Ani Ledodi Vedodi Li
Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”
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Deus o Abençõe !
E que possas crescer com nossas postagens.
É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!
A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.
Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.
E eu sei quanto resisto a escolher-te.
"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"
Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !
Pe.Emílio Carlos†
Quem sou eu
sábado, 31 de julho de 2010
O menino que brincou com Jesus
“Ó Maria concebida sem pecado rogai por nós que recorremos a Vós”
No século XIX, quando a França iniciava a conquista da África, um jovem capitão do 25º Regimento de Infantaria foi cheio de ardor tomar parte no ataque à cidade de Constantina, na Argélia.
Pe.Emílio Carlos +
Textos escolhidos sobre a oração (Parte I)
12 – “Fazes muito bem, ó alma, em buscar o Amado sempre escondido, porque muito exaltas a Deus, e muito perto deles te chegas, quando o consideras mais elevado e profundo que tudo quanto podes alcançar.
Busca de Satisfação na Vida
Quando nos deixamos olhar por Deus, permitimos-Lhe olhar para onde estão as nossas verdadeiras riquezas; a oração ajuda-nos, então, a reconhecê-las para as desenvolver. Jesus sabe que o coração do homem anda muitas vezes bem longe do coração de Deus, que o porta-moedas é parte sensível do homem, enquanto Deus não tem nada disso! A vida do homem não depende das suas riquezas.
O melhor celeiro? O melhor banco? Onde acumulamos as nossas riquezas? E quais são estas riquezas? À luz da parábola de Jesus, eis-nos convidados a fazer o ponto da situação sobre as nossas prioridades na vida – e a retificar, talvez, o nosso uso dos bens da terra. A vida de uma pessoa e o seu valor real não se medem pelas suas riquezas. Estamos verdadeiramente conscientes e persuadidos disso?
Você já tentou pegar a fumaça do escapamento de um carro ou ônibus? Parece bem substancial, mas quando você tenta agarrá-la, percebe-se que não apanhou nada. A vida é assim. Parece impressionante, mas quando você pára e a analisa, não há nada durável ou satisfatório nela. É vazia.
O livro de Eclesiastes registra a busca de Salomão por significado e propósito na vida. Ele buscava valor real em diferentes áreas, mas o resultado final era deprimente. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (1,2). "Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (2,11). Ele achava a vida vazia e sem significado. Ele disse que era como caçar o vento: nunca se consegue pegá-lo.
Eclesiastes contém quatro pensamentos básicos:
A busca do Pregador por valor real na vida; ele concluiu que tudo é vaidade.
Razões para as frustrações na vida.
Alguns modos melhores para viver a vida apesar dela ser vazia.
A única satisfação que há para um homem. Esta reflexão estudará os pontos 1, 2 e 4.
O escritor buscou significado em muitas áreas.
Ele tentou a sabedoria: "Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza" (1,16-18).
Com o aumento da sabedoria veio o aumento da dor, porque maior percepção do mundo leva a maior frustração com as coisas tortas do mundo que não podem ser retificadas.
Ele buscou prazer: "Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade. Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve?" (2,1-2).
Ele procurou significado no uso moderado de álcool: "Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida" (2,3).
Ele tentou satisfazer-se com grandes realizações: "Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores" (2,4-6).
Ele comprou escravos: "Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa" (2,7). ‘ Ele acumulou grande riqueza: "Também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias" (2,7-8). ’ Ele buscou divertimento e prazer sexual: "Provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres" (2,8). “ Ele também observou o resultado da busca por popularidade (veja 4,13-16).
Depois dessa análise detalhada, qual foi a conclusão final?
"Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (2,11). Não havia satisfação em nenhuma destas buscas.
Razões para as Frustrações na Vida
Há boas razões pelas quais a vida é inerentemente insatisfatória, não importa quão bem sucedidas nossas buscas possam ser.
Nenhuma realização. Nada realmente acontece na vida. Há uma infindável e cansativa sucessão de acontecimentos, mas não há resultado. Essa monotonia é bem ilustrada pelos ciclos naturais na terra (1,3-7). O sol se levanta, põe-se, e levanta-se novamente. Muita atividade, nenhuma mudança.
O vento sopra para o norte, sopra para o sul, e sopra para o norte novamente. Muito movimento, nenhuma realização. Os rios correm para o mar, e correm para o mar, e correm para o mar. Estão em constante movimento mas jamais se esvaziam e o mar jamais se enche.
Não se pode mudar nada. Nunca se consegue, realmente, fazer muita diferença. As coisas vão acontecer quando acontecerem e pouco haverá que se possa fazer para mudar isso. Este é o ponto do Pregador em 3,1-8 quando ele discute como há um tempo para tudo (veja também 3,14 e 8,8). Há muitas coisas importantes sobre as quais não temos, absolutamente, nenhum domínio: o clima, as condições econômicas, a guerra, a doença, a morte, etc. É frustrante estar à mercê de forças externas.
