São João Clímaco
“Você conhece a história
do Anjo que apagava os pecados?”
São João Clímaco foi Pai e Mestre do Mosteiro do Monte
Sinai, no século VII.
Naquele deserto viviam centenas de monges que passavam
santamente a vida a rezar e a trabalhar.
Certo dia chegou ao Mosteiro um rapaz. Bateu e abriram-lhe
aquelas portas que para ninguém se fechavam. Dirigiu-se ao Superior, a quem
disse:
– Meu Padre, sou um grande pecador, mas Deus tocou-me o
coração. Venho arrependido, fazer penitência neste Mosteiro.
Quero que o exemplo de tantos santos que aqui vivem me
encoraje, a fim de me fazer santo também.
Meu Padre, tenha pena de mim e receba-me no número dos seus
servos.
– Meu filho, – respondeu São João Clímaco – bendito seja Deus que
te abriu os olhos para conheceres a gravidade das tuas culpas.
Entra neste santo abrigo e procura com a oração e a
penitência reparar os antigos erros.
– Meu Padre – acrescentou o jovem penitente – Deus lhe pague
tanta caridade. Vou pedir-lhe um favor: quero que me dê licença de fazer uma
confissão pública.
Quero confessar todos os meus pecados diante destes piedosos
monges. Ao ouvirem tantas misérias, terão compaixão de mim e rezarão pela minha
perseverança.
São João Clímaco julgou conveniente satisfazer os desejos
daquele jovem arrependido, e mandou que os frades se reunissem na sala do
convento. Já estão todos sentados nos bancos de madeira, as cabeças cobertas
com os capuzes e as mãos escondidas nas mangas dos hábitos.
O rapaz pôs-se de joelhos no meio da sala, e quando dos
olhos brotaram duas lágrimas, começou a declarar os seus enormes desvarios.
Havia naquele grande salão um altar e sentado ao seu lado
encontrava-se um velho frade a quem todos veneravam como santo.
Enquanto o pecador ia dizendo as suas faltas, o santo
velhinho tinha os olhos cravados no altar, como se estivesse a contemplar
alguma cena. E sorrindo com muita suavidade, dava sinais de grata surpresa.
Acabada a confissão pública, os piedosos monges voltaram
para a vida diária dando graças a Deus pela Sua misericórdia, que assim
convertia os corações afundados no negro abismo dos pecados, fazendo brilhar
neles a luz da santidade.
São João Clímaco chamou à parte aquele santo velho que tinha estado todo o tempo a
contemplar qualquer coisa no altar com os olhos radiantes de gaudio. E
perguntou-lhe se o Senhor Deus o tinha favorecido com alguma visão.
– Sim, meu Padre – respondeu o velhinho – enquanto aquele
jovem penitente ia declarando suas faltas confessando-as com tantas lágrimas,
contemplei um Anjo no altar.
Tinha um livro na mão no qual estavam escritos todos os
desmandos daquele jovem. À medida que ele os ia declarando, vi que o Anjo os
apagava com a sua mão bendita. E o livro ficou limpo e branco, como a alma
daquele pecador arrependido.
São João Clímaco chamou o rapaz e contou-lhe aquela graça, para que assim aumentasse a
sua consolação e a confiança na misericórdia de Deus.
E concluiu: - Coragem, meu irmão! Agora és santo. Tens a alma
branca como no dia do teu Batismo.
Persevera na oração e na penitência para agradeceres ao
Senhor a sua infinita bondade.
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