«Eis o Cordeiro de
Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29).
1.
Eis a apresentação sumária que João faz de Jesus! Talvez esperássemos aqui um
título mais pomposo, um nome mais forte, uma imagem de marca mais
revolucionária. Mas não. João Batista vê diante de si um Homem que Se põe em
fila juntamente com os pecadores, para Se deixar batizar, embora não tivesse
necessidade de o fazer. Um Homem que Deus enviou ao mundo como Cordeiro
imolado. No Novo Testamento o termo Cordeiro aparece várias vezes, e sempre por
referência a Jesus. Esta imagem do Cordeiro pode causar-nos admiração; com
efeito, é um animal que certamente não se caracteriza nem pela força nem pela
robustez. E, no entanto, carrega sobre os seus ombros um peso tão oprimente! A
massa enorme do mal é levantada e carregada por uma criatura débil e frágil,
símbolo de obediência, da docilidade e do amor inerme, que chega até ao
sacrifício de si. O Cordeiro não é um
dominador, mas é dócil; não é agressivo, mas pacífico; não mostra as garras nem
os dentes, diante de qualquer ataque, mas tudo suporta e é remissivo. Assim é
Jesus, o Cordeiro de Deus.
2. João fala ainda de
Jesus, como o Cordeiro que «tira», isto é, que
«levanta», que «carrega sobre si», o peso do pecado do mundo. Jesus veio ao
mundo para cumprir esta missão: libertá-lo da escravidão do pecado, assumindo e
tomando sobre Si as culpas da humanidade. De que forma? Amando! Não há outro
modo para vencer o mal e o pecado, a não ser através do amor, que impele ao dom
da própria vida pelo próximo. A sua revolução prima pela não violência. É a
«revolução da ternura» (EG 88).
3. Que significa para
nós, hoje, ser discípulos deste «Jesus, Cordeiro de Deus»?
3.1.
Significa, em primeiro lugar, a ousadia
de apresentar Jesus aos nossos amigos, “às pessoas com quem nos
encontramos, tanto aos mais íntimos, como aos desconhecidos. Isto pode
acontecer até durante uma conversa. Ser discípulo significa ter a disposição
permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente
em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho” (EG 127). Não
tenhamos vergonha de dar a conhecer Jesus, nesta dimensão do amor e nunca do
poder. A forma de ser de Jesus define o nosso estilo missionário: anunciar o
Evangelho com mansidão e firmeza, sem gritar nem ferir, sem arrogância ou
imposição (cf. Is 42,2-3). A verdadeira missão não é proselitismo (cf. EG
14;131), imposição à força, mas atração para Cristo. Como? Através do
testemunho, a partir da nossa forte união com Ele, na oração e na adoração, na
caridade, que é o serviço a Jesus presente nos mais pequeninos.
3.2. Sermos
discípulos deste Cordeiro significa, por consequência, pôr no lugar da malícia
a inocência, no lugar da força o amor, no lugar da soberba a humildade, no
lugar do prestígio o serviço. “A não violência para os cristãos não é um mero
comportamento tático, mas um modo de ser da pessoa, uma atitude de quem está
tão convicto do amor de Deus e do seu poder, que não tem medo de enfrentar o
mal somente com as armas do amor e da verdade” (Bento XVI).
3.3. Por último,
sermos discípulos deste Cordeiro significa não fazermos da paróquia uma
«cidadela cercada», «um grupo de eleitos que olham para si mesmos»
(EG 28), mas “uma cidade situada sobre o monte”, uma Igreja aberta,
hospitaleira e solidária, tão atraente, que todos lutem por nela entrar.
À
imitação de Jesus, Cordeiro manso e humilde, façamos da nossa vida um
testemunho tão feliz e tão belo, que atraia os outros para Cristo, com a luz da
fé, a força da esperança e a alegria do amor. «Eis o Cordeiro de Deus, aquele
que tira o pecado do mundo»
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