Não se pode prever nada. "Porque este não sabe o que há de suceder; e, como há de ser, ninguém há que lho declare" (8,7). Há tantas incertezas, tantas perguntas sem respostas na vida. Podemos nos juntar a Jó ao perguntar por quê, e acompanhá-lo no passar de muitos dias agonizantes sem nenhuma resposta.
O mesmo destino para todos. A mesma coisa acontece aos homens bons e aos perversos. "Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo" (9,1-3).
A morte é muito democrática; há uma para todos. Quanto a esta vida, a mesma coisa que acontece conosco acontece aos animais: morremos e nossa carne apodrece (3,18-21). Se a vida atual fosse tudo o que há, nosso fim seria exatamente igual ao dos animais. Que deprimente!
O acaso governa. "Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso" (9,11). O sucesso não está sob o nosso comando. O melhor sujeito nem sempre ganha. Às vezes a vitória é apenas uma questão de sorte.
Nenhuma retenção. Aqui nada é durável. Poucos anos depois que morrermos ninguém se lembrará de nós nem se importará conosco. Nosso legado será passado para alguém que não trabalhou por ele e que, conseqüentemente, não o apreciará nem usará como nós o faríamos."Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento.
Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! ... Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade" (2,16, 18-19). O empenho humano não pode ser recordado, retido ou passado a outro.
Nenhuma satisfação. As pessoas freqüentemente pensam, "Se tivéssemos mais um pouco, poderíamos ser felizes." Assim conseguem um pouco mais; porém, ainda estão infelizes. As coisas desta vida nunca satisfazem; nosso vazio sempre fica mais e mais profundo. "Todo trabalho do homem é para a sua boca; e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite" (6,7).
“Injustiça. A vida não é justa. Quem consegue o emprego ou a promoção? Muitas vezes é a pessoa que menos merece. Geralmente é preciso menos esforço para criar um problema do que para resolvê-lo. "Qual a mosca morta faz o ungüento do perfumador exalar mau cheiro, assim é para a sabedoria e a honra um pouco de estultícia" (10,1).
“Velhice.Eclesiastes 12,2-8 registra uma descrição poética do envelhecimento. Em termos pitorescos, as fraquezas da velhice são descritas: as mãos trêmulas, a postura encurvada, os dentes perdidos, a visão diminuída, a audição debilitada, o sono intermitente, a voz áspera, o cabelo encanecido, o andar desajeitado, etc. Assim, se não morrermos antes, estaremos todos destinados a esse estado débil. Que deprimente!
A Verdadeira Satisfação na Vida
Necessitamos dessa mensagem. É má notícia. Mas precisamos receber as más notícias para procurarmos a cura. Podemos menosprezar o fato da vida ser vazia, podemos ocupar-nos em atividades frenéticas, podemos trombetear em alto som que estamos felizes e satisfeitos, mas não podemos escapar. Buscando sombras incontáveis ficamos cada vez mais vazios. Somente quando reconhecermos a total futilidade de todos os esforços nesta vida nos voltaremos para aquele que pode dar o significado e a satisfação que buscamos.A vida realmente tem significado, propósito e valor quando nossa meta é servir a Deus. "De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (12,13-14). Há um espaço em nossa alma que somente Deus pode ocupar, e nunca estaremos em paz até que permitamos que ele a preencha.
Esta é a mensagem de Eclesiastes. A vida é vazia, a menos que façamos de Deus nossa vida. Ele é a única meta adequada de nossa existência.
Sem ele descemos no vazio e no desespero, apesar de todos os esforços para nos enchermos com o mundo. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (1,2).
Com minha benção.
Pe.Emílio Carlos+
REPLETA DO CONFORTO DO ESPÍRITO SANTO, A IGREJA VAI CRESCENDO
"Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, [...] Ele dará testemunho a Meu favor".
Repleta do conforto do Espírito Santo, a Igreja vai crescendo.
As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas ainda as mais aperfeiçoadas não podem substituir a ação discreta do Espírito Santo.
Não foi por acaso que o grande ponto de partida da evangelização sucedeu na manhã do Pentecostes, sob a inspiração do Espírito.
Com minha pobre benção.
POSSO VOTAR NO PT? UMA QUESTÃO DE COERÊNCIA
Posso votar no PT? Uma questão de coerência:
1. Existe algum partido da Igreja Católica/Cristã?
A Igreja, justamente por ser católica, isto é, universal, não pode estar confinada a um partido político. Ela “não se confunde de modo algum com a comunidade política”[1] e admite que os cidadãos tenham “opiniões legítimas, mas discordantes entre si, sobre a organização da realidade temporal”[2].
2. Então os fiéis católicos/cristãos podem filiar-se a qualquer partido?
Não. Há partidos que abusam da pluralidade de opinião para defender atentados contra a lei moral, como o aborto. “Faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas”[3].
