5º DOMINGO
DA PÁSCOA
18 de maio
de 2014
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“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém
vai ao Pai senão por mim”
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Leituras:
Atos 6, 1-7;
Salmo 32 (33), 1-2,4-5.18-19;
Primeira Carta de Pedro 2, 4-9;
João
14, 1-12.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Aleluia
irmãos e irmãs! Nesta páscoa semanal, o ressuscitado apresenta-se como o
caminho a ser seguido para chegar ao Pai, a verdade que não escraviza nem ilude
e a vida que se doa plenamente a toda a humanidade. Ele nos mostra o caminho a
seguir, a verdade a buscar e a vida a defender.
1. Situando-nos
brevemente
O Ressuscitado hoje se revela como
o Caminho, a Verdade e a Vida. Perante as inseguranças do seguimento e das
incertezas da estrada, Ele nos alenta em nossa caminhada com sua presença
confortadora. Ele nos mostra o Pai por meio de suas palavras, seus gestos, ou
seja, a pessoa de Jesus revela o Pai.
Sejamos seguidores e seguidoras do
Senhor Ressuscitado. Como povo da aliança selada em Jesus, que fez do novo povo
um “reino de sacerdotes para seu Deus e Pai” (Ap 1,6; cf. 5, 9-10), ofereçamos
oblações espirituais e anunciemos os louvores daquele que das trevas nos chamou
à sua admirável luz (cf. 1Pd 2,4-10).
Todos nós, discípulos de Cristo,
perseverando na oração e louvando a Deus (cf. At 2, 42-47), ofereçamos a nós
mesmo como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cf Rm 12,1) demos
testemunho de Cristo em toda parte (cf LG 10).
Como Igreja que caminha na estrada
de Jesus, empenho-nos a assumir nosso Batismo.
2.
Recordando a Palavra
A leitura do evangelho de João está
situada no contexto da despedida de Jesus da comunidade dos discípulos e
discípulas. A morte de Cristo na cruz havia abalado a fé de seus seguidores.
Eles, porém, iluminados pela Páscoa, compreendem as palavras de Jesus. O
sentido de sua entrega total faz renascer a esperança e impele os discípulos a
seguir o caminho pascal, no serviço e no amor incondicional aos irmãos.
As palavras de Jesus fortalecem a
fé e a confiança dos discípulos: “Não se perturbe o vosso coração, credes em
Deus, crede também em mim” (14,1). A partida de Jesus abre o caminho para a
vida plena em Deus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas (...) vou preparar um
lugar para vós” (14,2).
A vida de Jesus, doada totalmente
pelo bem da humanidade, prepara um lugar digno para todos viverem como filhos
amados do Pai. A adesão à palavra, manifestada no amor fraterno, proporciona
formar uma comunidade de irmãos, conduzida pelo Espírito do Ressuscitado. Essa
experiência de amor em Cristo conduz à comunhão com o Pai, na história e na
eternidade.
Os discípulos, que haviam
compartilhado a vida com o Mestre, precisam agora acreditar em Jesus
ressuscitado como o caminho para chegar ao Pai. Tomé expressa o anseio da
comunidade para conhecer, de maneira experiencial, o caminho e a mensagem de
Jesus: “Como podemos conhecer o caminho?” (14,5). A resposta de Jesus é
reveladora: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por
mim” (14,6).
Jesus é o aminho que conduz ao Pai,
pois ele é a verdade que liberta, testemunhada no amor e na fidelidade até o
fim (cf. 1, 14; 8,31-32; 18, 37-38). Assim, ele é o caminho da salvação que
oferece a vida plena (1, 4; 5,26; 10,10.28; 11,25-26). Quem segue os passos de
Jesus encontra o caminho, a verdade e a vida em sua Pessoa, que proporciona a
experiência de Deus como Pai.
A vida plena está unida ao
conhecimento do Pai, como único Deus verdadeiro, e a Cristo, como seu Enviado
(cf. 17,3). A pergunta de Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta” (14,
8), manifesta a necessidade do encontro profundo com o Pai através de Cristo. A
resposta de Jesus: “Há tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu,
tem visto o Pai” (14,9), mostra a comunhão perfeita de amor que há entre ele e
o Pai.
