitos de Deus são um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude.  

A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a “Lei”. Deus quer a realização e a vida plena para o homem e, nesse sentido, propõe-lhe a sua “Lei”. A “Lei” de Deus indica ao homem o caminho a seguir. Contudo, esse caminho não se esgota num mero cumprimento de ritos ou de práticas vazias de significado, mas num processo de conversão que leve o homem a comprometer-se cada vez mais com o amor a Deus e aos irmãos.

A primeira leitura garante-nos que as “leis” e preceitos de Deus são um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude. Por isso, o autor dessa catequese recomenda insistentemente ao seu Povo que acolha a Palavra de Deus e se deixe guiar por ela.

No Evangelho, Jesus denuncia a atitude daqueles que fizeram do cumprimento externo e superficial da “lei” um valor absoluto, esquecendo que a “lei” é apenas um caminho para chegar a um compromisso efectivo com o projecto de Deus. Na perspectiva de Jesus, a verdadeira religião não se centra no cumprimento formal das “leis”, mas num processo de conversão que leve o homem à comunhão com Deus e a viver numa real partilha de amor com os irmãos.

A segunda leitura convida os crentes a escutarem e acolherem a Palavra de Deus; mas avisa que essa Palavra escutada e acolhida no coração tem de tornar-se um compromisso de amor, de partilha, de solidariedade com o mundo e com os homens.

 LEITURA I – Dt 4,1-2.6-8

 O Livro do Deuteronômio é aquele “livro da Lei” ou “livro da Aliança” descoberto no Templo de Jerusalém no 18º ano do reinado de Josias (622 a.C.) (cf. 2 Re 22). Neste livro, os teólogos deuteronomistas – originários do Norte (Israel) mas, entretanto, refugiados no sul (Judá) após as derrotas dos reis do norte frente aos assírios – apresentam os dados fundamentais da sua teologia: há um só Deus, que deve ser adorado por todo o Povo num único local de culto (Jerusalém); esse Deus amou e elegeu Israel e fez com Ele uma aliança eterna; e o Povo de Deus deve ser um único Povo, a propriedade pessoal de Jahwéh (portanto, não têm qualquer sentido as questões históricas que levaram o Povo de Deus à divisão política e religiosa, após a morte do rei Salomão).

Literariamente, o livro apresenta-se como um conjunto de três discursos de Moisés, pronunciados nas planícies de Moab. Pressentindo a proximidade da sua morte, Moisés deixa ao Povo uma espécie de “testamento espiritual”: lembra aos hebreus os compromissos assumidos para com Deus e convida-os a renovar a sua aliança com Jahwéh.

O texto que hoje nos é proposto apresenta-se como parte do primeiro discurso de Moisés (cf. Dt 1,6-4,43). Na primeira parte desse discurso (cf. Dt 1,6-3,29), em estilo narrativo, o autor deuteronomista põe na boca de Moisés um resumo da história do Povo, desde a estadia no Horeb/Sinai, até à chegada ao monte Pisga, na Transjordânia; na parte final desse discurso (cf. Dt 4,1-43), o autor apresenta, em estilo exortativo, um pequeno resumo da Aliança e das suas exigências. Esta secção final do primeiro discurso de Moisés começa com a expressão “e agora, Israel…”, que enlaça esta secção com a precedente: mostra-se que o compromisso que agora se pede a Israel se apoia nos acontecimentos históricos anteriormente expostos… A ação de Deus ao longo da caminhada do Povo pelo deserto deve conduzir ao compromisso.

O capítulo 4 do Livro do Deuteronômio é um texto redigido, muito provavelmente, na fase final do Exílio do Povo de Deus na Babilônia. Perdido numa terra estrangeira e mergulhado numa cultura estranha, hostilizado quando tentava afirmar a sua fé em Jahwéh e celebrá-la através do culto, impressionado com o esplendor ritual e as solenidades do culto babilônico, o Povo bíblico corria o risco de trocar Jahwéh pelos deuses babilônicos. É neste contexto que os teólogos da escola deuteronomista vão convidar o Povo a olhar para a sua história (cf. Dt 1,6-3,29), a redescobrir nela a presença salvadora e amorosa de Jahwéh e a comprometer-se de novo com Deus e com a Aliança.

Esse Deus que, no passado, interveio na história para salvar e libertar Israel é o mesmo Deus que agora oferece ao seu Povo leis e preceitos.

Porque é que Israel deve acolher e praticar essas leis e preceitos que Deus lhe propõe? Em primeiro lugar, como forma de gratidão: é a resposta de Israel a esse Deus libertador, que mil vezes agiu no passado para salvar o seu Povo… Em segundo lugar, porque as leis e preceitos do Senhor são inquestionavelmente um caminho que conduz o Povo pela estrada da felicidade e da liberdade. Em qualquer caso, o viver de acordo com as leis e os preceitos de Jahwéh ajudará o Povo a concretizar todos os seus sonhos e esperanças – nomeadamente o grande sonho de se estabelecer numa terra, escapando aos perigos e incomodidades da vida nômade (vers. 1).

Israel deve, contudo, ter cuidado para não adulterar as leis e preceitos que Deus lhe propõe. Há sempre o perigo de os homens adaptarem a Palavra de Deus, de forma a que ela sirva os seus interesses; há sempre o perigo de os homens suavizarem a Palavra de Deus, de forma a que ela não seja tão exigente; há sempre o perigo de os homens suprimirem da Palavra de Deus aquilo que os incomoda; há sempre o perigo de os homens acrescentarem algo à Palavra de Deus, atribuindo a Deus ideias e propostas com as quais Deus não tem nada a ver… Israel tem de resistir a estas tentações: a Palavra de Deus deve ser uma proposta sagrada, que o Povo se esforçará por cumprir integralmente (vers. 2).

Na parte final do texto que nos é proposto, o catequista deuteronomista manifesta o seu orgulho pelo fato de Israel ser um Povo especial, o Povo eleito de Deus. Essa eleição manifesta-se na presença amorosa e libertadora de Jahwéh junto do seu Povo (“qual a grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto o Senhor nosso Deus sempre que O invocamos?” – vers. 7), no dom da Lei e na “sabedoria” presente nessas leis e preceitos que o Senhor deu a Israel, a fim de o conduzir pelos caminhos da história (“qual é a grande nação que tem mandamentos e decretos tão justos como esta lei que hoje vos apresento?” – vers. 8).

Israel, Povo “de dura cerviz”, nem sempre acolheu e cumpriu as leis e os preceitos que o Senhor lhe propôs; mas os círculos religiosos de Israel preocuparam-se sempre em mostrar ao Povo que essa Lei era uma proposta segura para chegar à vida plena, à felicidade. É essa convicção que o nosso catequista deuteronomista deixa transparecer nesta “homilia” que nos propõe.
 