3. O Partido dos Trabalhadores (PT) defende algum atentado contra a lei moral?
Sim. No 3º Congresso do PT, ocorrido entre agosto e setembro de 2007, foi aprovada a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público”[4].
4. Todo político filiado ao PT é obrigado a acatar essa resolução?
Sim. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso do Candidato Petista, que “indicará que o candidato está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §1º[5]).
5. O que ocorre se o político contrariar uma resolução do Partido como essa, que apoia o aborto?
Em tal caso, ele “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §2º). Em 17 de setembro de 2009, dois deputados foram punidos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética-partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto”[6].
6. O PT agiu mal ao punir esses dois deputados?
Agiu mal, mas agiu coerentemente. Sendo um partido abortista, o PT é coerente ao não tolerar defensores da vida em seu meio. A mesma coerência devem ter os cristãos não votando no PT.
7. Mas eu conheço abortistas que pertencem a outros partidos, como o PSDB, o PMDB, o DEM...
Os políticos que pertencem a esses partidos podem ser abortistas por opção própria, mas não por obrigação partidária. Enquanto que todo político filiado ao PT está comprometido com o aborto.
8. Talvez haja algum político que se tenha filiado ao PT sem prestar atenção ao compromisso pró-aborto que estava assinando...
Nesse caso, é dever do político pró-vida desfiliar-se do PT, após ter verificado o engano cometido.
CONCLUSÃO: Se sou petista, pouco me importa que Dilma Rousseff defenda a legalização do aborto como “questão de saúde pública”[7]. Muito menos que Dilma e Lula tenham assinado em dezembro de 2009, o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, que defende a descriminalização do aborto, o reconhecimento da prostituição como uma profissão, a união civil de pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por duplas homossexuais[8].
Agora, uma pergunta final, com vistas às eleições de outubro: pode um cristão votar no PT?
Duas “religiões” antagônicas não podem coexistir num mesmo fiel.
NOSSA SENHORA E O VALOR DA ORAÇÃO
Num mundo que já não mais sabe olhar para o alto, num mundo que desaprendeu a ouvir aquele que tem palavra de vida eterna
XVIII Domingo Comum – Ano C
Ecl 1,2;2,21-23 Sl 89 Cl 3,1-5.9-11 Lc 12,13-21
Em que consiste a vida do ser humano?
O Senhor Jesus nos adverte: “A vida do homem não consiste na abundância de bens!” Esta frase recorda-nos uma outra: “O homem não vive somente de pão!” (Mt 4,4). Ao contrário do que o mundo nos quer colocar na cabeça e no coração, não se pode medir o valor de uma vida pelos bens materiais ou pelo sucesso de alguém.
Todos temos um desejo enorme de encontrar um porto seguro para nossa existência. Buscamos segurança: segurança econômica, segurança quanto à saúde, segurança afetiva, segurança profissional... sempre segurança.
Então, onde apostar nossa vida, para que ela realmente tenha um sentido? Como fugir da angústia de uma vida que vai passando como o fio no tear - para usar um imagem da Escritura?
Então, em que consiste a vida?
Pensemos bem: num mundo que já não mais sabe olhar para o alto, num mundo que desaprendeu a ouvir aquele que tem palavra de vida eterna, não é fácil viver este caminho de Jesus.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Posso votar no PT? Uma questão de coerência
Posso votar no PT? Uma questão de coerência :
1. Existe algum partido da Igreja Católica/Cristã?
A Igreja, justamente por ser católica, isto é, universal, não pode estar confinada a um partido político. Ela “não se confunde de modo algum com a comunidade política”[1] e admite que os cidadãos tenham “opiniões legítimas, mas discordantes entre si, sobre a organização da realidade temporal”[2].
2. Então os fiéis católicos/cristãos podem filiar-se a qualquer partido?
Não. Há partidos que abusam da pluralidade de opinião para defender atentados contra a lei moral, como o aborto. “Faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas”[3].
3. O Partido dos Trabalhadores (PT) defende algum atentado contra a lei moral?
Sim. No 3º Congresso do PT, ocorrido entre agosto e setembro de 2007, foi aprovada a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público”[4].
4. Todo político filiado ao PT é obrigado a acatar essa resolução?
Sim. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso do Candidato Petista, que “indicará que o candidato está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §1º[5]).
5. O que ocorre se o político contrariar uma resolução do Partido como essa, que apoia o aborto?
Em tal caso, ele “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §2º). Em 17 de setembro de 2009, dois deputados foram punidos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética-partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto”[6].
6. O PT agiu mal ao punir esses dois deputados?
Agiu mal, mas agiu coerentemente. Sendo um partido abortista, o PT é coerente ao não tolerar defensores da vida em seu meio. A mesma coerência devem ter os cristãos não votando no PT.
7. Mas eu conheço abortistas que pertencem a outros partidos, como o PSDB, o PMDB, o DEM...
Os políticos que pertencem a esses partidos podem ser abortistas por opção própria, mas não por obrigação partidária. Enquanto que todo político filiado ao PT está comprometido com o aborto.
