3º Domingo Tempo Comum – A - Deus é surpreendente e desconcertante.
Ele
intervém onde e quando e do modo que menos se espera. Esta maneira de agir de
Deus – através dos profetas dos apóstolos e até mesmo do próprio Jesus – é a
característica primordial da Palavra que hoje ouvimos.
1. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que
habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou”! Que significam, estas trevas, sobre as quais se diz que “resplandece
uma luz”?
Em
primeiro lugar é todo o mundo interior do homem, onde ainda não
chegou a luz do evangelho. É o buraco negro do coração humano, ainda fechado ao
amor. Pensamos então naquelas trevas que são fruto dos nossos pecados pessoais:
os crimes que obscurecem e embrutecem a humanidade e ofuscam a alma de quem os
comete, como a violência, o roubo, as traições, a desonestidade, o ódio, as
infidelidades... Há, ainda, em
segundo lugar à nossa volta, aquelas trevas que se identificam com tantas
aberrações sociais, certas formas de desordem que desgastam e rompem a
sociedade, pondo-a enferma e fazendo-a sofrer, como a crise do trabalho, a
crise econômica, a corrupção generalizada, a crise política, as quais fazem
perder o sentido e as razões de estarmos juntos e geram conflitos, guerras e
discórdias.
Ai então O convite à conversão (“metanoia”) é
um convite a uma mudança radical na mentalidade, nos valores, na postura vital
de ser no mundo cristãos. Corresponde, fundamentalmente, a um
reorientar a vida para Deus, a um reorientara vida, de modo a que Deus e os
seus valores passem a estar no centro da existência do homem; só quando o homem
aceita que Deus ocupe o lugar que Lhe compete, está preparado para aceitar a
realeza de Deus… Então, o “Reino” pode nascer e tornar-se realidade no mundo e
nos corações.
Sim é
surpreendente e escandalosa e desconcertante a estratégia de Jesus!
A primeira surpresa escandalosa é que Jesus
não inicia a Sua vida pública em Jerusalém, o centro religioso,
social e político de Israel. A Sua missão começa numa zona periférica, numa
região desprezada pelos judeus piedosos, devido à presença de diversas
populações estrangeiras; por isso o profeta Isaías a indica como «Galileia dos
povos» (Is 8,23), terra de pagãos.
É justamente por isso
que hoje ele nos comunica um profundo sentido de libertação e salvação. Onde Jesus
Cristo abre nossos olhos, descortina novos caminhos e novas perspectivas de
vida nova, e nos faz verdadeiros filhos da luz.
A segunda surpresa:- A luz brilha nas trevas
...
Imaginemos uma situação de trevas, de escuridão completa assim como um
curto-circuito na fonte elétrica de uma cidade. São momentos angustiantes e
carregados de tensão e medo, pois todos se sentem inseguros diante do que
poderá vir a acontecer.
O profeta Isaías proclamou e o evangelista
repete: “O povo que caminhava na escuridão viu uma grande luz, e a luz brilhou
sobre os que vivem na região escura da morte”. Esta luz que brilha nas trevas é
Jesus Cristo.
O brilho de sua luz
entre nós é sempre motivo de alegria e de júbilo. Porque a humanidade vivia em
uma escuridão tremenda, muito mais espessa do que aquela da falta de luz
elétrica. É uma escuridão espiritual, que atinge as consciências, os modos de
pensar e de agir; uma escuridão que é abusada por toda forma de exploração,
roubo, opressão, humilhação e de tudo mais que não suporta a claridade da luz
(Ef 5, 8-14).
É nesta escuridão que
brilha a luz de Cristo. Esta luz transforma a realidade existencial humana,
tirando-nos do jugo do pecado e da morte, e colocando-nos na fonte de vida
nova, iluminada pelo ‘Sol da Justiça que traz a salvação’
Esta luz de Cristo é, para nós cristãos, a
razão e o sentido de nosso viver. Sem a luz de Cristo nos é impossível viver
em harmonia, pois nos perdemos na escuridão, nossos caminhos se separam, os
tornamos divididos, cada um para o seu lado, insensatos e incapazes para o
amor, a compreensão e o perdão que plenificam a vida.
Isto São Paulo percebeu na comunidade jovem
de Corinto. Receberam a luz de Cristo. Mas pouco depois também entre eles o
egoísmo e a rivalidade, fontes de divisão e discórdia, quebraram a unidade da
comunidade, fazendo surgir a divisão do grupo cristão dentro da própria
comunidade.....
Também no nosso mundo
de hoje, apesar de se dizer cristão, percebe-se claramente a luta entre grupos
humanos e classes sociais, provocadas por interesses egoísticos e opressores.
Estes são provenientes da luta “surda” e “cega” pelo poder; poder este que é
buscado a preço de vidas humanas. Poder econômico, político, cultural e
religioso acumulado em detrimento das massas marginalizadas e espoliadas de
responsabilidades e bens.
É nesse clima que
brilha a luz de Cristo, como um clarão que abre os olhos; e em que ressoa a voz
de Cristo sobre a vinda do Reino de Deus, como um brado de libertação e um
apelo à conversão e mudança de vida.
Onde brilha a luz de Cristo?
Em primeiro lugar, no arrependimento dos
pecados.
É por aí que Jesus começa a descerrar as trevas do coração humano, apregoando
com insistência: «convertei-vos, porque está perto o Reino dos Céus». De certo
modo está a dizer a cada um: «Examina, pois, se a luz que há em ti não é
escuridão.
Segundo - Este arrependimento decorre do acolhimento da
Palavra, que fazemos particular e intensamente na oração. Quando não vemos
claro, quando a noite parece invencível, há que aprofundar o estudo da Palavra
de Deus e deixar que ela ilumine a nossa mente e o nosso coração.
Terceiro - Encontramos a luz no seguimento de Jesus. Deixar
nossas barcas nossas redes, nossas praias. O encontro pessoal com Cristo
ilumina a nossa vida com uma nova luz, orienta-nos pelo bom caminho e leva-nos
a ser suas testemunhas.
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