Ani Ledodi Vedodi Li
Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”
Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.
Deus o Abençõe !
E que possas crescer com nossas postagens.
É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!
A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.
Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.
E eu sei quanto resisto a escolher-te.
"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"
Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !
Pe.Emílio Carlos†
Quem sou eu
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Começamos nossa exortação, caros filhos, conclamando-vos à santidade exigida pela dignidade de vosso cargo, pois quem é elevado ao sacerdócio exerce o ministério não só para si, mas também para os outros: "Todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus" (Hb 5, 1).
O que está corrompido não pode conferir a saúde
Este mesmo pensamento exprimiu Cristo quando, para explicar a função própria dos presbíteros, os comparou à luz do mundo e ao sal da terra.
Ao sacerdote compete-lhe a tarefade arrancar as más ervas, lançar as boassementes, irrigar evigiar para que o inimigo não semeieentre elas o joio
São Pio X fotografado por Felici
|
Sem santidade de vida, deixará o sacerdote de ser sal da terra, pois o que está corrompido e contaminado não pode conferir a saúde, e onde falta a santidade é inevitável que habite a corrupção. Daí que, valendo-Se da mesma figura, o Mestre qualifique tais ministros de sal insípido que "para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens" (Mt 5, 13). [...]
Muito oportunamente insistia São Carlos Borromeu em seus discursos para o clero: "Se recordássemos, irmãos caríssimos, quantas e quão preciosas coisas colocou Deus em nossas mãos, como esta consideração nos estimularia a levar uma vida digna de sacerdotes! Que coisa deixou Deus de pôr em minhas mãos, se nelas pôs seu próprio Filho Unigênito, eterno e consubstancial a Si mesmo? Em minhas mãos depositou os seus tesouros, todos os Sacramentos, todas as suas graças: pôs as almas por Ele amadas como a pupila dos olhos, as quais amou mais do que a Si mesmo e remiu com seu Sangue; pôs o Céu, que posso abrir e fechar aos demais... Como poderia eu, à vista de tantas honrarias e tamanho amor, ser ingrato a ponto de pecar contra Ele, de ofendê-Lo e de conspurcar este corpo que Lhe pertence, de profanar esta dignidade, esta vida consagrada a seu serviço?".1 [...]
Cristo não muda no decorrer dos séculos
Vejamos agora em que consiste esta santidade, da qual o sacerdote não pode estar privado sem grave desonra, porque se expõe a grande perigo quem a ignora ou entende de forma equivocada.
Pensam alguns, e até claramente professam, que o mérito do sacerdote consiste apenas em entregar-se por inteiro ao bem dos outros. Negligenciando quase totalmente as virtudes que visam ao aperfeiçoamento pessoal - por eles chamadas de virtudes passivas -, apregoam a necessidade de empregar todos os esforços em adquirir e exercitar as virtudes denominadas ativas.
Esta doutrina é, sem dúvida, falaz e desastrosa. A respeito dela assim se exprime, com sua habitual sabedoria, nosso predecessor de feliz memória: "A ideia de que as virtudes cristãs não são oportunas em todos os tempos, só pode ocorrer a quem tenha se esquecido destas palavras do Apóstolo: ‘Os que Ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho' (Rm 8, 29). A Cristo, mestre e modelo de toda forma de santidade, devem-se adaptar todos quantos almejam ser acolhidos no Reino dos Céus. Ora, Cristo não muda no decorrer dos séculos, mas ‘é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade' (Hb 13, 8). Portanto, aos homens de todos os tempos se dirige esta palavra: ‘Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração' (Mt 11, 29); a todo momento Ele Se apresenta como ‘obediente até a morte' (Fl 2, 8); e vale para todas as épocas a sentença do Apóstolo: ‘Os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências' (Gal 5, 24)".2 [...]
Insistindo vivamente nesse dever, não podemos, entretanto, deixar de advertir, que tendo sido contratado por Cristo como operário "para sua vinha" (Mt 20, 1), o sacerdote não pode santificar-se apenas para si. Compete-lhe também a tarefa de arrancar as más ervas, lançar as boas sementes, irrigar e vigiar para que o inimigo não semeie entre elas o joio.