8. Talvez haja algum político que se tenha filiado ao PT sem prestar atenção ao compromisso pró-aborto que estava assinando...
Nesse caso, é dever do político pró-vida desfiliar-se do PT, após ter verificado o engano cometido.
CONCLUSÃO : Se sou petista, pouco me importa que Dilma Rousseff defenda a legalização do aborto como “questão de saúde pública”[7]. Muito menos que Dilma e Lula tenham assinado em dezembro de 2009, o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, que defende a descriminalização do aborto, o reconhecimento da prostituição como uma profissão, a união civil de pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por duplas homossexuais[8].
Só há um jeito: trocar sua “Certidão” de Batismo pela “Certidão” de Petismo.
Duas “religiões” antagônicas não podem coexistir num mesmo fiel.
[1] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 76.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
A Igreja, Discípula e Mestra da Palavra
E na medida em que é discípula e que tem autoridade para ser mestra da Palavra. Assim, o n.o 10 daquela constituição dogmática do Vaticano II afirma: «0 múnus de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, contida, tanto na Escritura como na Tradição, foi confiada ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo (...). Este Magistério não esta acima da Palavra de Deus, mas apenas ao seu serviço.»
Conforme este princípio, tanto o Magistério - que tem a seu cargo o ensino da Palavra na Igreja - como todos os cristãos, não são "senhores da Palavra", isto é, não tem poder para legislar sobre ela; mas toda a Igreja é, antes de mais, discípula que tem na escuta da Palavra a sua característica fundamental.
Segundo os Evangelhos, a qualidade fundamental do discípulo é a escuta da Palavra do Mestre: «Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha» (Mt 7,24).
Portanto, pode conc1uir-se que a Igreja é o conjunto dos discípulos, que tem na escuta da Palavra a sua principal tarefa.
De acordo com isto, a relação entre o Magistério (papa e bispos) e o resto dos discípulos de Jesus não é fundada na lei e na autoridade, pois todos devem à mesma escuta a Palavra do Mestre.
Pelo contrário, toca aos cristãos do Magistério serem modelos de todo o povo de Deus na escuta da Palavra.
Esta é a sua relação mais profunda com os simples fiéis; e a sua autoridade e sobre eles, não sobre a Palavra de Deus.
Não é uma autoridade semelhante à autoridade civil, mas fundamentada, sobretudo numa comunhão fraterna de irmãos - discípulos da mesma Palavra. Isto significa também que a Igreja - como diz o Sínodo dos Bispos sobre a Bíblia – é a CASA DA PALAVRA, o lugar por excelência onde ela habita no mundo.
Apesar de existir uma igualdade fundamental entre o Magistério e os simples fiéis, nesta Casa da Palavra o Magistério tem a sua função própria de ensino e de interpretação autêntica da Palavra, para que esta Casa não se divida em grupos onde cada um pense o que lhe apetecer sobre a Palavra do Mestre.
Mas os fiéis leigos também tem a sua missão própria: não apenas da escuta individual, mas de uma leitura ligada a vida concreta, de modo que a Palavra se torne verdadeiramente fermento de transformação das realidades terrestres.
Tanto o Magistério como todos os cristãos, não são "senhores da Palavra", mas toda a Igreja é, antes de mais, discípula. Toca aos cristãos do Magistério serem modelos do povo de Deus, na escuta da Palavra.
Pe. Emílio Carlos +
BILHETE DE EVANGELHO.- À ESCUTA DA PALAVRA. 18º Domingo do TC
Eis Jesus confrontado com um assunto de herança. Mas declara-Se incompetente para julgar o caso, pois não é juiz, nem notário, nem advogado.
PALAVRA PARA O CAMINHO…
18º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO C
18º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO C
1 de Agosto de 2010
A liturgia deste domingo questiona-nos acerca da atitude que assumimos face aos bens deste mundo. Sugere que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida; e convida-nos a descobrir e a amar esses outros bens que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.No Evangelho, através da “parábola do rico insensato”, Jesus denuncia a falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais: o homem que assim procede é um “louco”, que esqueceu aquilo que, verdadeiramente, dá sentido à existência.Na primeira leitura, temos uma reflexão do “qohélet” sobre o sem sentido de uma vida voltada para o acumular bens… Embora a reflexão do “qohélet” não vá mais além, ela constitui um patamar para partirmos à descoberta de Deus e dos seus valores e para encontrarmos aí o sentido último da nossa existência.A segunda leitura convida-nos à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e renascermos continuamente, até que em nós se manifeste o Homem Novo, que é “imagem de Deus”.
