A Maternidade Divina: origem de todos os privilégios marianos
Segundo a liturgia da Santa Igreja
Católica, no dia 1º de janeiro comemora-se a Solenidade de Santa Maria,
Mãe de Deus. Desta maneira, o ano inicia-se sob o patrocínio d'Aquela
que, pelo poder do Espírito Santo, gerou em Seu claustro virginal o
Verbo Encarnado. Com efeito, a Maternidade Divina é o maior privilégio
mariano, pois é ele a origem de todos os outros inefáveis dons com os
quais a Virgem Santíssima foi profusamente aquinhoada pela Providência.
Mãe e Filho: um único pensamento
De fato, Nossa Senhora foi destinada
desde toda a Eternidade para esse nobre privilégio. Afirma a Teologia
que o Senhor, no momento - se é que na Eternidade se possa falar em
momento - em que planejou a Criação do mundo, teve como Supremo Modelo
já o Verbo que se encarnaria. Uma vez que a natureza humana que o Verbo
receberia seria gerada em Maria e por Maria, não se pode separar o que
seria gerado d´Aquela que geraria. Logo o pensamento divino referente ao
Verbo Encarnado e Sua Mãe constituiu para Deus na Eternidade um único
pensamento, do qual procedeu o plano para a criação de todo o restante
dos seres. O Verbo Encarnado e Sua Santíssima Mãe, foram a Divina Forma
utilizada pelo Senhor para dar origem a todo o criado.
Imaculada, porque Mãe de Deus
Antes que o Verbo se encarnasse,
evidentemente teria que nascer Maria Santíssima, e foi tendo em vista a
Divina Maternidade que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, a
fim de que o Verbo que limparia o pecado do mundo fosse gerado num
receptáculo onde nunca tivesse havido a menor sombra, o menor resquício
de ofensa a Deus, o qual não houvesse por nenhum momento, por menor que
fosse, sido escravo de Satanás.
Para ser Mãe de Deus, a perpétua virgindade
Foi, também, tendo em vista a Divina
Maternidade que a Providência quis manter perpetuamente a Virgindade de
Nossa Senhora, inspirando em Seu Imaculado Coração o voto de virgindade.
Assim, o Verbo de Deus foi gerado em Seu seio sem concurso de varão,
pela força do Espírito Santo. No momento de dar à luz, tal virgindade
manteve-se miraculosamente intacta, permanecendo ela incólume após o
parto, uma vez que o posterior convívio entre Maria e José seria marcado
por uma perfeita castidade. Qual o motivo de um tal privilégio? A fim
de que Nossa Senhora, além do sublime dom da maternidade, possuísse o
inefável privilégio da virgindade. Também, e sobretudo, para que esse
tabernáculo utilizado pelo Senhor, e tornado sagrado por isso, não fosse
por mais nenhuma criatura profanado.
Mãe de Deus e Mãe dos homens
Sendo Mãe de Deus, Nossa Senhora
tornou-se, outrossim, Mãe dos homens. Consentindo que fosse gerado em Si
o Redentor da Humanidade que por Seu preciosíssimo Sangue nos geraria
para a Vida Sobrenatural, tornou-se Ela a Nova Eva, a Nova Mãe de todos
os viventes, daqueles que vivem a verdadeira vida que consiste na
participação da natureza divina, e para os quais está destinado o
galardão eterno do convívio com o próprio Deus.
Mãe do Redentor e Corredentora
No Evangelho de São João encontramos
Maria e o Discípulo amado aos pés da Cruz do Senhor. Nossa Senhora
estava de pé, significando Sua total adesão ao sacrifício de Seu Filho,
Sua profunda compreensão do que estava se passando. Mesmo sendo
dolorosíssimo Seu sofrimento, Nossa Senhora oferecia ao Pai, de um modo
sacerdotal, o Fruto de Seu ventre, tornando-se, como consequência de Sua
Divina Maternidade e de um modo voluntário, a Corredentora do gênero
humano.
Maternidade Divina e Pentecostes
Foi pela Maternidade Divina que Nossa
Senhora se tornou Esposa do Divino Espírito, com o Qual de um modo
castíssimo gerou o Verbo Encarnado. Foi por consequência de tal divino
desposório que a Virgem Santíssima obteve para os Apóstolos, em
Pentecostes, após dez dias de intensa oração, a descida do mesmo
Espírito de Amor como línguas de fogo, a fim de encher seus corações de
entusiasmo e força, além de outros extraordinários dons, para que
estivessem aptos a cumprir seu mandato de anunciar o Evangelho
Mãe de Deus assunta aos Céus, Rainha e Medianeira de todas as graças
Após haver subido aos Céus em corpo e
alma, Nossa Senhora foi coroada pela Santíssima Trindade como Rainha de
toda a Criação, tornando-se desta maneira, a Medianeira de todas as
graças. Convinha realmente que Aquela que gerou em sua puríssima carne o
Verbo feito Homem terminasse Seus dias aqui na terra sem passar pela
corrupção de um corpo tão sagrado. Daí procedem o augusto privilégio da
Assunção de Maria, e de Sua coroação como Rainha do Universo, por ser
verdadeira Mãe de Cristo, Nosso Senhor e Rei.
O Primeiro Dia da Nova Criação
Acima
estão enumerados os principais privilégios de Nossa Senhora e como
todos eles têm sua origem na Maternidade Divina. O fato de Nossa Senhora
ser Mãe de Deus, e tudo o mais que vem como consequência, não significa
um conjunto de divinos beneplácitos somente para Ela. Também nós somos
beneficiados por isso. Nossa Senhora está na origem de nossa salvação.
Ela é nossa verdadeira Mãe na ordem sobrenatural. Estando no Céu, é
também Ela nossa mais eficaz intercessora junto a Deus, Seu Pai, Seu
Filho e Seu Esposo. Por isso, convém sobremaneira que a data reservada
para comemorar Maria como Mãe de Deus seja o primeiro dia do ano, para
nos recordar que a figura da Santíssima Virgem está profundamente
relacionada com o primeiro dia da Nova Criação, a qual se iniciou em Seu
puríssimo claustro.
Neste ano de 2017 que começa, rendamos
louvores a Maria, Mãe de Deus e nossa. E que se realize o quanto antes o
triunfo de Seu Sapiencial e Imaculado Coração! (JEP)
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