Cuide, pois, o presbítero de não se deixar arrastar por um irrefletido desejo de perfeição interior que o leve a negligenciar qualquer uma das obrigações de seu ministério relativas ao bem dos fiéis: pregar a Palavra de Deus, atender Confissões, prestar assistência aos enfermos, sobretudo aos moribundos, instruir os ignorantes das coisas da Fé, consolar os aflitos, reconduzir os extraviados e em tudo imitar a Cristo, o qual "andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo demônio" (At 10, 38).
E, ao mesmo tempo, grave em sua mente esta advertência de São Paulo: "Nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer" (I Cor 3, 7). [...]
Somente a santidade nos torna acordes com nossa vocação
Na verdade, uma só coisa serve para unir o homem a Deus, torná-lo agradável a seus olhos e ministro não indigno de sua misericórdia: a santidade de vida e de costumes. Se faltar ao sacerdote esta santidade, que é a supereminente ciência de Jesus Cristo, faltar-lhe-á tudo. Pois sem esta ciência, a própria vastidão de uma requintada cultura - que nós mesmos nos empenhamos em promover entre o clero -, bem como a destreza e solércia nas atividades, mesmo quando produzam algum benefício à Igreja ou a alguns fiéis, são amiúde deplorável causa de prejuízos.
Grande é a dignidade dos sacerdotes, maior, porém, é sua ruína se pecam. Alegremo-nos por termos sido elevados, mas tenhamos pavor de cair
Ordenação sacerdotal nas catacumbas Gravura do início do séc. XX publicada
por Gérard Desgodets |
Somente a santidade nos torna acordes com as exigências da nossa vocação divina. Ela faz de nós homens crucificados para o mundo, e para os quais o mundo está crucificado; homens que caminham numa nova vida e que, como ensina São Paulo, "nas vigílias, nas privações; pela pureza, pela ciência, pela longanimidade, pela bondade, pelo Espírito Santo, por uma caridade sincera, pela palavra da verdade" (II Cor 6, 5-7) demonstram ser autênticos ministros de Deus, voltados exclusivamente para as coisas celestes e empenhados por inteiro em conduzir a elas as almas dos demais.
O sacerdote precisa ser exímio na oração
Como todos sabem, a santidade de vida é fruto de nossa vontade, fortalecida pela graça, da qual Deus nos provê largamente para que nunca nos falte. Basta apenas que a queiramos e a peçamos por meio da oração.
Oração e santidade estão tão intimamente relacionadas que uma não pode subsistir sem a outra. Assim, é decerto verdadeira esta sentença do Crisóstomo: "Julgo ser evidente para todos que sem auxílio da oração é impossível viver virtuosamente".3 E com fina argúcia conclui Santo Agostinho: "Sabe de fato viver bem quem sabe rezar bem".4
Estes ensinamentos, o próprio Cristo os confirmou com suas palavras e mais ainda com seu exemplo: retirava-Se sozinho nos desertos ou subia ao cume dos montes, passava noites inteiras orando, ia com frequência ao Templo, e até mesmo quando rodeado pelas multidões, elevava os olhos ao Céu e rezava diante de todos. Por fim, cravado na Cruz, em meio às dores da morte, dirigiu ao Pai a última prece, com lágrimas e um alto brado.
Tenhamos, pois, por certo e comprovado que, para estar à altura de sua dignidade e da tarefa a ele encomendada, o sacerdote precisa ser exímio na prática da oração. Com demasiada frequência temos a lamentar preces feitas mais por hábito do que por devoção; que em determinados momentos o Ofício seja rezado distraidamente ou substituído por algumas curtas orações; a ausência de momentos ao longo do dia dedicados a dialogar com Deus, elevando a alma à consideração das coisas celestes.
Mais do que qualquer outro homem, deve o sacerdote obedecer ao preceito de Cristo: "É necessário orar sempre" (Lc 18, 1). Com base nele, São Paulo insistia: "Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças" (Col 4, 2); "Orai sem cessar" (I Tes 5, 17). [...]
Tenhamos pavor de cair
Ai do sacerdote que não sabe comportar-se à altura de sua dignidade, que por sua infidelidade desonra o santo nome de Deus, perante o qual deve ser santo! A corrupção dos melhores é a mais grave entre todas. "Grande é a dignidade dos sacerdotes, maior, porém, é sua ruína se pecam. Alegremo-nos por termos sido elevados, mas tenhamos pavor de cair, pois a alegria por ter estado no alto será inferior à tristeza de nos precipitarmos para baixo".