Jesus revela o rosto do Pai através
de sua vida, palavras e ações salvíficas: “Quem me vê, vê aquele que me enviou”
(12,45). O ver, o acreditar em Jesus, o Filho, proporcionam a vida eterna (cf.
6,40). Jesus “veio morar entre nós” (1,14), para manifestar o amor e a ternura
do Pai. Sua forma de ir ao encontro das pessoas e seu amor predileto pelos
excluídos expressam a bondade e a compaixão do Pai pelo ser humano. Mediante
sua doação total por amor e o dom de seu Espírito. Jesus ensina a viver na
comunhão filial com o Pai e no serviço generoso aos irmãos.
Jesus forma uma unidade perfeita
com o Pai, na vida e na missão: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim”
(14,10.11; cf 10,38). Ele cumpriu plenamente a obra confiada pelo ai. Como
Mestre Jesus, os discípulos revelam o Pai através de uma vida centrada no amor
misericordioso.
Quem permanece com Jesus está em
comunhão com o Pai e realiza suas obras de amor. O envio do Espírito Santo, e
sua ação nos discípulos e discípulas, assegura obras maiores (cf. 14,12), ou
seja, a expansão da obra salvadora de Jesus. Como continuadores da missão, os
seguidores de Cristo testemunham a unidade entre o Pai e o Filho.
Na primeira leitura dos Atos dos
Apóstolos, o aumento do número dos discípulos suscita o surgimento de novas
lideranças, para superar os desafios e aprimorar a atuação missionária das
comunidades primitivas. Os cristãos judeus de língua grega (helenistas), com
gentios convertidos e prosélitos, que haviam aderido à comunidade cristã,
unem-se aos cristãos judeus de língua aramaica, convertidos pela pregação de Jesus
ou dos primeiros apóstolos.
A eleição dos sete diáconos
helenistas contribui para a abertura e a unidade da comunidade cristã. A
dedicação “à oração e ao serviço da palavra” (6,4) assegura a formação de novas
comunidades, a eficácia apostólica e a transformação social.
O serviço às mesas, a “diaconia”, é
confiado a pessoas indicadas pela comunidade. Os primeiros sete diáconos,
“repletos do Espírito Santo e de sabedoria”, tornam-se colaboradores dos
apóstolos na evangelização. Seu comprometimento assegura a assistência às
viúvas desamparadas, representantes dos pobres e excluídos. Os diáconos de
dedicavam também ao anúncio do evangelho e à administração do sacramento do
Batismo (cf. At 8,4ss) mas seu ministério era distinto daquele dos presbíteros
(Cf. 1Tm 3,8-13).
Os apóstolos “oraram e impuseram as
mãos sobre eles” (At 6,6), demonstrando que o serviço do amor ao próximo deve
ser exercido de forma comunitária e
ordenado. O dinamismo do Espírito, a força da oração e da palavra de Deus
proporciona o crescimento das comunidades, multiplica o número dos discípulos
que aderem à fé em Cristo (Cf. 6,7).
O salmo 32(33) convida a louvar o
Senhor ao som de instrumentos musicais, a cantar um cântico novo de alegria e
júbilo. O Senhor manifesta sua bondade e sua fidelidade na criação do universo
e na caminhada de libertação do povo. Sua palavra realiza a verdade, o direito,
a justiça. Seu olhar pousa sobre os que confiam e esperam em seu amor. Jesus
Cristo, a Palavra criadora e terna do Pai, veio morar entre nós para cumprir
plenamente o plano da salvação.
Na segunda leitura da primeira
carta de Pedro, a comunidade eclesial, templo de pedras vivas, é sustentada por
Jesus Cristo, “a pedra que os construtores rejeitaram (e que) tornou-se a pedra
angular” (2,7; Cf. Sl 117 [118], 22). Os cristãos, unidos a Jesus Cristo pelo
Batismo, participam de sua vida, morte salvífica e ressurreição e tornam-se
pedras vivas na construção de um mundo melhor.
A missão batismal é ressaltada por
meio das expressões: “a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o
povo que ele adquiriu” (2,9). Essas imagens remetem à comunidade da aliança (cf
Ex 19,5-6), ao compromisso de Israel, o povo escolhido e formado por Deus para
anunciar o seu louvor (cf. Is 43,20-21).
