A lepra desapareceu-
Lc 5,12-16
O leproso do Evangelho que hoje
se lê na Eucaristia é alguém que tem feito um duplo exercício de humildade.
O de reconhecer qual é seu mal e,
o de aceitar a Jesus como seu Salvador.
Cristo é quem nos dá a
oportunidade de fazer uma mudança radical e profunda na nossa vida. Diante de
tudo aquilo que é impedimento para o amor e que tem se encrustrado nos nossos
corações e em nossas vidas, Cristo, com seu testemunho de vida e de Vida Nova,
propõem-nos uma alternativa totalmente real e possível. A alternativa do amor,
da ternura da misericórdia.
Jesus, diante de quem é diferente
a Ele (o leproso) não escapa, não o ignora, não o “despacha” à administração,
nem às instituições ou às “ong’s”.
Cristo aceita o encontro e, ao
“enfermo” lhe oferece aquilo que necessita, a cura/purificação.
Nós temos que ser capazes de
oferecer aos que se aproximam a nossas vidas aquilo que recebemos do Senhor.
Mas, antes será necessário
encontrar-nos com Ele e renovar nosso compromisso de viver seu Evangelho nos
pequenos detalhes de cada dia.
Sendo Jesus a manifestação do Homem Novo, rico em
compaixão no Mistério de Sua vida, a manifestação do amor foi sempre constante,
pois, a todo momento, com palavras, atos, atitudes e silêncio, Ele revelou o
Reino de Deus que manifesta o amor capaz de instruir, alimentar, curar e
libertar o ser humano em todo o tempo e lugar.
O evangelho de percebemos esta Misericórdia Divina em meio às misérias
humanas, que são tantas e de tantas formas.
No Reino do Amor de nosso Deus em que Jesus é a
manifestação plena e esta Boa Nova, tem espaço de participação para todos,
mesmo para os mais desprezados e incompreendidos do seu tempo, como era o caso
dos leprosos. Pessoas vítimas de variadas doenças de pele, para além da lepra e
que eram condenadas ao ostracismo religioso e social, ou seja, tinham que se
excluir de um “normal” convívio humano.
Ostracismo se refere a quem caiu
no esquecimento publico, que perdeu a fama a popularidade e vive esquecida em
algum canto por ai.
Tanta gente hoje, devido aos
males, como do alcoolismo e das drogas, portadoras de HIV, acabam
experimentando coisas semelhantes, isto por reação dos outros ou como atitude
dos próprios.
Muitos, com certeza, consideravam
aquele homem “castigado” por Deus, até o próprio Cristo foi alvo desta visão
ostrocista no momento do seu sofrimento humano, isto, no Calvário, no auge de
sua teofania salvífica lhe disseram : «A outros ele salvou. Salve-se a si
mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Eleito!» (Lc 23, 35). Mas quantas
vezes o sofrimento humano é tanto, que a própria pessoa se pergunta: “O que eu
fiz para merecer tamanha desgraça?”.
Voltemo-nos novamente para o
Evangelho e contemplemos o que Jesus fez perante aquele crente sofredor:
«Estendendo a mão, Jesus tocou nele e disse: “Quero, sejas purificado”. E
imediatamente a lepra desapareceu» (v. 13).
Primeiramente, o Senhor não se afastou do homem gravemente enfermo.
Em seguida, aproximou-se a ponto de tocá-lo. Para as normas religiosas
do Seu tempo, o contato físico com um leproso significava estar contaminado…
Assim, Jesus revela que o amor de Deus vai além de uma rígida norma do puro e
impuro.
Para Jesus, o encontro com aquele
doente, com fé, permitiu a manifestação do poder de Deus e assim poderá sempre
acontecer, como ensina a sã doutrina católica: «Só a fé pode aderir aos
caminhos misteriosos da onipotência de Deus. Esta fé gloria-se nas suas
fraquezas para atrair a si e o poder de Cristo (cf. 2Cor 12,9; Fl 4, 13)» (CIC
273). Isto não significa que o Senhor curou nem curará todas as doenças de
todos os tempos, e ninguém pode exigir-lhe isto! Mas, sem dúvida, podemos todos
esperar, com fé, que sejamos cada vez mais purificados de toda e qualquer
relação, ou antirrelação com o Deus Vivo e Verdadeiro: «Quero, sejas
purificado» (Lc 5, 13).
Precisamos nos deixar purificar,
pelo Poderoso Espírito Santo, de toda visão e lepra de ignorância quanto a
presença e ação de Deus no mistério do sofrimento que possa nos atingir ou
tocar as pessoas à nossa volta ou até distantes de nós.
Mas voltemo-nos ao texto
evangélico para percebermos a fé ousada daquele que se manifestou, como mais do
que vítima ou culpado de uma fatalidade: «Estando Jesus numa das cidades,
apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, ele caiu com o rosto em terra
e suplicou-lhe: Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”» (Lc 5, 12).
Uma atitude de reconhecimento da
Pessoa e Missão de Cristo que não foi tomada por todos aqueles que se aproximavam
fisicamente de Jesus, pois, infelizmente, eram sem fé.
O simples ato de se atirar aos
pés de Jesus já denotava o desespero que ele já vinha sentindo.
É difícil imaginar como se sente
alguém que é privado do convívio social por causa de uma doença (e naquele
tempo, doença era sinônimo de pecado!).
A solidão é uma sensação
assustadora! O leproso procurou Jesus porque era a sua última esperança! Ao
pedir a Jesus a sua purificação (perdão dos pecados), também estava pedindo a
sua cura física. Ao dizer que queria que o leproso ficasse purificado, estava
fazendo algo que transcende ao nosso entendimento superficial... Jesus estava
fazendo com que o leproso deixasse de se sentir culpado, independente de qual
fosse a razão dessa culpa! Jesus estava dando uma nova oportunidade de
recomeçar a vida a partir daquele momento, deixando o passado pra trás, e
vivendo o presente para preparar o futuro.
É isso que Jesus diz a nós hoje:
"Eu quero, fica purificado! Não fique se culpando pelo que já passou!
Gaste suas energias físicas e
mentais com aquilo que você pode fazer daqui por diante para ser pleno de vida,
e fazer os outros terem vida plena!
O leproso disse : Eu quero! O
leproso quis!
E você, quer?"
A fé demonstrada pelo leproso
reconhecendo o PODER de Jesus em aliviar seus sofrimentos nos ajuda com certeza
hoje a perceber que é necessário abrir mão de nós mesmo, quantas vezes nós nos
tornamos ostra
cistas, nos flechamos em nossos projetos, nas nossas visões , nos
nossos conceitos de como queremos até diante de Deus as coisas aconteçam em
nossas vidas .
Se não confiarmos plenamente
nesse PODER, não teremos a certeza de que poderemos ser atendidos.
O segundo lugar nos ensina o
leproso que precisamos nos submetermos à vontade de Deus, acreditando que ELE,
em sua infinita misericórdia, saberá como e quando atender nossos pedidos.
Na maioria das vezes, Ele atende
muito mais do que solicitamos.
Nós somos tentados em nossos
pedidos a dar a "fórmula" como queremos ser atendidos e essa
"fórmula" nem sempre é a mais adequada aos planos de Deus e nem a que
nos leva à verdadeira vida eterna.
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