Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus!
No centro da vida cristã deve estar a Palavra de Deus
Lucas 8,19-21
Hoje, lemos uma formosa passagem do Evangelho. Jesus não ofende, de
modo algum, a Sua Mãe, já que Ela é a primeira a escutar a Palavra de Deus e
dela nasce Aquele que é a Palavra. E, simultaneamente, Ela é a que mais
perfeitamente cumpriu a vontade de Deus: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em
mim segundo a tua palavra (Lc 1,38), responde ao anjo na Anunciação.
Jesus revela-nos de que precisamos, também nós, para chegar a ser seus
familiares: Aqueles que ouvem...(Lc 8,21) e, para ouvir é necessário que nos
aproximemos, tal como os seus familiares, que chegaram até onde Ele estava, mas
não podiam aproximar-se por causa da multidão.
Os familiares esforçam-se por se
aproximar, seria conveniente que nos perguntássemos se lutamos e procuramos
vencer os obstáculos que encontramos na hora de nos aproximarmos da Palavra de
Deus. Dedico, todos os dias, uns minutos a ler, escutar e meditar a Sagrada Escritura?
S. Tomás de Aquino recorda-nos que: é necessário que meditemos continuamente a
Palavra de Deus(...) ; esta meditação ajuda fortemente na luta contra o pecado.
E, finalmente, cumprir a Palavra de Deus. Não basta escutar a Palavra;
é necessário cumpri-la, se queremos ser membros da família de Deus.
Temos de
pôr em prática aquilo que nos diz! Por isso será bom que nos perguntemos se só
obedeço quando aquilo que se me pede me agrada ou é relativamente fácil, e,
pelo contrário, quando há que renunciar ao bem-estar, ao bom nome, aos bens
materiais ou ao tempo disponível para o descanso..., ponho a Palavra entre
parêntesis até que cheguem melhores tempos. Peçamos à Virgem Maria que
escutemos como Ela e cumpramos a Palavra de Deus para andarmos assim no caminho
que conduz à felicidade duradoura.
Todo homem até o mais soberano e poderoso neste mundo, deve deixar-se
guiar por Deus e nenhum homem é juiz de si mesmo, mas a sua retidão é
determinada por Deus, pois somente ele conhece e sonda o coração do ser humano.
Quando o homem é arrogante e cheio de orgulho, só manifesta a
escuridão e não deixa aparecer a luz de Deus. Todas as demais sentenças
aplicam-se a esta Verdade: É Deus que nos aponta por onde ir pois os projetos
do homem são muitas vezes enganosos e não levam a lugar algum.
Por isso que devemos rezar com o Salmista essa súplica que deve ser
constante em nossa vida “Guiai-me, Senhor, nos caminhos dos vossos preceitos”,
pois Deus é a estrada, e ao mesmo tempo o destino a ser alcançado. Este caminho
tornou-se mais nítido em Jesus Cristo, pelo qual o Pai se manifestou, se
revelou e falou diretamente aos homens. Antes, os instrumentos dos quais Deus
se serviu, eram homens que poderiam se enganar, como de fato muitos se
enganaram, mas no tempo da plenitude a Palavra de Deus tornou-se carne e
tornou-se imprescindível escutá-la e pô-la em prática pois Jesus não apenas nos
mostra o caminho, mas ele é o caminho.
Os que ouvem esta palavra e a coloca em prática tornam-se íntimos de
Jesus, criando com ele um forte laço, mais poderoso do que qualquer parentesco
como mostra o evangelho. Talvez possamos pensar que neste evangelho, a mãe de
Jesus foi relegada a um segundo plano. Primeiramente é preciso saber que, o
termo Mãe designava a Matriarca da Família, seria ela a Bisavó ou a Tataravó,
aquela que tinha autoridade sobre a família, por esta razão ela está ali, para
convencer Jesus a ir para casa e deixar de lado a missão. Maria de Nazaré
agiria assim?
Digamos, entretanto, que seja realmente Maria, é mais fácil
entendermos que os demais membros da família a convenceram a ir até lá. No
demais, o próprio Jesus sempre elogiou Maria pela sua obediência e fidelidade á
Palavra de Deus, por isso ela é a primeira cristã e primeira discípula.
A opção pelo Reino estabelece laços profundos de amizade entre os
discípulos, gerando neles uma solidariedade exemplar. Este parentesco
espiritual, em muitos casos, pode ser mais sólido que o próprio parentesco
sanguíneo. E, o mais importante: gera um ambiente de igualdade onde Deus Pai
nos faz todos irmãos e irmãs.
O relacionamento físico com Jesus de Nazaré já não tem importância. A
família do Reino se constitui a partir da escuta e da vivência da Palavra de
Deus e não da pertença à família histórica de Jesus. O tempo e o espaço também
não contam. Seja qual for a época em que se vive ou se viveu, é possível sentir
a proximidade familiar em relação aos outros cristãos, desde pautemos nossa
vida pela mesma proposta do Reino. Além disso, onde quer que estejam e de onde
quer que venham, quando dois cristãos se encontram, deveriam imediatamente
sentir brotar no coração um forte afeto fraternal, por terem o mesmo projeto de
vida, e estarem unidos pela mesma opção por Jesus e por seu Reino.
Desde os primórdios, a comunidade cristã compreendeu este dado de sua
identidade. E, assim, estabeleceu uma nítida diferença em relação à tradição
judaica, cujo apego às genealogias e à consangüinidade era bem conhecida.
A família do Reino, como é constituída, pode reunir gente de todas as
raças, povos, famílias e nações.
A visita da família de Jesus é, para ele, ocasião de ensinar os seus
discípulos acerca do específico da comunidade cristã (cf. Lc 6,46-49). É Marcos
quem, no seu evangelho, informa a razão da visita da família de Jesus: pensavam
que estivesse fora de si (Mc 3,21). No evangelho de João, são os adversários de
Jesus que têm essa opinião a respeito dele (Jo 10,10-20).
Aproveitando a ocasião e ignorando a intenção de sua parentela, Jesus
ensina que a pertença ao povo que ele reúne não se dá pela descendência do
sangue, mas por uma atitude que engaja o discípulo no dinamismo da escuta e da
prática da Palavra de Deus (cf. Lc 6,46-47).
Mais adiante no relato evangélico, àquela mulher que, admirada pelas
palavras de Jesus, gritou: “Felizes as entranhas que geraram e os seios que te
amamentaram”, Jesus respondeu: “Felizes são os que ouvem a Palavra de Deus e a
praticam” (Lc 11,27-28).
A mãe de Jesus passou, na tradição da Igreja, a ser modelo do discípulo
porque ela é a mulher que escutou a Palavra de Deus e a praticou (Lc 1,38). No
centro da vida cristã deve estar a Palavra de Deus. Em Jesus, Verbo de Deus, a
Palavra de Deus adquire todo o seu sentido e é uma fonte de verdadeira vida.
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