ATUALIZAÇÃO
 
¨ O autor deste texto é, antes de mais, um crente com um enorme apreço pela Palavra de Deus. Ele vê nas leis e preceitos de Deus um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude. Por isso, recomenda insistentemente ao seu Povo que acolha a Palavra de Deus e se deixe guiar por ela. Que importância é que a Palavra de Deus assume na minha existência? Consigo encontrar tempo e disponibilidade para escutar, para meditar e interiorizar a Palavra de Deus, de forma a que ela informe os meus valores, os meus sentimentos e as minhas ações?
  
¨ Para muitos dos nossos contemporâneos, as leis e preceitos de Deus são um caminho de escravidão, que condicionam a autonomia e que limitam a liberdade do homem; para outros, as leis e preceitos de Deus são uma moral ultrapassada, que não condiz com os valores do nosso tempo e que deve permanecer, coberta de pó, no museu da história. Em contrapartida, para o catequista que nos oferece esta reflexão do Livro do Deuteronômio, a Palavra de Deus é um caminho sempre atual, que liberta o homem da escravidão do egoísmo e que o conduz ao encontro da verdadeira vida e da verdadeira liberdade. De fato, a escuta atenta e o compromisso firme com a Palavra de Deus é, para os crentes, uma experiência libertadora: salva-nos do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência e projeta-nos para o amor, para a partilha, para o serviço, para o dom da vida.


¨ Uma das insistentes recomendações do nosso texto é a de não adulterar a Palavra de Deus, ao sabor dos interesses pessoais dos homens. Existe sempre o perigo, quer na nossa reflexão pessoal, quer na nossa partilha comunitária, de torcermos a Palavra ao sabor dos nossos interesses, de limarmos a sua radicalidade, de lhe cortarmos os aspectos mais questionantes, ou de a fazermos dizer coisas que não vêm de Deus… É preciso perguntarmo-nos constantemente se a Palavra que vivemos e anunciamos é a Palavra de Deus ou é a nossa “palavra”, se ela transmite os valores de Deus ou os nossos valores pessoais, se ela testemunha a lógica de Deus ou a nossa lógica humana. Este processo de discernimento é mais fácil quando é feito em comunidade, no diálogo e no confronto com os irmãos que caminham conosco, que nos questionam e que partilham conosco a sua perspectiva das coisas.
 
¨ Nós os crentes comprometidos andamos sempre muito ocupados a fazer coisas bonitas no sentido de mudar o mundo, num ativismo por vezes exagerado e que, aos poucos, nos vai fazendo perder o sentido da nossa ação e do nosso testemunho. No meio dessa atividade frenética, temos de encontrar tempo para escutar Deus, para meditar as suas propostas, para repensar as suas leis e preceitos, para descobrir o sentido da nossa ação no mundo. Sem a escuta da Palavra, a nossa ação torna-se um “fazer coisas” estéril e vazio que, mais tarde ou mais cedo, nos leva a perder o sentido do nosso testemunho e do nosso compromisso.
  
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 14 (15)
 
Refrão 1: Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?

Refrão 2: Ensinai-nos, Senhor:

quem habitará em vossa casa?


O que vive sem mancha e pratica a justiça

e diz a verdade que tem no seu coração

e guarda a sua língua da calúnia.


O que não faz mal ao seu próximo nem ultraja o seu semelhante,

o que tem por desprezível o ímpio,

mas estima os que temem o Senhor.

 O que não falta ao juramento, mesmo em seu prejuízo,

e não empresta dinheiro com usura,

nem aceita presentes para condenar o inocente.

Quem assim proceder jamais será abalado.


LEITURA II – Tg 1,17-18.21-22.27
  
A carta de onde foi extraída a nossa segunda leitura de hoje é um escrito de um tal Tiago (cf. Tg 1,1), que a tradição liga a esse Tiago “irmão” do Senhor, que presidiu à Igreja de Jerusalém e do qual os Evangelhos falam acidentalmente como filho de certa Maria (cf. Mt 13,55; 27,56). Teria morrido decapitado em Jerusalém no ano 62… No entanto, a atribuição deste escrito a tal personagem levanta bastantes dificuldades. O mais certo é estarmos perante um outro qualquer Tiago, desconhecido até agora (o “Tiago, filho de Alfeu” – de que se fala em Mc 3,18 e par. – e o “Tiago, filho de Zebedeu” e irmão de João – de que se fala em Mc 1,19 e par. – também não se encaixam neste perfil). É, de qualquer forma, um autor que escreve em excelente grego, recorrendo até, com frequência, à “diatribe” – um género muito usado pela filosofia popular helénica. Inspira-se particularmente na literatura sapiencial, para extrair dela lições de moral prática; mas depende também profundamente dos ensinamentos do Evangelho. Trata-se de um sábio judeo-cristão que repensa, de maneira original, as máximas da sabedoria judaica, em função do cumprimento que elas encontraram na boca e no ensinamento de Jesus.

A carta foi enviada “às doze tribos que vivem na Diáspora” (Tg 1,1). Provavelmente, a expressão alude a cristãos de origem judaica, dispersos no mundo greco-romano, sobretudo nas regiões próximas da Palestina – como a Síria ou o Egipto; mas, no geral, a carta parece dirigir-se a todos os crentes, exortando-os a que não percam os valores cristãos autênticos herdados do judaísmo através dos ensinamentos de Cristo. Denuncia, sobretudo, certas interpretações consideradas abusivas da doutrina paulina da salvação pela fé, sublinhando a importância das obras; e ataca com extrema severidade os ricos (cf. Tg 1,9-11; 2,5-7; 4,13-17; 5,1-6).

O nosso texto pertence à primeira parte da carta (cf. Tg 1,2-27). Aí, o autor apresenta, num conjunto de desenvolvimentos e de sentenças aparentemente sem ordem nem lógica, uma síntese ou guia breve da carta, pois oferece um breve panorama dos problemas que o preocupam e que ele vai tratar nos capítulos seguintes.
  
Os versículos da Carta de Tiago que nos são propostos como segunda leitura reflectem sobre a Palavra de Deus. O autor da carta não desenvolve um raciocínio continuada, mas vai elencando vários aspectos relacionados com a forma como os crentes devem ver e acolher a Palavra de Deus…

1. Deus oferece continuamente ao homem os seus dons, a fim de lhe proporcionar vida e felicidade (vers. 17). A Palavra de Deus é um dom que o “Pai das luzes” oferece ao homem e destina-se a gerar uma nova humanidade. Os crentes, iluminados pela “Palavra da verdade” que lhes vem de Deus, podem caminhar em segurança em direção à vida plena, à felicidade sem fim (vers. 18).

2. Os crentes devem estar sempre disponíveis para acolher a Palavra de Deus. Não podem fechar-se no seu orgulho e auto-suficiência, ignorando as propostas de Deus; mas devem abrir o coração para que a Palavra lançada por Deus aí encontre lugar, aí possa lançar raízes e desenvolver-se (vers. 21b).