Os cristãos, como pedras vivas da
comunidade solidificada em Cristo e no alicerce dos apóstolos (cf. Ef 2,19-22),
formam um povo sacerdotal, chamado a exercer a missão santificadora no mundo.
Como comunidade da nova aliança, eles não precisam oferecer sacrifícios de
animais para expressar a comunhão com Deus, pois foram libertados pela entrega
total de Cristo por amor.
Unidos a Jesus ressuscitado,
“oferecem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus”, através de uma vida
entregue a serviço dos irmãos. O exemplo de Cristo, que se tornou a pedra
angular por sua fidelidade ao plano salvífico, fortalece seus seguidores no
testemunho da fé, em meio às rejeições e adversidades.
3.
Atualizando a Palavra
Jesus se manifesta como o Caminho,
a Verdade e a Vida, através de sua entrega por amor, que culminou na morte
salvífica e ressurreição. Nas comunidades primitivas, os cristãos eram
identificados como “caminho” (cf. At 9,2; 18,25; 24,22), pois seguiam a Cristo
de forma radical, na vida e na missão.
Iluminados pela fé dos primeiros
cristãos, somos chamados a seguir Cristo como o caminho, para construirmos um
mundo mais justo e solidário. Ao levar a termo o amor e a fidelidade, ou seja,
“a graça e a verdade” (cf. Jo 1,14), características da ação de Deus (Cf. Ex
34,6), Cristo nos ensina a amar os que sofrem e são esquecidos. Seguindo o
Cristo vivo, encontramos o caminho da verdade e da vida em plenitude.
Padre Tiago Alberione, fundador da
Família Paulina, nos ensina a colocar a esperança de vida e salvação em Jesus
Mestre, Caminho, Verdade e Vida, através de uma prece confiante: “eu vos adoro
e vos dou graças, ó Mestre Divino, que vos declarastes o Caminho, a Verdade, a
Vida. Eu vos reconheço como Caminho que devo percorrer, Verdade que devo crer,
Vida que devo ardentemente desejar. Vós sois meu tudo; e eu quero estar todo em
vós: mente, vontade e coração” (Cf. Padre Tiago Alberione, Livro de oração da
Família Paulina, p.252).
Os seguidores e seguidoras de
Cristo encontram, na oração e na adesão à Palavra, os meios essenciais para
assegurar a eficácia da evangelização, o serviço solidário aos irmãos
necessitados. A ação do Espírito, o testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus
proporcionam o surgimento de pessoas comprometidas com os pobres excluídos. O
exemplo de Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que se entregou totalmente por amor,
leva à formação de comunidades servidoras da Palavra e da caridade.
Pelo Batismo, participamos da vida
nova em Cristo e nos tornamos gente escolhida, sacerdócio régio, nação santa e
povo de sua particular propriedade, para anunciar as maravilhas da salvação. A
palavra do Senhor faz renascer a confiança e leva a reconhecermos que somos o
seu povo: “vós sois aqueles que antes não eram povo, agora, porém, são povo de
Deus” (1Pd 2,10).
Guiados pela luz de Cristo, nos
tornamos povo sacerdotal, com a missão de transformar a sociedade e santificar
o mundo, através do amor e da solidariedade. Com a força de Cristo
ressuscitado, a “pedra angular”, trilhamos o caminho a serviço da vida em meio
aos desafios.
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
Nós, comunidade de fé, pedras
vivas, raça escolhida, sacerdócio do Reino, nação santa, povo conquistado, nos
reunimos para proclamar as obras admiráveis daquele que nos chamou das trevas
para a luz.
Participarmos ativamente da
celebração do Mistério de Cristo, uma vez que “as ações litúrgicas não são
ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é ‘sacramento de unidade’, isto
é, Povo santo reunido e ordenado sob a direção dos Bispos” (Sacrosanctum
Concilium, n.26).
Renovamos nossa fé n’Ele, que é o
Caminho, a Verdade e nos conduz à verdadeira Vida, construindo desde já uma
morada de paz e solidariedade.
Como povo sacerdotal, ofereçamos
com Ele ao Pai o culto espiritual, a oferta agradável de nosso louvor e de
nossa vida. Que nossos corações não se perturbem, pois Ele está no meio de nós
e se dá como alimento verdadeiro.
Que o Ressuscitado nos transforme
em servidores autênticos e capazes de colaborar na transformação pascal de
nossa realidade.
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