A Cruz sempre será a nossa
marca registrada...
Mateus 16,24-28
Este evangelho é sequência de Mateus 16,13 – 23, refletido ontem, onde
o Apóstolo Pedro deu aquela resposta linda e maravilhosa e que mereceu de Jesus
um belo elogio, Pedro é um homem iluminado por Deus e por isso deu aquela
resposta tão verdadeira e reveladora que culminou com a sua nomeação para ser o
Chefe dos Apóstolos e da sua Igreja, ponto de ligação entre o Céu e a Terra.
Estaria tudo lindo e maravilhoso para os discípulos se a história
parasse por aí, porém, Jesus retoma as lições para a prova final dos seus
discípulos. A pedagogia de Jesus é perfeita, parece que o Grupo, representado
por Pedro, entendeu uma parte da lição, sobre a sua identidade Messiânica, e
agora é preciso avançar com as lições, subir para outro nível aproveitando o
momento.
Eles já sabem quem é Jesus, ele é o Cristo, o Filho de Deus vivo...
Portanto, o Messias esperado. Haviam sido aprovados na primeira avaliação.
Agora Jesus começa a lição mais difícil: revelar a eles como é que ele iria
realizar a sua obra de Salvação. Eu imagino a cara dos discípulos durante essa
“aula” com o maior de todos os Mestres...
O Discipulado implica em renúncia a si mesmo, e aceitação da cruz.
Mais do que isso, o discipulado implica em um “Perder”. Eis aí três palavras
proibidas nos dias de hoje: Renúncia a si mesmo, aceitar a cruz, e
perder...Diante da expectativa de um Messias arrasador, vitorioso e implacável
com os seus inimigos, essa lição nova foi um balde de água fria em cima dos
discípulos. O mesmo acontece para quem sonha com num Cristianismo sem
sacrifícios e renúncias, sem calvário e sem cruz, parece que o homem dos nossos
tempos tornou-se especialista em arrancar Jesus da cruz, só se quer a glória e
o poder Divino, mas calvário e cruz, todo mundo quer BEM... Longe.
É bom compreendermos que Jesus não está incentivando uma religião
alienadora, vivida de maneira angelical, e que despreza as coisas desse mundo.
Nem é um incentivo para que o homem busque o sofrimento, pois Deus não é
masoquista. O sofrimento é consequência do Amor. Quem ama verdadeiramente as
pessoas, sofre com elas e por elas. Por acaso não sofre uma Mãe que vê o seu
Filho envolvido nas drogas ou na delinquência?
Esposa traída, mas que ama o seu marido e quer ficar ao seu lado? O
Filho que tem um Pai alcoólatra... Em todos esses casos, quem ama de verdade
não arreda pé, não abandona o barco, não deixa a pessoa entregue a própria
sorte, mas luta, sofre, chora com o outro.
Assim Jesus age para nos dar a Salvação. Não foi a tortura dos
açoites, dos cravos e da coroa de espinhos, que nos salvou, mas o Amor que
naquele momento ele demonstrou. Nós cristãos católicos não adoramos a cruz
enquanto instrumento de tortura, isso seria masoquismo, mas a cruz onde o Nosso
Senhor nos amou. Não desistiu mesmo quando percebeu que acabaria sozinho,
traído e negado pelos amigos, pela comunidade, que deveria ser a primeira a
reconhecê-lo e apoiá-lo, pela família que o achava um Louco. Mas o seu Amor
pela humanidade e a Fidelidade ao Pai, o levou a superar tudo isso.
O Nosso discipulado traz essas marcas da paixão do Senhor em nossa
vida, são marcas que comprovam que a Fé é autêntica. A Cruz sempre será a nossa
marca registrada, sinal de um Amor grandioso, belo, gratuito e incondicional.
Esse é o caminho de Jesus por onde todos também caminhamos, ou deveríamos
caminhar...
"Renunciar a si mesmo" é a opção por viver a vida de Deus,
sem perder o que lhe é próprio.
A incredulidade dos discípulos se manifesta na atitude de Pedro, que
tenta dissuadir Jesus de prosseguir o seu caminho. Era inconcebível para um
judeu do tempo de Jesus pensar num Messias que tivesse que passar pelo
sofrimento e pela morte. Certamente o anúncio da paixão e da morte de Jesus foi
frustrante para Pedro, assim como para os discípulos, de modo geral (cf. Lc
24,16-21).
O Messias que anuncia sua paixão e morte não é o Messias que Pedro
esperava e pensava ter encontrado. O ensinamento de Jesus ainda não tinha
penetrado o mais profundo do coração de Pedro para poder converter sua
mentalidade. Por isso, Jesus o acusa de não pensar as coisas de Deus, mas de
modo puramente humano, sem se deixar iluminar e mover pela vontade de Deus. Há
uma condição indispensável para seguir Jesus: confiança nele.
“Renunciar a si mesmo” não significa negar-se ou anular-se, nem
tampouco negar a própria história, mas viver a existência humana impulsionado
por esse dinamismo de entrega radical da vida a Deus e ao próximo.
“Renunciar a si mesmo” é a opção por viver a vida de Deus, sem perder
o que lhe é próprio; é viver o caminho de Jesus como graça; enfim, é renunciar
a todo tipo de egoísmo para ser “como o Mestre”.
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