3. A escuta e o acolhimento da Palavra têm, contudo, de conduzir à ação. A escuta da Palavra de Deus tem de conduzir à conversão, à mudança, ao abandono da vida velha do egoísmo e do pecado, a fim de abraçar uma vida segundo Deus. A escuta da Palavra de Deus também não pode fechar o homem num espiritualismo alienante e estéril, mas tem de conduzir a um compromisso efetivo com a transformação do mundo (vers. 22).

4. No último versículo da nossa leitura (vers. 27), o autor da carta descreve a religião autêntica (por oposição à religião vazia, inoperante, morta, daqueles que falam muito mas não praticam ações coerentes com as suas palavras – vers. 26): “visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e conservar-se limpo do contágio do mundo”. Ligando este versículo com o tema central do resto da leitura (a Palavra de Deus), podemos dizer que é a escuta atenta da Palavra de Deus que nos projeta para a ação e para o compromisso. A escuta da Palavra de Deus leva o crente a passar de uma religião ritual, legalista, externa, superficial, para uma religião de efetivo compromisso com a realização do projeto de Deus e com o amor dos irmãos.

 ATUALIZAÇÃO


¨ Na nossa sociedade, há uma tal super-abundância de palavras, que a palavra se desvalorizou. Todos dizem o que muito bem entendem, às vezes de uma forma pouco serena e pouco equilibrada, sem pesar as consequências. Habituamo-nos, portanto, a não levar demasiado a sério as palavras que escutamos e a não lhes conceder um crédito absoluto. O nosso texto, contudo, valoriza a Palavra de Deus e sublinha a sua importância no sentido de nos conduzir ao encontro da vida verdadeira e eterna. É preciso darmos à Palavra que Deus nos dirige um peso infinitamente superior às palavras sem nexo que todos os dias enchem os nossos ouvidos e que intoxicam a nossa mente… A Palavra de Deus é Palavra geradora de vida, de eternidade, de felicidade; por isso, deve ser por nós valorizada.
  
¨ O excesso de palavras (autêntica poluição sonora!) leva também à dificuldade em escutar com atenção. Não temos tempo nem paciência para escutar todos os disparates, todas as conversas sem sentido, toda a verborreia daqueles que gostam de se ouvir a si próprios, embora não digam nada de importante. Por outro lado, as exigências da vida moderna, o trabalho excessivo, o corre-corre do dia a dia, limitam muito a nossa disponibilidade para escutar. Criamos hábitos de não escuta e tornamo-nos surdos aos apelos que chegam até nós através da palavra. A nossa leitura convida-nos, entretanto, a encontrar tempo e disponibilidade para escutar o Deus que nos fala e que, através da Palavra que nos dirige, nos apresenta as suas propostas para nós e para o mundo.

¨ A Palavra de Deus que escutamos e que acolhemos no coração deve conduzir-nos à ação. Se ficamos apenas pela escuta e pela contemplação da Palavra, ela torna-se estéril e inútil. É preciso transformar essa Palavra que escutamos em gestos concretos, que nos levem à conversão e que tragam um acréscimo de vida para o mundo. A Palavra de Deus que escutamos tem de nos levar ao compromisso – à luta pela justiça, pela paz, pela dignidade dos nossos irmãos, pelos direitos dos pobres, por um mundo mais fraterno e mais cristão.

¨ A nossa religião, sem a escuta atenta e comprometida da Palavra de Deus, pode facilmente tornar-se o mero cumprimento de ritos, a fidelidade a certas práticas de piedade, uma tradição que herdamos e na qual nos instalamos, uma prática que torna mais fácil a nossa inserção num determinado meio social, uma alienação que nos faz esquecer certos dramas da nossa vida… É a Palavra de Deus que, propondo-nos uma escuta contínua de Deus e dos seus projetos e um compromisso continuamente renovado com a construção do mundo, dá sentido a toda a nossa experiência religiosa, transformando-a numa verdadeira experiência de vida nova, de vida autêntica.
 

ALELUIA – Tg 1,18

 Aleluia. Aleluia.
  
Deus Pai nos gerou pela palavra da verdade,

para sermos como primícias das suas criaturas.

  
EVANGELHO – Mc 7,1-8.14-15.21-23


Na primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30), o autor apresenta Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. Deslocando-se por toda a Galileia, Jesus anuncia a Boa Nova do Reino de Deus com as suas palavras e os seus gestos, propondo um mundo novo de vida, de liberdade, de fraternidade para todos os homens. A sua proposta provoca as reações e as respostas mais diversas nos líderes judaicos, no povo e nos próprios discípulos.

A cena que nos é hoje proposta no Evangelho mostra-nos, precisamente, a reação dos fariseus e dos doutores da Lei à acção de Jesus. Pouco antes, Jesus tinha realizado a multiplicação dos pães e dos peixes (cf. Mc 6,34-44), propondo, com o seu gesto, um mundo novo de fraternidade, de serviço e de partilha (o “Reino de Deus”); e os líderes judaicos, sem coragem para enfrentar-se directamente com Jesus e para pôr em causa a sua proposta, escolhem os discípulos como alvo das suas críticas… Naturalmente, esses fariseus, fanáticos da Lei, vão questionar os discípulos de Jesus acerca da forma deficiente como eles cumprem a “tradição dos antigos”.

Para os fariseus, a “tradição dos antigos” não se cingia às normas escritas contidas na Lei (Torah), mas abrangia um imenso conjunto de leis orais onde apareciam as decisões e as sentenças dos rabis acerca dos mais diversos temas. Na época de Jesus, essa “tradição dos antigos” constava de 613 leis (tantas quantas as letras do Decálogo dado a Moisés no Monte Sinai), das quais 248 eram preceitos de formulação positiva e 365 eram preceitos de formulação negativa. Essas leis – que o Povo tinha dificuldade em conhecer na sua totalidade e que tinha, ainda mais, dificuldade em praticar – eram, para os fariseus, o caminho para tornar Israel um Povo santo e para apressar a vinda libertadora do Messias. Vai ser, precisamente, à volta desta temática que se vai centrar a polémica entre Jesus e os fariseus que o Evangelho de hoje nos relata.

Quando Marcos escreveu o seu Evangelho (durante a década de 60), a questão do cumprimento da Lei judaica ainda era uma questão “quente”. Para os cristãos vindos do judaísmo, a fé em Jesus devia ser complementada com o cumprimento rigoroso das leis judaicas… No entanto, a imposição dos costumes judaicos levaria, certamente, ao afastamento dos cristãos vindos do paganismo. A questão que era preciso equacionar era a seguinte: o cumprimento da Lei de Moisés era importante, para a comunidade cristã? Para que o Reino que Jesus propôs se concretizasse, era necessário o cumprimento integral da Lei judaica? O Concílio de Jerusalém (por volta do ano 49) já havia dado uma primeira resposta à questão: para os cristãos, o fundamental é a pessoa de Jesus e o seu Evangelho; não é lícito impor aos cristãos vindos do paganismo o fardo da Lei de Moisés. No entanto, o problema continuou a colocar-se durante algumas décadas mais, nomeadamente a propósito dos tabus alimentares hebraicos e que os cristãos vindos do judaísmo pretendiam impor a toda a Igreja (cf. Rom 14,1-15,6).