LEITURA I – Co (Ecle) 1,2; 2,21-23
Vaidade das vaidades
O Livro de Qohélet é um livro de caráter sapiencial, escrito pelos finais do séc. III a.C.. Não sabemos quem é o autor… Em 1,1, apresenta-se o livro como “palavras de qohélet”; mas “qohélet” é uma forma participial do verbo “qhl” (“reunir em assembleia”): significa, pois, “aquele que participa na assembleia” ou, numa perspectiva mais ativa, “aquele que fala na assembleia”. O nome “Eclesiastes” (com que também é designado) é a forma latinizada do grego “ekklesiastes” (nome do livro na tradução grega do Antigo Testamento): significa o mesmo que “qohélet” – “aquele que se senta ou que fala na assembleia” (“ekklesia”).Este “caderno de anotações” de um “sábio” é um escrito estranho e enigmático, sarcástico, inconformista, polêmico, que põe em causa os dogmas mais tradicionais de Israel. A sua preocupação fundamental, mais do que apontar caminhos, parece ser a de destruir certezas e seguranças. Levanta questões e não se preocupa, minimamente, em encontrar respostas para essas questões.O tom geral do livro é de um impressionante pessimismo. O autor parece negar qualquer possibilidade de encontrar um sentido para a vida… Defende que o homem é incapaz de ter acesso à “sabedoria”, que não há qualquer novidade e que estamos fatalmente condenados a repetir os mesmos desafios, que o esforço humano é vão e inútil, que é impossível conhecer Deus e que, aconteça o que acontecer, nada vale a pena porque a morte está sempre no horizonte e iguala-nos com os ignorantes e os animais… Não é um livro onde se vão procurar respostas; é um livro onde se denuncia o fracasso da sabedoria tradicional e onde ecoa o grito de angústia de uma humanidade ferida e perdida, que não compreende a razão de viver.
Em concreto, no texto que hoje a liturgia nos propõe, o “qohélet” proclama a inutilidade de qualquer esforço humano. A partir da sua própria experiência, ele foi capaz de concluir friamente que os esforços desenvolvidos pelo homem ao longo da sua vida não servem para nada. Que adianta trabalhar, esforçar-se, preocupar-se em construir algo se teremos, no final, de deixar tudo a outro que nada fez? E o “qohélet” resume a sua frustração e o seu desencanto nesse refrão que se repete em todo o livro (25 vezes): “tudo é vaidade”. É uma conclusão ainda mais estranha quanto a “sabedoria” tradicional “excomungava” aquele que não fazia nada e apresentava como ideal do “sábio” aquele que trabalhava e que procurava cumprir eficazmente as tarefas que lhe estavam destinadas.A grande lição que o “qohélet” nos deixa é a demonstração da incapacidade de o homem, por si só, encontrar uma saída, um sentido para a sua vida. O pessimismo do “qohélet” leva-nos a reconhecer a nossa impotência, o sem sentido de uma vida voltada apenas para o humano e para o material. Constatando que em si próprio e apenas por si próprio o homem não pode encontrar o sentido da vida, a reflexão deste livro força-nos a olhar para o mais além. Para onde? O “qohélet” não vai tão longe; mas nós, iluminados pela fé, já podemos concluir: para Deus. Só em Deus e com Deus seremos capazes de encontrar o sentido da vida e preencher a nossa existência.
ATUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão e atualização, as seguintes linhas:
Quase poderíamos dizer que o “qohélet” é o precursor desses filósofos existencialistas modernos que refletem sobre o sentido da vida e constatam a futilidade da existência, a náusea que acompanha a vida do homem, a inutilidade da busca da felicidade, o fracasso que é a vida condenada à morte (Jean Paul Sartre, Albert Camus, André Malraux…). As conclusões quer do “qohélet”, quer das filosofias existencialistas agnósticas, seriam desesperantes se não existisse a fé. Para nós, os cristãos, a vida não é absurda porque ela não termina nem se encerra neste mundo… A nossa caminhada nesta terra está, na verdade, cheia de limitações, de desilusões, de imperfeições; mas nós sabemos que esta vida caminha para a sua realização plena, para a vida eterna: só aí encontraremos o sentido pleno do nosso ser e da nossa existência.
A reflexão do “qohélet” convida-nos a não colocar a nossa esperança e a nossa segurança em coisas falíveis e passageiras. Quem vive, apenas, para trabalhar e para acumular, pode encontrar aí aquilo que dá pleno significado à vida? Quem vive obcecado com a conta bancária, com o carro novo, ou com a casa com piscina num empreendimento de luxo, encontrará aí aquilo que o realiza plenamente?
Para mim, o que é que dá sentido pleno à vida?
Para que é que eu vivo?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (90)
Refrão: Senhor tendes sido o nosso refúgio através das gerações.
Vós reduzis o homem ao pó da terrae dizeis: «Voltai, filhos de Adão».Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passoue como uma vigília da noite.
Vós os arrebatais como um sonho,como a erva que de manhã reverdece;de manhã floresce e viceja,de tarde ela murcha e seca.
