Os dois discípulos iam para Emaús.
O seu caminhar era normal, como o
de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens. E é aí,
com naturalidade, que Jesus lhes aparece e segue com eles, com uma
conversa que faz diminuir a fadiga. […] Jesus no caminho! Senhor, que
grande és sempre!
Mas comoves-me quando Te rebaixas para nos
acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor,
concede-nos a simplicidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara que
permitem entender-Te quando apareces sem nenhum sinal exterior da tua
glória.
Termina o trajeto ao chegarem à aldeia, e aqueles dois que –
sem o saberem – tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e
pelo amor do Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque
Jesus despede-Se «como quem vai para mais longe».
Nosso Senhor nunca Se
impõe. Quer que O chamemos livremente, quando entrevemos a pureza do
Amor que nos meteu na alma. Temos de O deter à força e de Lhe pedir:
«fica conosco, porque é tarde e já o dia está no ocaso», cai a noite.
Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade,
talvez por pudor.
No fundo pensamos: fica conosco, porque as trevas nos
rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos
consome! […]
E Jesus fica. Abrem-se os nossos olhos como os de Cléofas e
do companheiro, quando Cristo parte o pão; e, mesmo que Ele volte a
desaparecer da nossa vista, também seremos capazes de empreender de novo
a marcha – anoitece – para falar dele aos outros; porque tanta alegria
não cabe num só coração.
Caminho de Emaús.
O nosso Deus encheu este nome
de doçura. E Emaús é o mundo inteiro, porque Nosso Senhor abriu os
caminhos divinos da terra.
São Josemaría Escrivá de Balaguer
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