Com a Fé, a Esperança e a Caridade, as virtudes teologais, nos tornam capazes de conhecer e amar a Deus. Elas são virtudes inteiramente voltadas para Deus.
Mas
existem muitas virtudes que não são voltadas diretamente para Deus, mas
sim para o nosso comportamento, nossa atitude, nossas ações; elas nos
ajudam a bem agir, a fugir do pecado, a vencer as tentações. Por isso,
indiretamente, elas nos levam a Deus.
São as virtudes morais, ou seja, virtudes que nos ajudam a bem agir.
Quatro delas são mais importantes do que as outras porque regulam a atividade de todas as demais. São as chamadas virtudes cardeais.
Por que esse nome?
Cardo,
em latim, quer dizer dobradiça, eixo em torno do qual gira alguma
coisa. No caso da dobradiça, gira a porta, no caso do eixo da terra,
giram os quatro pontos cardeais. No caso das virtudes, em torno das
quatro virtudes cardeais, giram as outras virtudes, como veremos
adiante.
Quais
são estas virtudes cardeais?
A Prudência, a Justiça, a Força e a
Temperança.
Vamos começar estudando cada uma dessas quatro virtudes
cardeais, depois veremos as outras virtudes morais.
A Virtude da Prudência
Prudência
é a virtude que nos ajuda a escolher. Não se trata de escolher coisas
fúteis e bobas. A Prudência nos ajuda a escolher os meios adequados para
realizar o bem e vencer o mal. É uma escolha muito importante e que a
qualquer momento precisamos fazer.
Vou
estudar ou vou brincar? Depende da hora! Se for hora de estudar, vamos
estudar, se for hora de brincar, vamos brincar. É a Prudência que nos
ajuda a compreender essas coisas. Ela aproveita a hora propícia, o lugar
acertado onde devemos estar e nos impede de tomar decisões
precipitadas. O lema dela é: fazer o que é certo, na hora certa, no
lugar certo.A
Prudência, iluminada pela nossa Fé e ajudada pela graça santificante,
nos leva a escolher os atos bons que são o caminho da nossa salvação.
É sobre esta Prudência que Jesus fala no Evangelho: «Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sêde, pois, prudentes como a serpente e simples como as pombas.» (S. Mat. X, 16) e também: «Quem
julgas que é o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor constituiu
sobre a sua família, para lhe distribuir de comer a tempo?» (S. Mat. XXIV, 45).
Mas, como o contrário da virtude é o vício, podemos pecar contra a Prudência de dois modos:
· Por falta de prudência - é o vício da imprudência, que pode ser por: precipitação - agimos sem refletir ou descuido - refletimos no que vamos fazer mas fazermos mal feito.
· Por excesso de Prudência –astúcia: ser prudente no mal, nas coisas erradas, no pecado; – cuidados excessivos com a vida material: dinheiro, vaidade, comprar muitas coisas, etc.
A Virtude da Justiça
Deus
entregou a terra a Adão para que ele e seus filhos a plantassem e
tirassem dela o seu sustento. O homem usou e usa as coisas da natureza
para comer, para vestir, para fabricar objetos necessários à sua vida.
Como filhos de Deus e tendo recebido a terra como herança, os homens
podem possuir suas coisas, sua terra, sua casa, seus objetos, que lhe
são necessários para viver e para alimentar sua família. É fácil
compreender que nem sempre haverá um acordo entre os homens sobre a
possessão desses bens materiais.
Para
ajudá-los a viver em paz e a possuir com boa medida o que lhes é
necessário, Deus nos deu a virtude de justiça, pela qual nós queremos,
com nossa boa vontade, dar aos outros o que lhes é devido, protegendo
também o que nos pertence e, sobretudo, dar a Deus o que Ele nos pede,
no seu amor por nós: amor, dedicação, louvor, etc.
Vamos ilustrar o que dissemos com alguns exemplos:
Quando
tomamos emprestado um objeto, a virtude da justiça nos leva a querer
devolvê-lo no tempo estipulado, pois sabemos que a pessoa que nos
emprestou pode ficar prejudicada se não recebê-lo de volta.
Quando compramos um objeto, é justo que paguemos o seu valor.
Quando
assinamos um contrato com alguém, devemos cumpri-lo (como o matrimônio é
um contrato passado diante de Deus, a virtude da justiça nos impede de
querer nos separar, pois no contrato do matrimônio aceitamos viver para
sempre com a pessoa com quem casamos.