Ensinai-nos a contar os nossos dias,para chegarmos à sabedoria do coração.Voltai, Senhor! Até quando…Tende piedade dos vossos servos.
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.
LEITURA II – Col 3,1-5.9-11
A segunda leitura deste domingo é, mais uma vez, um trecho dessa Carta aos Colossenses, em que Paulo polemiza contra os “doutores” para quem a fé em Cristo devia ser complementada com o conhecimento dos anjos e com certas práticas legalistas e ascéticas. Paulo procura demonstrar que a fé em Cristo (entendida como adesão a Cristo e identificação com Ele) basta para chegar à salvação.Este texto integra a parte moral da carta (cf. Col 3,1-4,1): aí Paulo tira conclusões práticas daquilo que afirmou na primeira parte (que Cristo basta para a salvação) e convoca os Colossenses a viverem, no dia a dia, de acordo com essa vida nova que os identificou com Cristo.
O texto que nos é proposto está dividido em duas partes.Na primeira (vers. 1-4), Paulo apresenta, como ponto de partida e como base sólida da vida cristã, a união com Cristo ressuscitado. Os cristãos, pelo batismo, identificaram-se com Cristo ressuscitado; dessa forma, morreram para o pecado e renasceram para uma vida nova. Essa vida deve crescer progressivamente, mas manifestar-se-á em plenitude, quando Cristo “aparecer” (a Carta aos Colossenses ainda alimenta nos cristãos a espera da vinda gloriosa de Cristo).Na segunda parte (vers. 5.9-11), Paulo descreve as exigências práticas dessa identificação com Cristo ressuscitado.
O cristão deve fazer morrer em si a imoralidade, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cupidez, numa palavra, todos esses falsos deuses que enchem a vida do homem velho; e, por outro lado, deve revestir-se do Homem Novo – ou seja, deve renovar-se continuamente até que nele se manifeste a “imagem de Deus” (“sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai do céu” – cf. Mt 5,48). Quando isso acontecer, desaparecerão as velhas diferenças de povo, de raça, de religião e todos serão iguais, isto é, “imagem de Deus”. Foi isso que Cristo veio fazer: criar uma comunidade de homens novos, que sejam no mundo a “imagem de Deus”.A identificação com Cristo ressuscitado – que resulta do Batismo – é, portanto, um renascimento contínuo que deve levar-nos a parecer-nos cada vez mais com Deus.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão e atualização podem partir das seguintes questões:
Ser batizado é, na perspectiva de Paulo, identificar-se com Cristo e, portanto, renunciar aos mecanismos que geram egoísmo, ambição, injustiça, orgulho, morte – os mesmos que Jesus rejeitou como diabólicos; e é, em contrapartida, escolher uma vida de doação, de entrega, de serviço, de amor – os mecanismos que levaram Jesus à cruz, mas que também o levaram à ressurreição. Eu estou a ser coerente com as exigências do meu Batismo? Na minha vida há uma opção clara pelas “coisas do alto”, ou essas “coisas da terra” (brilhantes, sugestivas, mas efêmeras) têm prioridade e condicionam a minha ação?
O objetivo da nossa vida (esse objetivo que deve estar sempre presente diante dos nossos olhos e que deve constituir a meta para a qual caminhamos) é, de acordo com Paulo, a renovação contínua da nossa vida, a fim de que nos tornemos “imagem de Deus”. Aqueles que me rodeiam conseguem detectar em mim algo de Deus?Que “imagem de Deus” é que eu transmito a quem, diariamente, contata comigo?
A comunidade cristã é essa família de irmãos onde as diferenças (de raça, de cultura, de posição social, de perspectiva política, etc.) são ilusórias, porque o fundamental é que todos caminham para ser “imagem de Deus”. Isto é realidade?Nas nossas comunidades (cristãs ou religiosas), todos os membros são tratados com igual dignidade, como “imagem de Deus”?
Convém não esquecer que a construção do “Homem Novo” é uma tarefa que exige uma renovação constante, uma atenção constante, um compromisso constante. Enquanto estamos neste mundo, nunca podemos cruzar os braços e dar a nossa caminhada para a perfeição por terminada: cada instante apresenta-nos novos desafios, que podem ser vencidos ou que podem vencer-nos.
ALELUIA – Mt 5,3
Aleluia. Aleluia.
Bem-aventurados os pobres em espírito,porque deles é o reino dos Céus.
EVANGELHO – Lc 12,13-21
Continuamos a percorrer o “caminho de Jerusalém” e a escutar as lições que preparam os discípulos para serem as testemunhas do Reino. A catequese, que Jesus hoje apresenta, é sobre a atitude face aos bens.A reflexão é despoletada por uma questão relacionada com partilhas… Um homem queixa-se a Jesus porque o irmão não quer repartir com ele a herança. Segundo as tradições judaicas, o filho primogênito de uma família de dois irmãos recebia dois terços das possessões paternas (cf. Dt 21,17. É possível que só fossem repartidos os bens móveis e que, para guardar intacto o patrimônio da família, a casa e as terras fossem atribuídas ao primogênito). O homem que interpela Jesus é, provavelmente, o irmão mais novo, que ainda não tinha recebido nada. Era freqüente, no tempo de Jesus, que os “doutores da lei” assumissem o papel de juízes em casos similares… Como é que Jesus Se vai situar face a esta questão?