Ai do sacerdote que se olvida de si próprio, negligencia a oração, rejeita a nutrição das leituras piedosas, nunca se recolhe para ouvir a voz da consciência que o acusa. Nem as sangrentas chagas de sua alma, nem os prantos da Igreja, sua mãe, conseguirão reerguer este infeliz, evitando-lhe ser golpeado por aquelas terríveis ameaças: "Obceca o coração desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe os olhos, de modo que não veja nada com seus olhos, não ouça com seus ouvidos, não compreenda nada com seu espírito. E não se cure de novo" (Is 6, 10).
Que o Deus de misericórdia afaste de cada um de vós, diletos filhos, este triste presságio. Ele vê que nosso coração, inteiramente livre de rancor, é movido apenas pela caridade de pai e pastor: "Pois quem, senão vós, será a nossa esperança, a nossa alegria e a nossa coroa de glória ante Nosso Senhor Jesus, no dia de sua vinda?" (I Tes 2, 19).
Auxiliar e socorrer a Igreja em suas angústias
Vós mesmos podeis constatar, em qualquer lugar onde estejais, os tristes momentos pelos quais passa a Igreja, por impenetráveis desígnios de Deus. Considerai também o sagrado dever que tendes de assistir e socorrer em suas angústias esta Igreja que vos concedeu tão honrosa dignidade.
Hoje mais do que nunca, torna-se necessária ao clero uma virtude superior, sincera, exemplar, viva, operosa, prontíssima a tudo empreender e sofrer por Cristo. Isto é o que com mais ardor desejamos para todos e cada um de vós, e o pedimos a Deus com fervorosíssimas preces.
Floresça, pois, em vós com intemerato fulgor a castidade, exímio ornato de nosso clero. Graças a ela o sacerdote se torna semelhante aos Anjos, é considerado pelo povo cristão homem digno de todas as honras e colhe, assim, mais copiosos frutos de seu ministério.
Aliviar, defender, medicar, pacificar: seja esta a vossa meta, sedentos de conquistar e conduzir almas a Cristo
A árvore divina - Gravura de finais do
séc. XIX publicada por Friedrich Pustet, Regensburg (Alemanha) |
Perene e sincera sejam em vós a reverência e a obediência solenemente prometidas àqueles que o Espírito Santo constituiu pastores da Igreja. Acima de tudo, que a submissão devida a justíssimo título a esta Sé Apostólica una a ela cada dia mais, com estreitíssimos vínculos, vossas mentes e vossos corações.
Brilhe em cada um de vós aquela caridade que em nada procura seu próprio proveito, de tal modo que, reprimidos os impulsos da inveja e da ambição próprios da humana natureza, possais unir vossos esforços, com fraterna emulação, para dar maior glória a Deus. "Um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos" (Jo 5, 3), multidão tão numerosa quanto digna de piedade, espera os socorros de vossa caridade.
À vossa espera estão, sobretudo, numerosos grupos de jovens, risonha esperança da pátria e da Religião, assediados de todos os lados pelas insídias e pelos perigos morais. Sede incansáveis em fazer o bem a todos, não só ensinando-lhes o catecismo, que recomendamos de novo e com maior empenho, mas também prestando-lhes todo auxílio possível inspirado por vossa prudência e dedicação.
Não manchemos nossa glória!
Aliviar, defender, medicar, pacificar: seja esta a vossa meta, sedentos de conquistar e conduzir almas a Cristo. Considerai quão laboriosos, infatigáveis e destemidos são os inimigos de Deus em sua ação para corromper de modo irreparável as almas!
Especialmente por este esplendor da caridade a Igreja Católica se alegra e se ufana de seu clero, que anuncia o Evangelho da paz cristã, que leva a salvação e a civilização até os povos bárbaros, onde por seus esforços apostólicos, não raramente selados com o sangue, dilata-se dia a dia o Reino de Cristo e resplandece com novas vitórias a santa Fé.
