A brisa suave...
Refletindo
1Rs 19,9ª.11-13ª
“E depois do fogo Elias ouviu o
murmúrio de uma leve brisa”
Elias é o profeta inflamado pelo
zelo do Senhor. Teve uma trajetória marcada por grandes e não poucos episódios
de perseguição. Algumas das reações do profeta são marcadas pelo desalento.
Chegou mesmo a pedir a morte. Mas o Senhor nunca o abandonou.
Mais uma vez, debruçamo-nos sobre
a sua experiência única da proximidade da divindade no alto do monte. Lá teve
ele uma vivência da proximidade do Senhor. Depois de tantos desalentos e
perseguições, Elias se refugia no silêncio da gruta no alto da montanha. Nada
de agitação, nem se sons e de ruídos. Esse homem, com efeito, precisava de paz
e de serenidade. Precisava arrumar-se interiormente e suplicar ao Senhor um
novo alento.
Elias passou a noite na gruta.
Passou horas no silêncio, no repouso, na espera. Deus não chega nos espaços da
vida quando há agitação interna e externa. Os grandes orantes e místicos sempre
procuraram o silêncio, a calma, o deserto. Os discípulos de Jesus que querem
crescer em qualidade sempre buscam o recolhimento e o silêncio. Não basta o
silêncio externo. Há pessoas que nunca falam, mas têm o coração cheio de gritos
de seu ego e de suas coisas.
Há um silêncio que se chama ter
exaurido suas possibilidades e ter sossegado seu ego. Silêncio e consciência da
fragilidade. No vento que despedaçava o rochedo não estava o Senhor, nem no
terremoto, nem no fogo. Passado tudo isso, soprou um vento suave, uma leve
brisa e Elias teve a certeza de estar sendo visitado por aquele que o amava e o
mandara dizer aos homens coisas de seu coração. Ouvindo o murmúrio da brisa,
Elias cobriu o rosto. Era o Senhor…
Somos convidados a penetrar no
silêncio, tirar as sandálias dos pés e viver sem trunfos diante do
Senhor, numa
atitude de total humildade.
Por onde anda soprando a brisa
suave em que Deus se esconde e se manifesta:
• Na oração meditada e sincera
feita com as portas fechadas.
• No testemunho da senhora idosa
no asilo que olha com cuidado para uma outra senhora tão idosa como ela.
• Na enfermeira que docemente
percorre os quartos do hospital mostrando um sorriso de carinho.
• Na religiosa que levanta-se
cedo e vai passar meia hora na capela do mosteiro antes das Laudes sempre com
saudades do Senhor.
• No homem de mãos calejadas que
passa pela igreja antes do trabalho para ter um momento de intimidade com
Aquele que ama.
A brisa suave e leve continua
soprando. Precisamos cobrir o rosto.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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