Viver a Ressurreição é
reatualizá-la na vida.
Apesar
de ser Filho de Deus, Jesus, verdadeiro ser humano e verdadeiro Deus, sofreu,
aprendeu a obediência, morreu, mas ressuscitou.
Jesus
ressuscitado se faz presente no caminho dos que procuram descobrir o significado
de suas palavras e obras, dos que fazem memória de sua vida doada totalmente.
Verdadeiro
ser humano e verdadeiro Deus sabe muito bem o que é sofrer. Jesus pode entender
quando as pessoas sofrem, quando têm medo, quando estão angustiadas; afinal,
ele também experimentou o temor, a tristeza, a tentação, o temor da morte, a
traição, a injustiça e a própria morte. Ou seja, Jesus conhece a realidade
humana porque também foi humano, contudo, sem pecado, a impecabilidade de
Cristo deve significar mais do que a rejeição de atos pecaminosos; Jesus nunca
favoreceu a atitude do pecado; não pecou em seus desejos e em seus motivos,
muito menos em suas ações. Jesus mesmo deixou claro que o pecado reside nos
desejos e motivos dos homens, e não apenas em atos pecaminosos. A verdadeira
natureza humana é impecável; a natureza humana pervertida é que peca e por isso
necessita de redenção. Sua impecabilidade também fez com que Jesus, como Sumo
Sacerdote, não precisasse oferecer sacrifício por si mesmo.
A
Eucaristia reatualiza o mistério pascal de morte e ressurreição, re-propõe à
Igreja o coração de Cristo que ama até o extremo, um amor sem medida.
Assim
Viver a Ressureição é reatualiza-la na vida.
Ao
Proclamarmos: “Eis o mistério da fé” toda a Igreja responde: - “Anunciamos,
Senhor, a vossa
morte, proclamamos a vossa ressurreição, enquanto esperamos a
vossa vinda”. Anúncio e proclamação se realizam na vida.
A
Igreja, de fato, vive da Eucaristia, vai adiante no tempo ao encontro da vinda
do seu Senhor, celebrando e exprimindo o mistério do amor para fazer de Cristo
o coração do mundo. Mas isso só pode acontecer se de fato vivermos o: “Fazer
isto em memoria de mim !”
O
que não se faz com palavras, mas sim com a vida vivida no mistério da
Eucaristia.
A
vida de comunhão, que caracteriza as nossas comunidades cristã, nasce do alto,
da experiência de saber-nos amados por Deus em Cristo, realmente presente no
mistério do pão e do vinho.
Nele,
não apenas conhecemos o amor, mas começamos a amar e progredimos na via do
amor. A comunidade que se deixa plasmar por Ele, aumenta seu potencial de amor,
torna-se casa acolhedora. Segundo uma expressão do Papa João XXIII, “torna-se
como o chafariz da aldeia que oferece a todos a sua água nascente”.
É
a água da amizade, da compreensão, do perdão; a água da compaixão e da
partilha, com a qual aprendemos a lavar-nos mutuamente os pés, renovando o
gesto do Mestre.
Portanto,
essa alegria que o Ressuscitado nos comunica é interior e subjetiva, mas é
também, e sobretudo, concreta, vivencial, prática, objetiva: Deve o cristão
unir-se a este coro universal e cantar as glórias do Ressuscitado, deixando
triunfar em si a sua soberania: há de ceder-lhe todo direito e lugar; há de
entregar-se-lhe sem reservas, para que seja Jesus o único Senhor de sua vida.
Deus
revela-se pelo que faz. Deus só pode ser conhecido, na medida em que o ser
humano, na fé, se deixa
envolver totalmente
nessa mesma dinâmica.
Padre
Emílio Carlos Mancini +
Sacerdote
na Diocese de São Carlos .
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