Diletos filhos, se em paga de vossa caridade receberdes ódio, afrontas, calúnia, como sói acontecer, não vos deixeis tomar pelo desânimo, "não vos canseis de fazer o bem" (II Tes 3, 13). Tende diante dos olhos os esquadrões de homens fortes, insignes tanto pelo número quanto pelos méritos, que a exemplo dos Apóstolos, se alegravam em suportar as mais cruéis torturas pelo nome de Jesus Cristo. Eram insultados e abençoavam (I Cor 4, 12). Somos filhos e irmãos dos Santos, cujos nomes resplandecem no Livro da Vida, cuja glória a Igreja celebra. "Não manchemos nossa glória" (I Mac 9, 10)! ² São Pio X. Excertos da Exortação Apostólica Hærent animo, 4/8/1908 - Tradução: Arautos do Evangelho
Coube a São João Batista a missão de anunciar a vinda imediata do Messias. Pode-se pois dizer que ele foi o maior dos precursores de Jesus no Antigo Testamento. É assim que Santo Tomás entende a palavra de Jesus em São Mateus (11, 11): "Em verdade, vos digo, entre os nascidos de mulheres não surgiu alguém maior do que João Batista".
Mas, logo a seguir, acrescenta Nosso Senhor: "Entretanto, o menor no reino dos céus é maior que ele". O reino dos céus é aIgreja da terra e do céu: é o Novo Testamento, mais perfeito como estado do que o Antigo, embora certos justos do Antigo tenham sido mais santos que muitos do Novo. E quem na Igreja é o menor? Estas são palavras misteriosas que têm sido diversamente interpretadas. Fazem pensar nestas outras pronunciadas mais tarde por Jesus: "Aquele que dentre vós for o menor este é o maior" (Lc 9, 48). O menor, quer dizer o mais humilde, o servidor de todos; é, pela conexão e proporção das virtudes, o que tem mais alta caridade. Quem na Igreja é o mais humilde? Sem dúvida, é aquele que não foi nem Apóstolo, nem Evangelista, nem mártir (pelo menos exteriormente), nem pontífice, nem padre, nem doutor, mas que conheceu e amou o Cristo Jesus não menos por certo que os apóstolos, os evangelistas, os mártires, os pontífices e os doutores: é o humilde operário de Nazareth, o humilde José. Os Apóstolos foram incubidos de fazer com que os homens conhecessem o Salvador, para pregar-lhes o Evangelho a fim de salvá-los. Sua missão, como a de São João Batista, é da ordem da graça necessária a todos para a salvação. Mas há uma ordem ainda superior à da graça.
É aquela que é constituída pelo próprio mistério da Encarnação, ou seja, a ordem da união hipostática ou pessoal da Humanidade de Jesus com o próprio Verbo de Deus. A esta ordem superior se prende a missão singular de Maria, a maternidade divina e também, de certa forma, a missão oculta de José. Este assunto foi exposto de diversas maneiras por São Bernardo, São Bernardino de Siena, o dominicano Isidoro de Isolanis, Suarez e muitos autores recentes.
Bossuet diz admiravelmente no seu primeiro panegírico desse grande santo: "Dentre todas as vocações noto duas, nas Escrituras, que parecem diametralmente opostas: uma é a dos Apóstolos; a segunda, a de José. Jesus é revelado aos Apóstolos para que o anunciem por todo o universo; e é revelado a José para que silencie e o esconda. Os Apóstolos são luzeiros para mostrarem Jesus ao mundo inteiro. José é um véu para encobri-lo; e sob esse véu misterioso oculta-se-nos a virgindade de Maria e a grandeza do Salvador das almas. Aquele que glorifica os Apóstolos concedendo-lhes a honra da pregação, glorifica José pela humildade do silêncio". A hora da manifestação do mistério do Natal ainda não era chegada, essa hora deveria ser preparada por trinta anos de vida oculta.
A perfeição consiste em cumprir a vontade de Deus, cada um segundo sua vocação. Mas a vocação toda excepcional de José supera por certo, no silêncio e na obscuridade, a dos maiores Apóstolos: pois ela se relaciona mais de perto com o mistério da Encarnação redentora. José, depois de Maria, esteve mais próximo que ninguém do próprio Autor da graça. Assim pois, no silêncio de Belém, durante a estadia no Egito e na pequena casa de Nazaré ele terá recebido mais graças que jamais a qualquer outro santo seria dado receber.
Qual a missão especial de José com relação a Maria?