É, provavelmente, a esta temática que o evangelista Marcos quer responder.

Os povos antigos, em geral, e os judeus, em particular, sentiam um grande desconforto quando tinham de lidar com certas realidades desconhecidas e misteriosas (quase sempre ligadas à vida e à morte) que não podiam controlar nem dominar. Criaram, então, um conjunto abundante de regras que interditavam o contacto com essas realidades (por exemplo, os cadáveres, o sangue, a lepra, etc.) ou que, pelo menos, regulamentavam a forma de lidar com elas, de forma a torná-las inofensivas. No contexto judaico, quem infringia – mesmo involuntariamente – essas regras colocava-se a si próprio numa situação de marginalidade e de indignidade que o impedia de se aproximar do mundo divino (o culto, o Templo) e de integrar a comunidade do Povo santo de Deus. Dizia-se então que a pessoa ficava “impura”. Para readquirir o estado de “pureza” e poder reintegrar a comunidade do Povo santo, o crente necessitava de realizar um rito de “purificação”, cuidadosamente estipulado na “Lei”.

Na época de Jesus, as regras da “pureza” tinham sido absurdamente ampliadas pelos doutores da Lei. Na opinião dos rabis de Israel, existia uma lista imensa de coisas que tornavam o homem “impuro” e que o afastavam da comunidade do Povo santo de Deus. Daí a obsessão com os rituais de “purificação”, que deviam ser cumpridos a cada passo da vida diária.

Um desses ritos consistia na lavagem das mãos antes das refeições. Na sua origem está, provavelmente, a universalização do preceito que mandava os sacerdotes lavarem os pés e as mãos, antes de se aproximarem do altar para o exercício do culto (cf. Ex 30,17-21). Na perspectiva dos doutores da Lei, a purificação das mãos antes das refeições não era uma questão de higiene, mas uma questão religiosa… Em cada momento o crente corria o risco, mesmo sem o saber, de tropeçar com uma realidade impura e de lhe tocar; para evitar que a “impureza” (que lhe ficara agarrada às mãos) se introduzisse, juntamente com os alimentos, no corpo exigia-se a lavagem das mãos antes das refeições.

Na Galileia, terra em permanente contacto com o mundo pagão e onde as normas de “pureza” não eram tão rígidas como em Jerusalém, não se dava demasiada importância ao ritual de lavar as mãos antes das refeições para evitar a ingestão da “impureza”. Os fariseus vindos de Jerusalém, testemunhando como os discípulos comiam sem realizar o gesto ritual de purificação das mãos, ficaram escandalizados e referiram o caso a Jesus. Provavelmente, a história serviu aos fariseus para sondar Jesus e para averiguar a sua ortodoxia e o seu respeito pela tradição dos antigos.

Para Jesus, a obsessão dos fariseus com os ritos externos de purificação é sintoma de uma grave deficiência quanto à forma de ver e de viver a religião; por isso, Jesus responde ao reparo dos fariseus com alguma dureza… Partindo da Escritura (vers. 6-8) e da análise da praxis dos judeus (vers. 9-13), Jesus denuncia essa vivência religiosa que aposta apenas na repetição de práticas externas e formalistas, mas que não se preocupa com a vontade de Deus (“este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” – vers. 6) ou com o amor aos irmãos. Trata-se de uma religião vazia e estéril (“é vão o culto que Me prestam” – vers. 7), que não vem de Deus mas foi inventada pelos homens (“as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos” – vers. 7). Àqueles que apostam na religião dos ritos estéreis, Jesus chama “hipócritas” (vers. 6): interessa-lhes mais o “parecer” do que o “ser”, a materialidade do que a essência das coisas… Eles cumprem as regras, mas não amam; vestem com fingimento a máscara da religião, mas não se preocupam minimamente com a vontade de Deus. Esta religião é uma mentira, uma hipocrisia, ainda que se revista de ares muito santos e muito piedosos.

Depois, Jesus dirige-Se à multidão e formula o princípio decisivo da autêntica moralidade: “não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro; o que sai do homem é que o torna impuro” (vers. 15). Este princípio geral, à primeira vista enigmático e passível de várias interpretações, será explicado mais à frente: “do interior do homem é que saem os maus pensamentos: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem lá de dentro e tornam o homem impuro” (vers. 22-23). O dito de Jesus refere-se, naturalmente, a dois “circuitos” diversos: o do estômago (onde entram os alimentos que se ingerem) e o do coração (de onde saem os pensamentos, os sentimentos e as ações). Os alimentos que entram no estômago não são fonte de “impureza”; os pensamentos e as ações más que saem do coração do homem é que são fonte de “impureza”: afastam o homem de Deus e da comunidade do Povo santo.

Na antropologia judaica, o “coração” é o “interior do homem” em sentido amplo; é aí que está a sede dos sentimentos, dos desejos, dos pensamentos, dos projetos e das decisões do homem. É nesse “centro vital” de onde tudo parte que é preciso atuar. A verdadeira religião não passa, portanto, pelo cumprimento de regras externas, que regulam o que o homem come ou não come; mas passa por uma autêntica conversão do coração, que leve o homem a deixar a vida velha e a transformar-se num Homem Novo, que assume e que vive os valores do Reino. A preocupação com as regras externas de “pureza” é uma preocupação estéril, que não toca com o essencial – o coração do homem; pode até servir para distrair o crente do essencial, dando-lhe uma falsa segurança e uma falsa sensação de estar em regra com Deus. A verdadeira preocupação do crente deve ser moldar o seu coração, a fim de que os seus sentimentos, os seus desejos, os seus pensamentos, os seus projetos, as suas decisões se concretizem, no dia a dia, na escuta atenta dos desafios de Deus e no amor aos irmãos.


ATUALIZAÇÃO


¨ O que é que é decisivo na experiência religiosa? Será o estrito cumprimento das leis definidas pela Igreja? Serão as manifestações exteriores de religiosidade que definem quem é bom ou mau, santo ou pecador, amigo ou inimigo de Deus?

  
¨ As “leis” têm o seu lugar numa experiência religiosa, enquanto sinais indicadores de um caminho a percorrer. No entanto, é preciso que o crente tenha o discernimento suficiente para dar à “lei” um valor justo, vendo-a apenas como um meio para chegar mais além no compromisso com Deus e com os irmãos. A finalidade da nossa experiência religiosa não é cumprir leis, mas aprofundar a nossa comunhão com Deus e com os outros homens sendo, eventualmente, ajudados nesse processo por “leis” que nos indicam o caminho a seguir.