Jesus escusa-Se, delicadamente, a envolver-Se em questões de direito familiar e a tomar posição por um irmão contra outro (“amigo, quem me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?” – vers. 14). O que estava em causa na questão era a cobiça, a luta pelos bens, o apego excessivo ao dinheiro (talvez por parte dos dois irmãos em causa). A conclusão que Jesus tira (vers. 15) explica porque é que Ele não aceita meter-Se na questão: o dinheiro não é a fonte da verdadeira vida. A cobiça dos bens (o desejo insaciável de ter) é idolatria: não conduz à vida plena, não responde às aspirações mais profundas do homem, não conduz a um autêntico amadurecimento da pessoa. A lógica do “Reino” não é a lógica de quem vive para os bens materiais; quem quiser viver na dinâmica do Reino deverá ter isto presente.A parábola que Jesus vai apresentar na sequência (vers. 16-21) ilustra a atitude do homem voltado para os bens perecíveis, mas que se esquece do essencial – aquilo que dá a vida em plenitude. Apresenta-nos um homem previdente, responsável, trabalhador (que até podíamos admirar e louvar); mas que, de forma egoísta e obsessiva, vive apenas para os bens que lhe asseguram tranquilidade e bem-estar material (e nisso, já não o podemos louvar e admirar). Esse homem representa, aqui, todos aqueles cuja vida é apenas um acumular sempre mais, esquecendo tudo o resto – inclusive Deus, a família e os outros; representa todos aqueles que vivem uma relação de “circuito fechado” com os bens materiais, que fizeram deles o seu deus pessoal e que esqueceram que não é aí que está o sentido mais fundamental da existência.A referência à ação de Deus, que põe repentinamente um ponto final nesta existência egoísta e sem significado, não deve ser muito sublinhada: ela serve, apenas, para mostrar que uma vida vivida desse jeito não tem sentido e que quem vive para acumular mais e mais bens é, aos olhos de Deus, um “insensato”.O que é que Jesus pretende, ao contar esta história? Convidar os seus discípulos a despojar-se de todos os bens? Ensinar aos seus seguidores que não devem preocupar-se com o futuro? Propor aos que aderem ao Reino uma existência de miséria, sem o necessário para uma vida minimamente digna e humana? Não. O que Jesus pretende é dizer-nos que não podemos viver na escravatura do dinheiro e dos bens materiais, como se eles fossem a coisa mais importante da nossa vida. A preocupação excessiva com os bens, a busca obsessiva dos bens, constitui uma experiência de egoísmo, de fechamento, de desumanização, que centra o homem em si próprio e o impede de estar disponível e de ter espaço na sua vida para os valores verdadeiramente importantes – os valores do Reino. Quando o coração está cheio de cobiça, de avareza, de egoísmo, quando a vida se torna um combate obsessivo pelo “ter”, quando o verdadeiro motor da vida é a ânsia de acumular, o homem torna-se insensível aos outros e a Deus; é capaz de explorar, de escravizar o irmão, de cometer injustiças, a fim de ampliar a sua conta bancária. Torna-se orgulhoso e auto-suficiente, incapaz de amar, de partilhar, de se preocupar com os outros… Fica, então, à margem do Reino.Atenção: esta parábola não se destina apenas àqueles que têm muitos bens; mas destina-se a todos aqueles que (tendo muito ou pouco) vivem obcecados com os bens, orientam a sua vida no sentido do “ter” e fazem dos bens materiais os deuses que condicionam a sua vida e o seu agir.
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão, ter em conta os seguintes elementos:
A Palavra de Deus que aqui nos é servida questiona fortemente alguns dos fundamentos sobre os quais a nossa sociedade se constrói. O capitalismo selvagem que, por amor do lucro, escraviza e obriga a trabalhar até à exaustão (e por salários miseráveis) homens, mulheres e crianças, continua vivo em tantos cantos do nosso planeta… Podemos, tranquilamente, comprar e consumir produtos que são fruto da escravidão de tantos irmãos nossos? Devemos consentir, com a nossa indiferença e passividade, em aumentar os lucros imoderados desses empresários/sanguessugas que vivem do sangue dos outros?
Entre nós, o capitalismo assume um “rosto” mais humano nas teses do liberalismo econômico; mas continua a impor a filosofia do lucro, a escravatura do trabalhador, a prioridade dos critérios de planificação, de eficiência, de produção em relação às pessoas. Podemos consentir que o mundo se construa desta forma?