Consistiu ela sobretudo em preservar a virgindade e a honra de Maria, contraindo com a futura Mãe de Deus um verdadeiro matrimônio, mas absolutamente santo. Conforme relata o Evangelho de São Mateus (1, 20): "O anjo do Senhor, que apareceu em sonho a José lhe diz: "José, filho de Daví, não temas receber Maria como tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo". Maria é perfeitamente sua esposa. Trata-se de um matrimônio verdadeiro (cf. Santo Tomás, III, q. 29, a. 2), mas inteiramente celeste e que devia ter fecundidade inteiramente divina. A plenitude inicial de graça dada à Virgem em vista da maternidade divina fazia apelo em certo sentido ao mistério da Encarnação. Conforme diz Bossuet: "A virgindade de Maria atraiu Jesus do céu... Se sua pureza a tornou fecunda, não hesitarei, no entanto, em afirmar que José teve sua parte nesse grande milagre. Pois tal pureza angélica, apanágio da divina Maria, foi também o desvelo do justo José".
Era a união sem mácula e inteiramente respeitosa com a criatura mais perfeita que jamais existira, em ambiente extremamente simples, qual o de um pobre artesão de aldeia. Assim, José se aproximou mais intimamente do que qualquer outro santo daquela que é a Mãe de Deus, daquela que é também a Mãe espiritual de todos os homens e dele próprio José, daquela que é Co-Redentora, Mediadora universal, dispensadora de todas as graças. Por todos esses títulos José amou Maria com o mais puro e devotado amor; era de certo um amor teologal, porquanto ele amava a Virgem em Deus e por Deus, por toda a glória que ela dava a Deus. A beleza de todo o universo nada era em face da sublime união dessas duas almas, união criada pelo Altíssimo, que encantava os anjos e ao próprio Senhor enchia de júbilo.
Qual foi a missão excepcional de José perante o Senhor?
Em verdade, o Verbo de Deus feito carne foi confiado a ele, José, de preferência a qualquer outro justo dentre os homens de todas as gerações. O santo velho Simeão teve o menino Jesus em seus braços por alguns instantes e viu nele a salvação dos povos - "lumen ad revelationem gentium" - mas José velou todas as horas, noite e dia, sobre a infância de Nosso Senhor. Muitas vezes teve em suas mãos aquele em quem via seu Criador e Salvador. Recebeu dele graças sobre graças durante os vários anos em que viveu com ele na maior intimidade do dia-a-dia. Viu-o crescer. Contribuiu para sua educação humana. Jesus lhe foi submisso. É comumente chamado de "pai nutrício do Salvador"; porém em certo sentido foi mais que isso, pois como nota Santo Tomás é acidentalmente que após o casamento um homem se vem a tornar "pai nutrício" ou "pai adotivo", enquanto que não foi absolutamente de forma acidental que José ficou encarregado de zelar por Jesus. Ele foi criado e posto no mundo precisamente para tal fim. Esta foi a sua predestinação. Foi em vista de tal missão divina que a Providência lhe concedeu todas as graças recebidas desde a infância: graça de piedade profunda, de virgindade, de prudência, de fidelidade perfeita. Sobretudo, nos desígnios eternos de Deus, toda a razão de ser da união de José com Maria era a proteção e a educação do Salvador; Deus lhe deu um coração de pai para velar pelo menino Jesus. Esta a missão principal de José, em vista da qual ele recebeu uma santidade proporcionada a seu papel no mistério da Encarnação, mistério que domina a ordem da graça e cujas perspectivas são infinitas.
Este último ponto foi bem esclarecido por Mons. Sinibaldi em sua recente obra La Grandeza di San Giuseppe, p. 33-36, na qual mostra que São José foi predestinado desde toda a eternidade para tornar-se o esposo da Virgem Santíssima e explica, com Santo Tomás, a tríplice conveniência dessa predestinação.
O Doutor Angélico a demonstrou ao indagar (III q. 29, a. 1) se o Cristo deveria nascer de uma virgem que tivesse contraído um verdadeiro casamento. E concluiu que devia ser assim, tanto para o próprio Cristo, como para sua Mãe, e também para nós.
Isso convinha grandemente ao próprio Nosso Senhor para que ele não fosse considerado, até que chegasse a hora da manifestação do mistério do seu nascimento, como um filho ilegítimo, e também para que ele fosse protegido em sua infância. Para a Virgem não era menos conveniente, a fim de que ela não fosse considerada culpada de adultério e como tal viesse a ser lapidada pelos judeus, conforme notou São Jerônimo, e ainda para que ela própria fosse protegida em meio às dificuldades e à perseguição que iria começar com o nascimento do Salvador. Foi outrossim, acrescenta Santo Tomás, muito conveniente para nós, porquanto pelo testemunho insuspeito de São José tomamos conhecimento da concepção virginal do Cristo: segundo a ordem das coisas humanas, representou para nós esse testemunho um admirável apoio ao de Maria. Enfim, era soberanamente conveniente para que nós encontrássemos em Maria ao mesmo tempo o perfeito modelo das virgens como das esposas e mães cristãs.