Porém,
não basta que os homens tenham entre si esse relacionamento de justiça.
A vida na sociedade é muito complicada e foi preciso se organizar um
governo que ajudasse os homens a viverem juntos numa mesma cidade, num
mesmo país. Por isso, a virtude da justiça vai também atuar no
relacionamento dos homens com o governo, quer ele seja um prefeito, um
guarda de trânsito, o presidente ou um rei. Os homens devem obedecer às
leis estabelecidas pelas autoridades, enquanto que a autoridade deve
atuar de forma igual para com todos, ajudando os bons e castigando os
maus.
É a virtude da justiça que forma as bases do 7°, do 8° e do 10°
mandamento da Lei de Deus. Não podemos furtar, nem levantar falso
testemunho, nem cobiçar as coisas alheias, pois todos esses atos ferem a
virtude da justiça, entre outras.
Devemos
também considerar que quando cometemos um pecado contra a virtude da
justiça, em certos casos, não basta o arrependimento e a confissão. Nós
lesamos o próximo tirando dele um bem material que lhe pertence.
Devemos, então, fazer o possível para devolver aquele bem, de modo a restabelecer a justiça ferida pelo nosso ato. É o que se chama de restituição. Igualmente, quando pecamos contra o 8° mandamento, devemos retratar a reputação do próximo ferida por nossa mentira, calúnia ou maledicência.
A Virtude da Força
Já
podemos perceber como nossa vida vai depender da presença das virtudes
em nossa alma. A vida do católico deve ser um exemplo de fidelidade à
lei de Deus, aos seus mandamentos, à natureza humana, com todas as suas
riquezas, mas também com todas as suas exigências. Muitas vezes parecerá
difícil a realização dos nossos deveres para com Deus, para consigo
mesmo e para com o próximo. Para que nós tivéssemos mais ânimo neste
combate do dia a dia, Deus Nosso Senhor nos deu a virtude da Força.
A
Força é a virtude que dá à nossa vontade a energia necessária para
vencer os obstáculos que nos atrapalham na prática do bem. Devemos
resistir, quer dizer, permanecer firmes na Fé, apesar dos ataques dos
nossos inimigos e das nossas fraquezas pessoais. Devemos agir; ter Força
é manifestar espírito de iniciativa, alegria na realização do dever de
estado, perseverança no combate contra nossas paixões: o orgulho, o
egoísmo, a raiva, a sensualidade, etc. Praticando os atos da virtude de
Força, conseguiremos, com a graça de Deus, vencer as tentações, fugir
dos pecados e das ocasiões de pecado que nos chamam com tanta força para
o mal.
Vejamos
alguns exemplos: na hora de estudar, sentimos aquela vontade de ir ver
televisão... Sem a virtude da Força, cederemos à tentação e faltaremos
ao nosso dever de estudar. Na escola, uma amiga ou um amigo virá nos
mostrar uma revista cheia de figuras indecentes... A virtude da Força
nos ajudará a não querer olhar. A toda hora precisamos dela: para
trabalhar, para rezar com devoção e piedade, para estudar, para ajudar
ao próximo, etc.
Os pecados contra a Força
Os pecados e vícios contra a virtude da Força se manifestam em nós do seguinte modo:
· Acanhamento
ou pusilanimidade - quando a pessoa não se decide a fazer o que deve,
fica sempre na dúvida: é certo ou errado, devo fazer assim ou de outro
modo, e acaba não fazendo o que deve.
· Covardia - quando a pessoa foge da sua obrigação por medo.
· Respeito humano - é uma espécie de covardia que nos leva a não agir corretamente por medo das zombarias.
· Temeridade - quando uma pessoa se expõe sem necessidade ao perigo e à morte (falsa coragem).
A Temperança
A
virtude da Temperança vem completar o quadro das quatro virtudes
cardeais. Ela é o freio da nossa alma. A temperança é a virtude pela
qual usamos com moderação dos bens temporais, quer eles sejam comida,
bebida, sono, diversão, sexo, conforto, etc. Ela nos ensina a usar essas
coisas na hora certa, no tempo certo, na quantidade adequada. Ela nos
ensina que certos atos são reservados a certas situações.
[Nos
anos 60, os homens enlouquecidos entregaram-se a todos os tipos de
pecado. Diziam que estavam quebrando o que eles chamavam de tabu do sexo.