¨ Se fizermos das leis algo de absoluto, elas podem tornar-se para nós um fim e não um caminho. Nesse caso, as “leis” serão, em última análise, uma forma de acalmar a nossa consciência, de nos julgarmos em regra com Deus, de sentirmos que Deus nos deve algo porque nós cumprimos todas as regras estabelecidas. Tornamo-nos orgulhosos e auto-suficientes, pois sentimos que somos nós que, com o nosso esforço para estar em regra, conquistamos a nossa salvação. Deixamos de precisar de Deus, ou só precisamos d’Ele para apreciar o nosso esforço e para nos dar aquilo que julgamos ser uma “justa recompensa”. O culto que prestamos a Deus pode tornar-se, nesse caso, um processo interesseiro de compra e venda de favores e não uma manifestação do amor que nos enche o coração. A nossa religião será, nesse caso, uma mentira, uma negociata, que Deus não aprecia nem pode caucionar.


¨ De acordo com os ensinamentos de Jesus, não é muito religioso ou muito cristão quem aceita todas as “leis” propostas pela Igreja, ou quem cumpre escrupulosamente todos os ritos; mas é cristão verdadeiro aquele que, no seu coração, aderiu a Jesus e procura segui-l’O no caminho do amor e da entrega, que aceita integrar a comunidade dos discípulos, que acolhe com gratidão os dons de Deus, que celebra a fé em comunidade, que aceita fazer com os irmãos uma experiência de amor partilhado.


¨ É isso que Jesus quer dizer quando convida os seus discípulos a não se preocuparem com as leis e os ritos externos, mas a preocuparem-se com o que lhes sai do coração. É no interior do homem que se definem os sentimentos, os desejos, os pensamentos, as opções, os valores, as ações do homem. É daí que nascem os nossos gestos injustos, as discórdias e violências que destroem a relação, as tentativas de humilhar os irmãos, os rancores que nos impedem de perdoar e de aceitar os outros, as opções que nos fazem escolher caminhos errados e que nos escravizam a nós e àqueles que caminham ao nosso lado… A verdadeira religião passa por um processo de contínua conversão, no sentido de nos parecermos cada vez mais com Jesus e de acolhermos a proposta de Homem Novo que Ele nos veio fazer.

 
¨ É preciso mantermo-nos livres e críticos em relação às “leis” que nos são propostas, sejam elas leis civis ou religiosas... Elas servem-nos e devem ser consideradas se nos ajudarem a ser mais humanos, mais fraternos, mais justos, mais comprometidos, mais coerentes, mais “família de Deus”; elas deixam de servir se geram escravidão, dependência, injustiça, opressão, marginalização, divisão, morte. O processo de discernimento das “leis” boas e más não pode, contudo, ser um processo solitário; mas deve ser um processo que fazemos, com o Espírito Santo, na partilha comunitária, no confronto fraterno com os irmãos, numa procura coerente e interessada do melhor caminho para chegarmos à vida plena e verdadeira.

MEU SENHOR E MEU DEUS!!!

Jo 20,24-29


 “Se eu não vir em suas Mãos a marca dos cravos, diz Tomé, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a minha mão no seu Lado, não acreditarei.” Espantoso endurecimento o deste discípulo: o testemunho de tantos irmãos e até a vista da sua alegria não bastam para lhe dar a fé.

E eis que, para tomar conta dele, o Senhor aparece. O bom Pastor não suporta a perda da sua ovelha, ele que tinha dito a seu Pai: “Não perdi nenhum dos que me deste” (Jo 17,12).

Que os pastores aprendam então a solicitude que devem manifestar para com as suas ovelhas, uma vez que o Senhor apareceu por causa de uma só. Toda a solicitude e todo o labor são pouca coisa em comparação com o interesse de uma única alma... Aquele que trouxer uma ovelha errante de volta ao redil ganhou um poderoso advogado junto de Deus.

“Aproxima o teu dedo e vê as minhas mãos, mete a mão no meu lado e não sejas incrédulo mas fiel”. Feliz mão que perscrutou os segredos do coração de Jesus! Que riquezas não terá encontrado! Foi ao repousar sobre esse coração que João penetrou nos mistérios do céu. Penetrando-o, Tomé descobriu nele grandes tesouros. Admirável escola que formou tais discípulos! Graças a ela, o primeiro exprimiu acerca da divindade maravilhas mais altas do que os astros ao dizer: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1); o outro, tocado pelo raio da Verdade, lançou esse grito sublime: “Meu Senhor e Meu Deus!”


Com minha benção.
Pe. Emílio Carlos Mancini.+
 
«Vigiai porque não sabeis o dia nem a hora»
 

S. Mateus 25,1-13.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O Reino do Céu será semelhante a dez virgens que, tomando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo.
Ora, cinco delas eram insensatas e cinco prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite consigo;enquanto as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas almotolias.
Como o noivo demorava, começaram a dormitar e adormeceram.
A meio da noite, ouviu-se um brado: 'Aí vem o noivo, ide ao seu encontro!’
Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias.
As insensatas disseram às prudentes: 'Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se.’
Mas as prudentes responderam: 'Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.’
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo; as que estavam prontas entraram com ele para a sala das núpcias, e fechou-se a porta.
Mais tarde, chegaram as outras virgens e disseram: 'Senhor, senhor, abre-nos a porta!’
Mas ele respondeu: 'Em verdade vos digo: Não vos conheço.’
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora. 
 
Comentário
 
O Senhor disse-nos: «Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do Céu, nem o Filho», para impedir qualquer pergunta sobre o momento da Sua segunda vinda: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos» (Mt 24,36; Act 1,7). Escondeu-no-lo para que estivéssemos vigilantes e para que cada um de nós pudesse pensar que esta vinda ocorrerá durante o seu tempo de vida. [...]
Vigiai, porque quando o corpo adormece é a natureza que nos domina, e nessa altura a nossa acção não é dirigida pela nossa vontade mas pela força da natureza. E quando reina sobre a alma um pesado torpor de fraqueza e tristeza, é o inimigo que a domina. [...] Foi por isso que o Senhor falou da vigilância da alma e do corpo, para que o corpo não se afunde num sono pesado nem a alma no entorpecimento. Como dizem as Escrituras: «Despertai como é justo» (1Co 15,34), «se pudesse chegar ao fim, estaria ainda convosco» (Sl 139,18) e «não desanimeis» (cf Ef 3,13). [...]
«Cinco delas eram insensatas, diz o Senhor, e cinco prudentes.» Não é à virgindade que Ele chama sabedoria, uma vez que todas elas eram virgens, mas às boas obras. Mesmo que a tua castidade seja igual à santidade dos anjos, repara que a santidade dos anjos está isenta de inveja e de qualquer outro mal. Se não fores repreendido por impureza, cuida que também não o sejas por arrebatamento e por cólera. [...] «Estejam cingidos os vossos rins», para que a castidade não nos pese. «E acesas as vossas lâmpadas» (Lc 12,35), porque o mundo é como a noite: tem necessidade da luz dos justos. «Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus» (Mt 5,16). 

Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja
Comentário do Evangelho, §18, 15ss.

Menina de 14 anos vira exemplo ao decidir que não iria abortar filho, fruto de estupro do próprio pai




Segundo notícias publicadas no site Uol uma menina de apenas 14 anos, moradora de Sorocaba (interior de São Paulo), acaba de nos dar uma bela lição de vida, através de um nobre gesto.
A adolescente, que terá o seu nome preservado, foi estuprada pelo próprio pai, mas decidiu não interromper a gestão de quatro meses, mesmo tendo recebido autorização judicial para abortar.
Ela chegou a pensar em matar o próprio filho – o aborto aconteceria no último dia 20 de agosto –, mas mudou de ideia depois de receber a visita de pessoas que explicaram as consequências do aborto e exibiram vídeos mostrando como é feito o procedimento.
“Explicamos que se tratava de uma vida e que ela poderia se arrepender disso no futuro”, disse a tia da adolescente, Shirley Ataíde.
Até o momento, a adolescente não decidiu se ficará com o bebê ou se o entregará à adoção.
Independentemente da escolha da menina, o mais importante é que ela está preservando uma vida.
Uma bela lição de vida, não é mesmo?

Diga não ao aborto você também

As três grandes mentiras de Hollywood



Encontrei no site Ética na TV um interessante artigo, traduzido por Edda Frost, de um critico de cinema do New York Post, Michael Medved, intitulado “As três grandes mentiras de Hollywood”.
Ele nos conta algo que qualquer um que conhece um pouco os EUA é capaz de perceber: o divórcio do cinema americano com o estilo de vida da nação. Os filmes dão uma idéia falsa do que é os EUA profundo e fazem com que seus espectadores do mundo todo confundam Nova Iorque com o resto do país ou mesmo em pensar que qualquer moça do Kansas se comporta como uma Britney Spears.
Esse fenômeno hollywoodinano é o que faz imaginar aqui no Brasil, mais especialmente nos ambientes de superficialidade intelectual dos centros acadêmicos, que o Partido Republicano seja representante de uma minoria nos EUA e que só ganha eleições comprando votos ou sabotando as urnas eleitorais (vide charge esquerdista ao lado). Se os filmes espelham a realidade norte-americana, então realmente não há outra explicação para o fato dos Democratas não se tornarem o partido único do país.
Como escreveu Medved:
Os produtores de filmes parecem ter prazer em assaltar os valores básicos da família e da decência pelos quais a maioria das pessoas continuam ter muito apreço. Não é surpresa que pesquisas recentes revelam que a esmagadora maioria dos americanos sente que Hollywood não tem idéia do que são seus valores pessoais.
Quando a indústria de entretenimento é coloca contra a parede, sua justificativa se baseia em três grandes mentiras que o critico norte-americano refuta com conhecimento de causa.
Mentira número 1: “É só entretenimento e não influência ninguém”
Aqui Medved conta que participou de um fórum de discussão com representantes dos três maiores estúdios de Hollywood onde se passou a seguinte cena:
Quando eu critiquei o comportamento irresponsável da indústria cinematográfica, um dos participantes respondeu furioso que Hollywood é sempre acusada pelo mal que faz, mas nunca lhe é dado credito por seu impacto positivo. “Você tem de concordar que o filme “Lethal Weapon” salvou milhares de vidas.
Eu não consegui lembrar de alguma mensagem salvadora naquele sangrento “thriller”, então perguntei o que ele queria dizer.
“Bem” ele respondeu: “Naquele filme, pouco antes da cena da grande perseguição, houve um intenso “close-up” de três segundos mostrando Mel Gibson e Danny Glover atando o cinto de segurança.”
É dos tais argumentos que até um simples silêncio refuta. Michael Medved aponta com precisão a contradição desse raciocínio:
Ele estava sugerindo que as pessoas imediatamente imitariam o que viram por três segundos, mas os restantes super violentos 118 minutos do filme, não teriam qualquer influência. Não é esta uma contradição ilógica e absurda?
Jack Valenti, presidente da “Motion Picture Association of America”, afirmou, então, que seus filhos, quando jovens, viram muitas cenas de violência na TV e conseguiram preservar seus valores.
Nós todos já ouvimos alguma versão deste argumento, mas o alvo está errado. Só por que a mídia não influência todos, não significa que não influencie ninguém. Quando um anúncio ou comercial aparece na TV ninguém espera que o produto vá ser vendido para todos. Se um comercial influenciar uma pessoa em 1000 é considerado um sucesso. Do mesmo modo, se a TV e o cinema influenciarem uma pessoa em 1000 a se comportar do modo irresponsável e destrutivo que é freqüentemente glorificado pela media, então essas imagens terão profundo impacto na sociedade.
Michael Medved se refere ainda que há mais de 60 estudos organizados por grandes universidades provando que longas exposições a imagens violentas na TV são capazes de alterar o comportamento das pessoas, tornando-as mais agressivas. O mesmo, digo eu, pode-se aplicar à cenas de imoralidade sexual.
Mentira número 2: “Nós só refletimos a realidade. Não nos culpe; culpe a sociedade”
Com a palavra, Michael Medved:
Se isto fosse verdade, então por que tão poucas pessoas testemunham assassinatos na vida real, mas todos nós os vemos na TV e nos filmes? O mais violento gueto não está em South Central Los Angeles, nem em Southeast Washington D.C.; está na TV.
Quando se trata de mostrar comportamento sexual há uma descontinuidade semelhante. Uma pesquisa da “Planned Parenthood” (Paternidade Planejada, [organização abortista]) mostra que todos os anos, no horário nobre da TV há 65.000 referências sexuais. No entanto, um estudo do “Center for Media and Public Affairs”, mostrou que 7 em 8 encontros sexuais na TV envolvem relações extra maritais.
(…) O sociólogo da UCLA James Q. Wilson apontou um fato curioso: em ruas de cidades com vidros quebrados e não repostos, a criminalidade aumenta muito. A janela quebrada anuncia ao público: “Aqui não há autoridade, os valores estão quebrados, não há conseqüência. Hoje, televisão e cinema se tornaram gigantescas janelas quebradas para o mundo. Um retrato da vida sem padrões, sem disciplina, sem conseqüência, mandando a mensagem de que reina o caos.
Mentira número 3: Nós damos ao público o que ele quer. Se as pessoas não gostam, podem desligar.
(…) A última parte da mentira que diz: “Se você não gosta, desligue” tem a mesma lógica que “Se você não gosta da poluição pare de respirar”. Você pode não ouvir a cantora Madona. Você nunca escolheu colocar Madonna na sua mente, mas certamente você sabe quem ela é, e por que razão ela é famosa. Cultura popular esta por toda parte, é como o ar que respiramos. Por isso é que a mensagem da cultura pop é uma questão de meio ambiente.
(…) O acumulo desse material tem tremendo impacto em nossas vidas. Por isto é que nestes tempos em que demandamos que as empresas sejam responsabilizadas por poluir o ar e as águas, em que banimos fumar em lugares públicos e temos tido resultados, é apropriado pedir que as empresas de entretenimento mostrem responsabilidade por poluir a atmosfera cultural que todos respiramos.