Explica-se assim, segundo muitos autores, que o decreto eterno da Encarnação- estabelecendo a maneira como hic et nunc esse fato se devia realizar e em quais circunstâncias determinadas - envolva não somente Jesus e Maria mas também José. Desde toda eternidade, com efeito, estava decidido que o Verbo de Deus feito carne nasceria milagrosamente de Mariasempre virgem, unida ao justo José pelos laços de um matrimônio verdadeiro. A execução desse decreto providencial é assim referida em São Lucas (1, 27): "Missus est Angelus Gabriel a Deo, in civitatem Galileae, cui nomen Nazareth, ad virginem desponsatam viro, cui nomen erat Joseph, de domo David, et nomen virginis Maria". [O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão por nome José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria].
São Bernardo chama São José de "magni consilii coadjutorem fidelis simum" (coadjutor fidelíssimo do magno conselho").
Por isso é que Mons. Sinibaldi, após Suarez e muitos outros, afirma, ibid., que o ministério de José é em certo sentido confinante, em seu nível, com a ordem hipostática. Não que José tenha cooperado intrinsecamente, como instrumentofísico do Espírito Santo, para a realização do mistério da Encarnação, pois nesse acontecimento seu papel é muito inferior ao de Maria, Mãe de Deus; entretanto, ele foi predestinado para ser, na ordem das causas morais, o guardião da virgindade e da honra de Maria, ao mesmo tempo que o protetor de Jesus menino. É preciso precaver-se aqui contra certos exageros que falseariam a expressão desse grande mistério; o culto devido a São José não vai além especificamente do de dulia prestado aos outros santos, mas tudo faz pensar que ele merece receber, mais do que todos os outros santos, esse culto de dulia. Por isso é que a Igreja, em suas orações menciona o nome de José imediatamente após o de Maria e antes do dos Apóstolos na oração A cunctis (a todos nós...), por meio da qual se implora a proteção de todos os Santos. Se São José não é mencionado no Canon da missa, há todavia para ele um prefácio especial e o mês de março lhe é consagrado.
Num discurso pronunciado na Sala Consistorial no dia da festa de São José, em 19 de março de 1928, S.S. Pio XI comparava nestes termos a vocação de São José com a de São João Batista e com a de São Pedro: "Fato sugestivo é ver-se sugirem, bem vizinhas e brilharem quase contemporâneas, certas figuras tão magníficas. Primeiro, São João Batista que se ergue no deserto com sua voz, ora grave ora suave, como leão que ruge e como o amigo do Esposo, que se rejubila pela glória do Esposo, para afinal oferecer à face do mundo a maravilhosa glória do martírio. Depois, Pedro que ouve do divino Mestre estas sublimes palavras, pronunciadas também elas à face do mundo e dos séculos: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja; ide e pregai ao mundo inteiro", missão grandiosa, divinamente resplandecente. Entre essas duas missões aparece a de São José: missão recolhida, calada, quase despercebida, que não se evidenciaria senão alguns séculos mais tarde; um silêncio ao qual sucederia, mas muito tempo depois, um sonoro canto de glória. Pois, onde mais profundo o mistério, mais espesso o véu que o encobre, e maior o silêncio, é justamente ai que mais alta é a missão, como mais brilhante o cortejo das virtudes exigidas e dos méritos requeridos para, por feliz necessidade, com elas se conjugarem. Missão única, muito alta, a de guardar o Filho de Deus, o Rei do mundo, e de guardar a virgindade e a santidade de Maria; missão única, a de ter participação no grande mistério ocultado aos olhos dos séculos, e de assim cooperar na Encarnação e na Redenção! Toda a santidade de José consiste precisamente no cumprimento, fiel até o escrúpulo, dessa missão tão grande e tão humilde, tão alta e tão escondida, tão esplêndida e tão envolta em trevas".
(Trecho de "Les trois ages de la vie interieure", trad. Permanência. publicado em Revista Permanência, Junho de 77)