De lá para cá, as pessoas que queriam continuar obedecendo a lei de
Deus, viram-se ameaçadas de todo tipo de repressão e de ameaças. Os
costumes foram se degradando pouco a pouco. Hoje, já não há mais quem
tenha noção dos critérios de avaliação dessas coisas. Dizer que existe
uma lei natural, que essa lei natural foi explicitada por Deus nos
Dez Mandamentos e confirmadas pela Igreja é expor-se ao ridículo. O
que devemos concluir? Que eles criaram o tabu deles. O sexo nunca foi
tabu para a Igreja, sempre foi visto em toda sua grandeza e também em
seus pecados. Eles é que fizeram um tabu. Ai daquele que não fizer o
que eles fazem! Ai daquele que não defender o nudismo e a pretensa liberdade
de serem pornográficos. Só não me venham dizer que isso que eles
criaram é próprio ao homem, que é elevado, que é marca de civilização,
que é sinal de inteligência. Esse tabu que eles criaram é um
instrumento de corrupção, de repressão, é puro fanatismo. Que eles
tenham conseguido alcançar seu objetivo, muito bem, concedo; mas que
um católico tenha de admitir essa situação e viver como se tudo isso
fosse normal, e aceitar que suas filhas e filhos participem disso,
isso eu não aceito. E deixo aqui, como que um grito de alerta: tirem
seus filhos desse ambiente de puro liberalismo moral, das modas
absurdamente indecentes, das praias onde não se pode levar uma criança
sem provocar nela o pecado, dos namoros "sexualizados". Tudo isso é
pecado grave contra Deus Nosso Senhor. É a marca da falta de amor por
Deus e pelo Sangue de Cristo derramado na Cruz. E se vocês acharem que
exagero, que o mundo mudou, que é preciso ser aberto, então só me
resta dizer: esperem e veremos quem tinha razão. Na hora do juízo
final, veremos todos eles correndo para dizer que amam a Deus, jurando
que sempre O amaram, que ninguém lhes avisou que era tudo pecado....
Mas, então, será tarde demais.]
|
A
Temperança nos ajudará a vencer os maus pensamentos e maus desejos,
ajudará um casal a nunca trair o sacramento do matrimônio pelo
adultério, etc. Todos esses maus pensamentos e maus desejos e ocasiões
de pecado devem ser combatidos imediatamente, sem perda de tempo, com
muita coragem e força, para que não se tornem pecados mortais. Na
verdade, todas as quatro virtudes teologais se unem no combate da alma
para praticar os Mandamentos de Deus.
É
pecado um adulto beber cerveja? Não, desde que seja com moderação,
nunca se permitindo perder o controle de si mesmo. É proibido fumar?
Não, apesar de que o cigarro faz mal à saúde e deve sempre ser
evitado. Mas os que fumam (adultos) não pecam se o fazem com boa medida.
E o caso das drogas? As drogas não são como o cigarro ou a bebida.
Quando o homem bebe vinho ou cerveja, ele quer saborear um produto,
sentir o seu gosto. Quando ele fuma um bom tabaco, também sente o seu
perfume e sente o seu gosto. Mas quando uma pessoa se droga, que seja
maconha, cocaína, lança-perfume (éter), etc., ele não está provando um
produto elaborado para o paladar, ele está querendo alterar o seu estado
de espírito. Nesse caso, é como alguém que só bebesse para ficar
embriagado. É um pecado grave, portanto, experimentar qualquer tipo de
droga ou fumo, ou bebida que altere a consciência de si mesmo.
Também
o conforto da vida moderna pode nos levar a pecar contra a Temperança.
Reclamamos do calor, reclamamos do frio, não queremos nos levantar da
cadeira nem para pegar um copo d'água, sempre achamos algo que nos
desagrada nas coisas e nas pessoas. A virtude da Temperança nos ajuda a
esquecer um pouco tudo isso e pensar mais em ajudar, em trabalhar, em
vencer seus próprios defeitos.
Para
completar este início de estudo das virtudes, devemos nos lembrar que
sem a graça de Deus não há virtudes sobrenaturais na nossa alma. Devemos
praticar as virtudes, mas lembrar sempre que é pelo amor de Deus, e que
sua graça santificante é a maior recompensa que podemos ter, pois ela
nos permite receber a Jesus no nosso coração, na comunhão, e, assim,
fortificar nossa almas para o combate da vida.
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