China: bispo renuncia ao regime marxista e “desaparece”


 

A sagração do novo bispo-auxiliar de Xangai, combinada entre o governo comunista chinês e a Santa Sé, teve um desfecho inesperado.
Dom Thaddeus Ma Daqin [foto] recusou a imposição das mãos de Dom Zhan Silu, bispo “oficial” de Mindong, não reconhecido por Roma e afiliado à ditadura anticristã. Também se recusou a receber a comunhão das mãos do prelado ilegal.
Em sua homilia, Dom Thaddeus, que era membro do Comitê Nacional da Associação Patriótica, disse:
“Eu acredito que não convém continuar servindo a Associação Patriótica”.

O povo aplaudiu o bispo e se emocionou diante de seu ato de coragem. Mas Dom Thaddeus “desapareceu” logo após a cerimônia.
O regime alega que ele “foi repousar porque sofria de esgotamento físico e moral” — desculpa que deve encobrir alguma forma de intimidação psicológica ou até prisão.
___________
Agência Boa Imprensa

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A PALAVRA DE DEUS É A NOSSA FORÇA 
 

Viver a Palavra transforma a nossa vida.
Tudo passa a ter sentido pleno e a mínima realização adquire um significado inovador.
O modo mais concreto de estar em Deus é viver a sua Palavra.
Ela serve de bússola nos momentos de incerteza, dá serenidade nas horas de angústia, moderação na alegria, equilíbrio nas decisões e conforto para a alma em todas as circunstâncias.
A Palavra fortalece em nós todo o positivo que possuímos, a essência divina intrínseca em nosso ser.
Na Palavra está o Espírito de Deus e este levanta o decaído, fortalece o fraco, consola o aflito e ilumina os nossos passos.


                                                  O rigoroso caminho da perfeição. 
Existe alguém em sua vida que talvez necessite do seu perdão? 
Há alguém em sua casa, em sua família, ou na vizinhança que lhe tenha feito uma injustiça, uma grosseria ou algo nada cristão?
Somos todos culpados de tais transgressões, deve, portanto, haver alguém que ainda precise do nosso perdão.
E, por favor, não perguntem se é justo que o ofendido suporte o fardo de perdoar o ofensor. 
Não perguntem se a “justiça” não exige que seja o contrário. 
Quando o assunto são os nossos pecados, não pedimos justiça; o que pedimos é misericórdiae é misericórdia que devemos estar dispostos a oferecer.
Será que conseguimos perceber a trágica ironia de não concedermos aos outros o que nós mesmos necessitamos tanto? 
Talvez o ato mais elevado, sagrado e puro seja dizer, quando confrontados com a insensibilidade e a injustiça, que na verdade amamos ainda mais os nossos inimigos, os que nos maldizem, que fazemos o bem aos que nos odeiam e oramos pelos que nos maltratam e nos perseguem. 
Assim é o rigoroso caminho da perfeição. 
Quando pensamos na vida de Cristo, ficamos assombrados de muitas maneiras.
Se há um momento que de fato me assombra, é este. Quando penso Nele sob o fardo de todos os nossos pecados e perdoando aqueles que o pregaram na cruz, em vez de perguntar “Como Ele fez isso?”, indago “Por que Ele fez isso?”
Se contemplo minha vida em contraste com a misericórdia que Ele demonstrou, percebo o quanto ainda preciso fazer para seguir o Mestre.
Como Ele conseguiu perdoar Seus algozes naquele momento? Com toda aquela dor, com sangue vertido de cada poro, Ele ainda pensava nos outros. Essa é mais uma evidência surpreendente de que Ele era realmente perfeito e de que deseja que o sejamos também.
Fico profundamente impressionado com o momento em que Jesus, após tropeçar sob o peso da carga que levava para o alto do Calvário, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23,34).
No Sermão da Montanha, antes de estabelecer essa perfeição como nossa meta, Ele definiu um último requisito. Ele declarou que todos devemos amar nossos inimigos, bendizer os que nos maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam, e orar pelos que nos maltratam e nos perseguem (ver Mateus 5,44).
Ele É o Sacrifício Perfeito.
O sacrifício era um lembrete constante da humilhação e do sofrimento que o Filho sofreria para nos resgatar. Era um lembrete constante da mansidão, da misericórdia e da bondade — sim, do perdão — que devem ser a marca registrada da vida de cada cristão. Por todas essas razões e outras mais, os cordeiros primogênitos, puros e sem manchas, perfeitos em tudo, eram oferecidos sobre os altares de pedra, ano após ano e geração após geração, simbolizando o grande Cordeiro de Deus, Seu Filho Unigênito, Seu Primogênito, perfeito e imaculado.
A carga do meu irmão que tenho de suportar não é apenas a situação em que se encontra ou circunstâncias exteriores, mas muito literalmente seus pecados. E a única maneira de suportar esses pecados é perdoá-los. O perdão é um sofrimento semelhante ao de Cristo que temos, como cristãos, a obrigação de suportar. Esta é uma das coisas mais difíceis de fazer.

 Pe.Emílio Carlos+


Pérola do Dia:

O rigoroso caminho da perfeição. 

Existe alguém em sua vida que talvez necessite do seu perdão? 
Há alguém em sua casa, em sua família, ou na vizinhança que lhe tenha feito uma injustiça, uma grosseria ou algo nada cristão?
Somos todos culpados de tais transgressões, deve, portanto, haver alguém que ainda precise do nosso perdão.
E, por favor, não perguntem se é justo que o ofendido suporte o fardo de perdoar o ofensor. 
Não perguntem se a “justiça” não exige que seja o contrário. 
Quando o assunto são os nossos pecados, não pedimos justiça; o que pedimos é misericórdia — e é misericórdia que devemos estar dispostos a oferecer.
Será que conseguimos perceber a trágica ironia de não concedermos aos outros o que nós mesmos necessitamos tanto? 
Talvez o ato mais elevado, sagrado e puro seja dizer, quando confrontados com a insensibilidade e a injustiça, que na verdade amamos ainda mais os nossos inimigos, os que nos maldizem, que fazemos o bem aos que nos odeiam e oramos pelos que nos maltratam e nos perseguem. 
Assim é o rigoroso caminho da perfeição. 