Qualquer trabalhador – muitos de nós, provavelmente – passa a vida numa escravatura do trabalho e dos bens, que não deixa tempo nem disponibilidade para as coisas importantes – Deus, a família, os irmãos que nos rodeiam. Muitas vezes, o mercado de trabalho não nos dá outra hipótese (se não produzimos de acordo com a planificação da empresa, outro ocupará, rapidamente, o nosso lugar); outras vezes, essa escravatura do trabalho resulta de uma opção consciente… Quantas pessoas escolhem prescindir dos filhos, para poder dedicar-se a uma carreira de êxito profissional que as torne milionárias antes dos quarenta anos… Quantas pessoas esquecem as suas responsabilidades familiares, porque é mais importante assegurar o dinheiro suficiente para as férias na Tailândia ou na República Dominicana… Quantas pessoas renunciam à sua dignidade e aos seus direitos, para aumentar a conta bancária… Tornamo-nos, assim, mais felizes e mais humanos?
O que Jesus denuncia aqui não é a riqueza, mas a deificação da riqueza. Até alguém que fez “voto de pobreza” pode deixar-se tentar pelo apelo dos bens e colocar neles o seu interesse fundamental… A todos Jesus recomenda: “cuidado com os falsos deuses; não deixem que o acessório vos distraia do fundamental”.
A vocação de Nossa Senhora
É óbvio que Ela mesma notaria a abundância de qualidades com que Deus a tinha dotado, e que tais qualidades pressupunham uma vocação especialíssima. Mas qual era essa vocação?
Hoje, todos nós católicos sabemos pela Fé que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se encarnou, pertenceu à Sagrada Família e trabalhou, pois quis nos servir de exemplo como Homem-Deus. Naquela época, porém, as pessoas tinham conhecimento apenas de que surgiria um Redentor da humanidade, mas não conheciam os detalhes. Eram questões que os doutores debatiam.
Todas as mulheres de Israel desejavam ter como filho ou descendente o Salvador que viria. Nada mais natural. E por isso a instituição do matrimônio era apreciada num grau muito elevado. Não obstante, mesmo no mundo antigo a idéia de dedicar a virgindade ao serviço de Deus tinha seu papel.
Segundo uma bela tradição, Nossa Senhora teria feito voto de virgindade desde a mais tenra idade. Sua inteligência, em nada debilitada, pois não fora atingida pelo pecado original, mostrar-lhe-ia que a virgindade era sumamente agradável a Deus, e graças especiais a levaram a dar tal passo.
A Tradição católica nos mostra Nossa Senhora, desde menina, servindo a Deus no Templo de Jerusalém. Mas tendo morrido seus santos pais, São Joaquim e Sant´Ana, Ela ficou sob a proteção do Sumo Sacerdote do Templo, como ocorria com as órfãs que ali serviam. Em determinado momento esse sacerdote decidiu que, tendo chegado a idade requerida, Nossa Senhora deveria casar-se.
A Tradição católica nos mostra Nossa Senhora, desde menina, servindo a Deus no Templo de Jerusalém.
E aqui temos um exemplo típico de perplexidade na vida espiritual. Por um lado Nossa Senhora havia feito voto de virgindade a Deus, para agradar o Altíssimo.
Contudo, o Sacerdote que tinha sobre Ela a legítima autoridade, e que representava nesta Terra a voz de Deus, por meio da obediência ordenava-lhe algo contrário à virgindade, pois justamente o fim primordial do matrimônio é ter filhos e educá-los. De um lado, uma certeza moral firmíssima: a virgindade; de outro, um fato concreto evidente: a obediência.
E sabemos que Nossa Senhora aceitou o fato concreto, na certeza de que Deus, na sua infinita sabedoria, proveria. Era um fato claro e concreto: a voz da autoridade mandava que ela se casasse. Diante disso Ela se submeteu, confiando que Deus a preservaria.
A História revelou a sapiencialidade dessa decisão. Constatamos hoje que, para o Menino-Deus, embora nascendo de uma Virgem, era altamente conveniente que tivesse a ampará-lo uma família normal, cujos pais eram ligados pelo vínculo matrimonial. E para a própria reputação da Virgem Maria, naquele tempo isto era necessário, até que se revelasse ao mundo todo a maravilha de uma Virgem-Mãe.
Certamente houve na vida da Santíssima Virgem outros momentos em que ela não compreendeu as ordens de Deus, que pareceriam ter um sentido contrário àquilo que a graça colocava em sua alma. Como no episódio da perda do Menino Jesus no Templo. São os misteriosos caminhos da cruz, pelos quais passam pessoas dotadas de vocações especiais.
Esta é, pois, uma oportunidade muito adequada para pedir a proteção da Santíssima Virgem para aqueles que, nestes momentos, passam por perplexidades análogas às d’Ela. Pois Nossa Senhora saberá justamente apreciar quanto apoio espiritual necessitam os que transitam por tais caminhos da graça.
Pe.Emílio Carlos+