Pe.Emílio Carlos+
POUCOS OPERÁRIOS PARA UMA MESSE SEMPRE MAIOR

Marc 10,1-2

No evangelho Jesus afirma algo surpreendente: “A messe é grande, mas os operários são poucos!” Portanto, uma crise vocacional que já dura dois mil anos...

A messe sempre será grande e os operários sempre serão poucos. Essa incapacidade, essa pobreza de recursos sempre fará parte da dinâmica do Reino, um Reino que, ao fim das contas, manifestou-se de modo eminente no Crucificado e na sua cruz...

Hoje, mais que nunca, sente-se a necessidade de operários. Ante o tsunami pagão que os meios de comunicação de massa divulgam, ante a verdadeira avalanche de anti-cristianismo, parece que os mensageiros do Evangelho são absolutamente incapazes e insuficientes de possibilidade e de número...

Vem, então, a tentação danada – e há tantos na Igreja que a defendem – de abrandar o Evangelho, de mitigar as exigências da moral cristã e do ideal de santidade: por que não permitir uma vida sexual mais “livre” para os cristãos? Por que não acabar com a obrigatoriedade do celibato sacerdotal? Por que não permitir o aborto e aquelas malditas experiências pseudo-científicas com embriões humanos? Por que não permitir o casamento gay e adoção de filhos?

Um cristianismo mais brando, uma Igreja que renunciasse a proclamar a Verdade e se contentasse em balbuciar, meio medrosa, uma verdadezinha qualquer, agradável e popular para o mundo atual...

E, no entanto, o remédio que Cristo propõe é surpreendente, inesperado: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua seara!” A Igreja não é nossa; é de Cristo! A força do Reino não vem de nossas pirotecnias e mágicas para tornar o Senhor palatável e compreensível para o mundo. Neste sentido, o maior missionário do cristianismo, São Paulo, afirma sem rodeios: “Por causa de Cristo eu estou crucificado para o mundo e o mundo para mim!”

Portanto, cristãos sem medo, cristãos corajosos da coragem do Reino, cristãos sem medo de apostar no único necessário. É aí, e não num anêmico conformismo com o mundo, que reside a força da Igreja e a alegria dos cristãos. Valerá sempre a sentença inexorável do Apóstolo: “Se eu quisesse agradar os homens seria inimigo de Cristo!”

 Com minha  benção.
Pe. Emílio Carlos Mancini.+
 
Martírio de São João Batista

Evangelho (Mc 6,17-29)

Naquele tempo, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo, mas não conseguia, pois Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e santo, e até lhe dava proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas ficava desconcertado.
Finalmente, chegou o dia oportuno. Por ocasião de seu aniversário, Herodes ofereceu uma festa para os proeminentes da corte, os chefes militares e os grandes da Galiléia. A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse à moça: «Pede-me o que quiseres, e eu te darei». E fez até um juramento: «Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe: «Que devo pedir?». A mãe respondeu: «A cabeça de João Batista». Voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: «Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista». O rei ficou muito triste, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis faltar com a palavra. Imediatamente, mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O carrasco foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça, trouxe-a num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João ficaram sabendo, vieram e pegaram o corpo dele e o puseram numa sepultura.

 Comentário:

João vivia dizendo a Herodes? 
Não te é permitido ter a mulher do teu irmão?

Hoje lembramos o martírio de São João Batista, o Precursor do Messias. A vida toda do Batista gira em torno à Pessoa de Jesus, de forma tal que sem Ele, a existência e a tarefa do Precursor do Messias não teria sentido.

E, desde as entranhas da sua mãe, sente a proximidade do Salvador. O abraço de Maria e de Isabel, duas futuras mães, abriu o dialogo dos dois meninos: o Salvador santificava a João e, este pulava de entusiasmo dentro do ventre da sua mãe.

Na sua missão de Precursor manteve esse entusiasmo ?que etimológicamente significa estar cheio de Deus?, preparou-lhe os caminhos, nivelou-lhe as rotas, rebaixou-lhe as cimas, o anunciou já presente e, o assinalou com o dedo como o Messias: «Eis aqui o Cordeiro de Deus» (Jo 1,36).

No ocaso de sua existência, João, ao predicar a liberdade messiânica a aqueles que estavam cativos dos seus vícios, é encarcerado: «João dizia a Herodes: ?Não te é permitido ter a mulher do teu irmão?» (Mc 6,18). A morte do Batista é a testemunha martirizante centrada na pessoa de Jesus. Foi seu Precursor na vida e, também lhe precede agora na morte cruenta.

São Beda nos diz que «está encerrado, na escuridão de um cárcere, aquele que tinha vindo dar testemunho da Luz e, havia merecido da boca do mesmo Cristo (...) ser denominado lâmpada ardente e luminosa. Foi batizado com seu próprio sangue, aquele a quem antes lhe foi concedido batizar ao Redentor do mundo».

Queira Deus que a festa do Martírio de São João Batista entusiasme-nos, no sentido etimológico do término e, assim cheios de Deus, também demos testemunho de nossa fé em Jesus com coragem. Que nossa vida cristã também gire em torno à Pessoa de Jesus, o que lhe dará seu pleno sentido.

Fray Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)

 «E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo»

S. Marcos 6,17-29.
 
Naquele tempo,o rei Herodes  mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara.
Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.»
Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado.
Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia.
Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.»
E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.»
Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.»
Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.»
O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar.
Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão;depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe.
Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.
 
Comentário : 

«E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo» (Lc 1,76)

De entre os títulos de glória do santo e bem-aventurado João Batista, cuja festa hoje celebramos, não sei qual prefiro: se o seu nascimento milagroso ou a sua morte, ainda mais milagrosa. O seu nascimento trouxe uma profecia (Lc 1,67ss.), a sua morte a verdade; o seu nascimento anunciou a chegada do Salvador, a sua morte condenou o incesto de Herodes. Este santo homem [...] mereceu, aos olhos de Deus, não desaparecer da mesma forma que os outros homens deste mundo: deixou este corpo recebido do Senhor confessando-O. João cumpriu em tudo a vontade de Deus, uma vez que a sua vida e a sua morte correspondem aos Seus desígnios. [...]

Ainda se encontrava no ventre de sua mãe e já celebrava a chegada do Senhor com os seus movimentos de alegria, uma vez que não podia fazê-lo com a voz. Isabel diz a Santa Maria: «Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio» (Lc 1,44). João exulta antes de nascer e, antes de os seus olhos verem o mundo, o seu espírito reconhece já Aquele que é o seu Senhor. Penso que é este o sentido da frase do profeta: «Antes que fosses formado no ventre de tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei» (Jr 1,5). Não é de surpreender que, encarcerado na prisão para onde Herodes o enviara, tenha continuado a pregar por intermédio dos seus discípulos (Mt 11,2), uma vez que, ainda no ventre de sua mãe, anunciara já com os seus movimentos a vinda do Senhor. 

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
Sermão 36